Papa presidiu à procissão de Corpus Christi em Ostia, no litoral romano
No litoral romano, em Ostia, o Papa Francisco convidou os fiéis a viverem eucaristicamente: passando do eu ao tu.
Bianca Fraccalvieri - Cidade do Vaticano
De São João de Latrão ao litoral romano: o Papa Francisco presidiu na
tarde de domingo (03/06) à santa missa e à procissão de Corpus Christi
na localidade de Ostia.
Trata-se de uma novidade no pontificado de Francisco, mas não inédita
na história recente dos Papas. Todos os anos, Paulo VI realizava a
procissão com o Santíssimo Sacramento numa diferente região de Roma e
cinquenta anos atrás foi justamente Ostia a acolher o Pontífice. Depois,
em 1978, João Paulo II estabeleceu a tradicional procissão saindo da
Basílica de São João de Latrão, passando pela “Via Merulana”, até a
Basílica de Santa Maria Maior.
A missa foi celebrada diante da praça da paróquia de Santa Mónica,
com a participação de milhares de fiéis das oito paróquias do litoral
romano.
Na homilia, Francisco comentou o Evangelho do dia, concentrando-se em
especial sobre o verbo que aparece várias vezes na narração da Última
Ceia: preparar.
Lugar e alimento
Jesus, explicou o Papa, prepara para nós um lugar e um alimento.
“Um lugar muito mais digno do que a «grande sala mobiliada» do
Evangelho. É a nossa casa espaçosa e ampla aqui na terra, a Igreja, onde
há, e deve haver, lugar para todos. Mas reservou-nos também um lugar lá
no Céu, no Paraíso, para estarmos com Ele e uns com os outros para
sempre.”
Além do lugar, Jesus prepara-nos também um alimento, um Pão que é Ele
próprio. “Estas duas dádivas – o lugar e o alimento – são tudo aquilo
que precisamos para viver. São a alimentação e a morada definitivas. E
ambas nos são dadas na Eucaristia.”
Coração palpitante
A Eucaristia, prosseguiu Francisco, é o coração palpitante da Igreja,
é a única matéria nesta terra que tem verdadeiramente sabor de
eternidade.
“É o pão do futuro, que já agora nos faz saborear um futuro
infinitamente maior do que as mais risonhas expetativas. É o pão que
sacia os nossos maiores anseios e nutre os nossos mais belos sonhos.
Numa palavra, é o penhor da vida eterna, isto é, uma antecipação
concreta daquilo que nos será concedido. A Eucaristia é a marcação, a
«reserva» do paraíso.”
Fome de amor
Na Hóstia consagrada, além do lugar, Jesus prepara-nos o alimento. Na
vida, nutrimo-nos não só com alimentos, mas também com projetos e
afetos, anseios e esperanças.
As tecnologias mais avançadas não bastam: temos fome de ser amados.
Na Eucaristia encontramos realmente Jesus, sentimos o seu amor. O Papa
então faz uma exortação:
“Queridos irmãos e irmãs, escolhamos este alimento de vida: ponhamos
em primeiro lugar a Missa, voltemos a descobrir a adoração nas nossas
comunidades! Peçamos a graça de nos sentirmos esfomeados de Deus, de
nunca nos fartarmos de receber o que Ele prepara para nós.”
Locais desconfortáveis, não exclusivos
Para nos preparar para este lugar e alimento, Jesus indica-nos as suas
preferências: não locais exclusivos e excludentes, mas desconfortáveis:
“Há tantas pessoas privadas dum lugar decente para viver e do
alimento para comer! Mas todos conhecemos pessoas sozinhas, atribuladas,
necessitadas: são sacrários abandonados. Nós, que recebemos de Jesus
alimentação e morada, estamos aqui para preparar um lugar e o alimento
para esses irmãos mais frágeis.”
A Eucaristia traduz-se na vida
Jesus pede que nos doemos aos outros, que deixemos de viver para nós
mesmos, mas vivamos um para o outro. É assim que se vive
eucaristicamente: derramando sobre o mundo o amor que recebemos da carne
do Senhor. A Eucaristia traduz-se, na vida, passando do eu ao tu.
Para isso, é preciso abater os muros da indiferença e da conivência,
remover as grades dos abusos e arrogâncias, abrir os caminhos da
justiça, da equidade e da legalidade.
“A Eucaristia convida a deixar-nos levar pela onda de Jesus, não
ficar arenados na praia à espera que chegue qualquer coisa, mas zarpar
livres, corajosos, unidos.”
Procissão
Depois da Santa Missa, o Papa Francisco presidiu a procissão com o
Santíssimo, percorrendo uma distância de um quilómetro e duzentos
metros, passando por algumas ruas da localidade na costa romana.
A procissão concluiu-se no estacionamento na via della Martinica,
perto da paróquia de Nossa Senhora de Bonaria, onde o Santo Padre
concedeu a bênção eucarística.
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