31 março, 2016

Sínodo. Exortação “Amoris Laetitia” do Papa será publicada aos 8 de abril




(RV) “Amoris laetitia” (Sobre o amor na família) é o título da Exortação Apostólica Pós-Sinodal sobre a família do Papa Francisco. O texto será publicado na sexta-feira, 8 de abril, e estará disponível em seis línguas, entre as quais o português. A Exortação será apresentada aos jornalistas na Sala de Imprensa da Santa Sé pelo Secretário-Geral do Sínodo dos Bispos, Card. Lorenzo Baldisseri, e pelo Arcebispo de Viena (Áustria), Card. Christoph Schönborn.

Também participa da conferência de imprensa um casal italiano de professores, docentes de Filosofia: Prof. Francesco Miano, que lecciona na Universidade de Roma Tor Vergata e a Professora Giuseppina De Simone, da Faculdade Teológica de Nápoles.

A conferência de imprensa poderá ser acompanhada ao vivo no Vatican Player da Rádio Vaticano, onde permanecerá disponível também on demand.

A Exortação Apostólica “Amoris laetitia” será publicada quase seis meses após a conclusão do Sínodo Ordinário sobre a Família convocado pelo Papa Francisco em outubro passado. Um ano antes, em 2014, o Pontífice convocou um Sínodo Extraordinário sobre o mesmo tema.

Depois de dois anos de intenso trabalho dos bispos que participaram dos dois Sínodos, o texto do Papa Francisco é aguardado pelas dioceses do mundo inteiro por oferecer directrizes e linhas de acção sobre temas práticos que dizem respeito à família.

(BS/BF)

30 março, 2016

Audiência: Deus é maior do que o nosso pecado


(RV) Quarta-Feira, 30 de março, audiência geral na Praça de S. Pedro com o Papa Francisco: o Santo Padre concluiu as suas catequeses sobre a misericórdia no Antigo Testamento, meditando sobre o Salmo 51, chamado Miserere.

Trata-se de uma oração penitencial – disse o Papa – precedida de uma confissão de culpa, na qual o orante deixa-se purificar pelo amor de Deus que torna-o uma nova criatura.

A tradição atribui este Salmo ao Rei David que, após ter cometido adultério com Betsabeia, fazendo em modo que o marido desta, Urias, fosse morto, é ajudado pelo profeta Natã a reconhecer a sua culpa diante de Deus.

Assim, neste Salmo, somos convidados a ter os mesmos sentimentos de David – declarou o Santo Padre – reconhecendo a nossa miséria, certos da misericórdia de Deus, cujo amor é maior que os nossos pecados. Neste momento da sua catequese o Papa Francisco pediu aos fiéis que repetissem com ele esta frase: “Deus é maior do que o nosso pecado”.

Deus, que nunca nos abandona, ao perdoar, limpa os nossos pecados, faz de nós novas criaturas e enche-nos de alegria, convidando a que nos tornemos testemunhas do seu perdão – afirmou Francisco no final da sua catequese.

O Santo Padre saudou também os peregrinos de língua portuguesa:

“De coração saúdo todos os peregrinos de língua portuguesa, particularmente os jovens vindos de Portugal e do Brasil. Neste Ano Santo da Misericórdia, somos chamados a reconhecer que necessitamos do perdão que Deus nos oferece gratuitamente, pois quando somos humildes, o Senhor torna-nos mais fortes e alegres na nossa fé cristã. Desça, generosa, pela intercessão da Virgem Maria, a Bênção de Deus sobre cada um de vós e vossas famílias.”

O Papa Francisco a todos deu a sua benção.

(RS)

28 março, 2016

Papa Francisco: oração do Regina Coeli


(RV) O Papa Francisco celebrou, esta manhã, às 12,00 horas de Roma, na Praça de S. Pedro, a oração mariana do Regina Coeli por ocasião da primeira segunda-feira a seguir ao domingo de Páscoa e em substituição do Ângelus durante todo o tempo pascal.

Nesta segunda-feira depois da Páscoa chamado "Segunda-feira do Anjo", disse o Santo Padre aos milhares de fiéis e peregrinos presentes na Praça de S. Pedro, os nossos corações ainda estão repletos da alegria pascal. Após o tempo quaresmal, tempo de penitência e de conversão, que a Igreja viveu com particular intensidade neste Ano Santo da Misericórdia; após as sugestivas celebrações do Tríduo Santo; paramos hoje diante do túmulo vazio de Jesus, e meditamos com admiração e gratidão o grande mistério da Ressurreição do Senhor.

