25 junho, 2018

Vida humana: Papa Francisco propõe uma visão global da bioética

 
Papa saúda o presidente da Pontifícia Academia para a Vida, Dom Vicenzo Paglia  (Vatican Media)
 
Para Francisco, a sacralidade da vida embrional deve ser defendida com a mesma paixão que a sacralidade da vida dos pobres que já nasceram. 
 
Bianca Fraccalvieri - Cidade do Vaticano

O Papa Francisco concluiu a sua série de audiências recebendo os participantes da Plenária da Pontifícia Academia para a Vida.

A Plenária realiza-se no Vaticano de 25 a 27 de junho, sobre o tema “Iguais no nascimento? Uma responsabilidade global”. 

Cardeal Elio Sgreccia
No início do seu discurso, o Pontífice agradeceu publicamente o empenho e a dedicação do Cardeal Elio Sgreccia, um dos maiores especialistas em bioética do mundo e presidente da Pontifícia Academia para a Vida no passado. Hoje, este cargo é ocupado pelo arcebispo Vincenzo Paglia.

Para Francisco, quando se fala de vida humana é preciso considerar a qualidade ética e espiritual da vida em todas as suas fases: desde a concepção até a morte. Mas não só a vida biológica: existe a vida eterna, existe a vida que é família e comunidade, existe a vida humana frágil e doente, ofendida, marginalizada, descartada. “É sempre vida humana”, reiterou o Papa. 

A síndrome de Narciso
“Quando entregamos as crianças à privação, os pobres à fome, os perseguidos à guerra, os idosos ao abandono, não fazemos nós mesmos o trabalho ‘sujo’ da morte?”, questionou o Pontífice.

Excluindo o outro do nosso horizonte, a vida fecha-se em si mesma e torna-se bem de consumo. Como Narciso, acrescentou Francisco, tornamo- nos homens e mulheres-espelho, que se veem somente a si mesmos e nada mais. 

Visão global da bioética
Por isso, é necessária uma visão global da bioética. Em primeiro lugar, explica o Papa, esta bioética global será uma modalidade específica para desenvolver a perspectiva da ecologia integral, própria da Encíclica Laudato si’. Portanto, temas como a relação entre pobreza e fragilidade do planeta, a crítica ao novo paradigma e às formas de poder, a cultura do descarte e a proposta de um novo estilo de vida.

Em segundo lugar, um discernimento meticuloso das complexas diferenças fundamentais da vida humana: do homem e da mulher, da paternidade da maternidade, a fraternidade, a sexualidade, a doença, o envelhecimento, a violência e guerra. 

Defender a sacralidade da vida
Para Francisco, a sacralidade da vida embrional deve ser defendida com a mesma paixão que a sacralidade da vida dos pobres que já nasceram.

A bioética global, portanto, requer um discernimento profundo e objetivo da valor da vida pessoal e comunitária, que deve ser protegida e promovida também nas condições mais difíceis.

Todavia, observou o Papa, a regulamentação jurídica e a técnica não são suficientes para garantir o respeito à dignidade da pessoa.

A perspectiva de uma globalização que tende a aumentar a aprofundar as desigualdades pede uma resposta ética a favor da justiça. Por isso é importante estarmos atentos a fatores sociais e económicos, culturais e ambientais que determinam a qualidade de vida da pessoa humana. 

Destino último da vida humana
Por fim, é preciso interroga-mo-nos mais profundamente sobre o destino último da vida.

“A vida do homem, encantadora e frágil, remete além de si mesma: nós somos infinitamente mais do que daquilo que podemos fazer para nós mesmos.”

A sabedoria cristã, concluiu o Papa, deve reabrir com paixão e audácia o pensamento do destino do género humano à vida de Deus, que prometeu abrir ao amor da vida além da morte.

Ouça a reportagem com a voz do Papa Francisco

VATICAN NEWS

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