31 julho, 2010

23 julho, 2010

S. Bento

Bendizei ao Senhor!

Neste ano da graça de 2010, em que Portugal recebeu Bento XVI, é gratificante recordar que em 1 de Abril de 2005, o então Cardeal Ratzinger, em nome de João Paulo II, foi a Subtaco (onde S. Bento, inicialmente, se refugiou no silêncio da vida monástica) proferir uma conferência sobre "A Europa na crise das culturas". No dia seguinte morre João Paulo II. Passados alguns dias, o Cardeal Ratzinger é eleito Papa e escolhe o nome de Bento XVI.
Esta pequena referência ajudar-nos-á a viver mais cristãmente a festa de S. Bento, que a Igreja celebra todos os anos no dia 11 de Julho. O nome de Bento, etimologicamente, significa portador da bênção de Deus (Benedictus). S. Bento, abençoado por Deus, bendiz o Senhor. Sua regra monástica, propõe um modelo baseado no salmo 33 'Ora e trabalha' - a oração é trabalho e o trabalho deve tornar-se oração.
Reportemo-nos ao século VI. A Europa ocidental é invadida pelos bárbaros destruidores. Espalham o medo. Perseguem e destroem os valores humanos e cristãos. No meio dessa crise generalizada, Bento entrega-se a uma missão de valorização humana e espiritual, fazendo renascer, crescer e cimentar a civilização cristã na Europa Ocidental.
Pela Europa Ocidental florescem mosteiros beneditinos. "Os monges armados da Cruz, do Livro e do Arado são os construtores de uma nova Europa dos valores e do progresso da humanidade cristã. Inclusivamente, em Portugal proliferam mosteiros beneditinos com incidência  nas várias zonas geográficas que foram farol expoente da Europa Ocidental" (cf. 'Tibães', obra de G. C. Dias). Várias paróquias escolheram S. Bento como Padroeiro. Em Lisboa, temos Massamá.
Paulo VI, em 1964, proclama S. Bento padroeiro da Europa. Desta Europa que Bento XVI, em Portugal, chamou à reevangelização.
Porque não fazer um dia de stop ao barulho e viver o silêncio duma Abadia beneditina, entrar em oração contemplativa, saborear a paz, experimentar um pouco da sabedoria salmista e bendizer o Senhor?
João Silva
Editorial do Labat n.º 106 de Julho de 2010

16 julho, 2010

XXXIII Assembleia Interdiocesana

A XXXIII Assembleia Anual Interdiocesana, realiza-se no Centro Paulo VI, em Fátima, de 27 a 29 de Agosto.


Orador
convidado





 D. Alberto Taveira
Arcebispo de Belém de Pará, Brasil


O tema será:

O Deus da Paz está convosco!” 
(Fil 4, 9b).

PROGRAMA

Sexta-Feira (27 de Agosto)

21h00 - Acolhimento e Oração
22h00 - Apresentação e Testemunho de D. Alberto Taveira
23h00 - Encerramento

Sábado (28 de Agosto)

08h30 - Animação e Oração da Manhã
09h30 - 1.º Ensinamento
10h15 -  Intervalo
11h00 - Eucaristia - Igreja da Santíssima Trindade
13h00 - Almoço
15h00 - Animação e Oração da Tarde
16h00 - 2.º Ensinamento
17h00 - Intervalo
18h00 - Adoração Eucarística
19h30 - Jantar
21h00 - Noite de Louvor
23h00 - Encerramento

Domingo (29 de Agosto)

09h00 - Animação e Oração da Manhã
10h00 - 3.º Ensinamento
11h00 - Intervalo
11h30 - Eucaristia (Anfiteatro do Centro Paulo VI)
13h00 - Encerramento


Vamos rezar intensamente pedindo de novo ao Senhor
que nos queime com o Fogo de Pentecostes
nos purifique, nos renove e entusiasme!

A Assunção da Vigem Maria

Celebramos a 15 de Agosto a Solenidade da Assunção da Virgem Maria ao Céu em corpo e alma.

A Igreja, na pessoa do Papa Pio XII, olhando a sua história e a devoção do Povo de Deus à Assunção da Senhora, devoção que a levou em séculos anteriores a dedicar-Lhe Catedrais e Igrejas, que levou não só a piedade popular a rezar-Lhe e a venerá-La “elevada ao Céu”, como levou poetas a cantar seus louvores, pintores a exprimir essa graça da Assunção de modos tão belos e admiráveis, decidiu, levada pela fé vivida durante séculos, proclamar o dogma da Assunção.

O Papa Pio XII na Bula da proclamação do dogma escreveu assim:
“ Depois de termos dirigido a Deus repetidas súplicas, e de termos invocado a luz do Espírito da verdade, para glória de Deus omnipotente que à Virgem Maria concedeu a sua especial benevolência para honra do seu Filho, Rei imortal dos séculos e triunfador do pecado e da morte, para aumento da glória da sua augusta Mãe, e para gozo e júbilo de toda a Igreja, com a autoridade de nosso senhor Jesus Cristo, dos Bem-aventurados Apóstolos S. Pedro e S. Paulo e com a Nossa, pronunciamos, declaramos e definimos ser dogma divinamente revelado que:
A IMACULADA MÃE DE DEUS, A SEMPRE VIRGEM MARIA, TERMINADO O CURSO DA VIDA TERRESTRE, FOI ASSUNTA EM CORPO E ALMA À GLÓRIA CELESTIAL.

Pelo que, se alguém, - o que Deus não permita, - ousar, voluntariamente, negar ou pôr em dúvida esta nossa definição, saiba que naufraga na fé divina e católica.