«A vida venceu a morte. A Misericórdia e o amor venceram o pecado! Há necessidade de fé e de esperança para abrir-se a este novo e maravilhoso horizonte. Nós sabemos que a fé e a esperança são um dom de Deus e devemos pedir a Deus dizendo: “Senhor, dá-nos a esperança”. Deixemo-nos invadir pelas emoções que ressoam do eco pascal: "Sim, estamos certos: Cristo ressuscitou verdadeiramente". Esta verdade marcou de forma indelével as vidas dos Apóstolos que, depois da ressurreição, sentiram novamente a necessidade de seguir o seu Mestre e, recebido o Espírito Santo, saíram sem medo para anunciar a todos o que tinham visto com seus próprios olhos e experimentado pessoalmente»

Por conseguinte, neste Ano Jubilar, prosseguiu o Papa, somos chamados a redescobrir e a acolher com particular intensidade o confortante anúncio da ressurreição: "Cristo, minha esperança, ressuscitou". Se Cristo ressuscitou, podemos olhar com olhos e corações novos a todos os eventos da nossa vida, até mesmo aqueles mais negativos. Os momentos de escuridão, de fracasso e pecado podem transformar-se e anunciar um caminho novo.

 Quando chegamos ao fundo da nossa miséria e da nossa fraqueza, ressaltou Francisco, Cristo ressuscitado nos dá a força para levantarmos. Se confiarmos N’Ele, a Sua graça nos salvará! O Senhor crucificado e ressuscitado é a plena revelação da misericórdia, presente e ativa na história. Esta é a mensagem pascal que ainda ressoa hoje e que vai ressoar em todo o tempo da Páscoa até Pentecostes.

Testemunha silenciosa dos eventos da paixão e da ressurreição de Jesus foi Maria, recordou o Papa. Ela estava de pé ao lado da cruz: não se inclinou diante da dor, mas a sua fé a tornou mais forte. No seu coração dilacerado de mãe, permaneceu sempre acesa a chama da esperança. Peçamos a Ela que nos ajude também a aceitarmos plenamente o anúncio pascal da Ressurreição, para encarná-lo na realidade das nossas vidas diárias.

Que a Virgem Maria nos dê portanto, concluiu dizendo Francisco, a certeza da fé que cada passo sofrido do nosso caminho, iluminado pela luz da Páscoa, se tornará bênção e alegria para nós e para os outros, especialmente para aqueles que sofrem por causa do egoísmo e da indiferença.

Portanto, vamos invocar Nossa Senhora com fé e devoção, com o Regina Caeli, a oração que substitui o Angelus durante todo o tempo pascal.

Após  a recitação da oração mariana do Regina Coeli falou do atentato realizado ontem, na região central do Paquistão. A Santa Páscoa, disse Francisco, foi ensanguentada por um execrável atentado, que provocou uma tragédia para tantas pessoas inocentes, a maior parte famílias da minoria cristã – principalmente mulheres e crianças – reunidas em um parque público para passar com alegria a festa pascal.

Desejo manifestar, prosseguiu o Papa, a minha proximidade a quantos foram atingidos por este crime vil e insensato, e convido a rezar ao Senhor pelas numerosas vítimas e por suas famílias. Apelo às autoridades civis e a todos os componentes sociais do Paquistão, para que não meçam esforços para proporcionar segurança e serenidade à população e, em particular, às minorias religiosas mais vulneráveis.

«Repito, mais uma vez, que a violência e o ódio homicida conduzem somente à dor e à destruição; o respeito e a fraternidade são a única estrada para se chegar à paz»

Que a Páscoa do Senhor, concluiu dizendo o Santo Padre,  possa suscitar em nós, de maneira ainda mais forte, a oração a Deus para que as mãos dos violentos, que semeiam terror e morte, sejam detidas, e que no mundo possam reinar o amor, a justiça e a reconciliação.

No perdurante clima pascal, acescentou ainda Francisco, saúdo cordialmente todos vós peregrinos vindos da Itália e das várias partes do mundo para participar deste momento de oração.

Faço votos, para que possam transcorrer com alegria e serenidade esta semana em que se prolonga a alegria da Ressurreição de Cristo. Para viver mais intensamente este período nos fará bem ler a cada dia um trecho do Evangelho nos quais se fala do evento da Ressurreição.
Boa e Santa Páscoa a todos! Por favor, não se esqueçam de rezar por mim. Bom almoço e até breve!

