(RV) Na
tarde do quarto dia dos Exercícios Espirituais, o padre Ermes Ronchi
meditou sobre a seguinte ‘pergunta aberta no Evangelho’: “Jesus
ergueu-Se e disse-lhe: Onde estão eles? Ninguém te condenou?” (Jo 8, 10)
O perdão de Deus “é amor autêntico” que ajuda o homem a
transformar-se “no melhor daquilo que pode ser” – foi a partir deste
fundamento que se desenvolveu a meditação do padre Ermes Ronchi.
A passagem da mulher adúltera foi ignorada durante séculos pelas
comunidades cristãs porque “escandalizava a misericórdia de Deus” –
disse o padre Ronchi. O nome da mulher não é conhecido, mas ela
“representa todos” e é esmagada pelos poderes da morte que expressam a
opressão dos homens sobre as mulheres.
Mas o cristianismo é abraço entre Deus e o homem. Dizia Santo
Ambrósio: onde há misericórdia ali está Deus; onde há rigor e severidade
talvez existam ministros de Deus, mas não Deus. Jesus ergue-se perante a
mulher adúltera, “como quem se levanta perante uma pessoa importante” –
afirmou o padre Ronchi. É a proximidade com a fragilidade:
“É a cura dos frágeis, é a cura dos últimos, dos portadores de
deficiências e a atenção às pedras descartadas que indicam o grau de
civilização de um povo, não as proezas dos fortes e dos poderosos”.
Rompe-se a ideia de um Deus que “condena e vinga, justificando a
violência”. Jesus realiza “uma revolução radical”: “Um Deus nu, na cruz,
que perdoa, será o gesto comovente e necessário para desativar o pavio
das infinitas bombas sobre as quais se sentou a humanidade” – declarou o
padre Ronchi.
Deus perdoa “não como alguém sem memória, mas como um libertador”. O
perdão não é ostentar benevolência, “mas recolocar em caminho uma vida” –
disse o padre Ronchi.
(RS)
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