A ninguém pois seja lícito infringir esta nossa declaração, proclamação e definição, ou temerariamente opor-se-lhe e contrariá-la. Se alguém presumir intentá-lo saiba que incorre na indignação de Deus Omnipotente e dos Bem-aventurados Apóstolos S. Pedro e S. Paulo”

Com a Assunção, corolário da sua Conceição Imaculada, pois a Senhora concebida sem pecado não podia conhecer a corrupção própria do pecado, a Igreja venera que Maria, terminado o curso da sua vida terrestre, foi assunta em Corpo e alma à glória celestial.

O Papa, porque bispos e teólogos consultados, não estavam de acordo sobre se a Senhora morreu e, depois foi elevada, ou se foi elevada antes de morrer, não quis falar da morte. Diz simplesmente: “terminado o curso da sua vida terrestre”.

Por outro lado a entrada triunfal na glória do Céu, recebida no seio da Trindade, acolhida por seu Filho Glorioso e Ressuscitado, aclamada por anhos e santos, a Assunção prepara a sua Coroação como Rainha e Senhora do Céu e da Terra, dos Anjos e dos Santos. A Mãe do Rei dos reis, o Senhor Jesus, é Rainha. Porque serva humilde, porque pobre e simples, porque passou a vida a amar e a servir, agora reina.

Com a Assunção da Senhora, corolário maravilhoso da Ascensão do Filho, o Senhor Jesus, é a nossa Humanidade que já está glorificada. Um dia, seremos mergulhados em Deus uno e trino, na mansão do amor, na bem-aventurança que nunca mais terá fim.

E a Mãe já elevada ao Céu e glorificada é nossa força, nosso amparo, nossa ajuda, nossa companheira. Ela, triunfante na glória, não nos esquece e intercede continuamente por nós.

Depois da sua Assunção a Senhora é a Virgem em contínua oração, intercedendo pela Humanidade e pela Igreja, por cada homem e cada mulher, por cada um dos seus filhos e suas filhas. Levou-nos a todos em seu Coração Imaculado. E esse Coração será sempre triunfante do mal e do pecado. A Senhora foi a vencedora do dragão, do demónio, da antiga serpente. Agora vitoriosa, intercede por nós sem cessar. Temos que confiar n’Ela, no seu Amor, no seu Coração de Mãe.

Com a Assunção da Senhora também podemos contemplar a grandeza da mulher, a sua dignidade, a sua função no mundo como esposa e mãe, como mulher que tem uma riqueza interior maravilhosa, um coração sempre pronto a amar, a servir a dedicar-se.

Maria, a Senhora elevada ao Céu, é modelo de todas as mulheres, é bendita entre todas. N’Ela cada mulher encontra o caminho da sua caminhada de perfeição, da sua realização como transmissora de vida e de amor, como encanto e beleza do feminino, sempre com vocação de amor belo e puro.

Em Maria é o valor do feminino, a beleza do coração de mãe, a grandeza da afectividade que encontra toda a graça e toda a beleza.

Olhando Maria, todas as mulheres da terra encontram o caminho da sua alegre e fecunda vida, em maternidade ou sem ela. Em Maria todas se podem rever e encontrar o caminho de dignidade da mulher e da grandeza da sua vocação e missão.

Celebrar a Assunção da Senhora deve levar-nos a cantar hinos de glória ao amor divino que não só a quis concebida sem pecado, mas a quis elevada ao Céu e em triunfo de graça e de santidade.
E devemos cantar sem cessar os louvores da Virgem Maria, pois a sua Assunção, a faz viver para sempre em Deus, na festa que nunca mais terá fim, na bem-aventurança da glória e do triunfo.
Ela merece todo o louvor, toda a honra e toda a glória. Saibamos exultar de alegria e de júbilo, cantemos os louvores da Mãe de Deus e da nossa Mãe.

Os anjos e os santos Lhe cantam hinos de amor e glória. Unamo-nos a eles, e prestemos a Maria, com amor e em júbilo, a nossa humilde, mas sincera glorificação.

Dário Pedroso,SJ
Publicado no Labat n.º 106 de Julho de 2010

Visita do Papa a Portugal II

.
No meu primeiro apontamento, referi as novidades maiores de Bento XVI sobre o diálogo da Igreja com a laicidade, os sistemas sociais e políticos, sobre Fátima e desígnio de Deus. Levantei a questão teológica da “revelação” bíblica e das revelações particulares. A Igreja não é fruto exclusivo do biblicismo literalista.

Hoje pretendo apresentar alguns pontos fulcrais das homilias do Papa.

Na missa do Terreiro do Paço, Bento XVI centrou a sua homilia na necessidade da evangelização cristã a partir da verdade da ressurreição. Disse: “Apesar de ser diferente da dos Apóstolos, temos também nós uma verdadeira e pessoal experiência da presença do Senhor ressuscitado.
A distância dos séculos é superada e o Ressuscitado oferece-se vivo e operante, por nós, no hoje da Igreja e do mundo. Esta é a nossa grande alegria.
No rio vivo da Tradição eclesial, Cristo não está a dois mil anos de distância, mas está realmente presente entre nós e dá-nos a Verdade, dá-nos a luz que nos faz viver e encontrar a estrada para o futuro”.

Sem dúvida que ninguém sabe explicar o mistério da Ressurreição. Acreditamos porque os Evangelhos, São Paulo, os Actos dos Apóstolos e demais livros do NT, o afirmam. Não há Cristianismo sem Ressurreição. É o mistério da Ressurreição que nos leva a ajoelhar diante do Senhor dos vivos e dos mortos. Sem a Ressurreição Jesus não passaria de um filósofo, de um pequeno Messias esperado e, depois, desaparecido.