P. Lombardi: atentado no Paquistão lança sombra de angústia na Páscoa




(RV) “O horrível massacre de dezenas de inocentes no parque de Lahore lança uma sombra de tristeza e angústia na festa da Páscoa" – disse o Padre Federico Lombardi, director da Sala de Imprensa da Santa Sé, informa um comunicado. "Mais uma vez o ódio homicida – lê-se no comunicado – se abate cobarde sobre as pessoas mais indefesas.

Juntamente com o Papa, que já foi informado - garante P. Lombardi – rezemos pelas vítimas, mostremos proximidade para com os feridos, as famílias afectadas, a sua imensa dor, os membros das minorias cristãs, uma vez mais vítima da violência fanática, e a todo o povo do Paquistão ferido.

Como o Papa afirmou ontem de manhã - continua o comunicado da Sala de Imprensa - apesar da persistência destas manifestações horríveis de ódio, o Senhor crucificado por nós e ressuscitado continua a dar-nos a coragem e a esperança necessárias para construir estradas de compaixão, de solidariedade com os que sofrem, de diálogo, justiça, reconciliação e paz”. (BS)

27 março, 2016

Homilia de D. Manuel Clemente, no Domingo de Páscoa


Começaremos a ressuscitar – e connosco o mundo!

Caríssimos irmãos, o Evangelho há pouco escutado terminava assim: «Simão Pedro entrou no sepulcro e viu as ligaduras no chão e o sudário que tinha estado sobre a cabeça de Jesus, não com as ligaduras, mas enrolado à parte. Entrou também o outro discípulo que chegara primeiro ao sepulcro: viu e acreditou. Na verdade, ainda não tinham entendido a Escritura, segundo a qual Jesus devia ressuscitar dos mortos».
Ainda não tinham entendido, eles… Decerto já entendemos nós, ao ponto de aqui estarmos, dois milénios depois como sendo agora. Como estão milhões de cristãos em tudo o mundo, celebrando a vida de Cristo, vencedor da morte. Como estão, em países em paz e em países em guerra, em famílias contentes e em famílias em luto, em vidas realizadas e outras muitas por realizar e à procura de condições para isso...
Com eles estamos e queremos estar, solidários com «as alegrias e as esperanças, as tristezas e angústias dos homens do nosso tempo, [que] são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo», como lembrou o último Concílio (Gaudium et Spes, 1). Compartilhando umas e outras, alegrias e tristezas, não esquecendo nunca que o Ressuscitado apareceu com as marcas da crucifixão que sofrera – e em tanto homem e mulher, de criança a idoso, continua a sofrer. Crer na ressurreição de Cristo não é alhear-se do mundo, é recomeçá-lo sempre, a partir de um amor maior e absolutamente comprovado.
São marcas de ressurreição, nesta manhã de Páscoa, as que o Espírito de Cristo reproduz por esse mundo fora – e mesmo além das fronteiras confessionais estritas – nos que não deixam de empenhar-se concretamente em todas as causas da vida e da paz. Os que cuidam dos outros, os que previnem tragédias ou reparam os danos, os que não esquecem os pobres e os doentes. Os que cumprem as “obras de misericórdia” para responder a necessidades do corpo ou do espírito seja de quem for e onde for. Em todos eles, confessamos nós, a vida de Cristo vence a morte do mundo.
Assim entenderemos decerto, pois sobram-nos razões, com dois milénios de ressurreição comprovada. A de Cristo na vida de tantos, a de tantos para a vida de muitos.

