31 maio, 2018

Homilia na Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo


 
É imenso o Corpo de Deus!

Quereria ser simples, sumamente simples nestas palavras de hoje. Quase tão simples como a narrativa da Ceia que acabámos de ouvir. Narrativa tão simples como fontal de toda a Liturgia autenticamente cristã: «Jesus tomou o pão, recitou a bênção e partiu-o, deu-o aos discípulos e disse: “Tomai: isto é o meu corpo.” Depois tomou um cálice, deu graças e entregou-lho. E todos beberam dele. Disse Jesus: “Este é o meu sangue, o sangue da nova aliança, derramado pela multidão dos homens”».
Dois mil anos depois, não poderá ser outra coisa. Nem sobreposta ou distraída por algo que a desfoque. Como repetimos na lusofonia, sempre que nos reunimos em assembleia eucarística: «Ele está no meio de nós!». Assim mesmo prometeu, num trecho evangélico, já de cariz litúrgico: «Onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, Eu estou no meio deles» (Mt 18, 20). Ou noutro passo, igualmente fundamental e também litúrgico, em que os discípulos o viram ressuscitado e no próprio dia que a sua ressurreição criou: «Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana, […] veio Jesus, pôs-se no meio deles e disse-lhes: “A paz esteja convosco!”» (Jo 20, 19).
É certo que o tempo juntou outras palavras e gestos, mais ou menos coincidentes com a simplicidade evangélica. Felizmente, a determinação litúrgica do Concílio Vaticano II foi também neste ponto uma autêntica “reforma”, retomando a forma original e mais antiga da celebração eucarística, como a vemos no Novo Testamento e nos primeiros séculos cristãos. Nesses tempos em que nem se podiam erguer templos e bastava o templo vivo, formado pelo próprio Cristo e os cristãos. Templo vivo de que nos falava a Carta aos Hebreus. E em contraposição, aliás, com a velha liturgia do templo de Jerusalém, como há pouco ouvimos: «Cristo veio como sumo-sacerdote dos bens futuros. Atravessou o tabernáculo maior e mais perfeito, que não foi feito por mãos humanas, nem pertence a este mundo, e entrou de uma vez para sempre no Santuário. Não derramou sangue de cabritos e novilhos, mas o seu próprio sangue, e alcançou-nos uma redenção eterna».
Templo vivo que é o próprio Cristo ressuscitado e presente “no meio de nós” – e precisamente “no meio”, como também prometera. Ele mesmo, que na sua oferta ao Pai, por nós e connosco, realiza inteiramente tudo quanto os antigos sinais apenas prometiam. Rezámo-lo ainda há pouco tempo, num dos prefácios pascais: «Pela oblação do seu Corpo na cruz, [Cristo] levou à plenitude os sacrifícios antigos e, entregando-se a Vós [Pai santo] pela nossa salvação, tornou-se Ele mesmo o sacerdote, o altar e o cordeiro».
Caríssimos: É este o culto cristão e a sua essencial liturgia. Convertamo-nos à sua simplicidade, outro nome da verdade de Cristo. De Cristo que o Pai nos oferece, para por nós e por todos se retribuir ao Pai. Como concluímos a oração eucarística, oferecendo-nos com Ele, em ação de graças: «Por Cristo, com Cristo e em Cristo, a Vós, Deus Pai todo-poderoso, na unidade do Espírito Santo, toda a honra e toda a glória…!» 

E, assim mesmo, formamos com Cristo “um só corpo”. Conhecemos o trecho de São Paulo: «Pois, como o corpo é um só e tem muitos membros, e todos os membros do corpo, apesar de serem muitos, constituem um só corpo, assim também Cristo. De facto, num só Espírito, fomos todos batizados para formar um só corpo…» (1 Cor 12, 12-13).
Por “corpo” não designamos algo exterior a nós. Devemos-lhe o cuidado e o respeito que nos merecemos, a nós e a cada um. É muito fraca antropologia pensar e dizer algo como: «Faço o que quiser do meu corpo…», porque o nosso corpo não é uma coisa de usar ou abusar. Somos nós mesmos, em relação positiva com os outros.
Referido a Cristo, chamamos-lhe hoje “Corpo de Deus”. E fazemo-lo justamente, pois acreditamos e confessamos que na corporeidade de Cristo é o próprio Deus que se exprime e comunica – Cristo é o Verbo de Deus, que habitou entre nós (cf. Jo 1, 14).
O Papa Bento XVI, na exortação apostólica pós-sinodal Sacramentum caritatis, sobre a Eucaristia, fonte e ápice da vida e da missão da Igreja, lembrou que a expressão “corpo de Cristo" tinha três aceções na antiguidade cristã, a saber, o corpo nascido da Virgem Maria, o corpo eucarístico e o corpo eclesial de Cristo. Para acrescentar: «Bem atestado na tradição, este dado faz crescer em nós a consciência da indissolubilidade entre Cristo e a Igreja» (Sacramentum caritiatis, 15).
Esta alusão faz-nos compreender o que somos nós também, aqui e agora, como corpo eclesial de Cristo. Não apenas um grupo reunido numa cerimónia ritual, aliás bela e bem realizada. É uma imensa graça e uma grande responsabilidade. Somos sinal vivo da sua presença ressuscitada e ressuscitadora no mundo que é o nosso e que, também por nós, é o seu. Referindo-se aos discípulos disse Cristo: «Quem vos ouve é a mim que ouve» (Lc 10, 16) – pois é por nós que quer falar, como seu corpo e expressão. Assimilemo-lo como Verbo de Deus, deixemo-lo incarnar e ecoar em nós. - Há tanta gente à espera desta palavra que Cristo quer dizer por nossa boca e testemunho! Palavra de paz e de esperança, palavra de consolação e de vida!

