Na Missa desta quinta-feira (30/04) na Casa Santa Marta, no Vaticano, o Papa rezou em
particular pelos mortos sem nome, sepultados nas valas comuns. Na
homilia, recordou que anunciar Jesus não é fazer proselitismo, mas
testemunhar a fé com a própria vida e pedir ao Pai que atraia as pessoas
ao Filho
VATICAN NEWS
Francisco presidiu a Missa na Casa de Santa Marta na manhã desta
quinta-feira (30/04) da III Semana da Páscoa. Na introdução, dirigiu o seu
pensamento para as vítimas do novo coronavírus:
Rezemos hoje pelos defuntos, aqueles que morreram por causa da
pandemia; e também de modo especial pelos defuntos – digamos assim –
anónimos: vimos as fotografias das valas comuns. Muitos ali…
Na homilia, o Papa comentou a passagem do dia do Livro dosAtos dos Apóstolos
(At 8,26-40) que conta o encontro de Filipe com um etíope eunuco,
funcionário de Candace, desejoso de compreender quem era a pessoa
descrita pelo profeta Isaías: “Ele foi levado como ovelha ao matadouro”.
Depois de Filipe lhe ter explicado que se tratava de Jesus, o etíope deixou-se batizar.
É o Pai – afirmou Francisco recordando o Evangelho de hoje (Jo
6,44-51) – quem atrai o conhecimento do Filho: sem esta intervenção não
se pode conhecer o mistério de Cristo. Foi o que aconteceu com o
funcionário etíope, que ao ler o profeta Isaías tinha uma inquietude
colocada pelo Pai no seu coração. Isto – observou o Papa – vale também
para a missão: nós não convertemos ninguém, é o Pai que atrai. Nós
podemos simplesmente dar um testemunho de fé. O Pai atrai através do
testemunho de fé. É preciso pedir que o Pai atraia as pessoas a Jesus:
são necessários o testemunho e a oração. Este é o centro do nosso
apostolado. Perguntemo-nos: dou testemunho com o meu estilo de vida, rezo
para que o Pai atraia as pessoas a Jesus? Ir em missão não é fazer
proselitismo, é testemunhar. Nós não convertemos ninguém, é Deus que
toca no coração das pessoas. Peçamos ao Senhor – foi a oração conclusiva
do Papa – a graça de viver o nosso trabalho com o testemunho e com a
oração para que Ele possa atrair as pessoas a Jesus.
A seguir, a homilia transcrita pelo Vatican News:
“Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou não o atrai”:
Jesus recorda que também os profetas tinham pre-anunciado isto: “E todos
serão instruídos por Deus”. É Deus quem atrai para o conhecimento do Filho.
Sem isto, não se pode conhecer Jesus. Sim, pode-se estudar, inclusive
estudar a Bíblia, também conhecer como nasceu, o que fez: iso sim. Mas
conhecê-Lo interiormente, conhecer o mistério de Cristo é somente para
aqueles que foram atraídos pelo Pai para isto.
Foi o que aconteceu a este ministro da economia da rainha da
Etiópia. Vê-se que era um homem piedoso e que reservou um tempo, no meio dos muitos negócios que tinha a fazer, para ir adorar Deus. Um fiel. E
voltava à pátria lendo o profeta Isaías. O Senhor pegou no Filipe, enviou-o
àquele lugar e depois disse-lhe: “Aproxima-te desse carro”, e ouve o
ministro que está a ler Isaías. (Ele) aproxima-se e fez-lhe uma
pergunta: “Compreendes?” – “Como posso, se ninguém me explica?”, e faz a
pergunta: “De quem o profeta está a dizer isto?” Peço-te, sube ao
carro”, e durante a viagem – não sei quanto tempo, penso que ao menos
duas horas – Filipe explicou: explicou Jesus (conf. versículos 26-35).
Aquela inquietude que este senhor tinha na leitura do profeta
Isaías era propriamente do Pai, que o atraia a Jesus: tinha-o preparado, tinha-o levado da Etiópia a Jerusalém para adorar Deus e depois, com esta
leitura, tinha preparado o coração para revelar Jesus, ao ponto que
assim que viu a água disse: “Posso ser batizado”. E ele acreditou.
E isto – que ninguém pode conhecer Jesus sem que o Pai o atraia –, é válido para o nosso apostolado, para a nossa missão apostólica
como cristãos. Penso também nas missões.
“O que vais fazer nas missões?” – “Eu, converter as pessoas” –
“Pára, não vais converter ninguém! Será o Pai a atrair aqueles
corações para reconhecer Jesus”. Ir em missão é dar testemunho da
própria fé; sem testemunho não farás nada. Ir em missão – e são bons
missionários! – não significa criar grandes estruturas, coisas... e
parar por aí. Não: as estruturas devem ser testemunhos. Podes fazer
uma estrutura hospitalar, educacional de grande perfeição, de grande
desenvolvimento, mas se uma estrutura é sem testemunho cristão, o teu
trabalho ali, não será um trabalho de testemunha, um trabalho de
verdadeira pregação de Jesus: será uma sociedade de beneficência, muito
boa – muito boa! – mas nada mais.
Se eu quero ir em missão, e digo isto se eu quero ir em
apostolado, devo ir com a disponibilidade para que o Pai atraia as pessoas a
Jesus, e isto é feito pelo testemunho. Jesus disse mesmo a Pedro,
quando confessa que Ele é o Messias: “Feliz és tu, Simão Pedro, porque
quem te revelou isso foi o Pai”. É o Pai que atrai, e atrai com o nosso
testemunho. “Eu farei muitas obras, aqui, ali, acolá, de educação,
disto, daquilo aquele outro...”, mas sem testemunho são coisas boas, mas não
são o anúncio do Evangelho, não são lugares que dão a possibilidade de que o
Pai atraia ao conhecimento de Jesus (conf. Jo 6,44). Trabalho e o
testemunho.
