31 dezembro, 2017

Papa preside Primeiras Vésperas com o canto do "Te Deum"


Bênção do Santíssimo Sacramento  (AFP or licensors)
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A Igreja herdou de Maria e continuamente herdar essa perceção interior da plenitude doada pela presença de Jesus, que alimenta um sentido de gratidão, como única resposta humana digna do dom imenso de Deus, disse o Papa.
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Cidade do Vaticano

“Nesta atmosfera criada pelo Espírito Santo, nós elevamos a Deus a ação de graças pelo ano que termina, reconhecendo que todo o bem é um presente seu".

Ao presidir na Basílica de São Pedro no final da tarde deste 31 de dezembro as primeiras Vésperas da Solenidade da Mãe de Deus, com a adoração ao Santíssimo Sacramento e o canto do Te Deum, o Papa Francisco agradeceu pelo ano que passou, recordando que Maria é “a primeira a experimentar esse sentido de plenitude doado pela presença de Jesus.

«Quando chegou a plenitude do tempo, Deus enviou o seu Filho»
 
“Esta celebração vespertina – disse o Pontífice ao iniciar - respira a atmosfera da plenitude do tempo. Não porque estamos na última noite do ano solar, não é isso, mas porque a fé  faz-nos contemplar e sentir que Jesus Cristo, Verbo encarnado, deu plenitude ao tempo do mundo e à história humana”.

«Nasceu de uma mulher»
 
E “a primeira a experimentar esse sentido de plenitude doada pela presença de Jesus foi a “mulher” da qual Ele nasceu. A Mãe do Filho encarnado, Theotokos, Mãe de Deus. Através dela, por assim dizer, brotou a plenitude do tempo: através do seu coração humilde e cheio de fé, através da sua carne toda impregnada do Espírito Santo”.

Dela a Igreja herdou e continuamente herda essa percepção interior da plenitude, que alimenta um sentido de gratidão, como única resposta humana digna do dom imenso de Deus.

Uma gratidão pungente, que, partindo da contemplação daquele Menino envolto em faixas e colocado numa manjedoura, se estende a tudo e a todos, ao mundo inteiro.

É um “obrigado” que reflete a Graça; não vem de nós, mas d'Ele; não vem do eu, mas de Deus, e envolve o eu e o nós.

Nesta atmosfera criada pelo Espírito Santo, nós elevamos a Deus a ação de graças pelo ano que termina, reconhecendo que todo o bem é um presente seu.

Também este tempo do ano de 2017, que Deus nos havia dado íntegro e saudável, nós humanos de muitas maneiras o desperdiçamos e ferimos com obras de morte, com mentiras e injustiças. As guerras são um sinal flagrante desse orgulho persistente e absurdo.

Mas também o são todas as pequenas e grandes ofensas contra a vida, a verdade, a  fraternidade, que causam diversas formas de degradação humana, social e ambiental. Por tudo isto queremos e devemos assumir, diante de Deus, dos irmãos e da Criação, a nossa responsabilidade.

Mas nesta noite prevalece a graça de Jesus e seu reflexo em Maria. E prevalece por isto a gratidão que, como Bispo de Roma, sinto na alma pensando nas pessoas que vivem com o coração aberto nesta cidade.

Experimento um sentimento de simpatia e gratidão por todas as pessoas que a cada dia contribuem com pequenos mas preciosos gestos concretos  ao bem de Roma: procuram cumprir da melhor maneira o seu dever, deslocam-se no trânsito com critério e prudência, respeitando os lugares públicos e assinalam as coisas que não estão bem, estão atentas às pessoas idosas ou em dificuldades, e assim por diante.

Esses e outros mil comportamentos expressam concretamente o amor pela cidade. Sem discursos, sem publicidade, mas com um estilo de educação cívica praticada no dia-a-dia. E assim, cooperam silenciosamente para o bem comum.

Da mesma forma, sinto em mim uma grande estima pelos pais, os professores e todos os educadores, que com este mesmo estilo, procuram formar as crianças e adolescentes no sentido cívico, a uma ética da responsabilidade, educando-os para sentirem-se parte, a cuidar, a se interessarem pela realidade que os circunda.

Estas pessoas, mesmo que não sejam notícia, são a maior parte das pessoas que vivem em Roma. E entre elas, muitas encontram-se em condições económicas precárias, e mesmo assim, não ficam lamentando, não cultivam ressentimentos e rancores, mas esforçam-se para fazer em cada dia a sua parte a fim de melhorar um pouco as coisas.

