31 maio, 2020

Carta às famílias da diocese de Lisboa


 
Pedindo a Deus muita saúde e paz para todos, dirijo-vos deste modo algo do que pensava dizer-vos na Festa da Família, que mais uma vez se realizaria no próximo Domingo da Santíssima Trindade, a 7 de junho.

A pandemia com que ainda nos confrontamos impede que nos reunamos presencialmente desta vez. Mas não que vos manifeste assim a muita estima e oração com que sempre vos acompanho, sabendo como o próprio Deus vos quer, como primeira comunidade humana e escola de comunhão verdadeira.

Pais e filhos, avós e parentes, constituem o núcleo básico de entreajuda e carinho onde a comunidade ganha o seu primeiro rosto e exercício. Por isso a promoção e proteção das famílias deve ser o primeiro objetivo de qualquer sociedade organizada. Temos muito a fazer neste sentido, especialmente agora, quando a crise sanitária e económica atinge fortemente a muitos e dificulta a sobrevivência de tantos, no que respeita ao trabalho e a tudo o mais que garanta a vida das pessoas e suas famílias.

 Durante o confinamento com que procurámos impedir o alastramento da pandemia, as famílias viveram um tempo inédito de concentração em casa e proximidade constante entre os seus membros. Muitos testemunhos me chegaram de como proporcionou também a redescoberta da dimensão doméstica da Igreja. Muitas seguiram mediaticamente as celebrações eucarísticas e os tempos de oração que os seus párocos e outros sacerdotes realizaram. A impossibilidade de receção dos sacramentos incrementou a antiga prática da comunhão espiritual, que acrescenta o desejo de nos alimentarmos do Pão da Vida, que é Cristo omnipresente, mesmo quando não é possível recebê-lo sacramentalmente. Também a recitação familiar do rosário, a leitura da Palavra de Deus e outros momentos de meditação e oração se multiplicaram. 

Será bom que muitos destes hábitos continuem, complementando a indispensável prática sacramental e comunitária que se irá retomando, com a cautela necessária para que a pandemia não retorne. Assim mesmo, unindo as duas dimensões da vida eclesial, doméstica e comunitária, acompanharmos o percurso existencial que o próprio Jesus seguiu nos seus trinta anos em Nazaré da Galileia, da casa de família ao culto comunitário semanal, a que não faltava (cf. Lc 4, 16).

Agradeço muito às famílias da diocese de Lisboa tudo o que conseguiram fazer neste tempo difícil para se manterem unidas na entreajuda e na oração, bem como na atenção às necessidades dos seus vizinhos e outras pessoas mais fragilizadas. Nos Atos dos Apóstolos, conta-se que o primeiro núcleo eclesial do nosso continente, no que respeita à missão de S. Paulo, foi a família de Lídia, em Filipos (cf. Act 16, 15). Sabemos como o apóstolo contou com o casal Áquila e Priscila para a missão em Corinto e em Éfeso (cf. Act 18); e como destaca o papel da família na transmissão da fé, escrevendo assim a Timóteo: «Trago à memória a tua fé sem fingimento, que se encontrava já na tua avó Loide e na tua mãe Eunice…» (2 Tm 1, 5).

Rezo para que tudo continue ou se recupere desta forma, para que a Igreja se defina realmente como “família de famílias” (Amoris Laetitia, 87), tal como começou. Os nossos sacerdotes seguem o percurso de Jesus que, permanecendo celibatário, alargou a todos os sentimentos familiares com que crescera na família de Nazaré. São duas dimensões complementares da mesma vida em Cristo, para que a Igreja se manifeste inteiramente como “família de Deus” (Ef 3, 19).  
   
Saúdo-vos do coração, especialmente aos casais que neste ano celebram bodas marcantes do seu matrimónio. Confio muito no que o Espírito de Deus faz nas famílias e através delas, rumo a uma sociedade que se torne mais familiar também!