E homens e mulheres, nos dias de hoje, esperam o sinal da Ressurreição no sinal existencial das nossas vidas. É pela “alegria” de viver e pela certeza desta “esperança-feita-vida” que o mundo moderno descobre a grande metáfora viva da Ressurreição.
O “rio vivo da Tradição” encontra-se nos Santos que nos apresentam “o sinete de marca do Deus vivo” (Apocalipse 7, 2).

E este “sinete de marca”, como diz o Papa, realizado no Baptismo, é dinamizado “sob o impulso do eterno animador do Povo de Deus que é o Espírito Santo”. Viver da Ressurreição é viver do dinamismo do Espírito em processo de alegria. De facto, ao passarmos pelas ruas das nossas cidades e pelas lojas dos nossos centros comerciais o que mais encontramos é gente triste, desanimada, sem esperança.

Em Fátima, no dia 12 de Maio, regressa a este testemunho, dirigido aos consagrados com as palavras: “Pois bem, queridos consagrados e consagradas, com o vosso empenho na oração, na ascese, no progresso da vida espiritual, na acção apostólica e na missão, tendeis para a Jerusalém celeste, antecipais a Igreja escatológica, firme na posse e contemplação amorosa de Deus-Amor.

Como é grande, hoje, a necessidade deste testemunho! Muitos dos nossos irmãos vivem como se não houvesse um Além, sem se importar com a própria salvação eterna”. Realmente, o mundo ocidental do consumismo e hedonismo coloca o céu na terra. Nunca como hoje o sinal vivo do Ressuscitado, em cada um de nós, redobra de importância, seja pela catequese, seja, sobretudo, pela vivência.

Bento XVI repete o problema nas palavras por ocasião da “Bênção das Velas”: “No nosso tempo em que a fé, em vastas zonas da Terra, corre o perigo de apagar-se como uma chama que já não recebe alimento, a prioridade que está acima de todas é tornar Deus presente neste mundo e abrir aos homens o acesso a Deus”.

Nesta mesma ocasião e lugar referiu: “Trago comigo as preocupações e as esperanças deste nosso tempo e as dores da humanidade ferida, os problemas do mundo, e venho colocá-los aos pés de Nossa Senhora de Fátima”.

Os problemas do Papa são os nossos problemas. Sem Deus, os problemas só se resolvem a nível de superfície, de espuma e de aparências. Só a Ressurreição nos conduz ao homem perfeito, total, o da terra e o da eternidade. Sem Deus vivemos da “posse”, mas não do “dom”.

Que grande desafio é, então, a vida do baptizado e ressuscitado sempre assinalado pelo Espírito Santo!
Padre Joaquim Carreira das Neves, OFM.
Labat n.º 106 de Julho de 2010

10 julho, 2010

Instrumentos Práticos para o Serviço - I

Ensinar

Por Jim Murphy, Director do Instituto Internacional de Formação de Líderes Carismáticos,
ICCRS – Secretariado Internacional do Renovamento Carismático Católico


1. Introdução

Acredito que, enquanto líderes, uma ou outra vez seremos chamados a fazer um ensinamento. Acredito que há pessoas que têm o dom do ensino. Outros têm o ministério do ensino. Mas alguns serão simplesmente chamados a ensinar.
Por exemplo, Billy Graham tem o carisma do ensino. Centenas de pessoas convertem-se ao Senhor quando ele proclama o Evangelho!
Nós podemos não o ter, mas somos moralmente obrigados - como cristãos baptizados - a ensinar e proclamar o Evangelho. Simultaneamente poderemos ter de rezar pela cura de alguém, apesar de não termos esse carisma.
Há necessidade sempre de exercitar qualquer carisma que possuímos, mas podemos ser chamados a usar outros carismas quando a situação assim o exigir. Nessas circunstâncias, Deus dar-nos-à sempre a graça de fazermos o que é preciso ser feito.

“Se valer a pena fazer, vale a pena faze-lo humildemente”.
Podemos não ser capazes de o fazer, mas temos que ter a humildade de fazer o que Deus nos pede que façamos nesse momento. Mesmo que não seja grandioso temos de confiar e acreditar que Deus nos usará..
O rapazito que tinha os peixes e os pães poderia ter decidido que estes não eram suficientes para todos e daí nada mais fazer. Não foi assim que ele procedeu.

* Olhemos então para os aspectos práticos do ensino.
Se formos chamados a ensinar podemos fazê-lo a um nível muito elevado ou então mais simples. Fazê-lo num grupo de oração ou numa assembleia. Fazê-lo num grupo inicial ou noutro já com mais vivência carismática. E assim sucessivamente (...).

* Existem diferentes formas de ensinar.
Este ensinamento, por exemplo, provavelmente não levará ninguém a pôr-se de joelhos, chorando e entregando a sua vida a Jesus.
Há outros ensinamentos que são informativos. Há ensinamentos que transformam os corações. Há ensinamentos feitos para uma determinada área. Falar a 5000 pessoas sobre cura é diferente de falar a 10 homens quanto à maneira de tratar melhor as suas famílias; etc. (...).
É essencial discernir que tipo de ensinamento o Senhor quer. Se Ele pretende um movimento poderoso do Espírito então um ensinamento na base de informações não é o suficiente.