Concluindo as suas recentes catequeses sobre a Santa Missa, o Papa Francisco insistiu neste ponto, com o seu modo tão próprio e incisivo. Ligando o corpo eucarístico ao corpo eclesial de Cristo, disse assim: «Não devemos esquecer que celebramos a Eucaristia para aprender a tornar-nos homens e mulheres eucarísticos. Que significa isto? Significa deixar que Cristo aja nas nossas obras: que os seus pensamentos sejam os nossos, os seus sentimentos os nossos, as suas escolhas as nossas. E isto é santidade: agir como Cristo é santidade cristã» (L’ Osservatore Romano, ed. port., 5 de abril de 2018, p. 12).          
Sem nunca esquecer que Cristo nos espera também na corporeidade dos outros, sobretudo a mais frágil e carente. Sem esquecer finalmente que é na correspondência, bem corporal e concreta, a tais carências que nos realizamos e salvamos. Como Lhe ouviremos, se matarmos fomes e sedes, se abrigarmos e revestirmos, se visitarmos doentes e presos, de tantas prisões do corpo ou do espírito: «Em verdade vos digo: Sempre que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, a mim mesmo o fizestes» (Mt 25, 40).
Relembra-o o Papa Francisco, na mesma catequese: «Participar na Eucaristia compromete-nos em relação aos outros, de maneira especial aos pobres, educando-nos a passar da carne de Cristo para a carne dos irmãos, onde Ele espera ser por nós reconhecido, servido, honrado e amado» (ibidem, citando o Catecismo da Igreja Católica, nº 1397).
Caríssimos: Termino como comecei, com a mesma intenção de ser simples, mencionando o Corpo de Cristo em que Deus se exprime e nos salva - e por nós aos outros. Corporeidade que, recebida de Maria sua Mãe, venceu a morte e está no meio de nós, como O vemos e celebramos na Igreja que somos. Como O havemos de reconhecer e servir no corpo de quem sofre e nos apela.
- É tanto o que celebramos hoje, é imenso o Corpo de Deus!

Sé de Lisboa, 31 de maio de 2018

+ Manuel, Cardeal-Patriarca      

Patriarcado de Lisboa

30 maio, 2018

Audiência: a Crisma é a marca indelével que nos une a Cristo

 

 
O Pontífice deu sequência à catequese sobre a Crisma, recordando que o Espírito é um dom a ser protegido, deixando-se plasmar, como cera, pela sua caridade ardente para refletir Jesus Cristo no mundo de hoje.
 
Bianca Fraccalvieri - Cidade do Vaticano

Milhares de fiéis e peregrinos participaram na manhã de quarta-feira (30/05) da Audiência Geral na Praça S. Pedro.

O Papa prosseguiu a sua série de catequeses sobre a Crisma, falando desta vez do selo do Espírito. 

Espírito Santo, criador da unidade
Antes de receber a unção espiritual que confirma e reforça a graça do Batismo, explicou Francisco, o crismando é chamado a renovar as promessas que um dia foram feitas em seu nome pelos respectivos pais e padrinhos. Agora, é o próprio fiel a professar a fé da Igreja, pronto a responder «creio» às perguntas que lhe faz o Bispo, em particular que está disposto a crer «no Espírito Santo.

“O único Espírito distribui os múltiplos dons que enriquecem a única Igreja: é Autor da diversidade, mas ao mesmo tempo o Criador da unidade”, recordou o Papa. 

Óleo do crisma
O sacramento da Confirmação ou Crisma realiza-se com a imposição das mãos do Bispo sobre os crismandos, enquanto suplica ao Pai do Céu que infunda neles o Espírito Paráclito. A este gesto bíblico, para melhor expressar a efusão do Espírito, logo se acrescentou a unção do óleo perfumado, chamado crisma, que é usado ainda hoje, tanto no Oriente, como no Ocidente.

O óleo, acrescentou Francisco, é substância terapêutica e cosmética, que entra nos tecidos do corpo, cura as feridas e perfuma os membros. Depois da imposição das mãos, a fronte de cada um é ungida seguida destas palavras: «Recebe, por este sinal, o Espírito Santo, o dom de Deus».
“ O Espírito Santo é o dom invisível recebido, e a Crisma é a marca visível.”

Marca indelével
Assim, ao receber na fronte o sinal da cruz com o óleo perfumado do crisma, o crismando recebe uma marca espiritual indelével, o «caráter», que o configura mais perfeitamente a Cristo e lhe dá a graça de espargir entre os homens o bom perfume de Cristo.

“O Espírito é um dom imerecido”, concluiu Francisco, a ser acolhido com gratidão, fazendo espaço à sua criatividade inesgotável.
“ É um dom a ser protegido com cuidado e respeitado com docilidade, deixando-se plasmar, como cera, pela sua caridade ardente, para refletir Jesus Cristo no mundo de hoje. ”
Coreias
Durante as saudações em várias línguas, houve a apresentação de atletas coreanos de taekwondo, que sob as notas da Ave Maria de Schubert simbolizavam a união dos dois países. 

Mês mariano
Francisco recordou também que amanhã concluímos o mês mariano. “Que a Mãe de Deus seja o refúgio nos momentos felizes, assim como nos momentos mais difíceis, e seja a guia de suas famílias, para que se tornem um lar de oração, de recíproca compreensão e de dom.”