Lisboa, Domingo de Pentecostes, 31 de maio de 2020

+ Manuel, Cardeal-Patriarca
 
Patriarcado de Lisboa

Papa no Regina Coeli: que tenhamos a coragem de sair melhores desta crise



"Precisamos tanto da luz e da força do Espírito Santo! A Igreja precisa disso, para caminhar em harmonia e corajosamente, testemunhando o Evangelho. E toda a família humana precisa disso, para sair desta crise mais unida e não mais dividida. Vocês sabem que de uma crise como esta não se sai igual, como antes; sai-se, ou melhores ou piores. Que tenhamos a coragem de mudar, de sermos melhores, de sermos melhores do que antes e de podermos construir positivamente o pós-crise da pandemia." 

Cidade do Vaticano 

Não podia ser mais simbólico e significativo o Regina Coeli que marcou o reencontro do Papa Francisco com os fiéis reunidos na Praça de São Pedro, o que não acontecia desde início de março: a Solenidade de Pentecostes.

E ao despedir-se dos presentes num domingo primaveril e de temperatura amena - e antes de pronunciar ainda, o tradicional “por favor, não se esqueçam de rezar por mim. Bom almoço e até logo” - o Santo Padre disse que temos “tanta necessidade da luz e da força do Espírito Santo. A Igreja tem necessidade disso, para caminhar concorde e corajosa, testemunhando o Evangelho; e disso tem necessidade toda a família humana, para sair desta crise mais unida e não mais dividida”.

Aos tradicionais protocolos de segurança para ingressar na Praça de São Pedro, somaram-se agora as medidas sanitárias preventivas contra o contágio do coronavírus, ou seja, desinfetar as mãos com álcool gel, manter a distância de segurança, o uso de máscaras. Para atender a demanda de peregrinos que tende a crescer gradualmente e dar mais fluidez às filas em tempos de distanciamento social, foram instalados novos detetores de metal sob as colunatas de São Pedro.
 
Missionárias da caridade na Praça de São Pedro

"Queridos irmãos e irmãs, bom dia! Agora que a praça está aberta, podemos voltar. É um prazer!"

O Evangelho de São João proposto pela liturgia do dia, inspirou a alocução do Santo Padre. De facto, a leitura “remete-nos à noite da Páscoa e mostra-nos Jesus ressuscitado que aparece no Cenáculo, onde os discípulos se tinham refugiado. "Pôs-se no meio deles e disse-lhes: "A paz esteja convosco!"" 

Comunidade não reconciliada, não está pronta para a missão

Estas primeiras palavras pronunciadas pelo Ressuscitado: "A paz esteja convosco" – explicou o Papa - devem ser consideradas mais do que uma saudação:

Expressam o perdão, o perdão concedido aos discípulos que, para dizer a verdade, o tinham abandonado. São palavras de reconciliação e de perdão. E também nós, quando desejamos paz aos outros, estamos a dar o perdão e também a pedir perdão. Jesus oferece a sua paz precisamente a esses discípulos que têm medo, que custam a acreditar no que viram, ou seja, o sepulcro vazio, e subestimam o testemunho de Maria Madalena e das outras mulheres. Jesus perdoa, perdoa sempre, e oferece a sua paz aos sesus amigos. Não se esqueçam: Jesus nunca se cansa de perdoar. Somos nós que nos cansamos de pedir perdão.”

Assim, ao perdoar e reunir os discípulos em seu redor, “Jesus faz deles uma Igreja, a sua Igreja, que é uma comunidade reconciliada e pronta para a missão. Quando uma comunidade não é reconciliada, não está pronta para a missão".
“O encontro com o Senhor ressuscitado dá uma reviravolta na existência dos apóstolos e os transforma em testemunhas corajosas.”
Tudo é orientado para a missão
O Papa então, recorda que as palavras de Jesus que se seguem - "Como o Pai me enviou, assim também eu vos envio a vós” - fazem entender que os apóstolos são enviados para dar continuidade à mesma missão que o Pai confiou a Jesus: "Eu vos envio a vós": “não é tempo de estarem trancados nem de recordarem com saudades os "bons tempos" passados ​​com o Mestre”. E explica:
A alegria da ressurreição é grande, mas é uma alegria expansiva, que não deve ser retida para si. No domingo do Tempo Pascal, ouvimos pela primeira vez esse mesmo episódio, após o encontro com os discípulos de Emaús, portanto o bom Pastor, os discursos de despedida e a promessa do Espírito Santo: tudo é orientado para fortalecer a fé dos discípulos - e também a nossa - em vista à missão.