* Pensemos nisto como um tripé.
Um tripé é uma estrutura muito estável. imaginemos que temos um tripé e que o mundo está a morrer à fome.
Deus pede-nos que sirvamos uma refeição de vida ao mundo. Por debaixo do nosso tripé temos um bom fogo e um tacho. Podemos cozinhar a refeição no tacho e depois alimentarmos o mundo.
Temos que estar atentos ao fogo do Espírito, mas é o tripé que mantém o tacho estável por cima do fogo. E as pernas do tripé são do discernimento, a preparação e a entrega.

Estas três pernas são necessárias para qualquer bom ensinamento.
Apenas duas, não são o suficiente! Grande conteúdo, mas uma má apresentação, não é bom. Uma apresentação fantástica que é divertida e apelativa, mas que na verdade não diz nada é inútil. E sem discernimento não estamos a dar aquilo que Deus quer. Uma palavra com unção pode mudar uma vida.

2. Discernimento – Preparação – Entrega

- Como discernimos sobre o que falar?
- Depois do discernimento, como fazemos a preparação?
- Depois da preparação, como fazemos a entrega da mensagem?

* Nota: Este segundo tema será apresentado neste blogue, na pasta imediatamente a seguir.

Labat n.º 69 de Fevereiro de 2007

Instrumentos Práticos para o Serviço - II

Ensinar

Por Jim Murphy, Director do Instituto Internacional de Formação de Líderes Carismáticos, 
ICCRS – Secretariado Internacional do Renovamento Carismático Católico

2.  A preparação do Ensinamento

Suponhamos que Deus nos mostrou sobre o que devemos falar. Então procuremos fazer o nosso ensinamento numa única frase.
Se não o conseguirem fazer numa frase então 3000 frases não vos ajudarão!

Exemplifiquemos:
Usemos o exemplo da cruz . A frase talvez possa ser: “experimentar a misericórdia de Deus através da cruz de Jesus Cristo”.
Uma vez que esta frase me tocou, me iluminou, e me questionou, alcançou o meu coração. Então eu poderei começar a construção do meu ensinamento Instituto Internacional de Formação
de Líderes Carismáticos,.

Imaginem que eu tenho, a partir de agora, mais duas semanas. Devo rezar a Deus “Senhor, eu quero mostrar o quanto a misericórdia de Deus pode ser experimentada através da cruz. Mostra-me o que posso agora dizer sobre isto. Eu quero poder transmiti-lo e ensinar as pessoas sobre isso.”
Tenham sempre papel à mão, e à medida que forem vivendo, passagens ou histórias que virão à vossa mente, escrevam-nas. Escrevam todas as ideias e imagens.
Depois de 3 ou 4 dias, imensa informação vai ao nosso encontro e seremos como que uma esponja que absorve tudo.
Perguntem aos amigos o que eles pensam sobre o tópico e escrevam!
Se tiverem este tempo não tentem fazer com que o ensinamento aconteça, deixem-no imergir pedaço a pedaço, peça a peça.

Destinatários
Não se esqueçam igualmente das pessoas para as quais o ensinamento vai ser dirigido. São crianças? Antigas prostitutas? Poderosos homens de negócios?
Temos que estar preparados para fazer um ensinamento para aquelas pessoas em concreto.
Falar para crianças é totalmente diferente do que falar para adultos. A mensagem central é a mesma, mas a preparação é diferente.
Seguidamente, destinem a isso um tempo. Peguem em todos os vossos papéis. Não os ponham por qualquer ordem. Apenas olhem para eles e rezem. Vejam qual é o que vos apela mais fortemente, qual é que parece correcto.
O facto de terem 5 passagens bíblicas e apenas escolherem uma ou duas não vos torna más pessoas. No processo de escreverem coloquem não somente no papel, mas também dentro de vós. Ficarão para o futuro!
Usem apenas as mais apropriadas, não é preciso usarem tudo. Agora vejam quais são as que estão mais agarradas a nós. Podem usar folhas pequenas, porque elas são móveis e não precisam de estar agarradas a uma determinada ordem. Assim podem alterar a ordem sempre que acharem necessário.

Esboço
Criem para vós mesmos um esboço: num pedaço de papel escrevam a vossa frase principal
“A misericórdia de Deus encontra-se na cruz”
Agora pensem no que podem dizer para os prepararem para receber esta frase. Como vou começar este ensinamento? Posso começar com uma questão! Talvez, vá começar com uma história. Ou, então com um facto interessante.

Encerramento final
Comecem então o ensinamento. Marquem o ponto principal. Depois levem o ensinamento até ao encerramento final.
Para encerrar podem ler uma passagem bíblica, ter tempo para exercer um ministério, terminar com uma oração. Pensem no final!
Olhem nesta altura para os momentos de transição. Pensem em histórias que os liguem uns aos outros.

Atitude
Fizeram então um esboço simples. Olhem agora para os vossos papeis. Sejam criativos. Joguem com eles e relaxem com isso. Não digam: “bem tenho uma hora”.

A preparação evangeliza-nos
A preparação para um ensinamento também vos evangeliza!
É melhor não sobrecarregar as pessoas, não queiram ler dois capítulos da Bíblia! O que vocês procuram é uma mensagem específica que possa ungir e transformar vidas.
É melhor usarem algumas passagens curtas do que uma passagem longa. Notas em post-it são muito úteis! Tenham-nas nas vossas Bíblias para encontrarem o lugar certo. Podem ter uma seta que vos indica o local exacto da página.
Digamos que num ensinamento nós usamos 3 passagens das escrituras. Sublinhem-nas! Quando estão em frente das pessoas toda a vossa preparação tende a sair pela porta fora, então a vida torna-se muito mais fácil se vocês tiverem sublinhado e realçado os pontos importantes.