Ouça a reportagem com a voz do Papa Francisco

VATICAN NEWS

As catequeses do Papa Francisco sobre o Batismo

 
 Papa Francisco na Praça São Pedro  (Vatican Media)
 
O Papa Francisco dedicou seis catequeses nas Audiências Gerais em 2018 ao tema do Batismo.
 
Jackson Erpen - Cidade do Vaticano

Na Audiência Geral de 11 de abril de 2018, o Papa Francisco deu início ao ciclo de catequeses sobre o Batismo, concluído na Audiência do dia 16 de maio. Apresentamos os links com o texto completo de cada catequese:

Audiência de 11 de abril  – O fundamento da vida cristã:  https://is.gd/3f7yU9

Audiência de 18 de abril – O sinal da fé cristã:  https://is.gd/yI1S9u

Audiência de 25 de abril – A força de vencer o mal:  https://is.gd/NUWdm0

Audiência de 2 de maio - Ritos centrais:  https://is.gd/abSI4Z

Audiência de 9 de maio - A regeneração:  https://is.gd/tA2eWw

Audiência de 16 de maio – Revestidos de Cristo: https://is.gd/4JIKo7

VATICAN NEWS

29 maio, 2018

Papa: sem liberdade não se pode ser santo

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2018-05-29 Messa Santa Marta  (Vatican Media)

Entrar nos esquemas mundanos tira-nos a liberdade, e para andar na santidade, devemos ser livres: a liberdade de andar olhando para a luz, de seguir em frente. Sem liberdade não se pode ser santo.

Cidade do Vaticano
 
Nos momentos de provação não voltar aos esquemas do mundo, que tiram a liberdade. É preciso, pelo contrário, permanecer no caminho para a santidade. Foi o que afirmou o Papa Francisco na Missa celebrada na manhã desta terça-feira (29/05) na Casa Santa Marta, inspirando-se na primeira leitura (1Pd 1,10-16) do dia, na qual Pedro exorta a caminhar para a santidade:

E o chamamento à santidade, que é o chamamento normal, é o chamamento a viver como cristão, isto é, viver como cristão é o mesmo que dizer “viver como santo”. Tantas vezes  pensamos na santidade como algo extraordinário, como ter visões ou orações elevadíssimas… ou alguns pensam que ser santo significa ter uma cara de santinho. Não! Ser santo é outra coisa. É caminhar no que o Senhor nos diz sobre a santidade. E, o que é caminhar na santidade? E Pedro diz: “ponde toda a vossa esperança na graça que vos será oferecida na revelação de Jesus Cristo”.

“Caminhar para a santidade” consiste portanto no caminhar para aquela graça que vem ao encontro, caminhar para a esperança, estar em tensão rumo ao encontro com Jesus Cristo.
É como quando se caminha em direção à luz: tantas vezes não se vê bem o caminho porque a luz ofusca-nos. “Mas não erramos – observa o Papa – porque vemos a luz e conhecemos o caminho”.

Ao invés disto, caminha-se com a luz nas costas, vê-se bem a estrada, mas na realidade, porém, diante de nós existe a sombra, não a luz.

Para caminhar para a santidade é necessário depois, “sermos livres e sentir-mo-nos livres”. O Papa adverte porém que existem tantas coisas que escravizam. Por isso Pedro exorta a não conformar-mo-nos aos desejos “do tempo da nossa ignorância.” Também Paulo na Primeira leitura aos Romanos diz: “não conformai-vos”, que significa “não entrem nos esquemas”:

“Esta é a tradução correta destes conselhos - não entrem nos esquemas do mundo, não entrem nos esquemas, no modo de pensar mundano, no modo de pensar e de julgar que o mundo oferece, porque isso tira-te a liberdade". E para andar na santidade, devemos ser livres: a liberdade de andar olhando a luz, de seguir em frente. E quando voltamos, como diz aqui, ao modo de viver que tínhamos antes do encontro com Jesus Cristo ou quando nós voltamos aos padrões do mundo, perdemos a liberdade.

No livro do Êxodo vemos, de fato, como tantas vezes o povo de Deus não quis olhar para frente, para a salvação, mas voltar atrás. Lamentavam-se e "imaginavam a bela vida que passavam no Egito", onde comiam cebolas e carne, destaca Francisco.

"Nos momentos de dificuldade, o povo volta atrás", "perde a liberdade": é verdade que comiam coisas boas, mas na "mesa da escravidão":

Nos momentos de provação,  temos sempre a tentação de olhar para trás, de olhar para os esquemas do mundo, para os padrões que tínhamos antes de iniciar o caminho da salvação: sem liberdade. E sem liberdade não se pode ser santos. A liberdade é a condição para poder caminhar olhando a luz à frente. Não entrar nos esquemas da mundanidade: caminhar em frente, olhando para a luz que é a promessa, na esperança; essa é a promessa como o povo de Deus no deserto: quando olhavam para frente, iam bem; quando vinha a nostalgia porque não podiam comer as coisas boas que lhes davam lá, erravam e esqueciam que lá não tinham liberdade.

O Senhor, portanto, chama à santidade de todos os dias. E há dois parâmetros para saber se estamos no caminho para a santidade: antes de tudo, se olhamos para a luz do Senhor na esperança de encontrá-lo e, depois se, quando chegam as provações, olhamos em frente e não perdemos a liberdade, refugiando-nos nos esquemas mundanos que "prometem tudo e não te dão nada".

"Sejam santos porque eu sou santo", é o mandamento do Senhor. Francisco recorda isso ao concluir, exortando a pedir a graça de entender bem o que é o caminho da santidade: "um caminho de liberdade, mas em tensão de esperança rumo ao encontro com Jesus". E entender bem também o que é ir em direção aos "esquemas mundanos que todos nós tínhamos antes do encontro com Jesus".