“Mas como posso fazer para que o Pai se preocupe em atrair essas
pessoas?” A oração. E essa é a oração pelas missões: rezar para que o
Pai atraia as pessoas a Jesus. Testemunho e oração caminham juntos. Sem
testemunho e oração não se pode fazer pregação apostólica, não se pode
fazer anúncio. Farás uma bonita pregação moral, farás muitas coisas
boas, todas boas. Mas o Pai não terá a possibilidade de atrair as
pessoas a Jesus. E este é o centro: este é o centro do nosso apostolado,
que o Pai possa atrair as pessoas a Jesus. O nosso testemunho abre as
portas às pessoas e nossa oração abre as portas ao coração do Pai para
que atraia as pessoas. Testemunho e oração. E isto não é somente para as
missões, é também para o nosso trabalho como cristãos. Eu dou testemunho
de vida cristã, realmente, com o meu estilo de vida? Eu rezo para que o
Pai atraia as pessoas a Jesus?
Esta é a grande regra para o nosso apostolado, em todos os lugares, e
de modo especial para as missões. Ir em missão não é fazer
proselitismo. Uma vez... uma senhora – uma boa pessoa, via-se que era de
boa vontade – aproximou-se com dois jovens, um jovem e uma jovem, e
diss-me: “Este (jovem), Padre, era protestante e converteu-se: eu o
converti. E esta (jovem) era...” – não sei, animista, não sei o que me
disse, “e eu a converti”. E a senhora era boa: boa. Mas errava. Perdi um
pouco a paciência e disse: “Escute-me, a senhora não converteu ninguém:
foi Deus quem tocou no coração das pessoas. E não se esqueça:
testemunho, sim; proselitismo, não”.
Peçamos ao Senhor a graça de viver o nosso trabalho com testemunho e
com oração, para que Ele, o Pai, possa atrair as pessoas a Jesus.
O Santo Padre terminou a celebração com a adoração e a bênção eucarística, convidando a fazer a Comunhão espiritual.
Oração recitada pelo Papa:
Meu Jesus, eu creio que estais presente no Santíssimo Sacramento
do Altar. Amo-vos sobre todas as coisas, e minha alma suspira por Vós.
Mas, como não posso receber-Vos agora no Santíssimo Sacramento, vinde,
ao menos espiritualmente, ao meu coração. Abraço-me convosco como se já
estivésseis comigo: uno-me Convosco inteiramente. Ah! não permitais que
torne a separar-me de Vós!
Antes de deixar a Capela dedicada ao Espírito Santo foi entoada a antífona mariana “Regina caeli”, cantada no tempo pascal:
Rainha dos céus, alegrai-vos. Aleluia!
Porque Aquele que merecestes trazer em vosso seio. Aleluia!
Ressuscitou como disse. Aleluia!
Rogai por nós a Deus. Aleluia!
D./ Alegrai-vos e exultai, ó Virgem Maria. Aleluia!
C./ Porque o Senhor ressuscitou, verdadeiramente. Aleluia!
O Papa Francisco na Bisioteca do Palácio Apostólico
durante a Audiência Geral nesta quarta-feira
"Felizes os que
são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino do Céus.”
Esta Bem-aventurança proclama “a alegria escatológica dos perseguidos
por justiça”, disse o Papa na catequese da Audiência Geral desta
quarta-feira.
Mariangela Jaguraba - Cidade do Vaticano
Na catequese da Audiência Geral desta quarta-feira (29/04), realizada
na Biblioteca do Palácio Apostólico devido à pandemia do coronavírus, o Papa Francisco concluiu o percurso das Bem-aventuranças.
“Felizes os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o
Reino do Céus.” Esta Bem-aventurança proclama “a alegria escatológica
dos perseguidos por justiça”. Segundo Francisco, ela “anuncia a mesma
felicidade que a primeira: o Reino dos Céus é dos perseguidos e dos
pobres em espírito”.
“Pobreza em espírito, choro, mansidão, sede de santidade,
misericórdia, purificação do coração e obras de paz podem levar à
perseguição por causa de Cristo, mas, no final, esta perseguição é
motivo de alegria e grande recompensa nos céus”, sublinhou Francisco.
Para o Pontífice, “o caminho das Bem-aventuranças é um caminho pascal
que leva de uma vida segundo o mundo para a vida segundo Deus, de uma
existência guiada pela carne, ou seja, pelo egoísmo, para uma existência
guiada pelo Espírito”. E o Papa acrescentou:
O mundo, com os seus ídolos, os seus acordos e as suas prioridades, não
pode aprovar este tipo de existência. As ‘estruturas de pecado, muitas
vezes produzidas pela mentalidade humana, tão estranhas ao Espírito da
verdade que o mundo não pode receber, só podem rejeitar a pobreza ou a
mansidão ou a pureza e declarar a vida segundo o Evangelho como um erro e
um problema, como algo a ser marginalizado. O mundo pensa assim: estes
são idealistas ou fanáticos.
Segundo Francisco, “se o mundo vive em função do dinheiro,
qualquer um que demonstre que a vida pode ser cumprida no dom e na
renúncia torna-se um incómodo para o sistema ávido. A palavra
‘fastio’ é fundamental, pois o testemunho cristão, que faz bem a muitas
pessoas, incomoda aqueles que têm uma mentalidade mundana. Eles vivem
isto como uma repreensão. Quando a santidade aparece e a vida dos filhos
de Deus emerge, nesta beleza há algo de inconveniente que exige uma
tomada de posição: ser questionado e abrir-se ao bem ou recusar esta luz
e endurecer o coração”.
O Papa frisou que “é curioso, chama a atenção para ver como, nas
perseguições dos mártires, a hostilidade aumenta ao ponto de incomodar”.
Basta recordar “as perseguições das ditaduras europeias do século
passado: como se chega à ira contra os cristãos, contra o testemunho cristão e contra o heroísmo dos cristãos”.
É doloroso recordar que, neste momento, existem muitos cristãos
que sofrem perseguições em várias áreas do mundo, e devemos esperar e
rezar para que a sua tribulação seja interrompida o mais rápido possível.
São muitos: os mártires de hoje são mais do que os mártires dos
primeiros séculos. Expressamos a nossa proximidade a estes irmãos e irmãs:
somos um único corpo, e estes cristãos são os membros ensanguentados do
corpo de Cristo, que é a Igreja.
