30 junho, 2018

Papa: Sangue de Cristo ensina a doar a vida aos outros

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Papa Francisco na Sala Paulo VI, diante de quadro de Jesus com o fundador da Família
do Preciosíssimo Sangue  (Vatican Media)
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O Papa Francisco propôs três aspetos, para o caminho de fé e de apostolado dos membros do Preciosíssimo Sangue: coragem da verdade, atenção com todos e capacidade de fascinar e comunicar. 

Manuel Tavares - Cidade do Vaticano 

O Papa Francisco concluiu as suas atividades na manhã deste sábado (30/6), recebendo na Sala Paulo VI, no Vaticano, cerca de 3.000 participantes no Encontro promovido pela Família do Preciosíssimo Sangue, composta pelas Sociedades de Vida Apostólica, Institutos religiosos masculinos e femininos e Associações de Leigos, que se inspiram na espiritualidade do Sangue de Jesus.

No seu discurso aos numerosos presentes, o Santo Padre disse que o mês de julho, que está para iniciar, é consagrado ao Preciosíssimo Sangue de Cristo e recordou:

Desde os primórdios do Cristianismo, o mistério do amor do Sangue de Cristo fascinou muitas pessoas, inclusive os seus santos Fundadores e Fundadoras. Eles cultivaram esta devoção colocando-a como base das suas Constituições, porque entenderam, com a luz da fé, que o Sangue do Redentor é fonte de salvação para o mundo”.
 
O sangue, explicou o Papa, é o sinal mais eloquente para manifestar o amor supremo da vida entregue aos outros. Esta doação repete-se em todas as celebrações Eucarísticas, como nova e eterna Aliança, derramado por todos em remissão dos pecados:

A meditação do sacrifício de Cristo leva-nos a fazer obras de misericórdia, dando a nossa vida por Deus e pelos irmãos. A meditação do mistério do Sangue de Cristo, derramado na cruz pela nossa salvação, conduz-nos aos sofredores, excluídos pela sociedade consumista e indiferente. Nesta perspetiva, reveste-se de importância o serviço que vós prestais à Igreja e à Sociedade”.
 
Por isso, Francisco propôs à Família do Precisíssimo Sangue três aspetos para ajudar nas suas atividades e testemunho cristão: coragem da verdade, atenção com todos e capacidade de fascinar e comunicar. Falando sobre o primeiro aspeto, ou seja, sobre a coragem da verdade, o Papa disse:

É importante ser pessoas corajosas, edificar comunidades corajosas, que não têm  medo de afirmar os valores do Evangelho e a verdade sobre o mundo e o homem. Trata-se de falar claro diante dos ataques contra a vida humana, dos males sociais, da dignidade da pessoa humana e das várias formas de pobreza”.
 
O testemunho dos discípulos de Jesus, disse Francisco, deve ser dado na vida paroquial e nos bairros, sem ser indiferentes, mas transformando os corações e a vida das pessoas. Aqui, o Papa falou sobre o segundo aspecto: a atenção com todos, sobretudo com os distantes:

Na sua missão, vós sois chamados a aproximarem-se de todos, fazerem-se entender por todos, serem ‘populares’, ou seja, ter uma linguagem com a qual todos possam compreender a mensagem evangélica. Os destinatários do amor e da bondade de Jesus são todos aqueles que estão próximos, mas sobretudo os distantes”.
 
Por isso, sugeriu Francisco, é preciso descobrir as formas mais apropriadas para aproximar os irmãos, nas suas casas, ambientes sociais e nas ruas, como faziam os discípulos de Jesus. Sejam imagens de uma Igreja que caminha pelas ruas, entre as pessoas, até arriscando a própria vida.

Por fim, o Santo Padre explicou o terceiro aspecto para ajudar a Família do Preciosíssimo Sangue nas suas atividades e testemunho de vida: a capacidade de fascinar e comunicar:

Esta capacidade refere-se à pregação, à catequese, ao aprofundamento da Palavra de Deus. Trata-se de envolver as pessoas na fé cristã e numa nova vida em Cristo. Assim fazia Jesus: dialogava com o povo para revelar o seu mistério. Por isso, é preciso imitar o etilo da pregação de Jesus”.
 
Depois de propor estes três aspetos, úteis para o caminho de fé e do apostolado dos membros do Preciosíssimo Sangue de Cristo, Francisco recordou: “Nunca devemos esquecer que a verdadeira força do testemunho cristão deriva do Evangelho de Jesus”.