"Sem liberdade não se pode ser santo"


VATICAN NEWS

Eutanásia: a sociedade tem-se manifestado “no sentido do não”

O Cardeal-Patriarca referiu que os deputados devem ter em conta que a sociedade se tem manifestado “insistentemente no sentido do não” à legalização da eutanásia e pede “a cada um” que vote “não”. “Espero que todos e cada um dos deputados, como legisladores que são, tenham devidamente em conta o que a sociedade tem manifestado” sobre a legalização da eutanásia, afirmou D. Manuel Clemente.

Em declarações à Agência ECCLESIA em Penafirme, no Concelho de Torres Vedras, onde decorreu hoje a “Festa da Família” do Patriarcado de Lisboa, o bispo diocesano lembrou as tomadas de posição públicas do atual e dos antigos bastonários da Ordem dos Médicos, do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida e de antigos chefes de Estado e governantes de Portugal. “Apesar deste debate não ter sido tão longo, aprofundado e participado como poderia ser, tantas pessoas se manifestaram, tantas organizações da sociedade civil se manifestaram, também religiosas, sendo a primeira vez que as grandes religiões presentes no nosso país se manifestaram”, recordou. “Uma vez que todos esses grupos se manifestaram insistentemente no sentido do não, se a Assembleia quer estar em sintonia com a sociedade tem de ter isso em conta”, insistiu o Cardeal-Patriarca de Lisboa.

D. Manuel Clemente referiu-se também aos “problemas” e “advertências” que chegam dos países que “enveredaram” pelo “caminho da eutanásia” com “resultados desastrosos”, nomeadamente o “aumento, em 10 anos, de 700% dos casos, como acontece na Bélgica”. “Está mais do que provado que quando se abra um pouco essa porta rapidamente se escancara”, afirmou D. Manuel Clemente. “Peço com muita insistência a cada um dos deputados que tenham tudo isto em conta na altura de votarem e espero que votem não”, concluiu o Cardeal-Patriarca de Lisboa.

Ecclesia

28 maio, 2018

Papa: a paz é a verdadeira alegria do cristão, não a "dolce vita"

 
 A alegria cristã foi o tema da homilia do Santo Padre  (Vatican Media)
 
“Ser homem e mulher de alegria” significa “ser homem e mulher de paz, significa ser homem e mulher de consolação”, disse Francisco.
 
Barbara Castelli – Cidade do Vaticano

A alegria “é o respiro do cristão”, uma alegria feita de verdadeira paz e não falsa como aquela que a cultura de hoje oferece, que “inventa tantas coisas para nos divertir”, inúmeros “momentos de dolce vita”. Na Missa celebrada na manhã de segunda-feira (28/05) na capela de Casa Santa Marta, o Papa voltou a falar de uma das características do cristão: a alegria, não obstante as provações e as dificuldades. 

O respiro do cristão
Na homilia, comentando um trecho da primeira carta de São Pedro apóstolo e do Evangelho de São Marcos, em que se fala de um jovem rico que não consegue renunciar aos próprios interesses, o Pontífice destaca que um verdadeiro cristão não pode ser “tenebroso” ou “triste”. “Ser homem e mulher de alegria”, insiste, significa “ser homem e mulher de paz, significa ser homem e mulher de consolação”.

“A alegria cristã é o respiro do cristão, um cristão que não é alegre no coração não é um bom cristão. É o respiro, o modo de se expressar do cristão, a alegria. Não é algo que se compra ou que faço com esforço, não: é um fruto do Espírito Santo. Quem faz a alegria no coração é o Espírito Santo”. 

O primeiro passo da alegria é a paz
A rocha sólida sobre a qual se apoia a alegria cristã é a memória: não podemos de facto esquecer “aquilo que o Senhor fez por nós”, “regenerando-nos” a uma nova vida; assim como a esperança daquilo que nos aguarda, o encontro com o Filho de Deus. Memória e esperança são os dois elementos que permitem aos cristão viver na alegria, não uma alegria vazia, mas uma alegria cujo “primeiro grau” é a paz.

A alegria não é viver de risada em risada. Não, não é isso. A alegria não è ser engraçado. Não, não é isso. É outra coisa. A alegria cristã é a paz. A paz que está nas raízes, a paz do coração, a paz que somente Deus nos pode dar. Esta é a alegria cristã. Não é fácil preservar esta alegria”. 

A cultura dos “momentos de dolce vita”
No mundo contemporâneo, prossegue o Papa, infelizmente contentamo-nos com uma uma “cultura pouco alegre”, “uma cultura onde inventam tantas coisas para nos divertir”, tantos “momentos de dolce vita”, mas que não satisfazem plenamente. A alegria, de facto, “não é algo que se compra no mercado”, “é um dom do Espírito” e vibra também no “momento do turbamento, no momento da provação”.

“Há uma inquietação positiva, mas outra que não é positiva, a de buscar a segurança em qualquer lugar, de buscar o prazer em qualquer lugar. O jovem do Evangelho tinha medo de que, se abandonasse as riquezas não poderia ser feliz. A alegria, a consolação: o nosso respiro de cristãos”.

Ouça a reportagem com a voz do Papa Francisco

VATICAN NEWS

Papa: apoiar a evangelização através das Pontifícias Obras Missionárias

 
 
“Com esta breve mensagem, gostaria de apresentar uma importante realidade para a missão da Igreja, mas pouco conhecida: as Pontifícias Obras Missionárias”, destaca o Papa no vídeo.
 