Retomemos o trecho evangélico. Reparemos no que reparou o discípulo: o túmulo vazio e os panos esvaziados: «Viu e acreditou». Caríssimos irmãos, sigamos este caminho dos olhos, para atingirmos a mesma certeza. E adiantemos: se a morte é sinal dum “eu” solitário, a vida triunfa no “eu” solidário. E solidariedade vivida ao ponto em que Jesus a viveu e nós chamamos “caridade” autêntica, esvaziando-se de si para que os outros caibam.
Isto mesmo se verifica na alegre serenidade com que tantos discípulos de Cristo compartilham dores e tristezas de toda a ordem por esse mundo além ou aquém. E exatamente porque as compartilham, esvaziando-se do próprio interesse para cuidar dos outros, vivem já sem medo e irradiam paz. Paz imortal, como anunciou o Ressuscitado, ao anoitecer desse primeiro dia: «Veio Jesus, pôs-se no meio deles e disse-lhes: “A paz seja convosco”» (Jo 20, 19). A paz que Ele trouxe, pois a conquistou para nós, ao preço da sua vida entregue.
Quando, a partir daqui, Pedro, o discípulo que «viu e acreditou», aquelas mulheres e todos os outros de então para cá anunciarem a Páscoa do Senhor Jesus, anunciarão também, por palavras e obras o caminho novo que ela nos abriu. Pois também dissera: «Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me. Na verdade, quem quiser salvar a sua vida, há de perdê-la; mas quem perder a sua vida por causa de mim e do Evangelho, há de salvá-la» (Mc 8, 34-35). E, noutro passo, de aproximável ensino: «Quem se ama a si mesmo, perde-se; quem se despreza a si mesmo, neste mundo [como quem se esvazia], assegura para si a vida eterna» (Jo 12, 25).  
Entendeu-o perfeitamente o Apóstolo das Gentes, quando na sua Carta aos Filipenses incluiu o chamado hino quenótico, ou do “esvaziamento” de Cristo. Já seria cantado nas primeiras comunidades, ainda tão próximas do primeiro acontecer evangélico.
Para a vida comunitária, Paulo não lhes requeria menos do que os próprios «sentimentos de Cristo» e ilustrava-os assim: «Ele, que é de condição divina, […] esvaziou-se a si mesmo tomando a condição de servo […] tornando-se obediente até à morte e morte de cruz. Por isso mesmo é que Deus o elevou acima de tudo e lhe concedeu o nome que está acima de todo o nome» (Fl 2, 6 ss).
Quisera o homem velho ser igual a Deus, como que subindo a uma importância absurda. Assim se diz de Adão, e também de Eva, que, para serem «como Deus», lhe tiraram a única coisa que Ele se reservara (cf. Gn 3, 5). E assim morreram… Em Cristo, foi o contrário, recriando a humanidade pelo esvaziamento de si próprio. Porque o homem, criado à imagem e semelhança de Deus (cf. Gn 1, 26), só as mantém e realiza sendo como Deus realmente é. Não como pensaríamos, à imagem dos nossos fumos de grandeza, mas como se revela em Cristo, esvaziado de si para ser em todos, outro nome da vida. E assim ressuscitamos.

Voltemos com o discípulo ao túmulo e reparemos de novo como está vazio, bem como os panos que tinham coberto a Jesus morto. Esse vazio estava cheio de vida, transbordante e forte. E acreditemos também que não há outro modo de ressuscitar, senão assim mesmo, pelo dom de si.
Porque a celebração pascal não termina hoje nem se encerra agora. Na nossa casa e família, ou onde não haja uma e outra; com quem gostamos de estar e com quem não gostemos logo; no que apetece fazer e no que custa mais… Escolhamos em cada uma dessas ocasiões o que Jesus escolheu, esvaziando-nos de nós para que os outros caibam. Certos de que, sempre que assim for, começaremos a ressuscitar – e connosco o mundo! 
Sé de Lisboa, Domingo de Páscoa, 27 de março de 2016
+ Manuel, Cardeal-Patriarca 

JESUS CRISTO RESSUSCITOU! ALELUIA!

 
 
 
Jesus Cristo Ressuscitou! Aleluia!

O tempo já não é mais dono do tempo, e por isso o tempo já não condiciona o homem, porque pela Ressurreição de Jesus Cristo o tempo finito foi rompido e, para o homem, torna-se eternidade, pela graça de Deus.

Caminhamos para a eternidade, e está em nós, pela graça de Deus, o podermos alcançar a felicidade eterna ou a condenação eterna.

Não é Ele quem nos condena, porque Ele “apenas” sabe salvar, porque “apenas” sabe amar!
Somos nós que nos condenamos, se não O seguirmos, se não permanecermos nEle, se não morrermos com Ele, para com Ele ressuscitarmos.

Jesus Cristo Ressuscitou! Aleluia!

O tempo já não leva o homem até à morte, porque o tempo sofreu a brecha da Ressurreição de Cristo, e por Ela, o homem assume totalmente “a imagem e semelhança de Deus”, pois a morte do homem terreno já não é um fim, mas a passagem, a Páscoa, que leva o homem à eternidade de Deus.

Jesus Cristo Ressuscitou! Aleluia!

A alegria, o amor, a comunhão, não se descrevem com palavras, porque as palavras não chegam para dar a conhecer, para revelar a alegria, o amor, a comunhão, que a Ressurreição de Jesus Cristo traz a cada homem.
Mas vive-se no coração de cada um e torna-se vida eterna na vida de cada um, que se aproxima de Cristo, que O segue, que com Ele permanece, até que seja verdade: «Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim!»

