Crucifixo - Sexta-feira Santa
Sexta-feira Santa é
o dia do silêncio e da adoração, dia no qual se medita com a Via-Sacra a
Paixão de Cristo e se repercorre com Jesus o caminho da dor que leva à
sua morte, uma morte que, sabemos, não é para sempre.
Cidade do Vaticano
Depois disso Jesus, sabendo que tudo estava consumado, e para que se
cumprisse a Escritura, disse: “Tenho sede”. Havia ali uma jarra cheia de
vinagre. Amarraram num ramo de hissopo uma esponja embebida de vinagre e
a levaram à sua boca. Ele tomou o vinagre e disse: “Está consumado”. E,
inclinando a cabeça, entregou o espírito” (Jo 18, 28-30).
Hoje as igrejas estão silenciosas. Na liturgia não há canto, não há
música e não se celebra a Eucaristia, porque todo espaço é dedicado à
Paixão e à morte de Jesus. Ajoelhamo-nos, para simbolizar a humilhação
do homem terreno e a coparticipação no sofrimento do Senhor. Porém, não é
um dia de luto, mas um dia de contemplação do amor de Deus que chega
para sacrificar o próprio Filho, verdadeiro Cordeiro pascal, para a
salvação da humanidade.
A adoração da Cruz
A Cruz está presente na vida de todos os cristãos desde a purificação
do pecado no Batismo, absolvição do Sacramento da Reconciliação, até ao último momento da vida terrena com a Unção dos enfermos. Na Sexta-feira
Santa somos convidados a adorar a Cruz para o dom da salvação que
conseguimos através da sua vinda. Depois da ascese quaresmal o cristão
está preparado para não fugir do sofrimento. Nesta ano durante a
liturgia os fiéis não tocarão a Cruz, não a beijarão, não estarão
presentes nas igrejas devido à pandemia do coronavírus, mas como
pediu Francisco vamos abrir o coração na oração: “Não se
esqueçam: Crucifixo e Evangelho. A liturgia doméstica será esta”. "Far-nos-á bem olhar o crucifixo em silêncio e ver quem é o nosso Senhor: é
Aquele que não aponta o dedo contra ninguém, mas abre os braços para
todos", disse na catequese de quarta-feira.
No caminho da dor com Jesus
Teremos também hoje aqui no Vaticano a encenação da Via-Sacra, de
modo diferente, sem os fiéis, neste ano na Praça São Pedro em vez do
Coliseu. Francisco guiará a Via-Sacra do adro da Basílica vaticana,
seguindo as meditações feitas pelos presos da prisão de Pádua. Cada
igreja no mundo irá fazer à sua maneira. A Via-Sacra é uma prática extra
litúrgica que muitas vezes é celebrada exatamente na Sexta-feira Santa
para evocar e repercorrer juntos o caminho de Jesus para o Gólgota – o
lugar da crucificação – e portanto meditar sobre a Paixão.
A Paixão de Cristo foi introduzida na Europa pelo dominicano beato
Alvaro De Zamora da Cordoba em 1402 e mais tarde pelos Frades Menores e
compreende 14 momentos ou “estações” nas quais nos detemos para refletir
e rezar. São uma sequências de crescentes imagens dramáticas que
culminam com a morte de Cristo, em cada uma delas Jesus é atacado pelo
mal, para evidenciar, por contraste, a vitória d’Ele sobre a morte e
sobre o pecado que será celebrada daqui a dois dias com o Domingo da
Páscoa da Ressurreição.
VN
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