A comunicação e entrega
Não pensem que ter as palavras escritas é tudo. As palavras em si próprias não são tudo.
As mesmas palavras podem ser completamente alteradas pela maneira como é feita a apresentação.
Nós somos motivados por gestos, por mudanças de voz. Falar mais alto e mais rápido significa que as pessoas estão excitadas. Falar devagar, suavemente, baixo cria um interesse na sala. As pessoas apoiam-se para a frente, imaginando o que vem a seguir.
Daí a importância da comunicação / entrega do ensinamento, que será apresentado na pasta a seguir: "Instrumentos Práticos para o Serviço - III".


Labat n.º 70 de Março de 2007

Instrumentos Práticos para o Serviço - III

Ensinar
.
Por Jim Murphy, Director do Instituto Internacional de Formação de Líderes Carismáticos,
ICCRS – Secretariado Internacional do Renovamento Carismático Católico

(continuação do II)
3.  O Ensinamento: a comunicação e a entrega


Início e encerramento

Gosto de pensar nos ensinamentos como numa viagem de avião, onde há dois momentos cruciais: levantar voo e aterrar. Se levantam, descolam bem e aterram bem, as pessoas desculparam alguns saltos no meio do voo!

Os dois momentos mais críticos de um ensinamento são também o princípio e o fim. Quando começamos temos cerca de 40 segundos para nos ligarmos com a nossa audiência! As pessoas desligam-se muito cedo se não nos ligarmos imediatamente a elas.

Uma questão, uma frase, uma história, tudo isto é necessário para prender a atenção das pessoas. Sejamos criativos.
Similarmente as pessoas não sabem como terminar o seu ensinamento, não sabem como aterrar o avião.
O final é o momento mais poderoso. Se formos conduzir alguma oração, então é necessário criar o ambiente certo no final.

Não há nada de errado em ensaiar o ensinamento algumas vezes. Winston Churchill tinha um problema na fala, mas acreditava no poder da inspiração. Praticava as frases chave para as comunicar com convicção e poder!
As pessoas não são transformadas por aquilo que dizemos, apenas são mudadas por aquilo que escutam. Se as pessoas não vos podem ouvir ou compreender, então não vale a pena dizer nada brilhante.

Será que fisicamente as pessoas podem ouvir o que estamos a dizer? Estamos a falar de uma maneira que possam compreender?!
Ás vezes quando fazemos um ensinamento sentimo-nos como se fossemos jogados borda fora, mas é necessário continuar, não podemos demonstrá-lo em demasia!


Duração da apresentação

É muito melhor que as pessoas lamentem a brevidade do nosso ensinamento, que o comprimento do mesmo!
“Oh como eu gostaria que tivesse demorado um pouco mais” é melhor do que “Graaaaças a Deeeeeuuuus!”
Acho que, na situação de um grupo de oração, um ensinamento não deve demorar mais do que 20 minutos, e preferivelmente cerca de 12!
É um facto que desde que os média electrónicos entraram na nossa vida a nossa medida de atenção diminuiu.

Os melhores ensinamentos são curtos. Depois de 40 minutos há dispersão. A concentração já não consegue assimilar.
Tenhamos connosco um relógio. Coloquemo-lo num lugar em que o vejamos perfeitamente, mas nunca dêmos a entender que estamos a olhar para ele. De facto nunca, nunca, jamais olhemos para o vosso relógio de pulso.


Sentido de espaço

É importante falar para toda a sala. Cada pessoa tem o seu próprio sentido de espaço. Este varia consoante o género, a cultura, etc.
Talvez nos sintamos mais confortáveis falando para as pessoas da direita, ou para alguém na terceira fila. Isso pode ser por um momento. Mas se o prolongamos então as restantes pessoas começam a ficar ressentidas connosco. Ressentidas e a resistirem ao ensinamento. Tudo isto está no subconsciente.

Uma solução é colocar 4 amigos nas diferentes partes da sala e olhar alternadamente para eles.
Por vezes dar um passo à frente ajuda a envolver as pessoas que estão mais atrás. Apenas um passo. Isso faz com que nos liguemos aos que estão mais atrás sem ficarem demasiado perto.


Espírito Santo

Depois de tudo isto, não nos esqueçamos do poder do Espírito Santo.
Efésios 6: façam tudo o que o dever vos pede e depois fiquem de pé. Acho que isso é tudo o que o dever/compromisso vos pede.
Entreguem-no a Deus e às pessoas para o discernimento, para que possam fazer toda esta preparação e apresentá-la o melhor que puderem. Mas nunca esqueçam o Espírito Santo!
Tenho visto ensinamentos muito fracos que converteram uma sala inteira e um ensinamento espantoso não conseguir nada.
Devemos entregar tudo nas mãos de Deus e rezar, rezar, rezar pela unção.
O mundo está à espera desta refeição e nós somos os privilegiados em a preparar.


Lidar com Indivíduos

Isto pode relacionar-se com alguém que requeira um pouco mais de atenção extra, ou quem queira um conselho, ou quem esteja a pensar divorciar-se ou o que quer que seja.
Estas são situações diferentes!

Necessitamos de nos comportar de forma diferente dependendo da situação.
“Como estás hoje?”, “Eu estou bem” , e “Estou a pensar matar-me hoje” são situações completamente diferentes e nós temos de nos comportar de forma apropriada!