Jesus Cristo Ressuscitou! Aleluia!

Alegremo-nos, alegrai-vos, portanto, porque Ele está vivo, em nós e no meio de nós!

Demos graças infindas ao Senhor nosso Deus!


Marinha Grande, 27 de Março de 2016
Joaquim Mexia Alves

Papa Francisco: Mensagem Urbi et Orbi



(RV) O Papa Francisco celebrou a santa missa na manhã deste domingo de Páscoa, às 10,00 horas de Roma, na Paraça de S. Pedro repleta de fiéis e peregrinos provenientes das diversas partes do mundo para assistir a esta celebração pascal, ouvir a mensagem e receber a bênção Urbi et Orbi do Santo Padre. A mensagem Urbi et Orbi foi proferida pelo Papa, a partir da varanda central da Basílica de S. Pedro, no fim da celebração eucarística, ás 12,00 horas de Roma.

Francisco começou por anunciar aos presentes que «Jesus Cristo, encarnação da misericórdia de Deus, por amor morreu na cruz e por amor ressuscitou. Por isso, proclamamos hoje: Jesus é o Senhor! A sua Ressurreição realizou plenamente a profecia do Salmo: a misericórdia de Deus é eterna, o seu amor é para sempre, não morre jamais. Podemos confiar completamente N’Ele, e damos-Lhe graças porque por nós Ele baixou até ao fundo do abismo».

Diante dos abismos espirituais e morais da humanidade, diante dos vazios que se abrem nos corações e que provocam ódio e morte, prosseguiu o Papa, somente uma infinita misericórdia nos pode dar a salvação. Só Deus pode preencher com o seu amor esses vazios, esses abismos, e evitar-nos de afundar, permitindo-nos de continuar caminhando juntos em direção à Terra da liberdade e da vida.

O anúncio jubiloso da Páscoa: Jesus, o crucificado, não está aqui, ressuscitou (cf. Mt 28,5-6) oferece-nos, por conseguinte, a certeza consoladora de que o abismo da morte foi vencido e, com isso, foram derrotados o luto, o pranto e a dor (cf. Ap 21,4). O Senhor, que sofreu o abandono dos seus discípulos, o peso de uma condenação injusta e a vergonha de uma morte infame, faz-nos agora compartilhar a sua vida imortal, e nos oferece o seu olhar de ternura e compaixão para com os famintos e sedentos, com os estrangeiros e prisioneiros, com os marginalizados e descartados, com as vítimas de abuso e violência disse o Santo Padre, recordando que o nosso mundo está cheio de pessoas que sofrem no corpo e no espírito,  um mundo no qual as crónicas diárias estão repletas de relatos de crimes brutais, que muitas vezes acontecem dentro das paredes do nosso lar, e de conflitos armados a grande escala submetendo populações inteiras a provas inimagináveis.

Eis que Cristo ressuscitado indica portanto, ressaltou Francisco, caminhos de esperança para a querida Síria, um País devastado por um longo conflito, com o seu cortejo triste de destruição, morte, de desprezo pelo direito humanitário e desintegração da convivência civil.

«Confiamos ao poder do Senhor ressuscitado, disse, as conversações em curso, de modo que, com a boa vontade e a cooperação de todos, seja possível colher os frutos da paz e dar início à construção de uma sociedade fraterna, que respeite a dignidade e os direitos de cada cidadão. A mensagem de vida proclamada pelo anjo junto da pedra rolada do sepulcro, vença a dureza dos corações e promova um encontro fecundo entre povos e culturas nas outras regiões da bacia do Mediterrâneo e do Oriente Médio, particularmente no Iraque, Iêmen e na Líbia».

A imagem do homem novo, que resplandece no rosto de Cristo, prosseguiu o Papa, favoreça a convivência entre israelitas e palestianos na Terra Santa, bem como a disponibilidade paciente e o esforço diário para trabalhar no sentido de construir as bases de uma paz justa e duradoura através de uma negociação direta e sincera. O Senhor da vida acompanhe também os esforços para alcançar uma solução definitiva para a guerra na Ucrânia, inspirando e apoiando igualmente as iniciativas de ajuda humanitária, entre as quais a libertação de pessoas detidas.