E precisamente para animar a missão – disse o Papa -  que Jesus dá aos Apóstolos o seu Espírito: "Soprou sobre eles e disse: "Recebei o Espírito Santo"":
“O Espírito Santo é fogo que queima os pecados e cria homens e mulheres novos; é fogo de amor com o qual os discípulos poderão "incendiar" o mundo, aquele amor de ternura que privilegia os pequenos, os pobres, os excluídos ... Nos sacramentos do Batismo e da Confirmação recebemos o Espírito Santo com os seus dons: sabedoria, entendimento, conselho, fortaleza, ciência, piedade, temor de Deus.”
Sair para fora dos muros de proteção

Este último dom em particular, enfatizou o Santo Padre -  “é precisamente o oposto do medo que antes paralisava os discípulos: é o amor pelo Senhor, é a certeza da sua misericórdia e da sua bondade, é a confiança de poder seguir na direção por Ele indicada, sem que nunca nos falte a sua presença e oseu apoio”:

A festa de Pentecostes renova a consciência de que em nós habita a presença vivificante do Espírito Santo; Ele também nos dá a coragem para sair fora dos muros protetores dos nossos "cenáculos",  dos grupinhos, sem recostar-nos na vida tranquila ou fechar-nos em hábitos estéreis.

Elevemos então o nosso pensamento para Maria, ela estava ali, com os apóstolos, quando veio o Espírito Santo,  protagonista com a primeira comunidade da admirável experiência de Pentecostes, e peçamos a ela para obter para a Igreja o ardente espírito missionário.
 
Humanidade deve sair da crise mais unida e não mais dividida

Depois de rezar o Regina Coeli, o Papa recordou que nunca se sai igual de uma crise como esta:

Precisamos tanto da luz e da força do Espírito Santo! A Igreja precisa disto, para caminhar em harmonia e corajosamente, testemunhando o Evangelho. E toda a família humana precisa disto, para sair dessa crise mais unida e não mais dividida. Vocês sabem que de uma crise como esta não saiem iguais, como antes; sai-se, ou melhores ou piores. Que tenhamos a coragem de mudar, de sermos melhores, de sermos melhores do que antes e de podermos construir positivamente o pós-crise da pandemia.

 
VN

Mensagem do CHARIS - Em preparação para o Pentecostes 2020



MENSAGEM DO CHARIS
EM PREPARAÇÃO PARA O PENTECOSTES 2020

Padre Raniero Cantalamessa ofmcap 

Os Atos dos Apóstolos contam este episódio da vida de Paulo:

“A multidão então levantou-se contra eles (Paulo e Silas) e os magistrados mandaram arrancar as suas vestes e espancá-los e, depois de tantos golpes e acoites, jogaram-nos na prisão e ordenaram que o carcereiro mantivesse a guarda com segurança. Ele recebeu esta ordem e os lançou na parte mais interna da prisão e prendeu-lhes os pés ao cepo. Por volta da meia-noite, Paulo e Silas, em oração, cantavam hinos a Deus, enquanto os prisioneiros os ouviam. De repente, um terremoto foi tão forte que os fundamentos da prisão foram abalados; imediatamente todas as portas se abriram e as correntes de todos caíram "(Atos dos Apóstolos, 16, 22-26).

Com vestes esfarrapadas, carregados de pancada, os pés presos ao cepo, Paulo e Silas não rezam a Deus para ajudá-los, mas cantam hinos a Deus. Que mensagem para nós da Renovamento Carismatico Católica neste momento! O exemplo de Paulo e Silas convida-nos a deixar de lado, pelo menos daqui para Pentecostes, qualquer discurso sobre o Coronavírus, ou pelo menos para não o tornar o centro de tudo; não fazer mal ao Espírito Santo considerando-o menos importante (e menos poderoso) que o vírus.