Segundo o Papa, “devemos estar atentos para não ler esta
Bem-aventurança de maneira vitimista, de auto-comiseração. De facto, o
desprezo dos homens nem sempre é sinónimo de perseguição: logo após
Jesus diz que os cristãos são o “sal da terra” e alerta contra o perigo
de “perder o sabor”, caso contrário, o sal “não serve para mais nada;
serve só para ser jogado fora e ser pisado pelos homens”. Portanto, há
também um desprezo que é culpa nossa quando perdemos o sabor de Cristo e
do Evangelho”.
Francisco afirmou que “devemos ser fiéis ao caminho humilde das Bem-aventuranças, porque é o que leva a ser de Cristo e não do mundo.
Vale a pena lembrar o percurso de São Paulo: quando ele pensava que era
justo, era de facto perseguidor, mas quando descobriu que era
perseguidor, tornou-se um homem de amor, que enfrentou de bom grado o
sofrimento da perseguição que sofria”.
A exclusão e a perseguição, se Deus nos concede graça, faz-nos assemelhar a Cristo crucificado e, associando-nos à sua paixão, são a
manifestação de uma nova vida. Esta vida é a mesma de Cristo, que para
nós homens e para a nossa salvação foi “desprezada e rejeitada pelos
homens”. Acolher o seu Espírito pode levar-nos a ter tanto amor no coração
ao ponto de oferecermos a vida ao mundo sem fazer acordos com os seus
enganos e aceitando a recusa.
“Os acordos com o mundo são perigosos: o cristão é sempre tentado a
fazer acordos com o mundo, com o espírito do mundo”, disse o Papa,
ressaltando que é preciso “rejeitar os acordos e seguir o caminho de
Jesus Cristo. A vida do Reino dos Céus é a maior alegria, a verdadeira
alegria”.
“Nas perseguições, há sempre a presença de Jesus que nos acompanha, a
presença de Jesus que nos consola e a força do Espírito que nos ajuda a
seguir em frente. Não desanimemos quando uma vida coerente do Evangelho
atrai as perseguições das pessoas: o Espírito sustenta-nos neste
caminho”, concluiu o Papa.
Na Missa desta
quarta-feira (29/04), o Papa, recordando a memória litúrgica de Santa
Catarina de Sena, padroeira da Europa, rezou pela unidade da Europa e da
União Europeia, para que todos juntos possamos seguir em frente como
irmãos. Na homilia, convidou a pedir ao Senhor a graça da simplicidade e
da humildade para confessar os próprios pecados concretos, e assim
encontrar o perdão de Deus
VATICAN MEWS
Francisco presidiu a Missa na Casa de Santa Marta, no Vaticano, na manhã
desta quarta-feira, 29 de abril, dia em que a Igreja celebra a memória
litúrgica de Santa Catarina de Sena,
virgem, doutora da Igreja, padroeira da Itália e da Europa. Na
introdução, dirigiu o seu pensamento para s Europa, como fez outras vezes
nestes dias caracterizados pela pandemia da Covid-19:
Hoje é Santa Catarina de Sena, doutora da Igreja, padroeira da
Europa. Rezemos pela Europa, pela unidade da Europa, pela unidade da
União Europeia: para que todos juntos possamos seguir em frente como
irmãos.
Na homilia, o Papa comentou a primeira Carta de São João (1,5-2,2) em
que o apóstolo afirma que Deus é luz e se dissermos que estamos em
comunhão com Ele estamos também em comunhão uns com os outros, e o
sangue de Jesus purifica-nos de todo pecado. E adverte: se dissermos que
não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, mas se
reconhecermos os nossos pecados, então Deus perdoa e purifica-nos de
toda a culpa. O apóstolo – observou Francisco – chama à concretude da
vida, à verdade: diz que faz-te acreditar que caminhas na
luz e isto tranquiliza-te. O indefinido é muito traidor. O contrário é a
concretude de reconhecer os próprios pecados. A verdade é concreta, as
mentiras são etéreas: por isso é preciso confessar os pecados não
abstratamente, mas de modo concreto. Como diz o Evangelho do dia (Mt
11,25-30) em que Jesus louva o Pai porque escondeu o Evangelho aos
sábios e entendidos e o revelou aos pequeninos. Os pequeninos –
ressaltou o Santo Padre – confessam os pecados de modo simples, dizem
coisas concretas porque têm a simplicidade que Deus lhes dá. Também nós
devemos ser simples e concretos e confessar, com humildade e vergonha,
os nossos pecados concretos. A concretude leva-nos à humildade. E o Senhor perdoa-nos: é preciso dar nome aos pecados. Se somos abstratos em
confessá-los, somos genéricos, acabamos nas trevas. É importante –
afirmou o Papa – ter a liberdade de dizer ao Senhor as coisas como elas
são, ter a sabedoria da concretude, porque o diabo quer que nós vivamos
na indefinição, nem branco nem preto. O Senhor não gosta dos mornos. A
vida espiritual é simples, mas nós a complicamos com nuances. Peçamos ao
Senhor – concluiu Francisco – a graça da simplicidade, a transparência,
a graça da liberdade de dizer as coisas como elas são e de conhecer bem
quem somos diante de Deus.
A seguir, o texto da homilia transcrita pelo Vatican News:
Na primeira Carta de São João apóstolo há muitos contrastes: entre
luz e trevas, entre mentira e verdade, entre pecado e inocência. Mas o apóstolo chama sempre à concretude, à verdade, e diz-nos que não
podemos estar em comunhão com Jesus e caminhar nas trevas, porque Ele é
luz. Ou uma coisa ou outra: o indefinido ainda é pior, porque isto tranquiliza-te. O indefinido é muito traidor.
Ou uma coisa ou outra.