Cidade do Vaticano

Foi divulgada, nesta segunda-feira (28/05), a mensagem de vídeo do Papa Francisco para as Pontifícias Obras Missionárias (POM) por ocasião da assembleia geral anual do organismo que teve início nesta segunda-feira (28/05), em Roma, e prossegue até sábado, 2 de junho.

“Com esta breve mensagem, gostaria de apresentar uma importante realidade para a missão da Igreja, mas pouco conhecida: as Pontifícias Obras Missionárias”, destaca o Papa no vídeo.

“Desde os primeiros tempos, o apoio recíproco entre as Igrejas locais, comprometidas em anunciar e testemunhar o Evangelho, foi um sinal da Igreja universal. De facto, a missão, animada pelo Espírito do Senhor Ressuscitado, amplia os espaços da fé e da caridade até aos confins da terra.” 

Rezar pelos missionários
“No século XIX, o anúncio de Cristo recebeu um novo impulso com a fundação das Obras Missionárias, com o objetivo específico de rezar e agir concretamente para apoiar a evangelização nos novos territórios. Estas obras foram reconhecidas como Pontifícias pelo Papa Pio XI, que desta maneira quis sublinhar que a missão da Igreja em relação a todos os povos está no coração do Sucessor de Pedro. E ainda é assim! As Pontifícias Obras Missionárias continuam hoje este serviço importante iniciado há quase duzentos anos. Estão presentes em cento e vinte países com diretores nacionais, coordenados por secretariados internacionais junto à Santa Sé.”

“Por que as Pontifícias Obras Missionárias são importantes”, pergunta o Papa.

“Primeiramente, são importantes porque devemos rezar pelos missionários e missionárias, pela ação evangelizadora da Igreja. A oração é a primeira ‘obra missionária’, a primeira, que cada cristão pode e deve fazer, é também a mais eficaz, mesmo que isso não possa ser medido.” 

Chamados a colaborar com o Espírito Santo
O Papa ressalta que “o agente principal da evangelização é o Espírito Santo, e nós somos chamados a colaborar com Ele”.

“Estas obras garantem em nome do Papa uma distribuição equitativa da ajuda, para que todas as Igrejas no mundo tenham um mínimo de assistência para a evangelização, para os sacramentos, para os seus sacerdotes, seminários, para o trabalho pastoral e para os catequistas. Apoio aos missionários que evangelizam e, especialmente, apoio com a oração, a fim de que o Espírito Santo esteja presente. É Ele quem promove a evangelização.”

No vídeo, o Papa encoraja a todos a colaborar na tarefa comum de “anunciar o Evangelho e apoiar as jovens Igrejas através do trabalho dessas Obras Missionárias. Deste modo, em todos os povos, a Igreja continua a abrir-se a todos e a proclamar com alegria a Boa Nova de Jesus Cristo, Salvador do mundo”.

“Obrigado a todos, de coração!”

Mensagem de vídeo para as POM

 VATICAN NEWS

27 maio, 2018

Papa Angelus: Não acreditamos numa entidade distante, Deus é pai

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 Papa Francisco Angelus  (ANSA)

O Papa pediu a Nossa Senhora que “nos ajude a cumprir com alegria a missão de testemunhar ao mundo, sedento de amor, que o sentido da vida é precisamente o amor infinito, o amor concreto do Pai, do Filho e do Espírito Santo”. 

Silvonei José – Cidade do Vaticano 

“O cristão não é uma pessoa isolada, pertence a um povo, esse povo que forma Deus. Não se pode ser um cristão sem tal pertença e comunhão: somos povo, o povo de Deus”: foi o que afirmou o Papa Francisco na alocução que precedeu a oração mariana do Angelus neste domingo (27/05), na Praça de São Pedro, na festa da Santíssima Trindade.

As leituras bíblicas de hoje – explicou o Santo Padre -  fazem-nos entender como Deus não queira tanto revelar que Ele existe, mas sim que é o 'Deus connosco’, perto de nós, que nos ama, que caminha connosco, é interessado na nossa história pessoal e cuida de cada um, desde os pequeninos até aos mais necessitados. 

O Espírito Santo tudo transforma
"Ele e 'Deus lá no céu' mas também 'aqui em baixo, na terra'- continuou -. Portanto, não acreditamos numa entidade distante, não, em uma entidade indiferente, não, mas ao contrário no Amor que criou o universo e gerou um povo, e se fez carne, morreu e ressuscitou por nós, e como o Espírito Santo tudo transforma e leva à plenitude ".
 
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"São Paulo, que primeiro experimentou esta transformação realizada por Deus-Amor, comunica-nos o seu desejo de ser chamado por Pai, ou melhor, 'papá', Deus é o papá - disse o Papa -, com a total confiança de uma criança que se abandona nos braços de quem lhe deu a vida. O Espírito Santo - recorda o Apóstolo - agindo em nós faz com que Jesus Cristo não seja reduzido a um personagem do passado, mas que nós o sintamos próximo, nosso contemporâneo, e experimentemos a alegria de sermos filhos amados por Deus". 

Ele  escolheu sempre caminhar com a humanidade 
"Deus caminhando connosco enche-nos de alegria e a alegria é um pouco a primeira linguagem do cristão", disse o Pontífice. Então, a festa da Santíssima Trindade "faz-nos contemplar o mistério de um Deus que incessantemente cria, redime e santifica, sempre com amor e por amor, e a cada criatura que o acolhe faz refletir um raio da sua beleza, bondade e verdade. Ele  escolheu sempre caminhar com a humanidade e formar um povo que é bênção para todas as nações e para todas as pessoas, nenhuma excluída".