Hoje, ao dar graças a Deus, convido todos a manifestar um reconhecimento a todos esses artesãos do bem comum, que amam a sua cidade, não com palavras, mas com os factos”.




Papa: possibilidades impensadas para famílias que voltam à fonte da experiência cristã


Papa saúda os fiéis na Praça São Pedro durante o último Angelus de 2017
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"Cada vez que as famílias, mesmo aquelas feridas e marcadas pela fragilidade, fracassos e dificuldades, voltam à fonte da experiência cristã, abrem-se novos caminhos e possibilidades impensadas”, disse o Papa no Angelus, convidando as famílias a custodiarem os filhos para que possam crescer em harmonia e plenitude.
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Cidade do Vaticano

“Criar condições favoráveis para o crescimento harmônico e pleno dos filhos, para que possam viver uma vida boa, digna de Deus e construtiva para o mundo”.

No Angelus do domingo em que a Igreja festeja a Sagrada Família, o Papa Francisco apelou às famílias para custodiarem o crescimento dos filhos, recordando ainda que mesmo em meio às dificuldades, quando as famílias “voltam para a fonte da experiência cristã, se abrem novos caminhos, e possibilidades impensadas”.

Dirigindo-se da janela do apartamento pontifício aos milhares de fiéis e turistas reunidos na Praça São Pedro, o Pontífice recordou que o Evangelho do dia “nos convida a refletir sobre a experiência vivida por Maria, José e Jesus, enquanto cresciam juntos como família no amor recíproco e na confiança em Deus”.

E uma das etapas deste crescimento, é a ida ao templo “para atestar que o filho pertence a Deus e que eles são os custódios da sua vida e não os proprietários:

“Este gesto sublinha que somente Deus é o Senhor da história individual e familiar; tudo nos vem d’Ele. Cada família é chamada a reconhecer tal primado, custodiando e educando os filhos para abrirem-se a Deus que é a fonte da própria vida."
“ Todos os pais são custódios da vida dos filhos, não proprietários, e devem ajudá-los a crescer e amadurecer ”
E nisto – enfatizou o Papa - reside “o segredo da juventude interior, testemunhado paradoxalmente no Evangelho por um casal de idosos, Simeão e Ana”.

Francisco explica então as palavras proféticas de Simeão de que “menino vai ser causa tanto de queda como de reerguimento para muitos em Israel e como um sinal de contradição”:

Estas palavras proféticas revelam que Jesus veio para fazer cair as falsas imagens que nós fazemos de Deus e também de nós mesmos; para “contradizer” as seguranças mundanas sobre as quais pretendemos nos apoiar; para fazer-nos ressurgir para um caminho humano e cristão autêntico verdadeiro, alicerçado nos valores do Evangelho”.

Angelus de 31 de dezembro de 2017

 


O Papa alerta ainda de que não existe situação familiar que não possa seguir por este novo caminho de renascimento e ressurreição”:

“E cada vez que as famílias, mesmo aquelas feridas e marcadas pela fragilidade, fracassos e dificuldades, voltam à fonte da experiência cristã, se abrem novos caminhos e possibilidades impensadas”.

Francisco retoma a passagem do Evangelho que narra o retorno da Sagrada Família à Galileia, para falar sobre a importância do crescimento dos filhos:
“Uma grande alegria da família é o crescimento dos filhos, todos sabemos disso. Eles são destinados a crescer e fortificar-se, a adquirir experiência e acolher a graça de Deus, precisamente como aconteceu com Jesus. Ele é realmente um de nós: o Filho de Deus se fez criança, aceita crescer, fortalecer-se, é cheio de sabedoria e a graça de Deus está com Ele”.

Maria e José têm esta alegria de ver tudo isto em seu filho – observou o Papa – frisando que “esta é a missão para a qual é orientada a família”:

“Criar condições favoráveis para o crescimento harmônico e pleno dos filhos, para que possam viver uma vida boa, digna de Deus e construtiva para o mundo”.
“Estes são os votos que dirijo hoje a todas as famílias, acompanhados com a invocação a Maria, Rainha das Famílias”, disse Francisco ao concluir sua reflexão que precedeu a oração do Angelus.

Ao final o Papa saudou de maneira especial as famílias, também aquelas que acompanham de casa,  pedindo que “a Sagrada família vos abençoe e vos guie em vosso caminho”.