Por fim, o Papa citou alguns Santos místicos e Padres da Igreja que deram maior impulso à devoção do Preciosíssimo Sangue, entre os quais São Gaspar de Búfalo, sacerdote romano, fundador dos Missionários do Preciosíssimo Sangue, que, com a sua caridade e humildade soube ser portador de reconciliação e de paz, sobretudo entre os mais necessitados e excluídos da sociedade.

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29 junho, 2018

No Angelus, Papa saúda delegação ecuménica

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“Que esta tradicional presença, exortou Francisco, seja um ulterior sinal do caminho de comunhão e fraternidade que, graças a Deus, caracteriza as nossas Igrejas”, disse Francisco. 

Manoel Tavares - Cidade do Vaticano 
Após a celebração Eucarística nesta sexta-feira (29/06), Solenidade de São Pedro e São Paulo, o Papa Francisco rezou a oração do Angelus com os numerosos fiéis reunidos na Praça São Pedro. Na sua alocução mariana, o Santo Padre disse:

“Hoje, a Igreja peregrina, em Roma e no mundo inteiro, retorna às raízes da sua fé e celebra os Apóstolos Pedro e Paulo. Os seus restos mortais, que descansam nas duas Basílicas a eles dedicadas em Roma, são muito queridos aos romanos e aos numerosos peregrinos que aqui os veneram!”

O Filho de Deus vivo
O Papa recordou o diálogo de Jesus com os seus discípulos, narrado na liturgia da festa de hoje: “O que o Povo diz sobre o Filho do Homem? E vós, quem dizeis que Eu sou?”. Este é um episódio fundamental para o nosso caminho de fé. A resposta do povo, ou seja, a opinião pública corrente, é verdadeira, mas parcial; Ao invés, Pedro, - a Igreja de todos os tempos, - responde a verdade, pela graça de Deus: “Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo”. E Francisco explicou:
“Durante séculos, o mundo definiu Jesus de diversos modos: um grande profeta da justiça e do amor; um mestre sábio de vida; um revolucionário; um sonhador dos sonhos de Deus... Porém, a resposta de Pedro, homem humilde e cheio de fé, resume toda a verdade evangélica: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”.

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 Oracão do Angelus 2018-06-29

Ser sempre fiel ao Evangelho
De facto, afirmou o Papa, Jesus é o Filho de Deus!” Eis a experiência de Pedro e de todo cristão, que brota da Santíssima Trindade. Mas a partir da resposta de Pedro, Jesus também lhe respondeu: “Tu és Pedro e sobre esta rocha edificarei a minha Igreja...”. É a primeira vez que Jesus pronuncia a palavra Igreja, que, com amor, a define “minha Igreja”, a nova Comunidade de fiéis. E Francisco concluiu:

“Por intercessão da Virgem Maria, Rainha dos Apóstolos, que o Senhor conceda à sua Igreja, a Roma e ao mundo inteiro ser sempre fiel ao Evangelho, ao qual os Santos Pedro e Paulo consagraram as suas vidas”. 

Patriarcado Ecuménico de Constantinopla
Ao terminar a oração mariana do Angelus, o Santo Padre recordou aos fiéis, presentes na Praça São Pedro, a solene celebração da Eucaristia, que presidiu com os novos Cardeais, criados no Consistório desta quinta-feira (28/6), e a bênção dos Pálios sagrados, entregues aos Arcebispos Metropolitanos, nomeados neste ano, provenientes de diversos Países.
A todos o Papa renovou os seus agradecimentos e fez votos para que possam, com entusiasmo e generosidade, prestar sempre o seu serviço ao Evangelho e à Igreja.

O Santo Padre concluiu a saudação aos fiéis, recordando, de modo particular, a presença de uma Delegação do Patriarcado Ecuménico, que, por ocasião da Solenidade de São Pedro e São Paulo, é enviada pelo Patriarca Bartolomeu para participar nesta celebração. “Que esta tradicional presença, exortou Francisco, seja um ulterior sinal do caminho de comunhão e fraternidade que, graças a Deus, caracteriza as nossas Igrejas”.

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Papa Francisco: glória e cruz sejam inseparáveis

 
 
"Contemplar a vida de Pedro e a sua confissão significa reconhecer as tentações que acompanham a vida do discípulo. Como Pedro, seremos sempre tentados pelos 'sussurros' do maligno", disse o Pontífice na missa na Solenidade dos Santos apóstolos Pedro e Paulo.
 
Manoel Tavares - Cidade do Vaticano

O Santo Padre presidiu na manhã desta sexta-feira (29/6), na Praça de São Pedro, à solene celebração Eucarística por ocasião da Solenidade dos Apóstolos São Pedro e São Paulo.

