07 outubro, 2010

2. O que distingue o RCC dos outros grupos na Igreja?

Série: “Reflexões sobre o Renovamento Carismático Católico”


2. O que distingue o RCC dos outros grupos na Igreja?

A característica distintiva do RCC é que o papel do Espírito Santo, na Igreja, não se modificou desde os primeiros séculos.
Hoje podemos experimentar a Sua vinda, o Seu poder e os Seus dons, do mesmo modo que foram experimentados pelos primeiros cristãos. Esta experiência deveria ser normativa na Igreja hoje.
Uma prova da autenticidade desta vivência não depende, primariamente, da análise da própria experiência, mas antes no estudo dos efeitos nas vidas individuais das pessoas. Em muitos testemunhos, saídos do Renovamento Carismático Católico, a Igreja comentou os bons frutos que encontrou. Os frutos falam mais alto!
A nossa interpelação deverá ser: Quais são as coisas mais importantes que fazemos? Quais são os nossos dons para a Igreja?
Estou convencido que o nosso dom mais importante para a Igreja é a Efusão no Espírito Santo.
O Cardeal Suenens escreveu em 1996: “a alma do Renovamento – a Efusão do Espírito Santo – é a graça refrescada do Pentecostes oferecido a todos os cristãos”.
Esta graça conduzir-nos-á a uma relação viva e pessoal com Deus – Pai, Filho e Espírito Santo – e ajudar-nos-á a buscar a santidade.
Com a Efusão do Espírito Santo vêm os dons espirituais e os carismas, os quais o Concílio Vaticano II nos recorda e diz que são: “convenientes e úteis para as necessidades da Igreja” (Lúmen Gentium 12).

- Entre os dons recebidos, devemos oferecer as nossas orações, louvores e adorações, fortalecidos pelo dom das línguas.
- Igualmente importante é a nossa fé expectante. Termos confiança que Deus vai actuar. Infelizmente, muitas vezes, esta expectativa perde-se na Igreja. Muitos têm uma fé de doutrina, de crenças, mas nenhuma expectativa de que o Senhor alguma vez faça qualquer coisa.

O Renovamento restaurou na Igreja a convicção de que o Senhor cura e faz milagres através de pessoas comuns e nós vimos muitas curas acontecerem pela oração e pela imposição das mãos.
Mas devemos, também, admitir que houve muitas ocasiões em que as pessoas não foram curadas. Não sabemos porque o Senhor cura uns e não os outros; mas sabemos que devemos persistir na oração por aqueles que estão doentes.

- Outros dons que trazemos à Igreja é o sentido de alegria e da celebração. É excitante ser cristão hoje!

- Temos o desejo de sermos testemunhas, na certeza do conhecimento de que fomos empossados para a Nova Evangelização e para o serviço. Recebemos tudo o que precisamos para proclamar Cristo!

- O Renovamento Carismático Católico ajudou a trazer à vida uma das virtudes teologais – a Esperança. Milhões de pessoas sabem, agora, que podem confiar na promessa de Deus. Ele é fiel.

- Outro dom importante é a nossa voz profética na Igreja e no mundo.
O dom carismático da profecia é uma das maneiras através da qual Deus fala connosco Nesta nossa sociedade materialista e egoísta, necessitamos desesperadamente de ouvir a Sua voz. Somos chamados a falar e a actuar de uma forma profética.

- Porque o Espírito está muito vivo em nós, estamos também alertados para a necessidade de intercessão e do bem-estar espiritual.
Pelo Espírito Santo compreendemos que está a acontecer uma batalha espiritual da qual nós fazemos parte. Reconhecemos a presença de espíritos malignos e também do Espírito Santo. Por isso temos o papel e a tarefa de defendermos a Igreja contra o poder do mal. Os que não estão conscientes desta batalha não podem fazer.

- Finalmente, mas de maneira nenhuma com menos importância, foi-nos dada uma preocupação pela justiça, a paz e os assuntos sociais.

Estes assuntos são importantes e nós somos chamados a dar-lhes uma maior proeminência. O cristão tem de viver da fé. Da fé surgem as obras. O social, enquanto expressão de amor cristão, brota da caridade do Espírito em nós que me leva a descobrir o outro como meu irmão.

Onde estamos depois de 39 anos?