O Senhor Jesus, nossa paz (Ef 2,14), que ressuscitando derrotou o mal e o pecado, possa favorecer, nesta festa da Páscoa, a nossa proximidade com as vítimas do terrorismo, forma de violência cega e brutal que continua a derramar sangue inocente em diversas partes do mundo, como aconteceu nos ataques recentes na Bélgica, Turquia, Nigéria, Chade, Camarões e Costa do Marfim; Possam frutificar os fermentos de esperança e as perspectivas de paz na África; penso, acrescentou Francisco, de modo particular ao Burundi, Moçambique, República Democrática do Congo e o Sudão do Sul, marcados por tensões políticas e sociais.

E Francisco recordou que com as armas do amor, Deus derrotou o egoísmo e a morte; seu Filho Jesus é a porta da misericórdia aberta de par em par para todos. E fez votos para que a sua mensagem pascal possa resplandecer cada vez mais sobre o povo venezuelano nas difíceis condições em que vive e sobre aqueles que detêm em suas mãos os destinos do País, para que se possa trabalhar em vista do bem comum, buscando espaços de diálogo e colaboração entre todos. Que por todos os lados possam ser tomadas medidas para promover a cultura do encontro, a justiça e o respeito mútuo, únicos elementos capazes de poder garantir o bem-estar espiritual e material dos cidadãos.

Mas também, o Cristo ressuscitado, anúncio de vida para toda a humanidade, ressoa através dos séculos e nos convida não esquecer dos homens e das mulheres em busca de um futuro melhor, grupos cada vez mais numerosos de migrantes e refugiados – entre os quais muitas crianças - que fogem da guerra, da fome, da pobreza e da injustiça social. Esses nossos irmãos e irmãs, disse o Santo Padre,  que nos seus caminhos encontram com demasiada frequência a morte ou a recusa dos que poderiam oferecer-lhes hospitalidade e ajuda. E Francisco fez votos para que a próxima Cimeira Mundial sobre a Ajuda Humanitária não deixe de colocar no centro a pessoa humana com a sua dignidade e possa desenvolver políticas capazes de ajudar e proteger as vítimas de conflitos e de outras situações de emergência, especialmente os mais vulneráveis e os que sofrem perseguição por motivos étnicos e religiosos.

Neste dia glorioso, o pensamento do Santo Padre se estende também ao sofrimento da nossa Mãe Terra “ainda assim tão abusada e vilipendiada mediante uma exploração ávida pelo lucro, que altera o equilíbrio da natureza causando efeitos das mudanças climáticas, que muitas vezes causam secas ou violentas inundações, resultando em crises alimentares em diferentes partes do planeta”.

O pensamento de Francisco se estende ainda à todos os “nossos irmãos e irmãs que são perseguidos por causa da sua fé e pela sua lealdade a Cristo” para lhes dirigir ainda hoje as palavras de Cristo: «Não tenhais medo! Eu venci o mundo!» (Jo 16,33). Hoje é o dia radiante desta vitória disse o Papa.

Finalmente, o Santo Padre dirigiu uma palavra de conforto e de esperança para “todos aqueles, disse, que nas nossas sociedades perderam toda a esperança e alegria de viver, para os idosos oprimidos que na solidão sentem esvanecer as forças, para os jovens aos quais parece não existir o futuro, a todos eu dirijo mais uma vez as palavras do Ressuscitado: «Eis que faço novas todas as coisas... a quem tiver sede, eu darei, de graça, da fonte da água vivificante» (Ap 21,5-6). Esta mensagem consoladora de Jesus, concluiu dizendo Francisco, possa ajudar cada um de nós a recomeçar com mais coragem, para assim construir estradas de reconciliação com Deus e com os irmãos. Dessa reconciliação com Deus e com os irmãos, ressaltou Francisco, temos hoje tanta necessidade.

No fim, Francisco agradeceu à todos pela presença festosa e a alegria que souberam trazer neste dia Santo. A todos pediu que continuem a rezar por Ele.

Transmissão integral


Ressuscitou - Domingo de Páscoa (Ano C) - D. Manuel Clemente




iVangelho.com

Semana Santa do Papa em 2016


(RV) Na rubrica de hoje a “Semana do Papa” transmitimos uma edição especial na qual destacamos alguns dos momentos mais significativos das celebrações presididas pelo Papa Francisco nesta Semana Santa de 2016. Em particular damos especial atenção à Missa da Ceia do Senhor, celebrada com refugiados e a tradicional Via Sacra no Coliseu de Roma.