O Papa concluiu as suas palavras pedindo a Nossa Senhora que “nos ajude a cumprir com alegria a missão de testemunhar ao mundo, sedento de amor, que o sentido da vida é precisamente o amor infinito, o amor concreto do Pai, do Filho e do Espírito Santo”.

VATICAN NEWS

26 maio, 2018

Bispos querem despertar “o entusiasmo missionário"

A Igreja em Portugal vai viver um Ano Missionário, em todas as dioceses, de outubro de 2018 a outubro de 2019. O anúncio foi feito na Nota Pastoral da Conferência Episcopal Portuguesa ‘Todos, Tudo e Sempre em Missão’.

“Que este Ano Missionário se torne uma ocasião de graça, intensa e fecunda, de modo que desperte o entusiasmo missionário. E que este jamais nos seja roubado! Nesse entusiasmo, a formação missionária deve perpassar toda a nossa catequese e as escolas de leigos, e ser inserida nos currículos dos Seminários e das Faculdades de Teologia”, aponta o documento, publicado no Domingo de Pentecostes, no passado dia 20 de maio.
O texto começa por lembrar que o Papa Francisco declarou o mês de outubro de 2019 ‘Mês Missionário Extraordinário’, tendo como objetivo “despertar para uma maior consciência da missão e retomar com novo impulso a transformação missionária da vida e da pastoral”. “Acolhendo com alegria a proposta do Papa Francisco de um Mês Missionário Extraordinário para toda a Igreja, nós, Bispos portugueses, propomo-nos ir mais longe e celebraremos esse mês como etapa final de um Ano Missionário em todas as nossas Dioceses, de outubro de 2018 a outubro de 2019”, revela a nota pastoral.

Terra de missão
Recordando depois que “desde o início do seu pontificado, o Papa Francisco tem convidado todo o cristão, em qualquer lugar e situação, a renovar o seu encontro pessoal com Jesus Cristo”, os bispos portugueses frisam que “não podemos ficar tranquilos, em espera passiva: é necessário passar de uma pastoral de mera conservação para uma pastoral decididamente missionária”. “Com o ‘sonho missionário de chegar a todos’, o Santo Padre tem incentivado a ir às periferias, a ir até junto dos pobres, convidando os jovens a ‘fazer ruído’, a não ‘ficarem no sofá’ a verem a vida a passar. Convida a Igreja a não ficar entre si sem correr riscos, mas ter a coragem de ser uma Igreja viva, acolhedora, dos excluídos e dos estrangeiros”, lembram.
Neste texto, a Conferência Episcopal Portuguesa destacou ainda a urgência da evangelização. “Como discípulos missionários, devemos entrar decididamente com todas as forças nos processos constantes de renovação missionária, pois, hoje, cada terra e cada dimensão humana são terra de missão à espera do anúncio do Evangelho”, recordam.

Viver a missão
A nota pastoral destaca também as quatro dimensões, que o Papa Francisco indica, para preparar e viver o Mês Missionário Extraordinário de outubro de 2019: “Encontro pessoal com Jesus Cristo vivo na sua Igreja: Eucaristia, Palavra de Deus, oração pessoal e comunitária; Testemunho: os santos, os mártires da missão e os confessores da fé, que são expressão das Igrejas espalhadas pelo mundo; Formação: bíblica, catequética, espiritual e teológica sobre a missão; e Caridade missionária: ajuda material para o imenso trabalho da evangelização e da formação cristã nas Igrejas mais necessitadas”, resume o documento. Neste sentido, as “dimensões de oração, reflexão e ação propostas pelo Santo Padre, assim como o tema do Dia Mundial das Missões em 2019 – ‘Batizados e enviados: a Igreja de Cristo em missão no mundo’ – estarão presentes nas várias iniciativas diocesanas ao longo de todo o Ano Missionário, sempre centrados na Palavra e na Eucaristia”.

Sair em missão
O documento apela a que “em todas as nossas dioceses surjam Centros Missionários Diocesanos (CMD) e Grupos Missionários Paroquiais (GMP), laboratórios missionários, células paroquiais de evangelização que, em consonância com as OMP e os Centros de animação missionária dos Institutos Missionários, possam fazer com que a missão universal ganhe corpo em todos os âmbitos da pastoral e da vida cristã”.
A Nota Pastoral ‘Todos, Tudo e Sempre em Missão’, da Conferência Episcopal Portuguesa, termina com um convite à missão: “Ao longo deste Ano Missionário, de outubro de 2018 a outubro de 2019, façamos todos – bispos, padres, diáconos, consagrados e consagradas, adultos, jovens, adolescentes, crianças – a experiência da missão. Sair. Irmos até uma outra paróquia, uma outra diocese, um outro país em missão, para sentirmos que somos chamados por vocação a sermos universais, ou seja, a termos responsabilidade não só sobre a nossa comunidade, mas sobre o mundo inteiro".

Patriarcado de Lisboa

“Há uma sociedade que é claramente contra a eutanásia"

“Dar voz” à sociedade que rejeita a eutanásia é o objetivo da concentração junto à Assembleia da República, marcada para terça-feira, 29 de maio. Em entrevista ao Jornal VOZ DA VERDADE, o porta-voz da organização e da campanha ‘Toda a Vida tem dignidade’, José Maria Seabra Duque, pede o cumprimento da Constituição, deseja mais soluções que ajudem a “cuidar” dos “mais frágeis” e faz um apelo à participação na iniciativa.


No próximo dia 29, na mesma data da discussão parlamentar, a campanha ‘Toda a Vida tem dignidade’ tem agendada uma concentração para decorrer em frente à Assembleia da República. O que pretendem com esta ação? 