Durante a cerimónia, o Papa entregou os Pálios sagrados aos 30 Arcebispos Metropolitanos nomeados durante o último ano.

Tu és o Messias
Na sua homilia, Francisco retomou a Tradição Apostólica, perene e sempre nova, que acende e revigora a alegria do Evangelho. E precisamente sobre o Evangelho de hoje, pôs em realce a pergunta que Jesus fez aos seus discípulos: “E vós, quem dizeis que Eu sou?”. Tomando a palavra, Pedro respondeu: “Tu és o Messias”, o Ungido, o Consagrado de Deus. E o Papa disse:

“Muito me apraz saber que foi o Pai a inspirar esta resposta a Pedro, que via como Jesus “ungia” o seu povo. Jesus, o Ungido que caminha, de aldeia em aldeia, com o único desejo de salvar e aliviar quem estava perdido: ungia os mortos, os enfermos, as feridas, o penitente. Unge a esperança! Assim, todo o pecador, derrotado, doente, pagão sentiam-se membros amados da família de Deus”. 

Ir a todos os cantos
Como Pedro, disse o Papa, também nós podemos confessar, com os nossos lábios e o coração, não só o que ouvimos, mas também a nossa experiência concreta de termos sido ressuscitados, socorridos, renovados, cumulados de esperança pela unção do Santo. E acrescentou:

“O Ungido de Deus leva o amor e a misericórdia do Pai até às extremas consequências. Este amor misericordioso exige ir a todos os cantos da vida e chegar a todos, ainda que pudesse colocar em perigo o próprio “nome”, as comodidades, a posição, o martírio”. 

Tentação à espreita
Perante este anúncio tão inesperado, Pedro reage a ponto de se tornar pedra de tropeço no caminho do Messias e até ser chamado “Satanás”. Contemplar a vida de Pedro e a sua confissão, afirmou o Papa, significa reconhecer as tentações que acompanham a vida do discípulo. Como Pedro, como Igreja, seremos sempre tentados pelos “sussurros” do maligno, que poderão ser pedra de tropeço para a nossa missão:

“Quantas vezes sentimos a tentação de ser cristãos, mantendo uma prudente distância das chagas do Senhor! Jesus toca a miséria humana; convida-nos a estar com Ele e a tocar nos sofrimentos dos outros. Confessar a fé, com a boca e o coração, exige identificar os “sussurros” do maligno; discernir e descobrir as “coberturas” pessoais e comunitárias, que nos mantêm à distância do drama humano real, impedindo-nos de entrar em contacto com a sua existência concreta”. 

Não separar a glória da cruz
Jesus, frisou Francisco, sem separar a cruz da glória, quer resgatar os seus discípulos e a sua Igreja dos triunfalismos vazios de amor, de serviço, de compaixão e de povo. Contemplar e seguir Cristo exige deixar o nosso coração abrir-se ao Pai e a todos com quem Ele se identificou: Ele jamais abandona o seu povo! O Papa concluiu a sua homilia, com a exortação:

“Confessemos com os nossos lábios e com o nosso coração que Jesus Cristo é o Senhor! Este é o nosso canto, que somos convidados a entoar todos os dias. Com a simplicidade, a certeza e a alegria de saber que a Igreja não brilha com luz própria, mas com a de Cristo: 'Já não sou eu que vivo, mas Cristo vive em mim'.”

Ouça a reportagem com a voz do Papa Francisco

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Programa e Calendário Diocesano 2018/2019



Descarregue aqui o programa e Calendário Diocesano para o ano pastoral 2018/2019. A edição em papel está disponível na Livraria Nova Terra, no Patriarcado de Lisboa e tem um custo de 1€ por exemplar.

- Programa e Calendário 2018/19 (páginas simples)

Programa e Calendário 2018/19 (spread)

- Ficheiro ical - (Descarregue, através do link, o ficheiro para o seu computador, smartphone ou tablet e adicione o calendário à sua agenda). Para uma melhor interpretação das siglas, sugerimos que descarregue aqui a lista com as descrições.


Patriarcado de Lisboa

28 junho, 2018

Papa aos novos cardeais: colocar-se aos pés dos outros para servir

 
 
No Consistório Ordinário Público para a criação de 14 novos cardeais, o Papa exortou a não cair nos ciúmes, invejas e intrigas, mas a voltar o olhar, os recursos, as expectativas e o coração para o que conta: a missão para com os irmãos.
 
Cidade do Vatican

O Papa Francisco presidiu, na tarde desta quinta-feira (28/06), na Basílica de São Pedro, no Vaticano, ao Consistório Ordinário Público para a criação de catorze novos cardeais.