Cruéis abominações

Entretanto, a Semana Santa do Papa foi marcada pelos atentados terroristas em Bruxelas na Bélgica na terça-feira dia 22. A eles se referiu o Santo Padre na audiência geral de Quarta-Feira Santa dia 23 de março:

“Com o coração dorido segui as tristes notícias dos atentados terroristas acontecidos ontem em Bruxelas, que causaram numerosas vítimas e feridos. Asseguro a minha oração e a minha proximidade à cara população belga, a todos os familiares das vítimas e a todos os feridos.”

Dirijo novamente um apelo a todas as pessoas de boa vontade para unirem-se na unânime condenação destas cruéis abominações que estão a causar apenas morte, terror e horror. A todos peço de perseverar na oração e em pedir ao Senhor, nesta Semana Santa, de confortar os corações aflitos e de converter os corações destas pessoas cegas pelo fundamentalismo cruel, pela intercessão da Virgem Maria.”

Francisco propôs a todos os fiéis uma Avé Maria e um momento de oração em silêncio.

Misericórdia é encontro e perdão

Na manhã de Quinta-Feira Santa o Papa Francisco celebrou na Basílica de S. Pedro a Missa Crismal. Nesta celebração foram abençoados os óleos dos catecúmenos e dos enfermos.

Na sua homilia o Santo Padre sublinhou “dois âmbitos nos quais o Senhor se excede na sua misericórdia”: o encontro e o perdão. O encontro que podemos contemplar “estupefactos” na parábola do Pai Misericordioso. Um encontro que se faz festa numa misericórdia que “restaura tudo” e restitui dignidade. E nós, fazemos festa depois de nos termos confessado? – perguntou o Papa.

O outro âmbito onde vemos que Deus se excede “numa Misericórdia cada vez maior, é o próprio perdão” – afirmou o Santo Padre. “O Senhor deixa que a pecadora perdoada Lhe lave, familiarmente, os pés com as suas lágrimas. Logo que Simão Pedro se confessa pecador pedindo-Lhe para Se afastar dele, Jesus eleva-o à dignidade de pescador de homens” – disse Francisco que revelou qual deve ser a nossa resposta a tanto perdão do Senhor:

A nossa resposta ao perdão superabundante do Senhor deveria consistir em manter-nos sempre naquela saudável tensão entre uma vergonha dignificante e uma dignidade que sabe envergonhar-se: atitude de quem procura, por si mesmo, humilhar-se e abaixar-se, mas é capaz de aceitar que o Senhor o eleve para benefício da missão, sem se comprazer.”

As palavras e os gestos de Jesus fazem “com que se revele aquilo que cada homem e mulher traz no coração” – afirmou o Santo Padre recordando a recusa dos conterrâneos de Jesus de o aceitarem e as palavras do velho Simeão a Maria que profetizava o “sinal de contradição” que é Jesus.

“E precisamente onde o Senhor anuncia o evangelho da Misericórdia incondicional do Pai para com os mais pobres, os mais marginalizados e oprimidos, aí somos chamados a escolher, a combater o bom combate da fé” – afirmou o Papa Francisco exortando os sacerdotes a viverem a dinâmica do bom Samaritano que “usou de misericórdia”: “comoveu-se, aproximou-se do ferido, faixou as suas feridas, levou-o para a pousada, pernoitou e prometeu voltar para pagar o que tivessem gasto a mais. Esta é a dinâmica da Misericórdia, que encadeia um pequeno gesto noutro e, sem ofender nenhuma fragilidade, vai-se alargando aos poucos na ajuda e no amor” – disse o Papa.

Filhos do mesmo Pai

24 de março, Quinta-Feira Santa, o Papa Francisco celebrou a Missa da Ceia do Senhor fora do Vaticano, na periferia norte de Roma: Francisco celebrou o lava-pés com refugiados católicos, ortodoxos, muçulmanos e hindus.

Foi no “Cara” – Centro de Acolhimento de Requerentes de Asilo, em Castelnuovo di Porto que o Santo Padre celebrou a Eucaristia para cerca de 800 pessoas, na sua maioria jovens refugiados.
Na sua homilia, o Papa Francisco, falando de improviso, referiu dois gestos: Jesus que lava os pés aos seus discípulos e Judas que, por 30 moedas, entrega Jesus aos inimigos. “Também hoje aqui existem dois gestos” – disse o Papa:

Este: todos nós juntos, muçulmanos, hindus, católicos, coptas, evangélicos, mas irmãos, filhos do mesmo Deus, que queremos viver em paz, integrados” – afirmou o Santo Padre – e um outro gesto: o dos atentados terroristas em Bruxelas: “um gesto de guerra, de destruição”.