Pretende-se, sobretudo, claramente e publicamente, afirmar que existe um povo que não quer a eutanásia, que a rejeita. Defendemos uma sociedade que cuida, que acompanha os mais frágeis, os mais doentes e não uma sociedade que mata. Por isso, queremos que os senhores deputados oiçam e vejam isso. Este assunto, a ser discutido – embora eu tenha sérias dúvidas –, é para ser discutido em campanha eleitoral. Ora, este assunto não esteve em nenhum programa eleitoral. Isto é uma invenção do Bloco de Esquerda que, em vez de o pôr no programa eleitoral, decidiu fazer uma petição, com uma ou duas pessoas da sociedade civil, para fingir que havia uma certa movimentação na sociedade sobre este assunto. Não é verdade. Aquilo que existe na sociedade civil é uma clara a rejeição da eutanásia. Vemos isso, sobretudo naquela parte da sociedade que acompanha os doentes em final de vida: os médicos (os cinco últimos e o atual bastonário da Ordem são contra) e os enfermeiros (a Ordem emitiu um parecer desfavorável a estes projetos de lei). Vimos, na semana passada, representantes das maiores religiões em Portugal a rejeitarem a eutanásia. Há uma sociedade que é claramente contra a eutanásia. É para dar voz a esta sociedade que, no dia 29, estaremos em São Bento.

Na discussão, há um ponto em comum: todos concordam com um maior investimento em cuidados paliativos. Faz sentido essa questão entrar juntamente com o debate que se está a fazer sobre a eutanásia? 
O que não faz sentido é o debate da eutanásia. Existe aqui um claro problema que é preciso enfrentar: vivemos num tempo e numa sociedade que não cuida dos seus mais frágeis. Todos nós conhecemos histórias de idosos abandonados. E aqui não vale a pena culpar a família da pessoa que, muitas vezes, trabalha oito horas e leva o ordenado mínimo para casa e vive numa cidade que não cria condições para esse filho apoiar a mãe, por exemplo, e onde dificilmente se conseguem condições para uma pessoa acamada estar em casa. Esse é o real problema. É um problema de uma sociedade que olha para os doentes idosos e não tem solução para lhes dar. Esse é um problema que vale a pena discutir. É aí que entram os cuidados paliativos, continuados, é aí que entra o papel da família e do apoio às famílias. Infelizmente, o que estamos a discutir é se o Estado pode ou não matar pessoas que pedem para morrer. Por isso, o nosso lema tem sido: “Não mates, cuida”. Arranjemos condições para a sociedade cuidar daqueles mais frágeis.

O facto de a concentração decorrer num dia de semana e à hora do almoço poderá ser um fator desmobilizador?
Sempre que marcamos alguma coisa, há sempre uma razão para ser desmobilizador. Evidentemente que existem sempre inconvenientes para qualquer data. Mas este é o dia! É o dia em que os deputados vão debater e votar. Aquela hora é a hora em que os senhores deputados estão a entrar para a Assembleia da República. Eu percebo todos os inconvenientes, mas aquilo que nos devemos perguntar é: quando, daqui uns anos, acontecer em Portugal o que acontece na Holanda (de 1 hora e 20 minutos em 1 hora e 20 minutos há uma eutanásia) e nós pensarmos no que poderíamos ter feito, o que é que a consciência nos acusará? Se isto for aprovado, quando estiverem pessoas nos hospitais a morrerem de eutanásia e que podiam ser cuidadas, amadas, estimadas – mas, como se oferece esta solução, acabaram por recorrer a ela –, nós pensaremos: há quatro anos, quando os deputados estavam a discutir esta lei, onde é que eu estava

  • Leia a entrevista completa na edição do dia 27 de maio do Jornal VOZ DA VERDADE, disponível nas paróquias ou em sua casa.
Patriarcado de Lisboa

Papa "Centesimus Annus": construir uma cultura de inclusão

 
Membros Fundação Centesimus Annus Pro Pontifice  (Vatican Media)
 
O Papa exorta os membros da Fundação “Centesimus Annus, a perseverar no compromisso de construir uma cultura global de justiça económica, de igualdade e de inclusão.
 
Cidade do Vaticano
 
O Santo Padre concluiu as suas atividades, na manhã deste sábado (26/5), recebendo, na Sala Régia do Vaticano, cerca de 500 participantes da Conferência Internacional da Fundação “Centesimus Annus pro Pontifice”, que teve como tema: “Debate sobre as novas políticas e estilos de vida na era digital”.
 
A Conferência de três dias, que acaba de se concluir no Vaticano, sob a presidência do Cardeal Secretário de Estado, Pietro Parolin, contou com a participação especial do Patriarca de Constantinopla, Bartolomeu I, que abordou o tema: “Uma agenda cristã comum pelo Bem Comum”.

A Fundação “Centesimus Annus”, recordamos, é uma Carta encíclica do Papa João Paulo II, promulgada a 1 de maio de 1991, por ocasião do centenário da Encíclica “Rerum Novarum”, daí o seu nome “Centesimus Annus”.

Importância de conhecer a Doutrina Social da Igreja

No seu discurso aos numerosos membros da Fundação, por ocasião dos seus 25 anos de atividades, o Papa Francisco falou sobre a importância de se conhecer a Doutrina Social da Igreja no âmbito dos negócios e setores económicos da sociedade civil:

As atuais dificuldades e crise no sistema económico precisam de uma inegável dimensão ética, pois são ligadas a uma mentalidade de egoísmo e exclusão, que geraram certa cultura de descarte, sobretudo entre os mais vulneráveis. É o que se nota com a crescente ‘globalização da indiferença’, que gera perante evidentes desafios morais, que a família humana deve enfrentar”.
 