O Pontífice iniciou a sua homilia, com a seguinte passagem do Evangelho de Marcos: “Estavam a caminho, subindo para Jerusalém. Jesus ia na frente deles.”

“O início desta passagem paradigmática de Marcos ajuda-nos sempre a ver como o Senhor cuida do seu povo com uma pedagogia incomparável. No caminho para Jerusalém, Jesus não Se esquece de preceder os seus.”

Francisco frisou que “Jerusalém representa a hora das grandes resoluções e decisões. Todos sabemos que, na vida, os momentos importantes e cruciais deixam falar o coração e manifestam as intenções e as tensões que vivem em nós”.

“Tais encruzilhadas da existência interpelam-nos e fazem surgir questões e desejos nem sempre transparentes do coração humano; é o que nos mostra, com grande simplicidade e realismo, o texto do Evangelho que acabamos de ouvir.” 

Não aos ciúmes, invejas e intrigas
“Em contraponto ao terceiro e mais duro anúncio da Paixão, o Evangelista não teme desvendar alguns segredos do coração dos discípulos: busca dos primeiros lugares, ciúmes, invejas, intrigas, ajustes e acordos; esta lógica não só desgasta e corrói a partir de dentro as relações entre eles, mas fecha-os e envolve-os em discussões inúteis e de pouca importância.”

“Entretanto Jesus não Se detém nisso, mas continua o Papa, precede-os e diz-lhes vigorosamente: ‘Não deve ser assim entre vós. Quem quiser ser grande entre vós, faça-se vosso servo’. Com este comportamento, o Senhor procura centrar de novo o olhar e o coração dos seus discípulos, não permitindo que discussões estéreis e autorreferenciais tenham espaço na comunidade.

Que adianta ganhar o mundo inteiro, se se fica corroído por dentro? Que adianta ganhar o mundo inteiro, se todos vivem prisioneiros de asfixiantes intrigas que secam e tornam estéril o coração e a missão? Nesta situação – como alguém observou –, poder-se-iam já vislumbrar as intrigas de palácio, mesmo nas cúrias eclesiásticas”, disse ainda o Papa. 

A missão
“Não deve ser assim entre vós”: é a resposta do Senhor, que constitui primeiramente um convite e uma aposta para recuperar o que há de melhor nos discípulos e, assim, não se deixarem arruinar e prenderem-se por lógicas mundanas que afastam o olhar daquilo que é importante. ‘Não deve ser assim entre vós’: é a voz do Senhor que salva a comunidade de se fixar demasiado em si mesma, em vez de dirigir o olhar, os recursos, as expectativas e o coração para o que conta, a missão.”

“Deste modo, Jesus nos ensina que a conversão, a transformação do coração e a reforma da Igreja são feitas, devem ser sempre a chave missionária, pois pressupõem que se deixe de olhar e cuidar dos interesses próprios para olhar e cuidar dos interesses do Pai.”

“A conversão dos nossos pecados, dos nossos egoísmos não é nem será jamais um fim em si mesmo, mas visa principalmente crescer em fidelidade e disponibilidade para abraçar a missão; e isto de tal maneira que na hora da verdade, especialmente nos momentos difíceis dos nossos irmãos, estejamos claramente dispostos e disponíveis para acompanhar e acolher a todos e cada um e não nos transformemos em ótimos repelentes por termos vistas curtas ou, pior ainda, por estarmos a pensar e a discutir entre nós quem será o mais importante”, disse ainda o Papa.
“ Quando nos esquecemos da missão, quando perdemos de vista o rosto concreto dos irmãos, a nossa vida fecha-se na busca dos próprios interesses e seguranças. ”
E, assim, começam a crescer o ressentimento, a tristeza e a aversão. Pouco a pouco diminui o espaço para os outros, para a comunidade eclesial, para os pobres, para escutar a voz do Senhor. Deste modo perde-se a alegria, e o coração acaba na aridez.”

“'Não deve ser assim entre vós – diz o Senhor – (…) e quem quiser ser o primeiro entre vós, faça-se o servo de todos'. É a bem-aventurança e o magnificat que somos chamados a entoar todos os dias. É o convite que o Senhor nos faz, para não esquecermos que a autoridade na Igreja cresce com esta capacidade de promover a dignidade do outro, ungir o outro, para curar as suas feridas e a sua esperança tantas vezes ofendida.

É lembrar que estamos aqui porque fomos enviados para ‘anunciar a Boa-Nova aos pobres, proclamar a libertação aos cativos e, aos cegos, a recuperação da vista; para mandar em liberdade os oprimidos, para proclamar um ano favorável da parte do Senhor’.” 