O Santo Padre fez votos de um feliz domingo e de um sereno final de ano, pedindo para não esquecermos neste dia “de agradecer a Deus pelo ano transcorrido e por todo o bem recebido”:

E nos fará bem, a cada um de nós, tomar um pouco de tempo para pensar quantas coisas boas recebi do Senhor este ano e agradecer. E se existiram provações, dificuldades, agradecer também porque nos ajudou a superar estes momentos. Hoje é um dia de agradecimento".

"Agradeço pelas felicitações e pelas orações de vocês: e continuem, por favor, a rezar por mim. Bom almoço e até logo".



Papa pediu aos pais atenção ao crescimento harmónico dos filhos



30 dezembro, 2017

Com foto de bombardeio em Nagasaki, Papa denuncia "o fruto da guerra"

Foto de Joseph Roger O’Donnell 
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Uma fotografia tirada após o bombardeio de Nagasaki foi escolhida pelo Papa Francisco para denunciar "o fruto da guerra".
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Cidade do Vaticano

Nagasaki 1945. Um jovem que carrega nas costas seu irmão morto após um bombardeio atômico, aguarda sua vez para cremar seu corpo.

A objetiva do fotógrafo estadunidense Joseph Roger O’Donnell imortalizou em preto e branco aquele momento dramático.

Uma imagem que mesmo 70 anos depois, ainda mexe com as consciências, tocando e muito, inclusive o Papa Francisco, que pediu para que fosse impressa em um cartão acompanhada por um comentário eloquente: «... o fruto da guerra», e com sua assinatura.

O breve comentário sugere uma chave de leitura essencial da foto, destacando em particular o sofrimento da criança que perdeu o irmão: sofrimento percebido pela expressão dos lábios, que ele morde até sangrar.

VATICAN NEWS

29 dezembro, 2017

Papa: fazer teologia de joelhos e com o santo povo de Deus

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Papa em meios aos fiéis  (Vatican Media)
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Francisco recebeu os membros da Associação Teológica Italiana, aos quais falou do papel urgente imprescindível da teologia para repensar os grandes temas da fé cristã.
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Cidade do Vaticano 

Uma das últimas audiências do ano do Papa Francisco foi aos membros da Associação Teológica Italiana, recebidos no Vaticano no dia 29 de dezembro.


Espírito de serviço e comunhão oriundos do Concílio Vaticano II

A Associação, composta por 330 teólogos, completou 50 anos em 2017, nascida no espírito de serviço e de comunhão indicado pelo Concílio Vaticano II. Para Francisco, a Igreja deve referir-se sempre a este evento como uma nova etapa de evangelização. 

Por isso, peço-lhes que continuem a permanecer fiéis e ancorados ao Concílio e à capacidade que, naquela ocasião, a Igreja mostrou deixar-se fecundar pela perene novidade do Evangelho de Cristo.”

Francisco ressaltou ainda o estilo da Associação de “fazer teologia juntos”. De facto, não se pode pensar em servir a Verdade de um Deus que é Amor de modo “individualista, particularista ou, pior ainda, numa lógica competitiva”.

A pesquisa dos teólogos não pode ser pessoal; mas de pessoas que estão mergulhadas numa comunidade teológica a mais ampla possível, da qual se sentem e realmente fazem parte, envolvidas em laços de solidariedade e também de amizade autentica. Este não é um aspecto secundário do ministério teológico!

Intelecto e religiosidade

 Um ministério, continuou o Papa, do qual a Igreja tem grande necessidade. Para sermos fiéis autênticos, recordou, não é necessário ter realizado cursos académicos de teologia. Há um sentido das realidades da fé que pertence a todo o povo de Deus, inclusive de quem não tem meios intelectuais para expressá-lo.

É nesta fé viva do santo povo fiel de Deus que todo teólogo deve sentir-se mergulhado e do qual deve sentir-se também amparado, transportado e abraçado. Isso não exclui, porém, que exista sempre a necessidade daquele específico trabalho teológico com o qual, como dizia São Boaventura, se possa chegar ao credibile ut intelligibile, isto é, àquilo que se crê enquanto é compreendido. É uma exigência da plena humanidade dos próprios fiéis.”

Na perspectiva de uma Igreja em saída missionária, acrescentou ainda Francisco, o ministério teológico torna-se particularmente importante e urgente. Para o Papa, a teologia é “imprescindível” para repensar os grandes temas da fé cristã dentro de uma cultura profundamente transformada devido ao desenvolvimento científico e técnico sem precedentes e de uma cultura cristã onde nasceram visões distorcidas do Evangelho.

