Papa saúda o presidente da Pontifícia Academia para a Vida, Dom Vicenzo Paglia
(Vatican Media)
Para Francisco, a sacralidade da vida
embrional deve ser defendida com a mesma paixão que a sacralidade da
vida dos pobres que já nasceram.
Bianca Fraccalvieri - Cidade do Vaticano
O Papa Francisco concluiu a sua série de audiências recebendo os participantes da Plenária da Pontifícia Academia para a Vida.
A Plenária realiza-se no Vaticano de 25 a 27 de junho, sobre o tema “Iguais no nascimento? Uma responsabilidade global”.
Cardeal Elio Sgreccia
No início do seu discurso, o Pontífice agradeceu publicamente o
empenho e a dedicação do Cardeal Elio Sgreccia, um dos maiores
especialistas em bioética do mundo e presidente da Pontifícia Academia
para a Vida no passado. Hoje, este cargo é ocupado pelo arcebispo
Vincenzo Paglia.
Para Francisco, quando se fala de vida humana é preciso considerar a
qualidade ética e espiritual da vida em todas as suas fases: desde a
concepção até a morte. Mas não só a vida biológica: existe a vida
eterna, existe a vida que é família e comunidade, existe a vida humana
frágil e doente, ofendida, marginalizada, descartada. “É sempre vida
humana”, reiterou o Papa.
A síndrome de Narciso
“Quando entregamos as crianças à privação, os pobres à fome, os
perseguidos à guerra, os idosos ao abandono, não fazemos nós mesmos o
trabalho ‘sujo’ da morte?”, questionou o Pontífice.
Excluindo o outro do nosso horizonte, a vida fecha-se em si mesma e torna-se bem de consumo. Como Narciso, acrescentou Francisco, tornamo- nos homens e mulheres-espelho, que se veem somente a si mesmos e nada
mais.
Visão global da bioética
Por isso, é necessária uma visão global da bioética. Em
primeiro lugar, explica o Papa, esta bioética global será uma modalidade
específica para desenvolver a perspectiva da ecologia integral, própria
da Encíclica Laudato si’. Portanto, temas como a relação entre pobreza e
fragilidade do planeta, a crítica ao novo paradigma e às formas de
poder, a cultura do descarte e a proposta de um novo estilo de vida.
Em segundo lugar, um discernimento meticuloso das complexas
diferenças fundamentais da vida humana: do homem e da mulher, da
paternidade da maternidade, a fraternidade, a sexualidade, a doença, o
envelhecimento, a violência e guerra.
Defender a sacralidade da vida
Para Francisco, a sacralidade da vida embrional deve ser defendida
com a mesma paixão que a sacralidade da vida dos pobres que já nasceram.
A bioética global, portanto, requer um discernimento profundo e
objetivo da valor da vida pessoal e comunitária, que deve ser protegida e
promovida também nas condições mais difíceis.
Todavia, observou o Papa, a regulamentação jurídica e a técnica não
são suficientes para garantir o respeito à dignidade da pessoa.
A perspectiva de uma globalização que tende a aumentar a aprofundar
as desigualdades pede uma resposta ética a favor da justiça. Por isso é
importante estarmos atentos a fatores sociais e económicos, culturais e
ambientais que determinam a qualidade de vida da pessoa humana.
Destino último da vida humana
Por fim, é preciso interroga-mo-nos mais profundamente sobre o destino último da vida.
“A vida do homem, encantadora e frágil, remete além de si mesma: nós
somos infinitamente mais do que daquilo que podemos fazer para nós mesmos.”
A sabedoria cristã, concluiu o Papa, deve reabrir com paixão e
audácia o pensamento do destino do género humano à vida de Deus, que
prometeu abrir ao amor da vida além da morte.
VATICAN NEWS
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