Para o Papa Francisco por trás dos bombistas suicidas há outros interesses: “Atrás daquele gesto estão os traficantes de armas que querem o sangue, não a paz, que não querem a paz, não querem a fraternidade” – afirmou o Santo Padre.

Para contrariar o terrorismo, Francisco citou a reunião de todos: “diversas religiões, diversas culturas, filhos do mesmo Pai”.

Na homilia da Missa da Ceia do Senhor, o Papa Francisco recordou as dificuldades enfrentadas pelos refugiados e dirigiu-se a cada um deles explicando o simbolismo do gesto do lava-pés:

Este é o gesto que eu faço, convosco, cada um de nós tem uma história, cada um de vós tem uma história, tantas cruzes e dores, mas também um coração aberto à fraternidade”.

Antes de passar ao Rito do Lava-pés, o Santo Padre pediu que cada um, na sua língua, “rezasse ao Senhor para que esta fraternidade se espalhe pelo mundo” - disse.

Para a cerimónia do lava-pés foram escolhidos 8 homens e 4 mulheres, incluindo quatro nigerianos católicos, três ortodoxas da Eritreia, um hindu e três muçulmanos da Síria, Paquistão e Malí.

O centro de acolhimento tem neste momento 892 pessoas, incluindo 554 muçulmanos e 239 cristãos, entre eles muitos coptas, num total de 26 nacionalidades.

A misericórdia salva o mundo

25 de março, Sexta-Feira Santa: o Papa Francisco presidiu na Basílica de S. Pedro à Celebração da Paixão do Senhor, na qual se recorda a morte do Filho de Deus. A homilia foi proferida pelo padre Raniero Cantalamessa, pregador da Casa Pontifícia.

Na sua meditação o padre Raniero Cantalamessa abordou um tema da atualidade, os atentados desta semana em Bruxelas:
 ados terroristas desta semana em Bruxelas ajudam-nos a perceber a força divina incluída nas últimas palavras de Cristo: “Pai perdoa-lhes porque não sabem o que fazem” (Lc 23, 34). Por muito que o ódio dos homens nos possam empurrar, o amor de Deus foi e será sempre mais forte. É-nos dirigida a exortação do Apóstolo Paulo: ‘Não te deixes vencer pelo mal, mas vence o mal com o bem.”

O oposto da misericórdia não é a justiça, mas a vingança – declarou o padre Cantalamessa – que afirmou que só uma coisa pode salvar o mundo: a misericórdia.

Os males do mundo e o amor de Deus

Via Sacra no Coliseu de Roma presidida pelo Papa Francisco na Sexta-Feira Santa. As meditações foram propostas por um texto da autoria do Cardeal Gualtiero Bassetti, arcebispo de Perugia em Itália. Foram meditações que quiseram demonstrar o imenso amor que chega até ao “escândalo da cruz” participando das feridas do mundo.

Nas 14 estações levaram a cruz várias pessoas: de referir uma família, membros da Unitalsi, a União Nacional Italiana de Transporte de Doentes a Lourdes e Santuários Internacionais e também pessoas de várias nacionalidades, tais como, a China, a Rússia, a Bósnia, os EUA, o Equador, o Quénia e a República Centro Africana.

No final da celebração o Santo Padre propôs uma oração na qual lembrou os fundamentalismos, o terrorismo, as guerras e os corruptos. Denunciou a destruição do meio ambiente e os mares que se tornaram “cemitérios insaciáveis”. O Santo Padre referiu-se também aos “ministros infiéis” que retiram a dignidade aos inocentes. Preces de Francisco também pelos idosos abandonados, pelas pessoas com deficiência e pelas crianças desnutridas.

Mas há sinais de esperança que o Papa Francisco referiu nas pessoas que cumprem os mandamentos, nos arrependidos, nos misericordiosos, nos Beatos e nos Santos, nas famílias que vivem com fidelidade e fecundidade a sua vocação matrimonial, nos voluntários e nos perseguidos. Especial referência do Santo Padre para os consagrados aos quais chamou de “bons samaritanos”.

A vitória do mal dissipa-se perante a certeza da ressurreição e do amor de Deus – disse o Papa no final da sua oração.

E terminamos assim esta síntese dos principais momentos da Semana Santa do Papa neste ano de 2016. Esta rubrica regressa na próxima semana sempre aqui na RV em língua portuguesa.

(RS)