O Poder Curativo da Escuta

Tem havido muitos estudos entre psicólogos, clero e todo o tipo de pessoas e chegam à conclusão que o elemento mais comum que tem sido encontrado em termos de ministério está na escuta.
Mais pessoas estão a ser ajudadas e até mesmo curadas pelo simples facto de serem escutadas.
Nós temos duas orelhas e uma boca, se as pudermos usar na mesma proporção então tornar-se-ão grandes curadores!

St. James dizia “sejam rápidos a escutar e lentos a falar”.
Conheci um padre que veio até mim, à um tempo atrás numa conferência, que lutava com muitas coisas. Ele falava muito pouco de inglês. Tinha recebido uma palavra do Senhor para o Santo Padre e estava desesperado, tentando comunicar a palavra!

Eu estive cerca de uma hora com este padre à medida que ele tentava explicar-me de como necessitava de chegar ao Papa.
Eu escutei e escutei e escutei.
Dei-lhe alguns números de contacto e tentei arranjar-lhe alguns encontros.
Um ano depois ele veio ter comigo e disse-me “muito obrigado, pelo menos escutou-me.
Muitas outras pessoas nem tentaram escutar-me.
Eu senti-me tão agradecido que pelo menos alguém tenha ouvido aquilo que eu tinha para dizer.
Eu não consegui ver o Papa, mas houve alguma cura quando falei consigo”.

Muitas vezes nós pensamos “Deus, eu não sei o que dizer às pessoas”, mas não necessitamos de uma revelação divina para escutarmos. Isso qualquer um o pode fazer!

Escutar valida as pessoas. Mesmo que as suas ideias estejam erradas demonstra que nós como ser humanos achamos que merecem ser ouvidas.

Escutar encoraja as pessoas a falarem. À medida que forem falando, os assuntos dos quais eles necessitam realmente de falar vêm ao seu discurso.
Imaginemos uma piscina que nós já não usamos há muito tempo e que está cheia de espuma e de escombros. Se colocarmos uma bomba de água na piscina, à medida que formos bombeando toda a água para fora, os escombros também saem.
Enquanto falamos muitas coisas saem para fora e podem ser trazidas para a oração. Não é cura em si próprio, mas é parte do processo de cura.
Quando escutamos alguém, essa pessoa aprecia esse gesto e a sua resistência a nós diminui. Ganhamos o direito de falar quando escutamos.

Mais, enquanto escutamos podemos rezar debaixo da nossa respiração ao Espírito Santo, descobrindo o que está nesta conversa, o que está a acontecer, ter uma palavra de conhecimento, procurar como os aconselhar.
Escutar é importante! Se não escutarmos as pessoas, elas não tem obrigação de nos escutar.

Os líderes também são seres humanos, assim como aqueles que nos querem falar.

Labat n.º 71 de Abril de 2007

Instrumentos Práticos para o Serviço – IV

Ensinar

Por Jim Murphy, Director do Instituto Internacional de Formação de Líderes Carismáticos, 
ICCRS – Secretariado Internacional do Renovamento Carismático Católico

4. Comunicação

Qual é a verdadeira comunicação?
Quando pensamos em comunicação pensamos como “nós falamos e as pessoas escutam recebendo a informação”.

Contudo devem existir sinais que indiquem ambos os caminhos! De outra forma não existe comunicação.
Podemos dizer que estamos a escutar alguém, mas se estivermos sempre a olhar para o relógio então a outra pessoa sabe que nós não estamos realmente a escutá-la.
Se estivermos a olhar à volta à procura de outra pessoa então o outro poderá ver que só estamos a falar com ele enquanto não encontramos outra pessoa.

Estes sinais são poderosos. E estão no subconsciente, não sabemos que os estamos a transmitir e os outros não sabem que os estão a receber.
Para que exista uma comunicação autêntica, é necessário que uma pessoa receba a mensagem e que envie um sinal de volta.

Muitas vezes quando falamos com as pessoas não há pistas verbais daquilo a que estamos atentos.
Por vezes é destas coisas não verbais que precisamos de centrar a nossa atenção, porque as pessoas podem facilmente disfarçar as suas palavras.

Se nos mostrarem um desenho de um triângulo e depois nos pedirem para o descrevermos sem que este esteja à nossa frente, torna-se muitas vezes difícil porque não tomamos atenção a todos os aspectos.
Então se é difícil para nós explicarmos como está um triângulo numa página, não será muito mais complicado partilharmos sobre as nossas frustrações na paróquia?

Uma vez eu estava a lavar as minhas mãos na casa de banho, durante uma conferência, e perguntei a um amigo: “como é que tu pensas que está a correr o dia até agora?” Ele ignorou-me, sacudiu as mãos e saiu. Eu fiquei devastado todo o dia, os ensinamentos não me saíram bem e foi difícil para mim.
No final do dia disse-lhe “Eu não posso mais, porque é que me ignoras-te?”
Ele disse: “Ah, estás a falar comigo? É que eu não ouço desse ouvido!”
Eu disse: “então e porque é que sacudis-te as mãos?” … e ele disse: “não havia papel para as secar!”

Mais aspectos:
Quando alguém tentar falar connosco, devemos avaliar “posso fazê-lo agora?!”
Se for uma conversa longa podemos não ter tempo para a ter da maneira mais apropriada.
Aqui vai uma regra:
Se podemos dispensar tempo às pessoas, então façamo-lo. Se não, digamos que estamos preocupados, mas felizes por falarmos com eles, talvez possamos rezar durante um breve instante e depois marcar um encontro para mais tarde.
È mais atencioso dizer a verdade do que estarmos preocupados com outra coisa e fazermos de conta que queremos falar com outro naquele momento.

