(RV) O
Sínodo dos Bispos está a viver a sua terceira e última semana da XIV
Assembleia Geral Ordinária dedicada ao tema “A vocação e a missão da
família na Igreja e no mundo contemporâneo”. Para uma síntese dos
trabalhos sinodais até ao momento a Rádio Vaticano falou com o
secretário especial do Sínodo, D. Bruno Forte, arcebispo de Chieti-Vasto
em Itália, que começou por se referir ao clima de extrema liberdade que
se respira no Sínodo:
“O meu parecer é de um clima de grande envolvimento de todos os
padres sinodais. O Papa Francisco pediu que se falasse de tudo com
extrema liberdade. Deixou claro no início do Sínodo extraordinário: “Não
há nada de que não se possa falar”. E isso está sendo feito e creio que
seja muito construtivo, porque mostra uma Igreja viva, corresponsável e
participante. Traduzir essa participação e esse envolvimento num
espírito de complôs ou de divisões, parece-me ser algo forçado de quem
olha as coisas somente de fora, sem vivê-las internamente. Não nos
esqueçamos que somos todos homens de fé, que têm responsabilidade diante
de Deus e diante dos irmãos. E isso nos une mais fortemente do que
todas as possíveis e hipotéticas contraposições que gostariam de
atribuir-nos.”
“Além de propor o valor e a beleza da família, articulando o seu
significado de modo especial em resposta às exigências e aos desafios do
nosso tempo, creio que um caminho pastoral muito concreto seja o que se
articula, em primeiro lugar, no estilo do acompanhamento, que significa
acolhimento de todos, companhia da vida e da fé. Portanto, proximidade,
escuta, partilha. Em seguida, empenho de integração para todos, a fim
de que os carismas e os ministérios de cada um sejam valorizados. E é na
ótica desse caminho de acompanhamento e de integração que deve ser
avaliada também a diferente forma e intensidade de participação de todos
os batizados – especialmente daqueles que vêm de famílias feridas –
também na vida sacramental da Igreja.”
Nas suas declarações à RV, D. Bruno Forte sublinhou ainda a ligação deste Sínodo com o Jubileu da Misericórdia:
“A misericórdia é o coração do Evangelho: uma Igreja que não fosse
especialista em misericórdia, que não a vivesse e a anunciasse a todos,
sem distinções, não seria fiel nem mesmo ao Evangelho. Quem quer
contrapor verdade e misericórdia esquece que a verdade do Deus cristão é
o amor do Deus Trino: portanto, a misericórdia como centro, coração,
ponto de início e de orientação de tudo aquilo que vivemos. O Papa
Francisco recordou-nos isso na Bula ‘Misericordiae Vultus’. Este Sínodo
está a procurar entender como este primado da misericórdia pode ser
aplicado em todas as formas da vida pastoral em relação à família e, em
particular, às famílias feridas.”
“A estrada é caminhar em profunda comunhão com o Papa Francisco, com o
primado do Evangelho e da graça, com a gradualidade do acompanhamento e
da integração. Creio que se poderá encontrar um amplo consenso sobre
isso e depois será o Santo Padre a definir as formas em matéria
concreta, porque o presidente do Sínodo é ele, a quem entregaremos o
fruto do nosso trabalho.”
(RS)
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