Necessita-se de uma teologia que ajude todos os cristãos a anunciar e mostrar, sobretudo, o rosto salvífico de Deus, o Deus misericordioso, especialmente na presença de alguns desafios inéditos que envolvem hoje toda a humanidade”, disse Francisco, citando entre eles a crise ecológica, as desigualdades sociais e as migrações de inteiros povos e o relativismo teórico, mas também prático.

Três conselhos 

Antes de concluir o seu articulado discurso, o Papa deu outros três conselhos aos teólogos: não perder a capacidade de maravilhar-se, de fazer teologia de joelhos e na Igreja, isto é, no santo povo fiel de Deus.

Francisco lembrou-se de uma confissão de uma senhora portuguesa, que de tão religiosa confessava pecados que não existiam, demonstrando grande conhecimento. “No final, contou o Papa fiquei com vontade de lhe perguntar: ‘a senhora estudou na Gregoriana?’. Era realmente uma mulher simples, simples… Mas tinha a intuição, tinha o sensus fidei, aquilo que na fé não pode errar.”

O Papa despediu-se dos teólogos fazendo votos de que as pesquisas da Associação possam fecundar e enriquecer todo o povo de Deus.

VATICAN NEWS

Card. Tauran: o amor, única força capaz de tornar o mundo um lugar melhor

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Papa presenteia budistas com escultura da pomba da paz  (AFP or licensors)
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À frente do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso desde 2007, o purpurado ressalta que os vários encontros inter-religiosos realizados em 2017 demonstram a importância para nós cristãos de permanecermos ancorados com coerência à nossa fé, nas dificuldades de um mundo tão plural, sem ceder ao desânimo, para testemunhar que a convergência é possível.
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Cidade do Vaticano

O diálogo é sempre um caminho a ser percorrido, por esta razão deve ser promovido, “apesar de tudo”. Pois o cristão, é chamado a dar um testemunho coerente também nas dificuldades, sobretudo no mundo em que mais violências são cometidas em nome de Deus ou da religião.

Disto não tem dúvidas o presidente do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso, cardeal Jean-Louis Tauran, ao fazer um balanço das atividades do dicastério que preside, no ano que está a concluir-se.

Justamente nestes dias em que os refletores da mídia, dirigem-se à “questão Jerusalém”, o purpurado  reitera ao L’Osservatore Romano a sua firme posição contra qualquer tentativa de instrumentalizar a religião com fins políticos.

As recentes escolhas da administração Trump reacenderam tensões na Cidade Santa. Ainda existem esperanças de uma paz estável no Médio Oriente ?

“Penso que sim. O diálogo deve prosseguir a todos os níveis. Basta pensar no que ocorreu por uma significativa coincidência a seis de dezembro, quando foi anunciada a decisão da Casa Branca. Naquela mesma manhã, o Papa recebeu antes da Audiência Geral, os participantes de uma reunião entre o nosso dicastério e a comissão para o diálogo inter-religioso do Estado da Palestina.

Na delegação de alto nível, guiada pelo Xeique Mahmoud Al-Habbash, juiz supremo, o Pontífice fez uma exortação à colaboração, que encontrou resposta na assinatura de um memorandum de intenções para a criação de um grupo de trabalho permanente. Enfim, tratou-se de um exemplo de testemunho inter-religioso muito relevante, uma prudente aproximação no sinal da amizade, na direção oposta ao incendiário propagar-se do ódio e da ira”.

Portanto, encontrando-se  e dialogando tudo é possível?

“Nós acreditamos nisto: no fundo, não obstante as posições que por vezes possam parecer distantes, é necessário promover espaços de diálogo sincero. Malgré tout [apesar de tudo], nós estamos muito convencidos de que se pode viver juntos, como demonstra o Papa que cotidianamente continua a sublinhar a importância do respeito recíproco com os fiéis de outras tradições. E não somente com o islã, mas também por exemplo com os budistas, como fez durante a recente viagem à Ásia”.

Ou como faz nos encontros que às vezes precedem as Audiências Gerais das quartas-feiras?

