Humildade no fundo é a
verdade!
A humildade é conscientemente,
em verdade, procurar-se e encontrar-se como realmente se é.
E esta procura não vem só de
cada um, mas também de ouvir os outros sobre nós, e mesmo que não agrade o que
se ouve, tentar encontrar o meu eu verdadeiro, muito especialmente perante Deus.
Pode-se enganar a Deus?
Claro que não!
Mas podemos muito bem pensar
que O conseguimos enganar.
Mas Deus não ouve as minhas
palavras, ou seja, ouve-as mas com o sentido do meu coração e é esse sentido
que Lhe interessa.
Correspondem as minhas
palavras ao verdadeiro sentir do meu coração elevado a Deus?
Então sou humilde, porque
reconheço em Deus a capacidade de me ouvir e atender segundo a Sua vontade.
As minhas palavras pretendem
levar Deus a fazer aquilo que eu quero?
Então não há humildade em mim,
porque não tenho humildade para aceitar a Sua vontade.
Mas posso eu alguma vez
considerar-me “não humilde” perante Deus?
Claro que sim e a Bíblia está
cheia de histórias dessas.
Se o ser humilde, se a
humildade é a verdade de reconhecer Deus em mim e o que Ele faz em mim, então essa
humildade repercute-se junto dos outros e nos outros.
Posso eu apresentar-me aos
outros para agradar, (por exemplo), de modo que eu sei conscientemente que não
eu sou?
Posso, claro, mas se acredito
que Deus está nos outros e não podendo enganar a Deus, rapidamente a minha
falta de humildade vem ao de cima.
Então e se eu fizer uma coisa
bem feita e me elogiarem e aplaudirem devo recusar tais expressões?
Claro que não, mas sim
agradece-las e transformá-las num louvor a Deus que fez em mim o bem que eu
expressei.
Deus quer servir-se de nós, na
medida em que nos disponibilizamos para Ele, mas aprecia, obviamente, essa
nossa disposição e reconforta-a com o agradecimento dos outros, mas sobretudo com
aquilo que Ele na Sua infinita sabedoria sabe que necessitamos, por isso mesmo
a verdadeira humildade reconhece em Deus a obra feita embora a ferramenta possamos
ser nós.
Então não é “mau” quando me
elogiam sentir-me um pouco vaidoso?
Claro que não!
Deus conhece-nos e sabe que
essa é uma das nossas fraquezas.
Mau seria se me detivesse
nesse orgulho com pensamentos de superioridade, tais como “Deus escolheu-me
porque não havia mais ninguém”, ou “Deus recompensou o trabalho que tenho feito”…
Pedro era pescador e fez o
discurso/homilia mais célebre da história da Igreja.
(Não consta que se tenha
preparado afincadamente para isso a não ser pensar, aqui estou Senhor!).
Será que eu posso ver a minha
humildade?
Comparando-me com quê ou com
quem?
Com Jesus?
É melhor não!
Claro que muito haveria para
dizer, escrever, sobre a humildade e mais ainda se lhe juntarmos a obediência,
mas estas mal alinhadas palavras são apenas provocação para meditação,
pensamento. Mais para mim do que para ouros.
No fundo é uma fala comigo passada
a papel.
Há um momento em que sabemos
que somos verdadeiramente humildes!
É quando pudermos dizer
verdadeiramente: «Já não sou eu que vivo é Cristo que vive em mim.»
Marinha Grande, 17 de Abril de
2020
Joaquim Mexia Alves
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