(RV) Na
tarde do terceiro dia dos Exercícios Espirituais, o padre Ermes Ronchi
meditou sobre a seguinte ‘pergunta aberta no Evangelho’: “E voltando-se
para a mulher disse a Simão: Vês esta mulher?” (Lc 7, 44)
No Dia Internacional da Mulher o padre Ermes Ronchi assinalou, antes
de mais, que no Evangelho muitas mulheres seguiam e serviam Jesus.
Nesta passagem do texto de S. Lucas Jesus rompe com as convenções e
permite que uma mulher, considerada por todos como pecadora, chore aos
seus pés e os enxugue com os seus cabelos, beijando-os e ungindo-os com
óleo perfumado.
Simão, o fariseu, anfitrião daquele jantar, fica surpreendido e Jesus
diz-lhe: “Vês esta mulher?” O olhar de Simão é um “olhar que julga” –
referiu o padre Ronchi que afirmou que aquela mulher de pecadora
torna-se na “perdoada que tanto amou”:
“Jesus durante toda a vida ensinará o olhar que não julga, que
inclui, o olhar misericordioso” – afirmou – “Jesus não é moralista.
Coloca no centro a pessoa com as suas lágrimas e sorrisos, a sua carne
dorida ou exultante, e não a lei.”
Simão, com uma atitude moralista, olha o passado da mulher, vê “uma
história de transgressões”, “enquanto Jesus” – explicou o padre Ronchi –
“vê o muito amor de hoje e de amanhã”.
No centro da cena não está o pio e poderoso Simão, o fariseu, mas
aquela mulher. Jesus dá lugar aos últimos – afirmou o padre Ronchi que
gracejou dizendo que se lhe perguntassem a ele: tu vês esta mulher ?,
ele responderia que não, pois ali só vê homens.
Contudo, não era assim no Evangelho onde muitas mulheres seguiam e
serviam Jesus – disse o padre Ronchi que se questionou dizendo: “O que
nos faz tanto medo de termos de tomar distâncias desta mulher e das
outras?”
“Jesus era soberanamente indiferente ao passado de uma pessoa, ao
género de uma pessoa, não raciocina nunca por categorias ou
estereótipos. Penso que também o Espírito Santo distribua os seus dons
sem olhar para o género das pessoas” – declarou o padre Ermes Ronchi.
(RS)
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