“Está a tornar-se uma espécie de hábito: Francisco recebe pequenas delegações que nós acompanhamos. Recordo o encontro de março com as superintendências iraquianas para xiitas e sunitas e aquela para cristãos, yazidis, sabeus/mandeus: “Todos somos irmãos, e onde há fraternidade, há paz”, disse Francisco naquela ocasião, recorrendo à imagem dos dedos de uma mão: “são cinco, mas todos diferentes”.

Mais recentemente, houve em setembro a audiência ao secretário geral da Liga muçulmana mundial, Muhammad Al-Issa, e em outubro à World Conference os religions of Peace, durante a qual o Papa reiterou a importância “da cooperação inter-religiosa para contrapor-se aos conflitos e fazer avançar o desenvolvimento”. Que é o que faz o nosso dicastério por meio da organização de seminários em Roma ou a participação em conferências internacionais”.

Quais foram os encontros mais importantes deste ano?

“2017 foi aberto com o anual encontro com os membros do Departamento para o diálogo inter-religioso e a cooperação do Conselho ecuménico das Igrejas (Wcc, sigla em inglês), realizado na nossa sede após a semana de oração para a unidade dos cristãos. Em fevereiro fui ao Cairo para um simpósio organizado pela universidade de al-Azhar sobre o papel do Grão Imã e do Vaticano para combater os fenomenos do fanatismo e do extremismo em nome da religião.

E em maio fui a Rabat para um dia de estudos promovido pela Academia real do Marrocos. Por fim, em novembro, realizou-se em Taiwan o sexto colóquio budista-cristão sobre o tema da não-violência: nos trabalhos pronunciou-se o subsecretário Mons. Indunil Kodithuwakku, enquanto eu proferi a conferência conclusiva.

Por fim, a ser recordada a minha participação - a convite da comunidade Santo Egídio - na conferência « Caminhos de paz »,  que em 6 de novembro deu-me a ocasião de compartilhar momentos de fraternidade com o Grão Imã de al-Azhar.

Viajou muito o bispo secretário Miguel Ángel Ayuso Guixot: em março ao Catar para a quinta conferência do Research center for islamic legislation and ethics sobre o tema «Conflito e resistência ética: para uma compreensão crítica da jihad e da “guerra justa”» e em julho inicialmente ao Egito, onde na sede da nunciatura apostólica foi estudado um documento de intenções com al-Azhar para uma futura colaboração comum, e então à República dos Camarões para a 11ª assembleia plenária da Associação das conferências episcopais da região da África Central (Acerac).

Em agosto, o missionário comboniano foi até o Japão para o 30º encontro de oração pela paz realizado no monte Hiei, em Kyoto, e então ao Chile para a segunda conferência “América em diálogo. Nossa casa comum”. Por fim, foi a Berkeley, Califórnia, com Mons. Khaled Akashed, responsável pelo islã, ao quarto fórum católico-muçulmano, nascido da famosa Carta dos 138 «Uma Palavra Comum»”.

E na metade no ano, a assembleia plenária do Pontifício Conselho dedicada ao papel das mulheres na educação à fraternidade universal. Um tema inovador?

É uma chave de leitura que se inspira no magistério pontifício. Francisco sempre pediu para valorizar a presença feminina dando a ela maior espaço. E recebendo-nos no final dos trabalhos reiterou que “a mulher, possuindo características peculiares pode oferecer uma importante contribuição ao diálogo com a sua capacidade de escutar, de acolher e de abrir-se generosamente aos outros”.

Qual o significado das mensagens enviadas pelas festas de outras religiões?

Trata-se de gestos de cortesia, nos quais nos unimos aos momentos de alegria vividos pelos fiéis em várias partes do mundo. Basta pensar na mensagem que há cinquenta anos dirigimos aos muçulmanos no mês do Ramadã, focada este ano de 2017 no cuidado pela casa comum. Pelo Vesakh/Hanamatsuri pedimos aos budistas para percorrer juntos o caminho da não-violência, enquanto que, para o Diwali exortamos os hinduístas a irem contra a intolerância. Além disso também escrevi uma carta aos trabalhos da Christian-Confucian consultation realizada na Coreia”.

Existe uma imagem que poderia simbolizar os trabalhos realizados ao longo deste ano?

Talvez justamente aquela publicada no L’Osservatore Romano na primeira página por ocasião da audiência pontifícia de 7 de novembro ao Grão Imã de al-Azhar, Ahmed Muhammad al-Tayyib. No final Francisco convidou o Xeique para o almoço em Santa Marta, para onde os dois foram a pé, conversando durante o percurso. Portanto, os esforços do Papa e os nossos concretizaram-se nesta frutuosa visita do líder religioso do islã sunita realizada numa atmosfera de simpática familiaridade.

