(RV) Na
manhã deste domingo dia 25 de outubro concluiu-se oficialmente o Sínodo
dos Bispos sobre a Família com a celebração eucarística presidida pelo
Papa Francisco na Basílica de S. Pedro. Presentes os padres sinodais.
O Evangelho do dia apresenta o episódio do cego Bartimeu sendo
precedido na primeira leitura pelo profeta Jeremias que em pleno
desastre nacional, enquanto o povo é deportado pelos inimigos, anuncia
que “o Senhor salvou o seu povo” “porque Ele é Pai (cf. 31, 9); e, como
Pai, cuida dos seus filhos” – afirmou o Papa.
Na sua homilia o Santo Padre referiu que “o Evangelho de hoje liga-se
diretamente à primeira Leitura: como o povo de Israel foi libertado
graças à paternidade de Deus, assim Bartimeu foi libertado graças à
compaixão de Jesus.” Jesus deixa-se comover e responde ao grito do
Bartimeu:
“Jesus acaba de sair de Jericó. Mas Ele, apesar de ter apenas
iniciado o caminho mais importante, o caminho para Jerusalém, detém-Se
ainda para responder ao grito de Bartimeu. Deixa-Se comover pelo seu
pedido, interessa-Se pela sua situação. Não Se contenta em dar-lhe uma
esmola, mas quer encontrá-lo pessoalmente. Não lhe dá instruções nem
respostas, mas faz uma pergunta: «Que queres que te faça?» (Mc 10, 51).”
O Papa Francisco referiu um “detalhe interessante”: Jesus pede aos
seus discípulos que vão chamar Bartimeu e estes dirigem-se ao cego
usando duas palavras, que só Jesus utiliza no resto do Evangelho:
coragem e levanta-te – palavras de misericórdia como sublinhou o Papa:
“Primeiro, dizem-lhe “coragem!”, uma palavra que significa,
literalmente, “tem confiança, faz-te ânimo!” É que só o encontro com
Jesus dá ao homem a força para enfrentar as situações mais graves. A
segunda palavra é «levanta-te!», como Jesus dissera a tantos doentes,
tomando-os pela mão e curando-os. Os seus limitam-se a repetir as
palavras encorajadoras e libertadoras de Jesus, conduzindo diretamente a
Ele sem fazer sermões.”
“A isto são chamados os discípulos de Jesus, também hoje,
especialmente hoje: pôr o homem em contacto com a Misericórdia
compassiva que salva. Quando o grito da humanidade se torna, como o de
Bartimeu, ainda mais forte, não há outra resposta senão adoptar as
palavras de Jesus e, sobretudo, imitar o seu coração. As situações de
miséria e de conflitos são para Deus ocasiões de misericórdia. Hoje é
tempo de misericórdia!”
Mas há algumas tentações para quem segue Jesus. O Evangelho põe em
evidência pelo menos duas. A primeira é viver uma “spiritualidade de
miragem”, não parar, ser surdo, “estarmos com Jesus” mas “não sermos
como Jesus”, estar no seu grupo mas viver longe do seu coração:
“Podemos falar d’Ele e trabalhar para Ele, mas viver longe do seu
coração, que Se inclina para quem está ferido. Esta é a tentação duma
“espiritualidade da miragem”: podemos caminhar através dos desertos da
humanidade não vendo aquilo que realmente existe, mas o que nós
gostaríamos de ver; somos capazes de construir visões do mundo, mas não
aceitamos aquilo que o Senhor nos coloca diante dos olhos. Uma fé que
não sabe radicar-se na vida das pessoas, permanece árida e, em vez de
oásis, cria outros desertos.”
Há uma segunda tentação – assegurou o Papa – é a de cair numa “fé de tabela”.
“Podemos caminhar com o povo de Deus, mas temos já a nossa tabela de
marcha, onde tudo está previsto: sabemos aonde ir e quanto tempo gastar;
todos devem respeitar os nossos ritmos e qualquer inconveniente
perturba-nos. Corremos o risco de nos tornarmos como “muitos” do
Evangelho que perdem a paciência e repreendem Bartimeu. Pouco antes
repreenderam as crianças (cf. 10, 13), agora o mendigo cego: quem
incomoda ou não está à altura há que excluí-lo. Jesus, pelo contrário,
quer incluir, sobretudo quem está relegado para a margem e grita por
Ele. Estes, como Bartimeu, têm fé, porque saber-se necessitado de
salvação é a melhor maneira para encontrar Cristo.
No final da sua homilia e tomando o exemplo de Bartimeu, o Papa
Francisco agradeceu o caminho percorrido pelos padres sinodais
convidando-os a continuarem a caminhar pelo “caminho que o Senhor
deseja” sem se deixarem ofuscar “pelo pessimismo e pelo pecado”.
(RS)
Sem comentários:
Enviar um comentário