Além disto, convida-nos a louvar e cantar hinos a Deus, o que pode parecer absurdo e difícil de aceitar, especialmente para aqueles que estão a experimentar os efeitos devastadores deste flagelo na sua própria pele, mas com fé podemos pelo menos entender que isto é possível. São Paulo proclama que "tudo contribui para o bem, para os que amam a Deus" (Rom 8:28). Tudo, nada excluído, portanto, também a presente pandemia! Santo Agostinho explica a profunda razão disto: "Sendo supremamente bom, Deus nunca permitiria que algum mal existisse nas suas obras, se não fosse poderoso e suficientemente bom, para tirar o bem do próprio mal" (Enchiridion, 11, 3).

Nós não louvamos a Deus pelo mal que está a trazer a toda a humanidade de joelhos; louvamo-Lo pelo que temos a certeza de que Ele será capaz de tirar o bem desse mal, por nós e pelo mundo. Nós o louvamos, convencidos, de facto, de que tudo contribui para o bem daqueles que amam a Deus e, acima de tudo, que são amados por Deus! Digo isto tremendo porque não sei se eu seria capaz de fazê-lo à prova dos factos, mas a graça de Deus pode fazer isso e muito mais.

No sermão da Sexta-feira Santa, em São Pedro, tentei identificar alguns "bens" que Deus já está a tirar do mal: o despertar da ilusão de nos salvarmos sozinhos, com a técnica e a ciência; o sentimento de solidariedade de que o mal está a despertar e que, em alguns casos, chega ao heroísmo. Agora, eu acrescentaria: o despertar do sentimento religioso e a necessidade de oração. A atenção extraordinária aos gestos e palavras do Papa Francisco, não apenas pelos católicos, é um sinal disso.

Para os Tessalonicenses, o mesmo apóstolo Paulo recomendou: "Em todas as coisas dai graças" (1 Tes 5.18). Louvor e ação de graças, Doxologia e Eucaristia: estes são os dois principais deveres do homem para com Deus. O pecado básico da humanidade, do qual, segundo o apóstolo, todos os outros pecados derivam, é a recusa dessas duas atitudes: "Eles, portanto, (os homens) são indesculpáveis porque, apesar de conhecerem a Deus, não O glorificaram (doxazein) ou agradeceram (eucharistein) por Deus ser conveniente ”(Rom 1, 20-21).

O exato oposto do pecado, portanto, não é virtude, mas louvor! O louvor a Deus, feito em condições dramáticas como as de hoje, é a fé levada ao seu mais alto grau. Jesus, acalmou a tempestade, não repreendeu os apóstolos por não tê-Lo acordado antes, mas por não terem tido fé suficiente.

É uma oportunidade para nós do Renovamento Carismático Católica retornar às origens mais puras da corrente da graça. Quando surgiu, apareceu ao resto do cristianismo como o povo de louvor, o povo do Aleluia.

Nós não estávamos sozinhos. A mesma experiência estava a ocorrer entre os irmãos pentecostais. Um dos livros mais lidos no Renovamento Carismático Católico, depois de “A Cruz e o Punhal” ("The Cross and the Switchblade"), de David Wilkerson, foi o livro de Merlin Carothers “Da Prisao ao Louvor” ("Prison to Praise"). O autor não se limitou a recomendar a importância do louvor, mas demonstrou - a Escritura e as experiências nas mãos - o poder milagroso dele.

Os maiores milagres do Espírito Santo não ocorrem como resposta às nossas súplicas, mas em resposta ao louvor. Mesmo dos três jovenzinhos judeus, jogados na fornalha ardente, lemos que "com uma só voz, eles começaram a louvar, glorificar, bendizer a Deus, entoando o cântico com o qual a liturgia começa a oração das Laudes todos os domingos e festas: "Bendito és, Senhor, Deus dos nossos pais ..." (Dan 3, 51 ss.). O maior milagre de louvor é o que ocorre naqueles que o praticam, especialmente na provação. Mostra que a graça tem sido mais forte do que a natureza.

O milagre de Paulo e Silas na prisão - e dos três jovens na fornalha ardente - repete-se de infinitas maneiras e circunstâncias: libertação da doença, do vício em drogas, de uma condenação injusta, do desespero, do próprio passado... Provar para crer, foi a sugestão que o autor do livro fez aos leitores.
Afoguemos, então, o vírus no mar do louvor, ou ao menos esforcemo-nos em fazê-lo; opomo-nos à pandemia com a Doxologia. Unamo-nos a toda a Igreja que, no Glória da Santa Missa, proclama: "Nós Te louvamos, Te bendizemos, Te adoramos, Te glorificamos, Te damos graças pela vossa imensa glória". Sem súplicas, apenas louvor nesta oração!