Se vamos falar com alguém, devemos procurar colocar sempre o relógio por detrás dele.
E nunca olharmos para o nosso relógio enquanto falamos com um ser humano ... referindo-me a esta situação.

Não somos más pessoas se dissermos a alguém que apenas temos um espaço limitado de tempo. Digamos às pessoas o que podemos ou não fazer e depois honremos aquilo que dissemos.

Escutar as pessoas pode ser uma cura.
Há pessoas que têm uma grande necessidade de falar e isso por vezes não é saudável, torna-se doentio.
Se falarem e falarem, não quer isso dizer que os ajudará, ou até mesmo a nós.
Temos que controlar o tempo.
Temos que discernir se estamos a ajudar ou não e sejamos bons vigilantes do nosso tempo.

Outro aspecto muito importante é o espaço no qual estamos a conversar, se é confidencial tenhamos a certeza de que não existem outras pessoas a escutar, por exemplo um corredor onde passam pessoas pode não ser o melhor local.
Estejamos atentos às situações, podendo ir para um local aonde não possamos ser interrompidos.

No entanto é necessário haver discernimento sobre se devemos ir para um lugar isolado, porque se a pessoa está a ter problemas emocionais ... pode fantasiar algo que nunca aconteceu.
Devemos ter em conta o problema e a situação que é colocada, talvez duas pessoas encontrarem-se com uma.

Devemos sempre proteger a nossa credibilidade.

Qual é o comportamento apropriado no ministério?

Uma noite um amigo disse-me que ia enviar pessoa ao grupo de oração.
Quando ela chegou eu dei-lhe um grande abraço, acolhia-a, fui muito amigável. Ela tornou-se uma pedra de gelo e saiu quase de seguida.
Mais tarde descobri que ela tinha sido violada algumas semanas antes. A minha intenção não era incomoda-la, mas para ela encontrar um homem enorme que a abraçou, foi demais.

É melhor que comecemos gradualmente, assim poderemos ver se as coisas se tornam inapropriadas.
As diferentes culturas têm um diferente sentido de espaço. Algumas culturas não se importam com a cara das pessoas, outras necessitam de um maior espaço entre o que está a acontecer.

Poderemos sempre aumentar a nossa intimidade, mas não podemos voltar para trás uma vez que formos longe de mais, por isso o melhor é começar gradualmente.

Palavra de Conhecimento

Este é para mim o maior dom de Deus e há duas maneiras de o usar:

Uma é quando o Senhor nos revela alguma coisa e dizemos a determinada pessoa “enquanto rezávamos eu senti que o Senhor dizia ...”

Outra forma é não dizer às pessoas o que estamos a sentir, mas usarmos essa informação para perguntarmos algumas questões essenciais.
Não temos que impressionar as pessoas com a nossa santidade – podemos usar uma aproximação subtil.

Por exemplo:
Eu estou num sinal á espera. Uma mulher aproximou-se de mim e o Senhor disse-me que ela tinha feito um aborto. Eu não podia dizer “olá, o Senhor disse-me que tinha tido um aborto”

É preciso discernimento ... Começámos a conversar. Eu disse-lhe porque estava a carregar a cruz (isto foi durante a minha jornada) ... Eu disse “algumas vezes nós fazemos coisas das quais nos arrependemos e o que quero dizer às pessoas é que há sempre um novo começo ...”
… depois falamos sobre outras coisas durante algum tempo ...
… depois mencionei que Jesus perdoa todos os pecados e que era isso que eu estava a tentar mostrar às pessoas ...
... depois falámos sobre tomarmos uma refeição barata ...
…depois falamos sobre Jesus nos dar um novo futuro se nós lhe déssemos o nosso passado ...

Ela disse-me “esta é a conversa mais estranha que eu já tive ... eu nunca disse isto a ninguém antes, mas há uns anos atrás eu tive um aborto e tudo o que está a dizer parece que está a falar para mim.”
Então eu disse “Verdade? Verdade?! Bem vamos rezar agora e depois se quiser ...”

Nós rezamos e depois seguimos caminhos diferentes.

Ela nunca soube que eu tinha tido aquela palavra de conhecimento. Há grandes resultados nesta forma mais doce, mais suave.

As pessoas nem sempre compreendem “o Senhor disse-me ...” mas compreendem, normalmente a interacção humana.

Labat n.º 72 de Maio de 2007

Instrumentos Práticos para o Serviço – V

Ensinar

Por Jim Murphy, Director do Instituto Internacional de Formação de Líderes Carismáticos,
ICCRS – Secretariado Internacional do Renovamento Carismático Católico


Saibam quando devem pedir ajuda

Algumas pessoas precisam de tratamentos médicos, não são más pessoas, não estão possuídas, apenas precisam de tratamento médico.

Outras pelo contrário não precisam de recorrer ao médico, porque estão de tal maneira envoltas no pecado que o que necessitam é de confissão. Nós podemos ser como que os primeiros socorros, aqueles que estancam a hemorragia. Mas não somos a resposta para os problemas de toda a gente.
Podemos ser a Equipa de Primeira Reposta, mas não somos tudo para essa pessoa.

Deus pode usar-nos para lhe salvarmos a vida! Mas pode não nos pedir para fazermos tudo.

VI- O uso dos carismas

2 Tim 1, 6 - “Por isso recomendo-vos que reacendas dom de Deus que se encontra em ti em ti, pela imposição das minhas mãos”.

O que Paulo disse antes disso foi: Timóteo, tu és grande! Eu conheço a tua família, eles são grandes, Deus está contigo e, por causa disso, tu precisas de fazer alguma coisa.