Neste sentido, o Papa recorda, de modo especial, os multíplices obstáculos ao desenvolvimento humano integral, não apenas nos Países mais pobres, mas também cada vez mais no mundo opulento. Francisco lembra ainda as questões éticas urgentes, ligadas aos movimentos migratórios. Por isso, disse aos membros da Fundação:

Esta Fundação tem uma responsabilidade importante ao levar a luz da mensagem evangélica ao enfrentar as questões humanitárias urgentes e ao ajudar a Igreja a realizar este aspeto essencial da sua missão. Mediante um esforço constante, com os líderes da Economia, das Finanças e de outros setores sindicais públicos, vocês buscam assegurar, que a dimensão social intrínseca de toda atividade económica, seja adequadamente tutelada e efetivamente promovida”.

Novas políticas e novos estilos de vida

Noutras palavras, o Papa destacou que “a dimensão ética das relações sociais e económicas não pode ser importada do externo e imposta à vida e atividade social, que é um objetivo a longo prazo. Aqui, Francisco referiu-se ao tema da Conferência internacional deste ano: “Novas políticas e novos estilos de vida na era digital”. E explicou:

Um dos desafios, ligados a esta temática, é a ameaça enfrentada pelas famílias, por causa das escassas oportunidades de trabalho e da revolução da cultura digital. Este é um aspeto necessário que torna decisiva a solidariedade da Igreja. A vossa contribuição é expressão de uma atenção privilegiada da Igreja com o futuro dos jovens e das famílias. Esta atividade conta com a especial colaboração ecuménica, representada pelo Patriarca Bartolomeu, aqui presente”.
 
O Santo Padre concluiu o seu discurso destacando que, mediante a transmissão da riqueza da Doutrina Social da Igreja, os membros da Fundação “Centesimus Annus” buscam formar as consciências dos líderes, nos campos político, social e económico.

Por isso, encorajou-os a perseverar neste compromisso, que contribui para a construção de uma cultura global de justiça económica, de igualdade e de inclusão.

Ouça a reportagem

 VATICAN NEWS

Centesimus Annus: Bartolomeu I defende agenda comum diante dos desafios atuais

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Papa Francisco e Bartolomeu I no Vaticano

Falando na conferência da Fundação Centesimus Annus - pro Pontifice, o Patriarca Ecuménico de Constantinopla concentrou-se nos problemas atuais nas áreas da economia e da ecologia, da ciência e da tecnologia, da sociedade e da política, e defendeu uma agenda comum entre as Igrejas para enfrentar os desafios contemporâneos.

Cidade do Vaticano 

Não podemos ignorar a ''imensa crise de solidariedade" existente porque os problemas económicos e sociais afetam diretamente a “existência” e a “dignidade” dos ​​seres humanos: é necessário, portanto, “uma agenda cristã comum para o bem comum".

Foi o que defendeu o Patriarca Ecuménico de Constantinopla, Bartolomeu I, ao pronunciar-se na manhã deste sábado na Sala Regia, no Vaticano, na Conferência internacional “Debate sobre novas políticas e formas de vida na era digital”, promovida pela Fundação Centesimus Annus - Pro Pontifice, por ocasião  do 25º  aniversário da sua criação, ocorrida em 1993. 

Nós precisamos uns dos outros

Depois de ter sido recebido em audiência privada pelo Papa Francisco, o Patriarca ortodoxo de Constantinopla participou na sessão de trabalhos presidida pelo secretário de Estado, cardeal Pietro Parolin, ocasião em que expressou a convicção de que "ninguém pode enfrentar sozinho" os problemas de hoje no campo da economia e da ecologia, da ciência e da tecnologia, da sociedade e da política.

Em tal contexto, sublinhou, "precisamos uns dos outros", ou seja, de uma ''agenda comum, uma mobilização comum, esforços conjuntos e objetivos comuns". E nesse esforço "a contribuição das nossas Igrejas", Católica e Ortodoxa, continua a ser - acrescentou – crucial, pois elas "conservaram valores elevados, precioso património espiritual e moral e profundo conhecimento antropológico". 

O que é verdadeiramente cristão é essencialmente social

Dirigindo-se à Fundação Centesimus Annus - Pro Pontifice, Bartolomeu I agradeceu pela "determinação em promover a Doutrina Social da Igreja Católica" de acordo com os ensinamentos de S. João Paulo II: "o que é verdadeiramente cristão - ressaltou - é essencialmente social".

As nossas Igrejas - continuou - promovendo "o conteúdo social do Evangelho", resistem às injustiças e a todos os poderes que "ameaçam a coesão social".

A propósito do rápido progresso da ciência e tecnologia, o Patriarca observou como a tecnologia não está mais "ao serviço do homem", mas é, pelo contrário, "a sua principal força motriz, que exige completa obediência, além de impor os seus próprios  princípios em todos os aspetos da vida". E expressou "preocupação" em face de uma certa "autonomia" em relação às "necessidades vitais do ser humano."

No septuagésimo aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, Bartolomeu I exorta  a superar o ''individualismo contemporâneo" para se poder olhar para uma “comunidade de pessoas” segundo a comunhão da Igreja, em que “mete e coração, fé e conhecimento, liberdade e amor, indivíduo e sociedade,  ser humano e o conjunto da Criação estão reconciliados".

Papa Francisco e Bartolomeu I no Vaticano

VATICAN NEWS