Tudo isto demonstra a importância para nós cristãos de permanecer ancorados com coerência à nossa fé, nas dificuldades de um mundo tão plural, sem ceder ao desânimo: por uma melhor compreensão dos desafios característicos de uma realidade multicultural e para testemunhar que é possível conviver, na convicção de que o amor é a única força capaz de tornar o mundo um lugar melhor”.

(L'Osservatore Romano)

28 dezembro, 2017

Mensagem do Papa aos jovens participantes do Encontro europeu de Taizé

 
Logotipo do Encontro europeu dos jovens de Taizé, este anona região suíça da Basileia
 
 
O Santo Padre encoraja-os a não terem medo de percorrer os caminhos da fraternidade a fim de que o voss encontro em Basileia “torne visível a comunhão alegre que brota da fonte do coração transbordante do Senhor”, afirma.
 
Cidade do Vaticano

“Fazer crescer uma cultura da misericórdia, baseada na redescoberta do encontro com os outros: uma cultura em que ninguém olha para o outro com indiferença nem desvia o olhar quando vê o sofrimento dos irmãos.”


É a exortação do Papa Francisco na mensagem – assinada pelo secretário de Estado vaticano, cardeal Pietro Parolin – aos participantes do Encontro europeu de Taizé em Basileia, na Suíça, de 28 de dezembro a 1º de janeiro de 2018.

Dirigindo-se aos milhares de jovens provenientes de toda a Europa e também de outros continentes, para viver em Basileia – encruzilhada entre a Suíça, a França e a Alemanha – o 40º encontro organizado e animado pela Comunidade de Taizé, Francisco ressalta que eles são sustentados pelo desejo de encontrar juntos as fontes da alegria. “Esse é o tema que guiará as suas reflexões e que iluminará na oração”, afirma.

Nessa perspectiva, o Papa Francisco quer assegurar a sua profunda proximidade espiritual. Efetivamente, como escreveu na Exortação apostólica Evangelii gaudium, “a alegria do Evangelho torna repletos o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus. Aqueles que se deixam salvar por Ele são libertados do pecado, da tristeza, do vazio interior, do isolamento. Com Jesus Cristo a alegria sempre nasce e renasce” (n. 1).

Do mesmo modo, o Santo Padre tem a felicidade de saber que vocês escolheram participar neste encontro para acolher e aprofundar a mensagem de Jesus que é fonte de alegria para todos aqueles que lhe abrem o coração. O Pontífice agradece-vos por terem respondido ao chamamento do Senhor que reúne todos na alegria de seu amor, lê-se ainda na mensagem.
“ O Papa os encoraja a permitir que esta alegria, que nasce da amizade vivida com Jesus, habite neles, esta alegria que jamais nos fecha aos outros nem aos sofrimentos deste mundo. ”
Francisco “convida-os a permanecer unidos ao Senhor, mediante a oração e a escuta da sua Palavra, a fim de que Ele possa ajudá-los a gastar seus talentos para fazer crescer uma cultura da misericórdia, baseada na redescoberta do encontro com os outros”.

Ao destacar que neste ano que está a concluir-se foram recordados os 500 anos da Reforma, o Pontífice pede ao Espírito Santo que ajude os jovens protestantes, católicos e ortodoxos a alegrarem-se e enriquecer com a diversidade dos dons concedidos a todos os discípulos de Cristo, para manifestar que a alegria do Evangelho nos une para além de todas as feridas de nossas divisões.

O Santo Padre encoraja -os a não terem medo de percorrer os caminhos da fraternidade a fim de que o vosso encontro em Basileia, afirma, “torne visível a comunhão alegre que brota da fonte do coração transbordante do Senhor”
 
VATICAN NEWS

27 dezembro, 2017

Papa na Audiência: Jesus é o centro contra a desnaturalização do Natal


2017.12.27-Udienza-Generale  (Vatican Media)


Na última Audiência Geral do ano, Francisco falou aos fiéis sobre o verdadeiro significado do Natal, que é Jesus. Com Ele, devemos aprender a ser dom para os outros, sobretudo para os mais necessitados
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Bianca Fraccalvieri – Cidade do Vaticano

O Papa recebeu cerca de sete mil peregrinos na Sala Paulo VI para a última Audiência Geral do ano de 2017.