Esperando pelo Pentecostes, voltemos a cantar com o ímpeto de outrora as músicas que muitos de nós derramaram lágrimas no primeiro impacto com a corrente de graça do Renovamento Carismático Católico: "Eu louvarei, eu louvarei (Alabaré, Alabaré”), "Venha Adorar (Come and Worship)", “Sacerdócio Real (Royal Priesthood)" e muitos outros.

Há uma música que eu gostaria de destacar em particular pela sua relevância no momento. Foi composta em 1992 por Don Moen. O seu refrão, no texto original em inglês, diz:

Oh, God will make a way
Where there seems to be no way
He works in ways we cannot see
He will make a way for me.

Uma tradução poderia ser: 

Ó, Deus abrirá o caminho
Onde parece não ter saída
Ele age de modo que não podemos ver
Ele dará a direção para mim
Não só a mim, mas a humanidade inteira!


CHARIS

30 maio, 2020

Pastoral Juvenil - Vigília de Pentecostes (Igreja de Cristo Rei da Portela)



Nos Jardins Vaticanos, Papa confia humanidade à proteção divina


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A oração do Terço diante da Gruta de Lourdes nos Jardins Vaticanos, o Papa Francisco, pediu a proteção da Virgem Maria sobre toda a humanidade.
 
Cidade do Vaticano

Unidos na oração para invocar a ajuda e o socorro da Virgem Maria e para confiar a humanidade ao Senhor.

No final da tarde deste sábado, 30 de maio, o Papa Francisco rezou o Terço na Gruta de Lourdes nos Jardins Vaticanos, acompanhado por um grupo de leigos, cardeais, bispos, sacerdotes, religiosas, confiando a humanidade ao Senhor.

A oração, transmitida pela Mundovisão, foi promovida pelo Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização com o tema “Perseverantes e unidos na oração, junto com Maria (At 1,14)”.

Santuários em todo o mundo estiveram unidos neste momento de oração, que também pediu a proteção materna da Virgem Maria para enfrentar a pandemia: Fátima, Lourdes, Guadalupe, Aparecida, Luján, Pompeia, Santa Maria dos Anjos em Assis, Chinquinquira na Colômbia, Imaculada Conceição em Washington, Elele na Nigéria, Czestochowa na Polónia, entre outros.

A cerimónia teve início com o Santo Padre a depositar um buquê de flores junto à imagem de Nossa Senhora de Lourdes, juntamrnte com todas as dores e esperanças da humanidade. Enquanto era entoada a “Ave Maria”, canção mariana bastante conhecida, o Santo Padre detinha-se em oração silenciosa diante da imagem colocada na réplica na Gruta de Lourdes em França.

"Coloquemo-nos sob o manto materno da Virgem Maria para confiar ao Senhor, por sua intercessão, toda a humanidade, tão duramente provada neste tempo de pandemia. Estamos unidos em oração com os Santuários e as famílias de todo o mundo na recitação do Santo Terço, na conclusão do mês dedicado a Nossa Senhora" foi salientado no início da oração.

As Ave-Marias foram recitadas por diferentes categorias profissionais e sociais, representando ao menos, em parte o universo das pessoas envolvidas direta ou indiretamente na pandemia: um médico e uma enfermeira, em nome dos profissionais da saúde empenhados nos hospitais; uma pessoa curada e uma que perdeu um familiar, representando todos os atingidos diretamente pelo sofrimento; um sacerdote, capelão de um hospital e uma religiosa enfermeira, representando os sacerdotes e consagrados que estiveram e estão próximos das pessoas provadas pela dor e pela doença; um farmacêutico e uma jornalista,  categorias profissionais que continuaram a desenvolver o seu serviço a favor dos outros; um voluntário da Proteção Civil e a sua família, representando todo o serviço de voluntariado, também policiais e bombeiros; uma jovem família, em cujo seio nasceu nestes dias uma criança, sinal da esperança e vitória sobre a morte.