O apóstolo continua: “Se dissermos que não temos pecado, enganam-mo-nos a nós mesmos, e a verdade não está dentro de nós”,
porque todos pecamos, todos somos pecadores. E aqui há algo que nos pode
enganar: dizer “todos somos pecadores”, como quem diz “bom-dia”, “tenha
um bom-dia”, uma coisa habitual, também uma coisa social, e assim não
temos uma verdadeira consciência do pecado. Não: eu sou pecador por
isto, isto, isto. A concretude. A concretude da verdade: a verdade é
sempre concreta; as mentiras são etéreas, são como o ar, não podes
pegá-lo. A verdade é concreta. E não podes ir confessar os teus pecados
de modo abstrato: “Sim, eu... sim, uma vez perdi a paciência,
outra...”, e coisas abstratas. “Sou pecador”. A concretude: “Eu fiz
isto. Eu pensei isto. Eu disse isto”. A concretude é aquilo que me faz
sentir-me seriamente pecador e não pecador no ar.
Jesus no Evangelho: “Eu te louvo, ó Pai, Senhor do céu e da terra,
porque escondestes estas coisas aos sábios e entendidos e as revelastes
aos pequeninos”. A concretude dos pequeninos. É bonito ouvir os
pequeninos quando se veem confessar: não dizem coisas estranhas, no ar;
dizem as coisas concretas; e às vezes demasiadamente concretas porque
têm aquela simplicidade que Deus dá aos pequeninos. Lembro-me sempre de
uma criança que uma vez veio dizer-me que estava triste porque tinha
brigado com a tia... Depois continuou. Eu disse: “Mas o que fizeste?” –
“Eu estava em casa, queria ir jogar à bola – uma criança, hein? – mas a
tia, porque a mãe estava fora, disse: “Não, não vais sai: primeiro deves fazer
as tarefas”. Palavra vai, palavra vem, e no final acabei axingando-a. Era
uma criança de grande cultura geográfica... Disse-me inclusive o nome
do lugar para onde tinha mandado a tia! São assim: simples, concretas.
Também nós devemos ser simples, concretos: a concretude leva-te à
humildade, porque a humildade é concreta. “Somos todos pecadores” é uma
coisa abstrata. Não: “eu sou pecador por isto, isto e isto”, e isto
leva-me à vergonha de olhar para Jesus: “Perdoai-me”. A verdadeira atitude
do pecador. “Se dissermos que não temos pecado, estamos a enganar a
nós mesmos, e a verdade não está dentro de nós”. É um modo de dizer que
não temos pecado, é esta atitude abstrata : “Sim, somos pecadores, sim,
uma vez perdi a paciência...” mas tudo no ar. Não me dou conta da
realidade dos meus pecados. “Mas, o senhor sabe, todos fazemos estas
coisas, sinto muito, sinto muito... entristece-me, não quero fazer mais
isto, não quero dizer mais isto, não quero mais pensar niso”. É
importante que nós, dentro de nós, demos nome aos nossos pecados. A
concretude. Porque se mantermos no ar, acabaremos nas trevas. Sejamos
como os pequeninos, que dizem aquilo que sentem, aquilo que pensam:
ainda não aprenderam a arte de dizer as coisas um pouco camufladas para
que sejam entendidas mas não sejam ditas. Esta é uma arte dos adultos,
que muitas vezes não nos faz bem.
Ontem recebi uma carta de um garoto de Caravaggio. Chama-se André.
E contava-me as suas coisas: as cartas dos garotos, das crianças, são
belíssimas, pela concretude. E dizia-me que tinha acompanhado a Missa
pela televisão e que devia “reclamar-me” uma coisa: que eu digo “A paz
esteja convosco”, “e você não pode dizer isso porque com a pandemia não
nos podemos tocar”. Não vê que vocês fazem assim com a cabeça e não se
tocam. Mas a liberdade de dizer as coisas como elas são.
Também nós, com o Senhor, a liberdade de dizer as coisas como elas
são: “Senhor, estou no pecado: ajuda-me”. Como Pedro após a primeira
pesca milagrosa: “Afasta-te de mim, Senhor, porque sou um pecador”. Ter
esta sabedoria da concretude. Porque o diabo quer que vivamos na
tepidez, mornos, no indefinido: nem bons nem maus, nem branco nem preto:
indefinido. Uma vida que não agrada ao Senhor. O Senhor não gosta dos
mornos.
Concretude. Para não ser mentirosos. Se confessarmos os nossos
pecados, Ele mostra-se fiel e justo, para nos perdoar: perdoa-nos quando
somos concretos. A vida espiritual é muito simples, muito simples; mas
nós tornamo-la complicada com estas nuances, e jamais chegaremos à
meta.
Peçamos ao Senhor a graça da simplicidade e que Ele nos dê esta
graça que dá aos simples, às crianças, aos jovens que dizem aquilo que
sentem, que não escondem aquilo que sentem. Mesmo se é uma coisa errada,
mas o dizem. Mesmo com Ele, dizer as coisas: a transparência. E não
viver uma vida que não é uma coisa nem outra. A graça da liberdade para
dizer estas coisas e também a graça de conhecer bem quem somos diante de
Deus.
O Santo Padre terminou a celebração com a adoração e a bênção eucarística, convidando a fazer a Comunhão espiritual. A seguir, a oração recitada pelo Papa:
Meu Jesus, eu creio que estais presente no Santíssimo Sacramento
do Altar. Amo-vos sobre todas as coisas, e minha alma suspira por Vós.
Mas, como não posso receber-Vos agora no Santíssimo Sacramento, vinde,
ao menos espiritualmente, ao meu coração. Abraço-me convosco como se já
estivésseis comigo: uno-me Convosco inteiramente. Ah! não permitais que
torne a separar-me de Vós!
Antes de deixar a Capela dedicada ao Espírito Santo foi entoada a antífona mariana “Regina caeli”, cantada no tempo pascal:
Rainha dos céus, alegrai-vos. Aleluia!
Porque Aquele que merecestes trazer em vosso seio. Aleluia!
Ressuscitou como disse. Aleluia!
Rogai por nós a Deus. Aleluia!
D./ Alegrai-vos e exultai, ó Virgem Maria. Aleluia!
C./ Porque o Senhor ressuscitou, verdadeiramente. Aleluia!