Colocar-se aos pés dos outros para servir a Cristo
Amados irmãos cardeais e novos cardeais! Estando nós na estrada para Jerusalém, o Senhor caminha à nossa frente para nos lembrar mais uma vez que a única autoridade crível é a que nasce do se colocar aos pés dos outros para servir a Cristo. É a que deriva de não esquecer que Jesus, antes de inclinar a cabeça na cruz, não teve medo de Se inclinar diante dos discípulos e lavar os seus pés.

Esta é a mais alta condecoração que podemos obter, a maior promoção que nos pode ser dada: servir Cristo no povo fiel de Deus, no faminto, no esquecido, no recluso, no doente, no toxicodependente, no abandonado, em pessoas concretas com as suas histórias e esperanças, com os seus anseios e decepções, com os seus sofrimentos e feridas. Só assim a autoridade do pastor terá o sabor do Evangelho e não será «como um bronze que soa ou um címbalo que retine» (1 Cor 13, 1).

Nenhum de nós deve sentir-se ‘superior’ aos outros. Nenhum de nós deve olhar os outros de cima para baixo; só podemos olhar assim uma pessoa, quando a ajudamos a levantar-se. 

Testamento espiritual de São João XXIII
"Gostaria de recordar convosco uma parte do testamento espiritual de São João XXIII que, já adiantado no caminho, pôde dizer: «Nascido pobre, mas de gente honrada e humilde, sinto-me particularmente feliz por morrer pobre, tendo distribuído, segundo as várias exigências e circunstâncias da minha vida simples e modesta ao serviço dos pobres e da Santa Igreja que me alimentou, tudo o que me chegou às mãos – em medida, aliás, muito limitada – durante os anos do meu sacerdócio e do meu episcopado.

Aparências de fartura encobriram, muitas vezes, espinhos ocultos de pobreza aflita que me impediram de dar mais do que eu gostaria. Agradeço a Deus por esta graça da pobreza, de que fiz voto na minha juventude, pobreza de espírito, como Padre do Sagrado Coração, e pobreza real; e por me sustentar para nunca pedir nada, nem lugares, nem dinheiro, nem favores, nunca, nem para mim nem para os meus parentes ou amigos» (29 de junho de 1954)."

Papa Francisco cria catorze novos cardeais

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Papa Francisco - Consistório Público


Basílica de São Pedro - Consistório Ordinário Público para a criação de novos Cardeais

27 junho, 2018

Consistório e cardeais: uma história que viaja no tempo

 
Pio XI no Consistório de 1935
 
As origens do Consistório: uma viagem no tempo com textos, para compreender a riqueza de hoje. 
 
Cidade do Vaticano

No Consistório Ordinário público desta quinta-feira (28/06), serão criados pelo Papa Francisco 14 novos cardeais. A história do cardinalato tem origens longínquas. A palavra deriva do latim “cardo/cardinis”, em português “gonzo ou eixo”, algo que gira, neste caso, em torno do Papa. De facto, o papel dos cardeais está estreitamente ligado não apenas com a eleição do Pontífice, mas à colaboração com o Papa na sua função de Pastor da Igreja universal, como explica o Código de Direito Canónico em mérito. 

A origem dos cardeais
Na Igreja antiga o Papa tinha como colaboradores alguns presbíteros responsáveis pelo cuidado das mais antigas igrejas de Roma, diáconos que administravam o Palácio de Latrão e os sete departamentos de Roma, e os bispos suburbicários, ou seja das dioceses próximas de Roma. A partir dos colaboradores nasceram os cardeais e as três ordens: os cardeais-bispos, os cardeais-presbíteros e os cardeais-diáconos.

Mas foi com Nicolau II, em 1059, que a eleição foi reservada apenas aos cardeais bispos romanos e não mais ao clero da Diocese de Roma. Em 1179, Papa Alexandre III ampliou este direito a todos os cardeais, e foi no século XII que começaram a ser nomeados cardeais também os prelados residentes fora de Roma. 

Quem pode ser nomeado cardeal
Até ao século XX os leigos também podiam ser nomeados cardeais e logo depois recebiam a ordenação diaconal, mas em 1918 Bento XV decidiu que todos os cardeais deveriam ser ordenados presbíteros. João XXIII decidiu que deveriam ser ordenados bispos. Atualmente os cardeais podem ser livremente eleitos pelo Papa entre os clérigos que tenham recebido pelo menos o presbiterado. De facto, os últimos três Papas, elevaram à dignidade cardinalícia também sacerdotes com mais de 80 anos, portanto sem direito a voto no Conclave. 
 
