Na Missa na Casa de Santa Marta nesta quarta-feira (01º/04), Francisco dirigiu o seu pensamento para os profissionais da comunicação a fim de que ajudem as pessoas a suportar este período de isolamento. Na homilia, recordou que o discípulo de Jesus é um homem livre, um homem da Tradição e da novidade, porque se deixa guiar pelo Espírito Santo e não por ideologias
VATICAN NEWS
A Antífona de entrada da celebração da quarta-feira da V Semana da Quaresma é uma oração de libertação: “Vós me livrais, Senhor, dos meus inimigos; vós me fazeis suplantar o agressor e do homem violento, salvais-me” (Sal 17,48-49). Ao introduzir a Missa na manhã desta quarta-feira (01º/04), o Papa Francisco dirigiu o seu pensamento a quem trabalha nos media.
“Hoje, gostaria que rezássemos por todos aqueles que trabalham nos
media, que trabalham para comunicar, hoje, para que as pessoas não se
encontrem tão isoladas; pela educação das crianças, pela informação,
para ajudar a suportar este tempo de fechamento.”
Na homilia, Francisco comentou o Evangelho do dia
(Jo 8,31-42) em que Jesus diz aos judeus: “Se permanecerdes na minha
palavra, sereis verdadeiramente meus discípulos, e conhecereis a
verdade, e a verdade vos libertará”. Ser discípulos – afirmou o Papa –
significa deixar-mo-nos guiar pelo Espírito Santo: por isso, o discípulo de
Jesus é um homem da Tradição e da novidade, um homem livre, jamais
sujeito às ideologias.
Texto da homilia transcrito pelo Vatican News:
Nestes dias, a Igreja mostra-nos o capítulo oitavo de João: há a
discussão muito forte entre Jesus e os doutores da Lei. E, sobretudo, se procura mostrar a própria identidade: João procura aproximar-nos daquela
luta para esclarecer a própria identidade, tanto de Jesus, como a
identidade dos doutores. Jesus coloca-os em dificuldade mostrando-lhes
as suas contradições. E eles, no final, não encontram outra saída a não
ser o insulto: é uma das páginas mais tristes, é uma blasfêmia.
Insultam Nossa Senhora.
Mas falam da identidade, Jesus diz aos judeus que tinham
acreditado, aconselhando-os: “Se permanecerdes na minha palavra, sereis
verdadeiramente meus discípulos”. Volta aquela palavra da qual o Senhor
gostava tanto, que a repetirá várias vezes, e depois na ceia:
permanecer. ”Permanecei em mim”. Permanecer no Senhor. Não diz: “Estudem
bem, aprendam bem as argumentações”: dá isto por certo. Mas vai à coisa
mais importante, aquela que é mais perigosa para a vida, se não se faz:
“Permanecei na minha palavra”. E aqueles que permanecem na palavra de
Jesus têm a sua identidade cristã. E qual é? “Sois verdadeiramente meus
discípulos”. A identidade cristã não é uma carteira que diz “eu sou
cristão”, uma carteira de identidade: não. É o discipulado. Tu, se
permaneces no Senhor, na Palavra do Senhor, na vida do Senhor, serás
discípulo. Se não permaneces, serás um que com simpatia pela doutrina,
que segue Jesus como um homem que faz muita beneficência, é tão bom, que
tem valores justos, mas o discipulado é propriamente a verdadeira
identidade do cristão.
E será o discipulado que a ti dará a liberdade: o discípulo é um
homem livre porque permanece no Senhor. E “permanece no Senhor”, o que
significa? Deixar-se guiar pelo Espírito Santo. O discípulo deixa-se
guiar pelo Espírito, por isso o discípulo é sempre um homem da tradição e
da novidade, é um homem livre. Livre. Jamais sujeito a ideologias, a
doutrinas no seio da vida cristã, doutrinas que podem ser discutidas...
permanecer no Senhor, é o Espírito que inspira. Quando cantamos ao
Espírito, Dizemos-lhe que é um hóspede da alma, que habita em nós. Mas
isto, somente se permanecemos no Senhor.
Peço ao Senhor que nos faça conhecer esta sabedoria de permanecer
n’Ele e nos faça conhecer aquela familiaridade com o Espírito: o
Espírito nos dá a liberdade. E esta é a unção. Quem permanece no Senhor é
discípulo, e o discípulo é um ungido, um ungido pelo Espírito, que
recebeu a unção do Espírito e a leva em frentte . Este é o caminho que
Jesus nos mostra para a liberdade e também para a vida. E o discipulado é
a unção que recebem aqueles que permanecem no Senhor.
Que o Senhor nos faça entender isto que não é fácil: porque os
doutores não entenderam, não se entende somente com a cabeça; entende-se
com a cabeça e com o coração; é essa sabedoria da unção do Espírito Santo
que nos faz discípulos.
O Santo Padre terminou a celebração com a adoração e a bênção eucarística, convidando a fazer a Comunhão espiritual.
A seguir, a oração recitada pelo Papa:
Aos vossos pés, ó meu Jesus, prostro-me e vos ofereço o
arrependimento do meu coração contrito que mergulha no seu nada na Vossa
santa presença. Eu vos adoro no Sacramento do vosso amor, a Eucaristia.
Desejo receber-vos na pobre morada que o meu coração vos oferece; à
espera da felicidade da comunhão sacramental, quero possuir-vos em
Espírito. Vinde a mim, ó meu Jesus, que eu venha a vós. Que o vosso amor
possa inflamar todo o meu ser, para a vida e para a morte. Creio em
vós, espero em vós. Eu vos amo. Assim seja.
Antes de deixar a Capela dedicada ao Espírito Santo foi entoada uma antiga antífona mariana Ave Regina Caelorum (“Ave Rainha dos Céus”):
"Ave, Rainha do céu; ave, dos anjos Senhora; ave, raiz, ave,
porta; da luz do mundo és aurora. Exulta, ó Virgem gloriosa, as outras
seguem-te após; nós te saudamos: adeus! E pede a Cristo por nós!"
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