No mês de maio, o Papa Francisco convida todos os cristãos a intensificarem a oração do Terço.
Numa carta
dirigida a todos os fiéis, o Papa propõe redescobrir “a beleza de rezar
o Terço em casa, no mês de maio”, em família, e aponta “um segredo para
bem o fazer”: “a simplicidade”. “Podeis fazê-lo juntos ou
individualmente: decidi vós de acordo com as situações, valorizando
ambas as possibilidades”, escreve o Papa, numa carta publicada no dia 25
de abril.
Para uma melhor vivência
deste tempo, “no qual o povo de Deus manifesta de forma particularmente
intensa o seu amor e devoção à Virgem Maria”, Francisco anexou duas
orações a Nossa Senhora que podem ser rezadas no final do Terço (ver em
baixo). “Eu mesmo as rezarei no mês de maio, unido espiritualmente
convosco”, anunciou o Papa, garantindo que reza por todos,
“especialmente pelos que mais sofrem”.
Como se reza o Terço? A oração do Terço
começa com o sinal da cruz. Posteriormente, enunciam-se cada um dos
cinco mistérios que são contemplados naquele dia. Nas segundas e
sábados, contemplam-se os mistérios gozosos; nas terças e sextas-feiras,
os dolorosos; nas quintas-feiras, os luminosos; e às quartas e
Domingos, os gloriosos.
Cada mistério é composto por um Pai Nosso, dez Ave-Marias e um Glória. No
início de cada mistério é possível lerem-se alguns textos com
meditações. Muitos deles podem ser encontrados na internet e em várias
publicações.
De acordo com as tradições de diferentes lugares, a esta estrutura básica para rezar o Terço podem acrescentar-se algumas jaculatórias e orações que exprimem a riqueza da piedade popular. (fonte: www.opusdei.org/pt e www.fatima.pt)
Orações propostas pelo Papa FranciscoNa carta
que dirigiu a todos os fiéis, por ocasião do mês mariano, o Papa
Francisco propôs as seguintes orações para serem rezadas no final do
Terço.
(1) Oração a Maria
Ó Maria, Vós sempre resplandeceis sobre o nosso caminhocomo um sinal de salvação e de esperança.Confiamo-nos a Vós, Saúde dos Enfermos,que permanecestes, junto da cruz, associada ao sofrimento de Jesus, mantendo firme a vossa fé.
Vós, Salvação do Povo Romano, sabeis do que precisamos e temos a certeza de que no-lo providenciareis para que, como em Caná da Galileia, possa voltar a alegria e a festadepois desta provação. Ajudai-nos, Mãe do Divino Amor, a conformar-nos com a vontade do Paie a fazer aquilo que nos disser Jesus, que assumiu sobre Si as nossas enfermidades e carregou as nossas dores para nos levar, através da cruz, à alegria da ressurreição. Amen.
À vossa proteção, recorremos, Santa Mãe de Deus; não desprezeis as nossas súplicas na hora da provamas livrai-nos de todos os perigos, ó Virgem gloriosa e bendita.
(2) Oração a Maria
«À vossa proteção, recorremos, Santa Mãe de Deus».
Na
dramática situação atual, carregada de sofrimentos e angústias que
oprimem o mundo inteiro, recorremos a Vós, Mãe de Deus e nossa Mãe,
refugiando-nos sob a vossa proteção.
Ó
Virgem Maria, volvei para nós os vossos olhos misericordiosos nesta
pandemia do coronavírus e confortai a quantos se sentem perdidos e
choram pelos seus familiares mortos e, por vezes, sepultados duma
maneira que fere a alma. Sustentai aqueles que estão angustiados por
pessoas enfermas de quem não se podem aproximar, para impedir o
contágio. Infundi confiança em quem vive ansioso com o futuro incerto e
as consequências sobre a economia e o trabalho.
Mãe
de Deus e nossa Mãe, alcançai-nos de Deus, Pai de misericórdia, que
esta dura prova termine e volte um horizonte de esperança e paz. Como em
Caná, intervinde junto do vosso Divino Filho, pedindo-Lhe que conforte
as famílias dos doentes e das vítimas e abra o seu coração à confiança.
Protegei
os médicos, os enfermeiros, os agentes de saúde, os voluntários que,
neste período de emergência, estão na vanguarda arriscando a própria
vida para salvar outras vidas. Acompanhai a sua fadiga heróica e
dai-lhes força, bondade e saúde.
Permanecei
junto daqueles que assistem noite e dia os doentes, e dos sacerdotes
que procuram ajudar e apoiar a todos, com solicitude pastoral e
dedicação evangélica.
Virgem
Santa, iluminai as mentes dos homens e mulheres de ciência, a fim de
encontrarem as soluções justas para vencer este vírus.
Assisti
os Responsáveis das nações, para que atuem com sabedoria, solicitude e
generosidade, socorrendo aqueles que não têm o necessário para viver,
programando soluções sociais e económicas com clarividência e espírito
de solidariedade.
Maria
Santíssima tocai as consciências para que as somas enormes usadas para
aumentar e aperfeiçoar os armamentos sejam, antes, destinadas a promover
estudos adequados para prevenir catástrofes do género no futuro.
Mãe
amadíssima, fazei crescer no mundo o sentido de pertença a uma única
grande família, na certeza do vínculo que une a todos, para acudirmos,
com espírito fraterno e solidário, a tanta pobreza e inúmeras situações
de miséria. Encorajai a firmeza na fé, a perseverança no serviço, a
constância na oração.
Ó
Maria, Consoladora dos aflitos, abraçai todos os vossos filhos
atribulados e alcançai-nos a graça que Deus intervenha com a sua mão
omnipotente para nos libertar desta terrível epidemia, de modo que a
vida possa retomar com serenidade o seu curso normal.
Confiamo-nos
a Vós, que resplandeceis sobre o nosso caminho como sinal de salvação e
de esperança, ó clemente, ó piedosa, ó doce Virgem Maria. Amen.