O Consistório
Os novos cardeais são criados no Consistório. Voltando atrás no tempo pode-se ver como o termo tenha as suas origens na antiga Roma: o “sacro consistório” era o conselho privado do imperador formado pelos seus colaboradores mais próximos. Portanto os Consistórios são reuniões do Colégio Cardinalício e dividem-se em ordinários e extraordinários: os primeiros com os cardeais residentes em Roma, enquanto que nos extraordinários devem participar todos os cardeais. O Consistório para a criação de cardeais é o Ordinário Público.
 
Também é interessante saber que nem todos os nomes dos cardeais são conhecidos com antecedência, pois há casos raros em que o nome não é revelado por razões de perigo e portanto para protegê-los. 

O Conclave
No Conclave, os cardeais elegem o Pontífice. Enquanto nos primeiros séculos o número oscilava entre 20 e 40, mas com o Papa Sisto V, em 1586, foi fixado em 70, e por fim Paulo VI elevou o número de cardeais eleitores para um máximo de 120. Um limite confirmado pelos Sucessores, com algumas derrogações. Atualmente o Colégio conta com 212 cardeais, dos quais 114 eleitores e 98 não eleitores, e com o Consistório desta quinta-feira (28/06) somar-se-ão outros 14 novos cardeais, dos quais 3 não eleitores.
 
Foi o próprio Paulo VI com a Carta Apostólica Ingravescentem Aetatem a estabelecer o limite de 80 anos para os cardeais que elegem o Papa. Hoje os cardeais são provenientes dos cinco continentes e precisamente de 83 países.

Entre os cardeais há o Decano do Colégio cardinalício, que é eleito e preside o Colégio dos Cardeais e o Conclave. Também há a figura do Camerlengo que administra os bens da Santa Sé, assume a sede vacante e convoca o Conclave. O primeiro dos cardeais-diáconos chama-se protodiácono (que é cardeal há mais tempo) e deve anunciar ao povo cristão a eleição do novo Papa com o conhecido Habemus Papam. 

Os sinais
Os sinais que distinguem a nomeação cardinalícia são a designação de uma igreja de Roma (Título ou Diaconia), o anel, em uso desde o século XII, e o barrete vermelho púrpura. Uma cor que caracteriza as vestes dos purpurados e retoma o sinal de disponibilidade ao martírio. 
 
Papa Francisco e os cardeais
Nos Consistórios realizados pelo Papa Francisco, ele recordou a todos os novos cardeais a sua vocação a servir. “Ele não vos chamou para vos tornardes ‘príncipes’ na Igreja, para vos ‘sentardes à sua direita ou à sua esquerda’. Chama-vos para servir como Ele e com Ele. Para servir ao Pai e aos irmãos”, disse no Consistório público de 28 de junho de 2017.
 
Convidou também para gastar a própria vida apoiando a esperança do povo, como “sinais de reconciliação”. “Amado irmão neo-cardeal – disse em 2016 - o caminho para o céu começa na planície, no dia-a-dia da vida repartida e partilhada, de uma vida gasta e doada: na doação diária e silenciosa do que somos. O nosso cume é esta qualidade do amor; a nossa meta e aspiração é procurar na planície da vida, juntamente com o Povo de Deus, transformar-nos em pessoas capazes de perdão e reconciliação”.

Outras significativas palavras do Papa foram no Consistório de 2015, quando recordou aos neo-cardeais que o chamamento é para serem homens de esperança e caridade e no ano anterior disse, para serem homens de paz.

Também recorda-se que o Papa Francisco, com um Quirógrafo de 2013, instituiu no Conselho de Cardeais, chamado C9, para coadjuvá-lo no governo da Igreja universal e propor a revisão da Constituição Apostólica Pastor bonus sobre a Cúria Romana.

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D. António Marto: O cardinalato “é o dom do Papa Francisco a Fátima"

 
 Dom António Marto
 
Palavras do novo Cardeal português no encerramento do Simpósio Teológico-Pastoral em Fátima.
 
Domingos Pinto-Lisboa
“O cardinalato é o dom do Papa Francisco a Fátima, para pôr em relevo quer a Mensagem quer o trabalho que aqui se faz como paradigma e modelo para os outros”, afirmou D. António Marto no passado dia 24 de junho em Fátima no encerramento do Simpósio Teológico-Pastoral.

O novo Cardeal português disse esperar que a sua elevação ao cardinalato “seja um sinal de Deus para nós. Para mim não contava com isto, dispensava bem isto, mas ponhamos isso no projeto de Deus para a diocese”, acrescentou D. António Marto.

