(RV) O
Papa Francisco recebeu esta manhã (11/09), na Sala Clementina do
Vaticano, os participantes no encontro promovido pela “Fundação para o
desenvolvimento sustentável” sobre justiça ambiental e mudanças
climáticas. Depois de saudar e agradecer aos organizadores do Meeting,
no seu discurso o Papa reiterou antes de tudo a importância do tema,
pois o clima é um bem comum, disse, hoje gravemente ameaçado como se
pode ver nos fenómenos como as mudanças climáticas, o aquecimento global
e o aumento dos eventos meteorológicos extremos. E o Papa explicou como
e porque nos devemos ocupar deste tema:
“Não podemos esquecer as graves
implicações sociais das alterações climáticas: são os mais pobres que
sofrem as suas consequências com maior dureza! Por isso – como
justamente destaca o título deste Encontro - a questão do clima é uma
questão de justiça; e também de solidariedade, que nunca deve ser
separada da justiça. Está em jogo a dignidade de cada pessoa, como
povos, como comunidades, como mulheres e homens”.
A ciência e da tecnologia colocam nas
nossas mãos um poder sem precedentes, reconhece Francisco, mas é também
nosso dever para com toda a humanidade e em particular para com os mais
pobres e as gerações futuras utilizar este poder para o bem comum. E,
apesar das muitas contradições do nosso tempo, temos suficientes razões
para alimentar a esperança de consegui-lo, e devemo-nos guiar por esta
esperança, diz o Papa, convidando cada qual a participar em acções que
transmitem vida:
“Como podemos exercer a nossa
responsabilidade, a nossa solidariedade, a nossa dignidade de pessoas e
cidadãos do mundo? Cada qual é chamado a responder pessoalmente, na
medida que lhe compete e em base no papel que ocupa na família, no mundo
do trabalho, da economia e da pesquisa, na sociedade civil e nas
instituições. Não avançando receitas improváveis: ninguém as tem! Mas
oferecendo, pelo contrário, o que entendeu ao diálogo e aceitando que o
próprio contributo seja questionado: a todos pede-se uma contribuição em
vista de um resultado que só pode ser fruto de um trabalho comum”.
E este encontro – no qual participam
exponentes de relevo de ‘mundos’ diversos (religião e política,
actividade económica e pesquisa científica em muitos sectores,
organizações internacionais e aquelas envolvidas na luta contra a
pobreza) - é um claro exemplo da prática deste diálogo, reiterou
Francisco, única via para enfrentar os problemas do nosso mundo e
procurar soluções verdadeiramente eficazes.
E para que seja frutuoso, insiste Francisco, este diálogo deve ser
inspirado numa visão transparente e ampla e proceder segundo uma
abordagem integral e sobretudo participativa, incluindo todas as partes
em causa:
“Dirijo a todos um premente convite a
fazer todos os esforços para nas mesas em que se procura resolver a
única e complexa crise sócio ambiental possam fazer ouvir a sua voz os
mais pobres, entre os Países e entre os seres humanos: também este é um
dever de justiça ambiental. Diante da emergência das mudanças climáticas
e com o olhar voltado para os cruciais eventos que nos próximos meses
os vão enfrentar - a aprovação dos Objectivos de desenvolvimento
sustentável por parte das Nações Unidas no fim deste mês e, sobretudo, a
COP 21 de Paris no início dezembro – sinto-me no dever de propor que
este diálogo se torne uma autêntica aliança para se chegar a acordos
ambientais globais realmente significativos e eficazes”
E o Papa garantiu a oração sua e de
toda a Igreja, para este percurso, para que o Senhor bendiga o esforço
comum e a humanidade saiba, por fim, escutar o grito da terra, nossa mãe
e irmã, e dos mais pobres entre aqueles que a habitam, e cuidar dela.
Deste modo, a criação se aproximará cada vez mais da casa comum que o
único Pai imaginou como dom à família universal das suas criaturas –
concluiu. (BS)
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