Porque é aconselhável rezar o Terço?O
Rosário da Virgem Maria é uma oração aconselhada pelo Magistério da
Igreja Católica; na sobriedade dos seus elementos, possui em si a
profundidade de toda a mensagem do Evangelho, de que pode ser
considerada um resumo. Além disso, a própria Virgem Maria, quando
apareceu na Terra, incentivou a rezar esta oração. A 13 de maio de 1917,
na sua primeira aparição em Fátima, Maria disse: ‘Rezem o Terço todos
os dias para alcançar a paz no mundo e o fim da guerra’ e, na sua última
aparição nesse lugar, a Mãe de Deus apresentou-se como a ‘Senhora do
Rosário’.
A Igreja acredita que
a Santíssima Mãe de Deus continua no Céu a exercer o Seu ofício
materno; portanto, é natural que os cristãos recorram a Ela para pedir
as suas necessidades e confiar-Lhe as suas preocupações. Muitos Papas
deram grande importância a esta oração: Leão XIII promulgou a encíclica Supremi Apostolatus Officio,
um documento de grande entidade, a primeira das suas muitas declarações
sobre esta oração, na qual propõe o Rosário como uma arma espiritual
eficaz contra os males que afligem a sociedade. João Paulo II escreveu
uma carta em 16 de outubro de 2002 chamada Rosarium Virginis Mariae, com a qual convocou um Ano do Rosário e em que comentou a beleza desta oração, que ajuda a “contemplar Cristo com Maria”. (fonte: www.opusdei.org/pt)
Como acompanhar a oração do Terço? Durante o mês de maio, de
segunda-feira a sábado, sempre às 17h30, pode acompanhar, em direto, a
transmissão da oração do Terço, a partir do Santuário de Nossa Senhora
da Nazaré, no Patriarcado de Lisboa. A transmissão a partir deste santuário mariano vai decorrer através das páginas Facebook do Patriarcado de Lisboa, Jornal Voz da Verdade e da Confraria de Nossa Senhora da Nazaré.
Na Missa dsta
terça-feira (28/04) na Casa de Santa Marta, non Vaticano, Francisco rezou
para que o povo de Deus seja obediente às disposições com vista ao fim da
quarentena, para que a pandemia não volte. Na homilia, o Papa convidou a
não cair no pequeno linchamento diário do mexerico que provoca falsos
julgamentos sobre as pessoas
VATICAN NEWS
Francisco presidiu a Missa na Casa de Santa Marta, no Vaticano, na manhã
desta terça-feira (28/04) da III Semana da Páscoa. Na introdução,
pensou no comportamento do povo de Deus diante do fim da quarentena:
Neste tempo, no qual se começa a haver disposições para sair da
quarentena, rezemos ao Senhor para que dê ao seu povo, a todos nós, a
graça da prudência e da obediência às disposições, para que a pandemia
não volte.
Na homilia, o Papa comentou a passagem do dia do Livro dos Atos dos Apóstolos
(At 7,51-8,1a), em que Estêvão fala com coragem ao povo, aos anciãos e
aos doutores da lei, que o julgam com falsos testemunhos, arrastam-no
para fora da cidade e o apedrejam. Também com Jesus fizeram o mesmo –
afirmou o Papa –, procurando convencer o povo de que era um blasfemo. É
uma brutalidade partir de falsos testemunhos para “fazer justiça”:
notícias falsas, calúnias, que esquentam o povo para “fazer justiça”, é
um verdadeiro linchamento. Fizeram assim com Estêvão, usando um povo que
foi enganado. Acontece assim com os mártires de hoje, como Asia Bibi,
durante tantos anos no prisão, julgada por uma calúnia. Diante da
avalanche de notícias falsas que criam opinião, às vezes não se pode
fazer nada. Penso no Holocausto, disse o Papa: foi criada uma opinião
contra um povo para eliminá-lo. Há ainda o perigo do linchamento diário
que procura condenar as pessoas, criar uma má fama, o pequeno linchamento
diário do mexerico que cria opiniões para condenar as pessoas. A
verdade, ao contrário, é clara e transparente, é o testemunho do verdadeiro,
daquilo em que se crê. Pensemos na nossa língua: muitas vezes com
os nossos comentários iniciamos um linchamento deste tipo. Também nas nossas
instituições cristãs vimos muitos linchamentos diários que nasceram dos
mexericos. Rezemos ao Senhor para que
nos ajude a ser justos nos nossos julgamentos, a não começar ou seguir
esta condenação maciça que o mexerico provoca.
A seguir, o texto da homilia transcrita pelo Vatican News:
Na primeira Leitura destes dias ouvimos o martírio de Estêvão: uma
coisa simples, como aconteceu. Os doutores da Lei não toleravam a
clareza da doutrina e, como saída, foram pedir a alguém que dissesse ter ouvido que Estêvão blasfemava contra Deus, contra a Lei. E
depois disto caíram em cima dele e apedrejaram-no: simples assim. É uma
estrutura de ação que não é a primeira: também com Jesus fizeram o
mesmo. O povo que estava ali, procuou convencer de que era um blasfemo e
eles gritaram: “Crucifica-o”. É uma brutalidade. Uma brutalidade, partir
de falsos testemunhos para se chegar a “fazer justiça”. Este é o
esquema. Também na Bíblia há casos deste tipo: fizeram o mesmo com
Susana, fizeram o mesmo com Nabot, depois Amã procurou fazer o mesmo com
o povo de Deus... Notícias falsas, calúnias que esquentam o povo e
pedem a justiça. É um linchamento, um verdadeiro linchamento.
E assim, levam ao juiz, para que dê forma legal a isto: mas
já está julgado, o juiz deve ser muito, muito corajoso para ir contra
um julgamento tão popular, feito de propósito, preparado. É o caso de
Pilatos: Pilatos viu claramente que Jesus era inocente, mas viu o povo,
lavou as mãos. É um modo de fazer jurisprudência. Também hoje vemos
isso: também hoje está em andamento, em alguns países, quando se quer
fazer um golpe de Estado ou excluir algum político para que não
participe nas eleições, ou assim, se faz o seguinte: notícias falsas,
calúnias, depois cai num juiz daqueles que gostam de criar
jurisprudência com este positivismo “da situação” que está na moda, e
depois condena. É um linchamento social. E assim foi feito com Estêvão,
assim foi feito o julgamento de Estêvão: levaram para julgar alguém que
já tinha sido julgado pelo povo enganado.