Uma elevação ao cardinalato que para D. Carlos Azevedo, Delegado do Conselho Pontifico para a Cultura, “representa um modo que o Papa Francisco tem de fazer uma escolha que seja uma garantia de continuidade para uma perspetiva iniciada”.

Por sua vez Eugénio da Fonseca, Presidente da Cáritas Portuguesa, diz que D. António Marto “é um vulto intelectual, um homem frontal, de uma fidelidade muito grande à igreja”.

Na mesma linha as declarações ao portal da Santa Sé de Francisco Noronha Andrade, Servita de Fátima, que fala num “gesto do Papa Francisco com Portugal ligado a Nossa Senhora de Fátima e ao Santuário de Fátima de uma ternura e de uma ligação imensa”.

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Papa: os Mandamentos são um caminho de libertação

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"Colocar a lei antes da relação com Deus não ajuda o caminho de fé", disse o Papa ao comentar o texto inicial do Decálogo
 
Bianca Fraccalvieri – Cidade do Vaticano

Cerca de 15 mil fiéis enfrentaram o calor do verão romano para participar da Audiência Geral na Praça S. Pedro.
A primeira etapa da Audiência foi na Sala Paulo VI, onde os doentes foram acomodados justamente devido ao sol e ali puderam saudar o Pontífice. “O Senhor reserva um lugar especial no seu coração para quem apresenta qualquer tipo de deficiência e assim é para o Sucessor de São Pedro”, disse o Papa.
Já na Praça, Francisco deu continuidade ao ciclo sobre os Mandamentos, falando do texto inicial do Decálogo. Os Dez Mandamentos começam com a seguinte frase: “Eu sou o Senhor teu Deus, que te fiz sair do Egito, da casa da servidão” (Ex, 20,2). 

Deus salva, depois pede
O Decálogo, explicou o Papa, começa com a generosidade de Deus. “Deus jamais pede sem dar antes. Primeiro salva, depois pede. Assim é o nosso Pai”, afirmou.
“Eu sou o Senhor teu Deus.” Há um possessivo, uma relação. Deus não é um estranho: é o teu Deus. Isto ilumina todo o Decálogo e revela também o segredo do agir cristão, porque é a mesma atitude de Jesus, que diz: “Assim como o Pai me amou, também eu vos amei” (Gv 15,9). Ele não parte de si, mas do Pai. 

Quem parte de si mesmo….chega a si mesmo!
“As nossas obras podem ser uma falência quando partimos de nós mesmos e não da gratidão. E quem parte de si mesmo….chega a si mesmo! É incapaz de progredir, volta para si, é uma atitude egoísta.”
Antes de tudo, prosseguiu Francisco, a vida cristã é a resposta grata a um Pai generoso. Os cristãos que somente seguem “deveres” mostram que não têm uma experiência pessoal daquele Deus que é “nosso”. O fundamento deste dever é o amor de Deus Pai, que antes dá e depois manda. Colocar a lei antes da relação não ajuda o caminho de fé. 

Caminho de libertação
“Como um jovem pode desejar ser cristão se o ponto de partida são obrigações, empenhos, coerência e não a libertação?”, questionou o Papa. Ser cristão é um caminho de libertação e os Mandamentos libertam-nos do nosso egoísmo. A formação cristã não está baseada na força de vontade, mas no acolhimento da salvação. Primeiro salva no Mar Vermelho, depois liberta no Monte Sinai. A gratidão é um elemento característico do coração visitado pelo Espírito Santo, disse o Papa, propondo um “pequeno exercício em silêncio”.
“ Quantas coisas belas Deus fez por mim? Em silêncio, cada um responda. Esta é a libertação de Deus! ”
Clamar para ser socorrido
Todavia, pode acontecer que um cristão dentro de si encontre somente o sentido do dever, uma espiritualidade de servos e não de filhos. Neste caso, é preciso fazer como fez o povo eleito: devem clamar para que sejam socorridos.
A ação libertadora de Deus no início do Decálogo é a resposta a este clamor. Nós não nos salvamos sozinhos, mas de nós pode partir um pedido de ajuda. “Senhor, salva-me, indica-me o caminho, acaricia-me, dá-me um pouco de alegria.” Isto cabe a nós: pedir para sermos libertados.
O Papa então concluiu:

“Deus não nos chamou à vida para permanecermos oprimidos, mas para ser livres e viver na gratidão, obedecendo com alegria Àquele que nos deu tanto, infinitamente mais daquilo que jamais poderemos dar a Ele. Isto é belo. Que Deus seja abençoado por tudo aquilo que fez, faz e fará em nós.”



