21 junho, 2018

Papa aponta para o ecumenismo: caminhar, rezar e trabalhar juntos



Definindo-se um “peregrino em busca de unidade e de paz", o Papa Francisco participou da oração ecuménica na sede do Conselho Mundial de Igrejas, em Genebra. 

Bianca Fraccalvieri - Cidade do Vaticano 

O Papa Francisco deixou o Vaticano na manhã desta quinta-feira (21/06) para uma peregrinação ecuménica em Genebra.

Depois de uma hora e quarenta minutos de voo, o Pontífice chegou à cidade suíça por volta das 10h, onde foi recebido pelo Presidente da Confederação Helvécia, Alain Berset, no aeroporto internacional da cidade para uma breve cerimónia de boas-vindas e um encontro privado.

Na sequência, o Papa transferiu-se de carro até o Centro Ecuménico do Conselho Mundial de Igrejas, pois justamente este é o motivo dessa peregrinação: celebrar os 70 anos desta instituição, criada depois da II Guerra Mundial. 

Mais de 500 milhões de fiéis
O Conselho Mundial de Igrejas (CMI) é a maior organização mundial do movimento ecuménico, com o mais alto número de membros: são 345 comunidades cristãs de mais de 110 países, com exceção da Igreja Católica, e compreende reformados, luteranos, anglicanos metodistas, batistas, ortodoxos e outras Igrejas. Representa mais de 500 milhões de fiéis em todo o mundo, cuja sede é Genebra.
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No Centro Ecuménico do CMI, realizou-se uma oração comum, com a participação de cerca de 230 pessoas – ocasião em que o Pontífice pronunciou o primeiro discurso do dia. 

Caminhar segundo o Espírito 
Inspirado na leitura extraída da Carta aos Gálatas, Francisco propôs uma reflexão sobre a expressão “Caminhar segundo o Espírito”.

“Caminhar segundo o Espírito é rejeitar o mundanismo. É escolher a lógica do serviço e avançar no perdão. É inserir-se na história com o passo de Deus: não com o passo ribombante da prevaricação, mas com o passo cadenciado por «uma única palavra: Ama o teu próximo como a ti mesmo» (Gal 5, 14).”

No decurso da história, afirmou o Papa, as divisões entre cristãos deram-se porque na raiz, na vida das comunidades, infiltrou-se uma mentalidade mundana: primeiro cultivavam-se os próprios interesses e só depois os de Jesus Cristo. A direção seguida era a da carne, não a do Espírito.

“Mas o movimento ecuménico, para o qual tanto contribuiu o Conselho Ecuménico das Igrejas, surgiu por graça do Espírito Santo”, recordou o Papa. 

Ser do Senhor 
É preciso escolher ser de Jesus antes que de Apolo ou de Cefas, antepor o ser de Cristo ao facto de ser «judeu ou grego», ser do Senhor antes que da direita ou da esquerda, escolher em nome do Evangelho o irmão antes que a si mesmo.

A resposta aos passos vacilantes, prosseguiu o Papa, é sempre a mesma: caminhar segundo o Espírito, purificando o coração do mal, escolhendo com obstinação o caminho do Evangelho e recusando os atalhos do mundo.

“Depois de tantos anos de empenho ecuménico, neste septuagésimo aniversário do Conselho, peçamos ao Espírito que revigore o nosso passo. (…) Que as distâncias não sejam desculpas! É possível, já agora, caminhar segundo o Espírito. Rezar, evangelizar, servir juntos: isto é possível. Caminhar juntos, rezar juntos, trabalhar juntos: eis a nossa estrada-mestra.” 

Unidade 
Esta estrada tem uma meta concreta: a unidade. A estrada oposta, a da divisão, leva a guerras e destruições. “O Senhor pede-nos unidade; o mundo, dilacerado por demasiadas divisões que afetam sobretudo os mais fracos, invoca unidade.”

Francisco concluiu o seu discurso definindo-se como um “peregrino em busca de unidade e de paz”. “Agradeço a Deus porque aqui encontrei irmãos e irmãs já a caminho. Que a Cruz nos sirva de orientação, porque lá, em Jesus, foram abatidos os muros de separação e foi vencida toda a inimizade: lá compreendemos que, apesar de todas as nossas fraquezas, nada poderá jamais separar-nos do seu amor.

Ouça a reportagem com a voz do Papa Francisco


 
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