(RV) “Uma Igreja
serena, guiada pelo bom senso, escutada pela maioria da população e
pelas instituições nacionais”: assim o Papa Francisco definiu a Igreja
em Portugal, ao receber os membros da Conferência Episcopal Portuguesa,
em visita "ad Limina Apostolorum".
No discurso entregue aos cerca de 40 bispos, Francisco constata “com
satisfação” que as luzes se sobrepõem às sombras. E ressalta aspectos
positivos da vida eclesial, como a sinodalidade, um episcopado unido,
sacerdotes preparados espiritual e culturalmente, consagrados que
colaboram na pastoral de conjunto e leigos que exprimem a presença
eficaz da Igreja para a autêntica promoção humana e social da Nação.
“O povo português é bom, hospitaleiro, generoso e religioso, ama a
paz e quer a justiça”, escreve o Papa aos bispos, incentivando-os a
prosseguirem no empenho de uma constante e metódica evangelização.
“Com viva confiança em Deus, não percais a coragem perante situações
que suscitam perplexidade e vos causam amargura”, exorta Francisco,
citando dois motivos de preocupação. O primeiro são algumas “paróquias
estagnadas”, que necessitam reavivar a fé baptismal. Trata-se de
paróquias por vezes centradas e fechadas no “seu” pároco às quais a
carência de sacerdotes, para além do mais, impõe abertura a uma lógica
mais dinâmica e eclesial na comunhão.
Essas paróquias estagnadas contribuem para o segundo motivo de
preocupação: a debandada da juventude da Igreja. O Papa convida os
bispos portugueses a se questionarem por que a proposta de Jesus
formulada pela Igreja local não convence os jovens.
“A Igreja em Portugal precisa de jovens capazes de dar resposta a
Deus que os chama, para voltar a haver famílias cristãs estáveis e
fecundas, para voltar a haver consagrados e consagradas que trocam tudo
pelo tesouro do Reino de Deus, para voltar a haver sacerdotes imolados
com Cristo pelos seus irmãos e irmãs. Temos tantos jovens desocupados e o
Reino dos Céus à míngua de operários e servidores… Jesus caminha com o
jovem...”
Para Francisco, é preciso passar do modelo escolar ao catecumenal.
Isto é, não apenas conhecimentos cerebrais, mas encontro pessoal com
Jesus Cristo, vivido em dinâmica vocacional segundo a qual Deus chama e o
ser humano responde.
O Papa concluiu o seu discurso aos bispos portugueses com uma
exortação: “Retomai com empenho renovado o vosso caminho, levando a
todos a certeza da minha fraterna solidariedade e empatia. Compartilho
as vossas ânsias e as vossas esperanças, as vossas preocupações e as
vossas alegrias; convosco e por vós invoco a Virgem Santíssima, para a
Qual não cessem de tender os vossos corações com amor filial”.
(BS/BF)
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