VATICAN NEWS

BASTA UM “AMO-TE”!





Nada! Vazio!
Quero escrever, ou melhor, escrever-Te, e nada, estou vazio, nem um pensamento, um sentimento, uma emoção!
Nada, mesmo nada!

E, no entanto, Senhor, Tu mereces tudo, porque Tu és o tudo para mim.

Quero tanto dizer-Te o que me vai no coração, o que vai no meu ser, da minha vontade de estar contigo e fazer a Tua vontade, e nada, nem uma palavra me toca ou me move!

Quero cantar-Te, louvar-Te, bendizer-Te, adorar-Te, e nada, nem um movimento, nem um sentimento, nem um leve estremecer!

Quero tanto caminhar contigo, seguir-Te, deixar-me envolver por Ti, e nada, nem um passo, nem um abrir de braços desperta em mim!

E agora, Senhor, e agora?

Ouço-Te e vejo o Teu sorriso amoroso:
Basta um “amo-Te”, meu filho, para Eu te apertar ainda mais nos Meus braços!
Eu apenas leio o que o teu coração escreve, voltado para Mim!


Monte Real, 27 de Junho de 2018
Joaquim Mexia Alves

26 junho, 2018

Dia de apoio às vítimas de tortura. Papa: "Torturar é pecado mortal"

 
 
Celebra-se a 26 de junho o Dia Internacional de Apoio às Vítimas de Tortura. Não obstante as proibições internacionais, ainda hoje inúmeras pessoas sofrem tratamentos desumanos.
 
Cidade do Vaticano

A Assembleia Geral das Nações Unidas proclamou 26 de junho, como o Dia Internacional de Apoio às Vítimas de Tortura. A ONU condenou sempre a tortura como um dos atos mais vis cometidos por seres humanos contra seus semelhantes.

Segundo o Direito Internacional, trata-se de um crime que não pode ser justificado em nenhuma circunstância. Isto aplica-se a todos os membros da comunidade internacional, independentemente do facto de que o Estado tenha ou não ratificado tratados internacionais em que a tortura é expressamente proibida.
Não obstante o Direito Internacional e a Declaração Universal dos Direitos Humanos, ainda hoje esta prática se verifica em muitas prisões ou como arma de guerra.
 

A condenação do Papa
No decorrer do seu pontificado, o Santo Padre foi contundente ao condenar esse crime. “Torturar as pessoas é um pecado mortal, é um pecado muito grave”, disse no Angelus de 22 de junho de 2014. “Convido os cristãos a se empenharem para colaborar na sua abolição, apoiar as vítimas e seus familiares”. 

A visita do Pontífice a Auschwitz
Durante a sua viagem à Polónia, Expressou-se assim: "A crueldade não acabou em Auschwitz e Birkenau. Hoje, pessoas são torturadas. Muitos prisioneiros são torturados para que falem, terrível, hoje há homens e mulheres que vivem como animais em prisões superlotadas”. 

Combate e prevenção à tortura
No Brasil, a Pastoral Carcerária tem um trabalho de combate e prevenção à tortura em todos seus aspetos: físico, psicológico, social e espiritual.

Um dos resultados deste trabalho de denúncia foi o relatório: Tortura em Tempos de Encarceramento em Massa, lançado em 2016.

O relatório é o resultado de dois anos de acompanhamento e análise de 105 casos de torturas que foram denunciados pela Pastoral Carcerária, além de uma experiência de monitoramento em 19 unidades prisionais no Estado de São Paulo que abrigam presos provisórios. 

Tortura não é exceção, e sim a regra 
O estudo mostra que a tortura no Brasil continua extremamente viva e presente, e que a quase totalidade da população carcerária brasileira encontra-se em condições desumanas e de absoluta ilegalidade; sendo assim, não seria equivocado afirmar que nunca antes tantos brasileiros privados de liberdade foram expostos à tortura.

Todas as denúncias dos 105 casos de tortura presentes no relatório foram arquivadas pelo Ministério Público.

Para o Padre Valdir Silveira, coordenador nacional da Pastoral Carcerária, isto mostra que a tortura não é exceção, mas sim a regra do sistema carcerário.

“O sistema carcerário do Brasil é caracterizado por produzir massacres, torturas e mortes. É um sistema criado para deixar a pessoa doente. Quando uma pessoa se adapta ao sistema carcerário, quer dizer que ela é imprópria para viver na sociedade, porque se adaptou a um ambiente que tirou toda sua individualidade, criatividade e habilidade de agir como um ser humano racional”.

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