«Em verdade, em verdade vos
digo: Um de vós Me entregará».
Não precisei olhar para o
lado, pois sabia bem que aquelas palavras eram-me dirigidas.
Quando quero ser verdadeiro e
fazer um verdadeiro exame de consciência, aquelas palavras veem ao meu coração
e lembram-me a fraqueza, o nada que eu sou!
Entrego-O tantas vezes com
tantos beijos que ninguém vê!!!
E corro a esconder-me, pobre
de mim, convencido que Tu me persegues, quando afinal vens arás de mim só para
me abraçar e dizer que me amas apesar das minhas negações.
Deitas-me o olhar de Pedro, o
mesmo olhar que deitaste a Judas, mas que ele não quis ver, ou melhor, que ele
não quis viver!
Umas vezes como Pedro choro amargamente,
outras pretendo arranjar desculpas para o meu comportamento. (Foi a serpente,
Senhor!)
É tão fácil arranjar “serpentes”
para as nossas negações!!!
E elas estão sempre prontas e
dispostas a servir-nos de desculpa tentando sempre que tal se torne uma prática
habitual.
Vou escrevendo e meditando
como seria bom Senhor, que eu fosse culpado de Te entregar aos outros!!!
Mas entregar-Te em amor, em dar-Te
a conhecer, em dar-Te a viver, em dar a Vida que Tu és a cada um daqueles que
ainda a não tem!
Ah, Senhor, perdoa-me, mas já não
precisaria do Teu olhar, porque ele estaria de tal modo gravado no meu coração
que já seria vida em mim.
Sim, Senhor, deixa-me
entregar-Te, deixa-me negar-Te, mas não permitas nunca que me afaste do Teu
olhar e que faça do Teu olhar, do Teu amor a fonte da minha vida, para que seja
uma vida para os outros, uma vida para Te entregar em amor.
Marinha Grande 7 de Abril de
2020
Joaquim Mexia Alves
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