11 outubro, 2010

3. A Igreja, comunhão de amor

Série: 'Cultivar a Fé'

A Igreja, como ícone da Trindade, nascida do amor do Espírito Santo, é comunhão de amor dos membros entre si, e do Corpo com a Cabeça, que é Cristo.
“A Igreja é una, graças à sua fonte: o supremo modelo e princípio deste mistério é a unidade na Trindade das pessoas divinas, dum só Deus, Pai, e Filho no Espírito Santo” (Catecismo da Igreja Católica, 813).

A união dos fiéis, dos membros vivos, das pedras vivas do Templo do Senhor, é comunhão de irmãos que o Espírito Santo ungiu e consagrou. O mistério insondável da Igreja, como Esposa, unida ao seu Esposo, Jesus Cristo, é plena comunhão dos membros com a Cabeça do Corpo Místico.
O amor gera comunhão e unidade. O Espírito que é amor, já no seio trinitário gerava a comunhão plena entre o Pai e o Filho e, agora, na Igreja, através da sua acção, unitiva, gera a comunhão de todos os membros num só Corpo: “O Espírito Santo que habita nos crentes e que enche e rege toda a Igreja, realiza esta admirável comunhão dos fiéis e une-os todos intimamente em Cristo que é o princípio da unidade”(Catecismo da Igreja Católica, 813).
Aliás a Eucaristia, como sacramento de unidade, pela graça da comunhão, faz de muitos um só Corpo, pois se todos comungamos o mesmo Corpo eucarístico e para formarmos um só Corpo Místico, uma Igreja una.
“ A comparação da Igreja como um corpo lança uma luz particular sobre a ligação íntima existente entre a Igreja e Cristo. Ela não está somente reunida à volta d’Ele: esta unificada n’Ele, no seu Corpo. Na Igreja, Corpo de Cristo, são de salientar mais especificamente três aspectos: a unidade de todos os membros entre si, pela união a Cristo; Cristo, Cabeça do Corpo, a Igreja, Esposa de Cristo” (Catecismo da Igreja Católica, 789).
E cada um destes aspectos revela-nos o mistério da comunhão e da unidade.
Mas esta unidade e comunhão não se realiza só entre os fiéis e Cristo, mas entre os fiéis uns com os outros. Unidos ao Papa, aos Bispos, aos Sacerdotes, aos Consagrados, aos Leigos, todos unidos entre si, são a Igreja una.
Daí que todos os pecados, todas as acções que sejam contra a unidade e a comunhão, não só não realizam o plano de Deus, como vão destruindo a própria unidade e comunhão da Igreja.
E esta unidade deve estimular sem cessar a caridade em ordem a uma comunhão e uma mor cada vez mais universais:
“Daí que se algum membro sofre, todos sofrem com ele,; se algum membro recebe honras, todos se alegram” ( Lumen Gentium7).
Veja-se neste sentido o texto de Gl 3,27-28, que termina dizendo: “todos vós sois um só, em Cristo Jesus”.
Esta unidade a Cristo realiza e solidifica a unidade entre todos.
Tudo o que for egoísmo, egocentrismo, desunião, crítica destrutiva, falta de justiça, de paz, de partilha entre os fiéis, é um atentado à unidade e à comunhão da Igreja. Tudo o que não nos lança a colaborar na vida apostólica, em unidade com o Papa, com os Bispos, é falta de comunhão na vida eclesial.
Não podemos “fazer capelas”, temos de construir “igreja”, e esta é una, tem de estar unida pela acção unificadora do Espírito. Não à divisão e à discórdia, não ao egoísmo e à falta de amor, não ao isolamento e à falta de partilha.
O Catecismo da Igreja Católica pergunta: “Quais são os vínculos da unidade?” e dá a seguinte resposta: ‘Acima de tudo a caridade, que é o vínculo da perfeição’ (Col 3,14).
Mas a unidade da Igreja peregrina é assegurada também por laços visíveis de comunhão: - a profissão duma só fé, recebida dos Apóstolos;- a celebração comum do culto divino, sobretudo dos sacramentos; - a sucessão apostólica pelo sacramento da Ordem, que mantém a concórdia fraterna da família de Deus” (815) (Cf. Lumen Gentium 14; CIC cân 205).
Dário Pedroso, SJ
Labat n.º 61 de Maio de 2006

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