07 abril, 2020

ENTREGAR-TE E NEGAR-TE

 
 
 
 
 
 
«Em verdade, em verdade vos digo: Um de vós Me entregará».

Não precisei olhar para o lado, pois sabia bem que aquelas palavras eram-me dirigidas.
Quando quero ser verdadeiro e fazer um verdadeiro exame de consciência, aquelas palavras veem ao meu coração e lembram-me a fraqueza, o nada que eu sou!

Entrego-O tantas vezes com tantos beijos que ninguém vê!!!
E corro a esconder-me, pobre de mim, convencido que Tu me persegues, quando afinal vens arás de mim só para me abraçar e dizer que me amas apesar das minhas negações.

Deitas-me o olhar de Pedro, o mesmo olhar que deitaste a Judas, mas que ele não quis ver, ou melhor, que ele não quis viver!

Umas vezes como Pedro choro amargamente, outras pretendo arranjar desculpas para o meu comportamento. (Foi a serpente, Senhor!)
É tão fácil arranjar “serpentes” para as nossas negações!!!
E elas estão sempre prontas e dispostas a servir-nos de desculpa tentando sempre que tal se torne uma prática habitual.

Vou escrevendo e meditando como seria bom Senhor, que eu fosse culpado de Te entregar aos outros!!!
Mas entregar-Te em amor, em dar-Te a conhecer, em dar-Te a viver, em dar a Vida que Tu és a cada um daqueles que ainda a não tem!

Ah, Senhor, perdoa-me, mas já não precisaria do Teu olhar, porque ele estaria de tal modo gravado no meu coração que já seria vida em mim.

Sim, Senhor, deixa-me entregar-Te, deixa-me negar-Te, mas não permitas nunca que me afaste do Teu olhar e que faça do Teu olhar, do Teu amor a fonte da minha vida, para que seja uma vida para os outros, uma vida para Te entregar em amor.



Marinha Grande 7 de Abril de 2020
Joaquim Mexia Alves

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