Hoje encontramo-nos humildemente no coração da vida da Igreja, somos aceites como membros da família. Não somos pára-quedistas algures nas franjas da Igreja.
Estamos no coração pulsante da Igreja.
Se alguma dúvida existe, apenas temos de ler o que os Papas Paulo VI e João Paulo II disseram sobre o Renovamento Carismático Católico.
O Secretariado Internacional do Renovamento Carismático Católico (ICCRS) é reconhecido pela Santa Sé como o corpo para a promoção do Renovamento Carismático Católico e com personalidade jurídica de acordo com o Cânon 116.
A maior parte das conferências dos Bispos reconhecem o Renovamento Carismático Católico de uma maneira ou de outra.
Algumas das Equipas de Serviço Nacional e Comunidades pediram-no e foi-lhes concedido os estatutos.
Passámos pela infância e a adolescência em direcção à maturidade da idade adulta. Temos agora 39 anos! Não perdemos o nosso zelo juvenil. Continuamos entusiastas e comprometidos. Mas somos menos superficiais e menos inocentes.
Fomos chamados pelo Papa João Paulo II à “maturidade eclesial”, o que significa fazermos a nossa parte na vida da Igreja.
Enfrentamos desapontamentos e muitas das nossas esperanças continuam irrealizáveis. Sabemos agora que muitas pessoas não estão preparadas para arriscar abraçarem a totalidade da vida no Espírito.
Não interessa o que possamos dizer ou fazer. Devemos ser perseverantes na oração e aceitarmos que apenas Deus nos pode transformar.
Nós experimentamos a presença poderosa do Espírito Santo a trabalhar em nós e através de nós. Sabemos quem somos em Cristo e o que Ele fez por nós.
Temos um grande testemunho para dar. Vemos coisas maravilhosas acontecerem à nossa volta. Pessoas a serem curadas. Vidas transformadas. Mortos espirituais a voltarem à vida e a mais difícil das pessoas tornar-se maravilhosa.
Cometemos muitos erros, mas estamos mais sábios e aprendemos com eles.
Compreendemos a importância de bons ensinamentos e boa formação para nos preparar a fim de desempenharmos um papel cada vez mais profundo na vida da Igreja.
Sabemos muito bem que o nosso chamamento especial é o do ensino e o da Efusão do Espírito. Este é o nosso dom primário para a Igreja.
É uma graça particular dada ao Renovamento Carismático Católico.
Também sabemos que na mente do Papa João Paulo II nós estávamos na linha da frente, proclamando o Evangelho juntamente com os nossos irmãos dos novos movimentos eclesiais e comunidades.
Na noite de Pentecostes de 1998, na Praça de S. Pedro, o Papa deu-nos uma missão: “Hoje, a partir desta praça, Cristo repete a todos vós: ide por todo o mundo e proclamai o Evangelho a todas as criaturas. (Mc 16, 15). Ele conta com cada um de vós.
O Senhor assegura-nos: “Amados, estarei convosco até ao fim dos tempos (Mt 28, 20) Amen!”
Abracemos esta missão em unidade com todos os movimentos eclesiais e novas comunidades, mas com a certeza de que ao o fazermos permanecemos igualmente proféticos e carismáticos.
De que serve o Renovamento Carismático sem carismas? É como o sal que perdeu o seu sabor – “Não serve para mais nada; só serve para ser lançado fora e ser pisado pelos homens.” (Mt 5, 13)
Como um dos líderes neste grande trabalho de Deus, há uma pergunta que eu tenho feito a mim próprio muitas vezes: É a minha liderança no Renovamento Carismático Católico algo que eu posso deixar quando achar que já não me apetece?
Eu não acredito que um chamamento de Deus seja algo que possamos tomar ou largar quando quisermos. Não devemos tentar restituir a Deus a Sua unção.
Não existe a palavra reforma para um cristão. Claro que, de tempos a tempos, passaremos de uma posição de responsabilidade para outra, talvez para um nível inferior.
Um dia, Deus pedir-nos-á que nos retiremos da liderança. Mas isso é algo para Ele decidir, não nós.
Mas, é nossa responsabilidade treinar novos líderes e dar-lhes posições de responsabilidade, preparando-os a fim de que o trabalho continue.
Foi-nos confiado uma coisa verdadeiramente notável: o dom de Deus. O dom de Deus é para nós. Não é nosso para o controlarmos ou para fazermos como quisermos, ou até para o devolver.
Quando estivermos cansados lembremo-nos de que a nossa responsabilidade é a de vivermos esta graça do Renovamento Carismático Católico o mais completamente que podermos, confiando no Senhor e partilhando-o com todos os que encontrarmos.
S. Paulo escreveu a Timóteo: “Convido-te a reavivar o dom de Deus que está em ti pela imposição das minhas mãos” (2Tim. 1, 6).
Que estas palavras estejam sempre presentes em nosso coração.
Quando caminhamos na vontade de Deus estamos em paz. Cristo morreu para nos dar a liberdade. Aceitemos a Sua doação em cada dia. Continuemos a caminhar com Ele no poder e na liberdade do Espírito Santo.
Para fazermos isto significa que temos de voltar o nosso EU (ego) para Deus e trabalharmos com fé para o Espírito.

- Significa que precisamos de ouvir, todos os dias, a voz e a orientação do Espírito Santo.
- Significa que teremos de fazer tudo na Sua força, não na nossa, e realizarmos tudo para a glória de Deus.
- Significa que é necessário darmos o poder, o controle de volta a Deus.

Caminhemos no Espírito.

Como nos recorda Zacarias: “Não pela força, nem pelo poder, mas pelo Meu Espírito, diz o Senhor” (Zac. 4, 6).
Caminhar no Espírito é caminhar no amor, na liberdade e no poder de Deus, não do homem.
Espero fazer a vontade de Deus o resto da minha vida e espero que vocês, nos vossos países, por todo o mundo, continuem a fazê-lo também, até um dia. Tenho esperança de que todos ouviremos estas palavra maravilhosas: “Muito bem, servo bom e fiel … vem participar da minha alegria.” (Mt 25, 21)
Charles Whitehead
Labat n.º 59, de Março de 2006

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