Isto acontece também com os mártires de hoje: que os juízes não
têm a possibilidade de fazer justiça porque já foram julgados. Pensemos
em Asia Bibi, por exemplo, que vimos: dez anos na prisão porque foi
julgada por uma calúnia e um povo que quer a sua morte. Diante desta
avalanche de notícias falsas que criam opinião, muitas vezes não se pode
fazer nada: não se pode fazer nada.
Penso muito, nisto, no Holocausto. O holocausto é um caso deste
tipo: foi criada a opinião contra um povo e depois era normal: “Sim,
sim: devem morrer, devem morrer”. Um modo de proceder para eliminar as
pessoas que incomodam, que atrapalham.
Todos sabemos que isto não é bom, mas o que não sabemos é que
existe um pequeno linchamento diário que procura condenar as pessoas,
criar um má fama nas pessoas, descartá-las: o pequeno linchamento diário
do mexerico que cria uma opinião. Muitas vezes uma pessoa escuta o
difamar alguém, e diz: “Mas não, essa pessoa é justa!” –
“não, não: se diz que...”, e com aquele “se diz que” cria-se uma opinião
para acabar uma pessoa. A verdade é outra: a verdade é o testemunho
do verdadeiro, das coisas em que uma pessoa crê; a verdade é clara, é
transparente. A verdade não tolera as pressões. Vejamos Estêvão, mártir:
primeiro mártir depois de Jesus. Primeiro mártir. Pensemos nos
apóstolos: todos deram testemunho. E pensemos em tantos mártires que –
também de hoje, São Pedro Chanel – em que foi o mexerico ali, a inventar
que era contra o rei... cria-se uma fama, e deve-se matar.
E pensemos em nós, na nossa língua: muitas vezes, com os nossos
comentários, iniciamos um linchamento desse tipo. E nas nossas
instituições cristãs vimos muitos linchamentos diários que nasceram do
mexerico.
Que o Senhor nos ajude a ser justos nos nossos juízos, a não começar ou seguir a condenação maciça que o mexerico provoca.
O Santo Padre terminou a celebração com a adoração e a bênção eucarística, convidando a fazer a Comunhão espiritual.
Oração recitada pelo Papa:
Aos vossos pés, ó meu Jesus, me prostro e vos ofereço o
arrependimento do meu coração contrito que mergulha no seu nada na Vossa
santa presença. Eu vos adoro no Sacramento do vosso amor, a inefável
Eucaristia. Desejo receber-vos na pobre morada que o meu coração vos
oferece; à espera da felicidade da comunhão sacramental, quero
possuir-vos em Espírito. Vinde a mim, ó meu Jesus, que eu venha a vós.
Que o vosso amor possa inflamar todo o meu ser, para a vida e para a
morte. Creio em vós, espero em vós. Amo-vos. Assim seja.
Antes de deixar a Capela dedicada ao Espírito Santo foi entoada a antífona mariana “Regina caeli”, cantada no tempo pascal:
Rainha dos céus, alegrai-vos. Aleluia!
Porque Aquele que merecestes trazer em vosso seio. Aleluia!
Ressuscitou como disse. Aleluia!
Rogai por nós a Deus. Aleluia!
D./ Alegrai-vos e exultai, ó Virgem Maria. Aleluia!
C./ Porque o Senhor ressuscitou, verdadeiramente. Aleluia!
Na Missa desta
segunda-feira (27/04) na Casa de Santa Marta, no Vaticano, o Papa voltou
o seu pensamento para os artistas e para o caminho da beleza e da criatividade que
podem ajudar neste momento difícil caracterizado pela pandemia. Na
homilia, convidou a pedir a graça de voltar sempre ao primeiro chamamento,
quando Jesus nos olhou com amor
VATICAN NEWS
Francisco presidiu a Missa na Casa Santa Marta, no Vaticano, na manhã
desta segunda-feira (27/04) da III Semana da Páscoa. Na introdução,
dirigiu seu pensamento para os artistas:
Rezemos hoje pelos artistas, que têm esta capacidade de
criatividade muito grande e que pelo caminho da beleza nos indicam o caminho
a seguir. Que o Senhor nos dê a todos a graça da criatividade neste
momento.
Na homilia, o Papa comentou o Evangelho do dia
(Jo 6,22-29) em que Jesus repreende a multidão por procurá-lo, após a
multiplicação dos pães e dos peixes, apenas porque se saciou, e a
exortou a esforçar-se não pelo alimento que se perde, mas pelo alimento
que permanece até à vida eterna, e que o Filho do homem dará. A multidão
pergunta o que deve fazer, e Jesus responde: “A obra de Deus é que
acrediteis naquele que ele enviou”. A multidão que ouvia Jesus sem
se cansar – disse Francisco –, uma vez saciada, pensava em fazê-lo rei:
tinha esquecido o primeiro entusiasmo pela Palavra de Jesus. E o Senhor
recorda à multidão o primeiro sentimento. Corrige o caminho das pessoas
que tinham tomado uma via mais mundana que evangélica. Assim se dá
também connosco quando nos distanciamos do caminho do Evangelho e
perdemos a memória do primeiro entusiasmo pela Palavra do Senhor. Jesus faz-nos voltar ao primeiro encontro; esta é uma graça diante das
tentações distanciar-nos. A graça de voltar sempre ao primeiro
chamamento, quando Jesus nos olhou com amor. Cada um de nós tem a
experiência do primeiro encontro em que Jesus nos disse: “Segue-me”.
Depois, ao longo do caminho, distanciam-mo-nos perdemos o frescura do
primeiro chamamento. O Papa convida a rezar para que o Senhor nos dê a
graça de voltar ao momento em que fizemos a experiência de encontrar
Jesus.
