11 outubro, 2010

4. A Igreja: Riqueza dos símbolos

Série: 'Cultivar a Fé'

Para o cristão menos atento, a imensa riqueza de símbolos acerca da Igreja, pode passar despercebida.
Esta riqueza é, por si mesma, uma grande catequese. Estamos habituados, como vimos antes, a olhar a Igreja como Corpo de Cristo, do Qual Ele é a Cabeça, mas outros símbolos, nos escapam com facilidade.
Vamos olhá-los e aprender algumas lições.
Do Antigo Testamento nos vem a ideia de Povo de Deus, que é assumida no Novo, como sendo a Igreja. Povo que Deus ama, Povo que caminha para a Casa do Pai, Povo constituído em Corpo, do Qual Jesus é Cabeça (Cf Ef 1,22; Cl 1,18, LG 6).
Povo Santo, do conjunto dos baptizados, ungidos pelo Espírito, que constituem uma “nação santa”, um “povo sacerdotal” já que todos recebem o sacerdócio comum dos fiéis, participando, pelo baptismo, do sacerdócio de Cristo.
A Igreja é rebanho e redil, cuja porta é Cristo (Cf Jo10, 1-10).
Já no Antigo Testamento Israel era o rebanho do Senhor e Deus era o seu Pastor.
Na Igreja o Pastor do rebanho é o Senhor, que por outro lado Se apresenta como Bom Pastor que dá a sua vida pelas ovelhas, Se faz alimento do rebanho.
E este rebanho, é governado ao longo dos séculos, pelos Pastores, que o Divino Pastor coloca à sua frente (Cf Ez 34,11-31; Jo 10, 11-15).
O Pastor conhece e ama o rebanho, cada uma das ovelhas, dá a vida por todas.
A Igreja é a agricultura ou o campo de Deus (Cf 1Cor 3,9).
Neste campo, nesta vinha eleita, (Israel era a vinha do Senhor), a Videira verdadeira é Cristo (Cf Jo 15,1-5), cuja vida e fecundidade vai alimentando, dando seiva aos ramos, dando uvas abundantes (Cf Lumen Gentium 6).
Cada um de nós faz parte da Videira total, como ramos unidos Àquele que disse de Si mesmo: “Eu sou a Videira”. Daremos tanto mais fruto, quanto mais unidos a Jesus, quanto mais permanecermos n’Ele.
“A Igreja é também chamada muitas vezes construção de Deus (Cf 1 Cor3,9).
O próprio Senhor Se comparou à pedra que os construtores rejeitaram e que se tornou pedra angular (Mt.21,42; Act.4,11; 1 Pe 2,7; Sl 118, 22).
Sobre este fundamento é a Igreja construída sobre os Apóstolos (Cf 1 Cor 3,11), e dele recebe firmeza e coesão” (Catecismo da Igreja Católica, 756).
E neste mesmo número afirma-se ainda que esta construção recebe vários nomes: casa de Deus, habitação de Deus, tabernáculo de Deus, templo santo de Deus.
Somos, como cristãos, “pedras vivas” (Cf 1 Pe 2,5) deste Templo, a santa Mãe Igreja, a Esposa de Cristo, o seu Corpo Místico.
“A Igreja é também chamada Jerusalém do Alto, e nossa mãe (CF Gl 4,26; Ap 12,17), é também descrita como esposa imaculada do Cordeiro sem mancha (Cf. Apo 19,7; 22,17), a qual Cristo amou, pela qual Se entregou para a santificar (Cf Ef 5,25-26), que uniu a Si por um vínculo indissolúvel, e à qual, sem cessar, ‘alimenta e presta cuidados’(Ef 5,29) (Cf Lumen Gentium 6).
Igreja Mãe que nos gera pelo baptismo e nos alimenta pelos outros sacramentos, sobretudo pela Eucaristia, onde temos Jesus, a fonte da graça.
Além destas denominações e símbolos aprece-nos ainda o termo riquíssimo de conteúdo, da Igreja como “sacramento”.
O Concílio, na Constituição Dogmática Lumen Gentium (1) afirma: “A Igreja em Cristo é como que o sacramento ou sinal e instrumento da íntima união com Deus e da unidade de todo o género humano”.
Se é sacramento é sinal de graça, manifesta e actualiza o mistério do amor de Deus pelos homens. A Igreja “é assumida por Ele como instrumento da redenção universal”(Lumen Gentium, 9).
Dário Pedroso, s.j.
Labat n.º 62 de Junho de 2006

Sem comentários:

Enviar um comentário