Papa Francisco com os participantes do IV Seminário de Ética
na gestão de Serviços de Saúde
(Vatican Media)
Ao encontrar os
participantes de um seminário sobre a Ética na gestão de Serviços de
Saúde o Papa recordou que “os cuidados dos nossos irmãos abre O nosso
coração para acolher um dom maravilhoso”. O Papa propõe três palavras
para reflexão sobre a relação do doente com trabalhadores da saúde:
milagre, cuidado e confiança.
Cidade do Vaticano
Nesta segunda-feira, 1º de outubro, o Papa Francisco recebeu
os participantes do IV Seminário de Ética na gestão de Serviços de Saúde
organizado pela Pontifícia Academia para a Vida, que contou com a
presença de Dom Alberto Bochatey, Bispo Auxiliar de La Plata e
presidente da Comissão de Saúde da Conferência Episcopal Argentina e do
senhor Cristian Mazza, presidente da Fundação “Consenso Salud”.
Papa Francisco falou aos presentes que embora estejamos numa uma
época marcada pela crise económica que leva a muitas dificuldades no
atendimento dos pacientes desde o desenvolvimento da ciência médica ao
acesso à terapias e remédios. “O cuidados dos nossos irmãos abre o nosso
coração para acolher um dom maravilhoso”. Neste contexto Francisco
propõe três palavras para reflexão: milagre, cuidado e confiança.
Milagre: valorizando a dignidade do ser humano
Os responsáveis pelas instituições dirão que é impossível fazer
milagres para manter os custos-benefícios... “Sem dúvida - disse o Papa -
um milagre não é fazer o impossível, o milagre é encontrar no doente,
no desamparado que temos diante de nós, um irmão. Somos chamados a
reconhecer no doente o receptor das prestações de imenso valor da sua
dignidade como ser humano, como filho de Deus”. O Papa esclarece que por
si só não “desata todos os nós”, mas criará disposição para desatá-los
na medida das nossas possibilidades levando a uma mudança interior e de
mentalidade em nós mesmos e na sociedade.
A consciência de valorizar a dignidade do ser humano “permite que
sejam criadas estruturas legislativas, económicas e médicas necessárias
para enfrentar os problemas que irão surgindo”.
Francisco observou que “o princípio inspirador deste trabalho deve
ser absolutamente a busca do bem. E este bem não é um ideal abstrato,
mas uma pessoa concreta, um rosto, que muitas vezes sofre". De seguida o
Papa disse aos participantes: "Sejam valentes e generosos nas
intenções, planos, projetos e no uso dos meios económicos e
técnicos-científicos”.
Cuidado: para o doente se sentir amado
Sobre este ponto o Papa disse que cuidar dos doentes não é
simplesmente a aplicação asséptica de medicamentos ou terapias
apropriadas, mas especificou que o verbo latim “curare” quer dizer
atender, preocupar-se, cuidar, ser responsável pelo outro, pelo irmão.
“Este cuidado deve ter maior intensidade nos cuidados paliativos",
por atravessarmos neste momento uma forte tendência à legalização da
eutanásia, sabemos o quanto é importante um acompanhamento sereno e
participativo. “Quando o paciente terminal - diz o Papa - sente-se
amado, respeitado e aceite, a sombra negativa da eutanásia desaparece ou
é quase inexistente, pois o valor do seu ser se mede pela sua
capacidade de dar e receber amor e não pela sua produtividade”.
Confiança: relação baseada na responsabilidade e lealdade
A terceira palavra no contexto de cuidados dos enfermos é confiança
que pode ser distinguida em vários âmbitos. Antes de tudo, a confiança
do próprio doente em si mesmo, na possibilidade de se curar que garante
boa parte do êxito da terapia. De seguida o Papa refere-se aos
trabalhadores: “É importante para o trabalhador da área de saúde poder exercitar as suas funções num clima de serenidade, ciente de que
está a fazer o certo, o humanamente possível em função dos recursos
disponíveis”.
“Não há dúvida de que se colocar nas mãos de uma pessoa,
principalmente quando a vida está em jogo, é muito difícil, a relação
com o médico ou o enfermeiro baseou-se sempre na responsabilidade e na
lealdade”. Francisco alerta os riscos de que a burocracia e a
complexidade do sistema de saúde altere a estreita relação
paciente/médicos e enfermeiros e possa tornar-se um simples “termos do
contrato”, interrompendo desta maneira esta confiança.
O Papa conclui dizendo que “temos que lutar para manter íntegro este
vínculo de profunda humanidade, pois nenhuma instituição assistencial
pode por si substituir-se ao coração humano”.
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