"A oração é a
primeira força da esperança. Reza e a esperança cresce, vai
adiante. Eu diria que a oração abre a porta para a esperança", disse
Francisco na Audiência Geral.
Mariangela Jaguraba - Cidade do Vaticano
O Papa Francisco deu continuidade ao tema da oração, refletindo sobre o mistério da Criação, na Audiência Geral desta quarta-feira (20/05), realizada na Biblioteca do Palácio Apostólico, devido à pandemia da Covid-19.
Mariangela Jaguraba - Cidade do Vaticano
O Papa Francisco deu continuidade ao tema da oração, refletindo sobre o mistério da Criação, na Audiência Geral desta quarta-feira (20/05), realizada na Biblioteca do Palácio Apostólico, devido à pandemia da Covid-19.
“A vida, o simples facto de existirmos, abre o coração do ser humano à
oração”, disse Francisco, reiterando que “a primeira página da Bíblia assemelha-se a um grande hino de ação de graças. A narração da Criação é
ritmada por refrões, onde são reiteradas continuamente a bondade e a
beleza de tudo o que existe. Deus, com a sua palavra, chama à vida, e tudo
começa a existir. Com a palavra, separa a luz das trevas, alterna o dia
e a noite, alterna as estações, abre um leque de cores com variedade de
plantas e animais. Nesta floresta transbordante que vence rapidamente o
caos, o homem aparece por último. Esta aparição provoca um excesso de
exultação que amplifica a satisfação e a alegria: «Deus viu tudo o que tinha feito, e tudo era muito bom».”
"A beleza e o mistério da Criação geram no coração do homem o primeiro movimento que desperta a oração.
Diz o Salmo 8: «Quando contemplo o céu, obra das tuas mãos, a lua e as
estrelas que fixaste... O que é o homem, para dele te lembrares? O ser
humano, para que o visites?»." E o Papa acrescentou:
A pessoa que reza contempla o mistério da existência em seu redor,
vê o céu estrelado que lhe é superior, e que a astrofísica nos mostra
hoje em toda a sua imensidão, e interroga-se, que desígnio de amor deve
estar por trás de uma obra tão poderosa! Nesta vastidão sem limites, o
que é o homem? “Quase nada”, diz outro Salmo: um ser que nasce, um ser
que morre, uma criatura muito frágil. No entanto, em todo o universo, o
ser humano é a única criatura consciente desta profusão de beleza. Um
pequeno ser que nasce, morre, hoje existe, amanhã não se sabe... mas é o
único consciente. Somos nós, conscientes desta beleza.
"As suas maiores conquistas parecem pouca coisa. O homem não é nada.
Na oração, afirma-se prepotente um sentimento de misericórdia”,
sublinhou Francisco.
“Nada existe por acaso: o segredo do universo está num olhar benevolente que alguém encontra nos nossos olhos. O
Salmo afirma que somos feitos pouco menos que um Deus, somos coroados
de glória e honra. A relação com Deus é a grandeza do homem: a sua
entronização. Por natureza, somos quase nada, pequenos, mas por vocação,
pelo chamamento, somos filhos do grande Rei”, disse ainda o Pontífice.
É uma experiência que muitos de nós já fizemos. Se a vicissitude
da vida, com toda as suas amarguras, às vezes corre o risco de sufocar
em nós o dom da oração, basta a contemplação de um céu estrelado, de um
pôr do sol, de uma flor..., para reacender a centelha da gratidão. Esta
experiência é talvez a base da primeira página da Bíblia.
“Quando foi redigida a grande narração bíblica da Criação, o povo de
Israel não estava a passar por dias felizes. Um poder inimigo tinha
ocupado a terra; muitos foram deportados e tornaram-se escravos na
Mesopotâmia. Não havia mais pátria, templo, vida social e religiosa,
nada”, sublinhou Francisco.
Segundo o Papa, foi partindo da grande história da Criação, que
alguém começou a encontrar motivos para agradecer, para louvar a Deus
pela existência.
"Os homens de oração protegem as verdades básicas; são eles que
repetem, primeiramente a si mesmos e depois a todos os outros, que esta
vida, apesar de todos os seus esforços e provações, apesar dos seus dias
difíceis, é cheia de uma graça pela qual se maravilham. E, como tal,
deve ser sempre defendida e protegida”, disse o Papa, acrescentando:
Os homens e mulheres que rezam sabem que a esperança é mais forte
do que o desânimo. Eles acreditam que o amor é mais forte do que a morte e que
certamente triunfará um dia, nos tempos e modos que não conhecemos. Os
homens e mulheres de oração carregam reflexos de luz nos seus rostos,
pois, mesmo nos dias mais sombrios,
“Todos somos portadores de alegria. Já pensaste nisto? Que és um portador de alegria? Ou preferes levar más notícias, coisas
que entristecem? Todos somos capazes de levar a alegria”, disse ainda
Francisco, que concluiu a sua catequese dizendo que “esta vida é o
presente que Deus nos deu, muito curta para desperdiçá-la na tristeza,
na amargura. Louvemos a Deus, felizes simplesmente por existir. Somos os
filhos do grande Rei, do Criador, capazes de ler a sua assinatura em toda
a criação. Aquela criação que hoje não protegemos, mas nesta criação há
a assinatura de Deus que a fez por amor. Que o Senhor nos faça entender
isto mais profundamente e nos leve a dizer “obrigado”. Este “obrigado” é
uma oração bonita”.
VN
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