A seguir, o texto da homilia transcrita pelo Vatican News:
As pessoas que tinham ouvido Jesus durante todo o dia, que depois
tiveram esta graça da multiplicação dos pães e viram o poder de Jesus,
queriam fazê-lo rei. Antes iam até Jesus para ouvir a palavra e também
para pedir a cura dos doentes. Passaram o dia inteiro a ouvir Jesus sem
entediar-se, sem cansar-se ou (estar) cansadas, mas estavam ali,
felizes. Mas depois quando viram que Jesus lhes dava de comer, algo que
elas não esperavam, pensaram: “Este seria um bom governante para nós e
certamente será capaz de nos libertar do poder dos Romanos e levar o
país adiante”. E entusiasmaram-se para fazê-lo rei. A intenção delas
mudou, porque viram e pensaram: “Bem... porque uma pessoa que faz este
milagre, que dá de comer ao povo, pode ser um bom governante”. Mas
naquele momento tinham esquecido o entusiasmo que a Palavra de Jesus
suscitava nos seus corações.
Jesus afastou-se e foi rezar. Aquelas pessoas, ficaram ali,
e no dia seguinte procuravam Jesus, “porque deve estar aqui”, diziam,
porque tinham visto que não subiu na barca com os outros. E havia
uma barca ali, que lá ficou... Mas não sabiam que Jesus tinha alcançado os outros caminhando sobre as águas. Deste modo, decidiram ir
até à outra parte do mar de Tiberíades procurar Jesus e quando o viram, a
primeira palavra que lhe dizem (é): “Rabi, quando chegaste aqui?”, como
que a dizer: “Não entendemos, isto parece uma coisa estranha”.
E Jesus faz-lhes voltar ao primeiro sentimento, ao que elas tinham
antes da multiplicação dos pães, quando ouviam a Palavra de Deus: “Em
verdade, em verdade, vos digo:
estais a procurar-me não porque
vistes sinais – como no início, os sinais da palavra, que as
entusiasmava, os sinais da cura –, não porque vistes sinais, mas porque
comestes pão e ficastes satisfeitos”. Jesus revela a intenção delas e
diz: “Mas é assim, mudastes de atitude”. E elas, em vez de se justificarem: “Não, Senhor, não...”, foram humildes. Jesus continua:
“Esforçai-vos não pelo alimento que se perde, mas pelo alimento que
permanece até à vida eterna, e que o Filho do homem vos dará. Pois este é
quem o Pai marcou com o seu selo”. E elas, concordando, disseram: “Que
devemos fazer para realizar as obras de Deus? “Que acrediteis no Filho
de Deus”. Este é um caso no qual Jesus corrige a atitude das pessoas, da
multidão, porque no meio do caminho se tinham distanciado um pouco do
primeiro momento, da primeira consolação espiritual e tinham tomado um
caminho que não era justo, uma caminho mais mundano que evangélico.
Isto leva-nos a pensar nas muitas vezes que na vida iniciamos
um caminho no seguimento de Jesus, atrás de Jesus, com os valores do
Evangelho, e a meio desse caminho vem outra ideia, vemos algum sinal
e distanciam-mo-nos e sentimo-nos conformados com uma coisa mais temporal, mais
material, mais mundana, pode ser, e perdemos a memória daquele primeiro
entusiasmo que tivemos quando ouvíamos Jesus falar. O Senhor faz-nos
voltar sempre ao primeiro encontro, ao primeiro momento no qual Ele nos
olhou, nos falou e fez nascer dentro de nós a vontade de segui-lo. Esta é
uma graça a ser pedida ao Senhor, porque na vida teremos sempre esta tentação de distanciar-mo-nos porque vemos outra coisa: “Mas aquilo
dará certo, mas aquela ideia é boa...” Distanciam-mo-nos.
A graça de voltar sempre ao primeiro chamamento, ao primeiro momento:
não esquecer, não esquecer a minha história, quando Jesus me olhou com
amor e me disse: “Este é o vosso caminho”; quando Jesus através de
tantas pessoas me fez entender qual era o caminho do Evangelho e não
outros caminhos um pouco mundanos, com outros valores. Voltar ao
primeiro encontro.
Impressionou-me sempre que entre as coisas que Jesus disse na
manhã da Ressurreição: “Ide aos meus discípulos e dizei-lhes que vão à
Galileia, ali me encontrarão”, Galileia era o lugar do primeiro
encontro. Ali tinham encontrado Jesus. Cada um de nós tem a sua
“Galileia dentro (de si), o próprio momento no qual Jesus se aproximou e
nos disse: “Segue-me”. Na vida acontece isto que aconteceu a estas
pessoas – boas, porque depois lhe dizem: “Que devemos fazer?”,
imediatamente obedeceram –, acontece que nos distanciamos e procuramos
outros valores, outras hermenêuticas, outras coisas, e perdemos a frescura do primeiro chamamento. O autor da Carta aos Hebreus chama-nos a
isso: “Recordai-vos dos primeiros dias”. A memória, a memória do
primeiro encontro, a memória da “minha Galileia”, quando o Senhor me
olhou com amor e me disse: “Segue-me”.
O Santo Padre terminou a celebração com a adoração e a bênção eucarística, convidando a fazer a Comunhão espiritual. A seguir, a oração recitada pelo Papa:
Meu Jesus, eu creio que estais presente no Santíssimo Sacramento
do Altar. Amo-vos sobre todas as coisas, e minha alma suspira por Vós.
Mas, como não posso receber-Vos agora no Santíssimo Sacramento, vinde,
ao menos espiritualmente, ao meu coração. Abraço-me convosco como se já
estivésseis comigo: uno-me Convosco inteiramente. Ah! não permitais que
torne a separar-me de Vós!
Antes de deixar a Capela dedicada ao Espírito Santo foi entoada a antífona mariana “Regina caeli”, cantada no tempo pascal:
Rainha dos céus, alegrai-vos. Aleluia!
Porque Aquele que merecestes trazer em vosso seio. Aleluia!
Ressuscitou como disse. Aleluia!
Rogai por nós a Deus. Aleluia!
D./ Alegrai-vos e exultai, ó Virgem Maria. Aleluia!
C./ Porque o Senhor ressuscitou, verdadeiramente. Aleluia!