10 julho, 2010

Instrumentos Práticos para o Serviço - III

Ensinar
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Por Jim Murphy, Director do Instituto Internacional de Formação de Líderes Carismáticos,
ICCRS – Secretariado Internacional do Renovamento Carismático Católico

(continuação do II)
3.  O Ensinamento: a comunicação e a entrega


Início e encerramento

Gosto de pensar nos ensinamentos como numa viagem de avião, onde há dois momentos cruciais: levantar voo e aterrar. Se levantam, descolam bem e aterram bem, as pessoas desculparam alguns saltos no meio do voo!

Os dois momentos mais críticos de um ensinamento são também o princípio e o fim. Quando começamos temos cerca de 40 segundos para nos ligarmos com a nossa audiência! As pessoas desligam-se muito cedo se não nos ligarmos imediatamente a elas.

Uma questão, uma frase, uma história, tudo isto é necessário para prender a atenção das pessoas. Sejamos criativos.
Similarmente as pessoas não sabem como terminar o seu ensinamento, não sabem como aterrar o avião.
O final é o momento mais poderoso. Se formos conduzir alguma oração, então é necessário criar o ambiente certo no final.

Não há nada de errado em ensaiar o ensinamento algumas vezes. Winston Churchill tinha um problema na fala, mas acreditava no poder da inspiração. Praticava as frases chave para as comunicar com convicção e poder!
As pessoas não são transformadas por aquilo que dizemos, apenas são mudadas por aquilo que escutam. Se as pessoas não vos podem ouvir ou compreender, então não vale a pena dizer nada brilhante.

Será que fisicamente as pessoas podem ouvir o que estamos a dizer? Estamos a falar de uma maneira que possam compreender?!
Ás vezes quando fazemos um ensinamento sentimo-nos como se fossemos jogados borda fora, mas é necessário continuar, não podemos demonstrá-lo em demasia!


Duração da apresentação

É muito melhor que as pessoas lamentem a brevidade do nosso ensinamento, que o comprimento do mesmo!
“Oh como eu gostaria que tivesse demorado um pouco mais” é melhor do que “Graaaaças a Deeeeeuuuus!”
Acho que, na situação de um grupo de oração, um ensinamento não deve demorar mais do que 20 minutos, e preferivelmente cerca de 12!
É um facto que desde que os média electrónicos entraram na nossa vida a nossa medida de atenção diminuiu.

Os melhores ensinamentos são curtos. Depois de 40 minutos há dispersão. A concentração já não consegue assimilar.
Tenhamos connosco um relógio. Coloquemo-lo num lugar em que o vejamos perfeitamente, mas nunca dêmos a entender que estamos a olhar para ele. De facto nunca, nunca, jamais olhemos para o vosso relógio de pulso.


Sentido de espaço

É importante falar para toda a sala. Cada pessoa tem o seu próprio sentido de espaço. Este varia consoante o género, a cultura, etc.
Talvez nos sintamos mais confortáveis falando para as pessoas da direita, ou para alguém na terceira fila. Isso pode ser por um momento. Mas se o prolongamos então as restantes pessoas começam a ficar ressentidas connosco. Ressentidas e a resistirem ao ensinamento. Tudo isto está no subconsciente.

Uma solução é colocar 4 amigos nas diferentes partes da sala e olhar alternadamente para eles.
Por vezes dar um passo à frente ajuda a envolver as pessoas que estão mais atrás. Apenas um passo. Isso faz com que nos liguemos aos que estão mais atrás sem ficarem demasiado perto.


Espírito Santo

Depois de tudo isto, não nos esqueçamos do poder do Espírito Santo.
Efésios 6: façam tudo o que o dever vos pede e depois fiquem de pé. Acho que isso é tudo o que o dever/compromisso vos pede.
Entreguem-no a Deus e às pessoas para o discernimento, para que possam fazer toda esta preparação e apresentá-la o melhor que puderem. Mas nunca esqueçam o Espírito Santo!
Tenho visto ensinamentos muito fracos que converteram uma sala inteira e um ensinamento espantoso não conseguir nada.
Devemos entregar tudo nas mãos de Deus e rezar, rezar, rezar pela unção.
O mundo está à espera desta refeição e nós somos os privilegiados em a preparar.


Lidar com Indivíduos

Isto pode relacionar-se com alguém que requeira um pouco mais de atenção extra, ou quem queira um conselho, ou quem esteja a pensar divorciar-se ou o que quer que seja.
Estas são situações diferentes!

Necessitamos de nos comportar de forma diferente dependendo da situação.
“Como estás hoje?”, “Eu estou bem” , e “Estou a pensar matar-me hoje” são situações completamente diferentes e nós temos de nos comportar de forma apropriada!


O Poder Curativo da Escuta

Tem havido muitos estudos entre psicólogos, clero e todo o tipo de pessoas e chegam à conclusão que o elemento mais comum que tem sido encontrado em termos de ministério está na escuta.
Mais pessoas estão a ser ajudadas e até mesmo curadas pelo simples facto de serem escutadas.
Nós temos duas orelhas e uma boca, se as pudermos usar na mesma proporção então tornar-se-ão grandes curadores!

St. James dizia “sejam rápidos a escutar e lentos a falar”.
Conheci um padre que veio até mim, à um tempo atrás numa conferência, que lutava com muitas coisas. Ele falava muito pouco de inglês. Tinha recebido uma palavra do Senhor para o Santo Padre e estava desesperado, tentando comunicar a palavra!

Eu estive cerca de uma hora com este padre à medida que ele tentava explicar-me de como necessitava de chegar ao Papa.
Eu escutei e escutei e escutei.
Dei-lhe alguns números de contacto e tentei arranjar-lhe alguns encontros.
Um ano depois ele veio ter comigo e disse-me “muito obrigado, pelo menos escutou-me.
Muitas outras pessoas nem tentaram escutar-me.
Eu senti-me tão agradecido que pelo menos alguém tenha ouvido aquilo que eu tinha para dizer.
Eu não consegui ver o Papa, mas houve alguma cura quando falei consigo”.

Muitas vezes nós pensamos “Deus, eu não sei o que dizer às pessoas”, mas não necessitamos de uma revelação divina para escutarmos. Isso qualquer um o pode fazer!

Escutar valida as pessoas. Mesmo que as suas ideias estejam erradas demonstra que nós como ser humanos achamos que merecem ser ouvidas.

Escutar encoraja as pessoas a falarem. À medida que forem falando, os assuntos dos quais eles necessitam realmente de falar vêm ao seu discurso.
Imaginemos uma piscina que nós já não usamos há muito tempo e que está cheia de espuma e de escombros. Se colocarmos uma bomba de água na piscina, à medida que formos bombeando toda a água para fora, os escombros também saem.
Enquanto falamos muitas coisas saem para fora e podem ser trazidas para a oração. Não é cura em si próprio, mas é parte do processo de cura.
Quando escutamos alguém, essa pessoa aprecia esse gesto e a sua resistência a nós diminui. Ganhamos o direito de falar quando escutamos.

Mais, enquanto escutamos podemos rezar debaixo da nossa respiração ao Espírito Santo, descobrindo o que está nesta conversa, o que está a acontecer, ter uma palavra de conhecimento, procurar como os aconselhar.
Escutar é importante! Se não escutarmos as pessoas, elas não tem obrigação de nos escutar.

Os líderes também são seres humanos, assim como aqueles que nos querem falar.

Labat n.º 71 de Abril de 2007

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