Na introdução do Terço, o Papa rezou a oração:

Ó Maria,
Vós sempre resplandeceis sobre o nosso caminho
como um sinal de salvação e de esperança.
Confiamo-nos a Vós, Saúde dos Enfermos,
que permanecestes, junto da cruz, associada ao sofrimento de Jesus,
mantendo firme a vossa fé.
Vós, Salvação do Povo Romano,
sabeis do que precisamos
e temos a certeza de que no-lo providenciareis
para que, como em Caná da Galileia,
possa voltar a alegria e a festa
depois desta provação.
Ajudai-nos, Mãe do Divino Amor,
a conformar-nos com a vontade do Pai
e a fazer aquilo que nos disser Jesus,
que assumiu sobre Si as nossas enfermidades
e carregou as nossas dores
para nos levar, através da cruz,
à alegria da ressurreição. Amém.

À vossa proteção, recorremos, Santa Mãe de Deus;
não desprezeis as nossas súplicas na hora da prova
mas livrai-nos de todos os perigos, ó Virgem gloriosa e bendita.
Após a oração do Terço, o Santo Padre recitou a seguinte oração a Maria:

«À vossa proteção, recorremos, Santa Mãe de Deus».

Na dramática situação atual, carregada de sofrimentos e angústias que oprimem o mundo inteiro, recorremos a Vós, Mãe de Deus e nossa Mãe, refugiando-nos sob a vossa proteção.

Ó Virgem Maria, volvei para nós os vossos olhos misericordiosos nesta pandemia do coronavírus e confortai os que se sentem perdidos e choram pelos seus familiares mortos e, por vezes, sepultados duma maneira que fere a alma. Sustentai aqueles que estão angustiados por pessoas enfermas de quem não se podem aproximar, para impedir o contágio. Infundi confiança a quem vive ansioso com o futuro incerto e as consequências sobre a economia e o trabalho.

Mãe de Deus e nossa Mãe, alcançai-nos de Deus, Pai de misericórdia, que esta dura prova termine e volte um horizonte de esperança e paz. Como em Caná, intervinde junto do vosso Divino Filho, pedindo-Lhe que conforte as famílias dos doentes e das vítimas e abra os seus corações à confiança.

Protegei os médicos, os enfermeiros, os agentes de saúde, os voluntários que, neste período de emergência, estão na vanguarda arriscando a própria vida para salvar outras vidas. Acompanhai a sua fadiga heroica e dai-lhes força, bondade e saúde.

Permanecei junto daqueles que assistem noite e dia os doentes, e dos sacerdotes que procuram ajudar e apoiar a todos, com solicitude pastoral e dedicação evangélica.

Virgem Santa, iluminai as mentes dos homens e mulheres de ciência, a fim de encontrarem as soluções justas para vencer este vírus.

Assisti os Responsáveis das nações, para que atuem com sabedoria, solicitude e generosidade, socorrendo aqueles que não têm o necessário para viver, programando soluções sociais e económicas com clarividência e espírito de solidariedade.

Maria Santíssima tocai as consciências para que as somas enormes usadas para aumentar e aperfeiçoar os armamentos sejam, antes, destinadas a promover estudos adequados para prevenir catástrofes do género no futuro.

Mãe amadíssima, fazei crescer no mundo o sentido de pertença a uma única grande família, na certeza do vínculo que une a todos, para acudirmos, com espírito fraterno e solidário, a tanta pobreza e inúmeras situações de miséria. Encorajai a firmeza na fé, a perseverança no serviço, a constância na oração.

Ó Maria, Consoladora dos aflitos, abraçai todos os vossos filhos atribulados e alcançai-nos a graça que Deus intervenha com a sua mão omnipotente para nos libertar desta terrível epidemia, de modo que a vida possa retomar com serenidade o seu curso normal.

Confiamo-nos a Vós, que resplandeceis sobre o nosso caminho como sinal de salvação e de esperança, ó clemente, ó piedosa, ó doce Virgem Maria. Amém.
 
No final, o Santo Padre fez uma saudação especial aos Santuários que se uniram à oração, agradecendo em espanhol, em particular,  os santuários da América Latina conetados.


VN