Timóteo supostamente deveria agir de acordo com o dom que Deus lhe havia dado!

Se é um dom, porque é que tenho que fazer alguma coisa?

Se temos que o trabalhar, como pode ser um dom?

Temos que tomar conta, cuidar, alimentar os nossos dons. Deus deu-nos carismas. Eles são dons gratuitos. Nós não os ganhamos, não os merecemos. Temos é que os colocar ao serviço. Nós somos responsáveis de tomar conta dos carismas que nos são confiados.

Paulo diz-nos para não negligenciarmos os nossos carismas: pois é da natureza humana os negligenciarmos.

Quando eu percorria o Texas eu vi moinhos de vento puxando a água para o deserto. Se as pás se partissem não poderiam responder ao vento. Aqueles que não tinham todas as pás andavam à roda de uma forma não ritmada. Enquanto aqueles que tinham todas as pás, que tinham sido conservados e cuidados, transportavam muita água para o deserto.

Á volta destes moinhos haviam muitas plantas e muitas mais em crescimento. Havia Vida!

Isto é análogo à nossa situação, nós somos os moinhos, o Espírito é o vento, temos que reagir ao Espírito e ao fazê-lo transportamos a água para o deserto.

Quais são as pás?

1. ORAÇÃO

Não existe algo que possa substituir a oração. As pessoas dizem: “eu ouço música cristã enquanto conduzo”. Eu diria que isso é óptimo, mas temos que ter verdadeira oração.

Existe um enorme número e género de orações. Não importa o que façamos, mas precisamos de rezar. Jesus levantava-se, enquanto ainda era de noite, para rezar, como por hábito. Se Ele precisava de rezar, nós certamente precisamos muito mais!

2. SACRAMENTOS

Temos sorte de estarmos nesta Igreja. Mesmo num mau dia os Sacramentos estão lá.

Uma vez eu estava de mau humor, secretamente abusando de todos os que estavam à minha volta na Igreja, estava a passar por muitas emoções ... e quando estava prestes a receber a comunhão compreendi onde estava!

Deus disse-me que Ele não tinha tirado os olhos de mim durante a missa, que eu deveria estar mais atento durante a missa, no entanto Ele estava atento a mim.

Os Sacramentos são importantes para todos os cristãos, mas para nós líderes eles devem de ser especialmente importantes, diria mesmo vitais.

3. ESCRITURAS

Jo 8, 31-32 – “se permanecerdes fiéis à minha mensagem, …, conhecereis a verdade e a verdade vos tornará livres”

Vivemos na Palavra de Deus? Ou é algo que simplesmente lemos?

Devemos permitir que a palavra viva em nós. Ela tem que tocar tudo em nós, porque também nós pegamos em tudo o que nos rodeia. Por exemplo, se andarmos com uma pessoa que jure, então, nós também vamos jurar. Apreendemos o lixo e livramo-nos do lixo.

Se apreendemos a Palavra de Deus, deixemos que ela nos toque. É nela que nos vamos tornar. Não podemos controlar aquilo que o mundo nos oferece, mas podemos controlar se nos colocamos ou não na Palavra de Deus.

Pessoas medíocres e grandes pessoas – a diferença é viver na Palavra de Deus ou não.

4. COMUNIDADE / RELAÇÕES

A cristandade nunca foi uma aventura solitária.

Team (Grupo):
Together Each Accomplishes More (Juntos cada um alcançará mais).

A alegria está no estarmos juntos. Nós precisamos de comunidade. Todos precisamos de amigos. Precisamos de pessoas em quem confiar, com quem contar. Pessoas com as quais possamos ser nós mesmos nos nossos piores dias.

5. SAÚDE PESSOAL

Deus quer que sejamos seres humanos! Precisamos de cuidar de nós mesmos. Necessitamos de descansar e de relaxar. Necessitamos de tirar um dia e fazer coisas que não são particularmente profundas ou santas – ir jogar bowling, ver futebol, pescar, relaxar somente!

Trabalhamos por tensão e relaxamento – tal como os músculos! No meu braço enquanto um músculo relaxa o outro entra em tensão. Nós somos construídos para relaxar e entrar em tensão.

Muita gargalhada, muitas parvoíces e muitas pessoas não é mau! Isso não faz de nós “carnais” – mas humanos!

Precisamos de dormir o suficiente! É bom para nós relaxar e dormir. O Papa João XXIII costumava rezar todas as noites: “É a Tua Igreja Senhor, eu vou para a cama”!

Se constantemente vocês se desligarem de vós mesmos para servir os outros, então algo está errado.

A fase final desta saúde pessoal é o exercício.

Um Exemplo:

Eu conheço um padre que tinha um verdadeiro ministério de libertação que lutava com maus ataques espirituais. Ele foi ter com o seu director espiritual que lhe disse para praticar algum exercício, andar meia hora por dia sem rezar durante esse tempo. Ele respondeu que estava muito ocupado e que não tinha qualquer intenção de fazer qualquer exercício.

Mas o director obrigou-o a fazê-lo. Ele fê-lo. A princípio ficou furioso e depois foi compreendendo que estava a gostar. Ele estava a relaxar. O exercício ajudou-o. No final, os ataques desapareceram.

Temos um corpo! Estejamos atentos a isso.

Obs.: Com este texto concluímos a série ‘Instrumentos Práticos para o Serviço’ sobre o tema ‘ENSINAR’, publicada nos números 69, 70, 72 e 75 do LABAT.
Labat n.º 75 de Setembro de 2007