Na sua catequese, Francisco aprofundou o significado do Natal, isto é, o nascimento de Jesus. Para o Pontífice, estamos a viver uma espécie de desnaturalização do Natal: em nome do falso respeito por quem não é cristão, elimina-se da festa toda referência ao nascimento de Jesus. “Sem Jesus não há Natal”, recordou.

Deus fez-se homem de maneira surpreendente: nasceu de uma pobre jovem desconhecida, que dá à luz numa estrebaria, somente com a ajuda do marido.

O mundo não deu conta de nada, mas os anjos exultaram no Céu! E é assim que o Filho de Deus se apresenta também hoje de nós: como o dom de Deus para a humanidade, que está imergida na noite e no torpor da sonolência.  
“ E ainda hoje assistimos ao facto de que com frequência a humanidade prefere a escuridão, porque sabe que a luz desvelaria todas aquelas ações e aqueles pensamentos que nos fariam envergonhar. Assim, prefere-se permanecer nas trevas e não reverter os próprios hábitos errados. ”
Jesus é um dom de Deus para nós, que deve ser acolhido como Ele nos ensinou: tornando-nos diariamente um dom para as pessoas que cruzam a nossa vida. Por isso mesmo, no Natal, trocamos presentes entre nós. Mas, para nós, o verdadeiro dom é Jesus.

E, por fim, um último aspecto importante: no Natal, podemos ver que a história humana, aquela movida pelos poderosos deste mundo, é visitada pela história de Deus.

“Com os pequeninos e os desprezados, Jesus estabelece uma amizade que continua no tempo e que nutre a esperança por um futuro melhor”. Com eles, em todos os tempos, prosseguiu Francisco, Deus quer construir um mundo novo, um mundo em que não existam mais pessoas rejeitadas, maltratadas e indigentes.

Veja também:


“Queridos irmãos e irmãs, nestes dias abramos a mente e o coração para acolher esta graça. Jesus é  dom de Deus para nós e, se O acolhermos, também nós podemos tornar-nos dom para os outros, antes de tudo para aqueles que jamais experimentaram a atenção e ternura. E quantas pessoas nas suas vidas nunca sentiram um carinho, uma atenção de amor, um gesto de ternura... O Natal leva-nos a fazer isso. Assim, Jesus vem nascer na vida de cada um de nós e, através de nós, continua a ser dom de salvação para os pequeninos e os excluídos.”

Como na semana passada, no final da Audiência o Papa assistiu a um espetáculo circense, desta vez do Golden Circus de Liana Orfei.
 
Reportagem completa

VATICAN NEWAS

Card. Braz de Aviz: "O Papa, seja quem for, é sempre Pedro"

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No último dia 21, o Papa recebeu seus colaboradores da Cúria no Vaticano
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“Ou somos Evangelho, realmente unidos ao Papa, ou não tem sentido estarmos aqui”, afirma o cardeal brasileiro João Braz de Aviz , que dirige Congregaçãopara os Consagrados desde 2011.
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Cristiane Murray – Cidade do Vaticano

Fim de ano, tempo de balanços e análises também no Vaticano. Na última quinta-feira (21/12), o Papa se encontrou com os seus colaboradores da Cúria para os votos de Natal e Ano Novo e na ocasião, falou sobre a resistência que tem enfrentado dentro do governo do Vaticano em relação às reformas que quer instaurar.

Francisco criticou o comportamento daqueles que foram nomeados para fazer avançar a reforma, mas que "não compreendem a magnitude de sua responsabilidade" e são "traidores da confiança".

Colaborador próximo do Papa, o cardeal brasileiro João Braz de Aviz está na Curia dirigindo a Congregação que trata dos Consagrados desde 2011. Foi nomeado por Bento XVI e confirmado por Francisco em 2013.

Em sua opinião, Francisco quer uma Igreja que testemunhe o Evangelho sem misturá-lo com critérios mundanos, afirma, entrevistado por Bianca Fraccalvieri, do Vatican News.
“ O Papa, seja quem for, é sempre Pedro. Ou somos Evangelho, realmente unidos ao Papa, ou não tem sentido estarmos aqui ”
“A reforma será mais lenta do que ele pensava, pois reformas começam no coração de cada pessoa. Portanto, é necessário paciência, espera e cuidado, caminhando juntos e para frente”.

Outra consideração do Cardeal Braz de Aviz é em relação à pessoa do Papa: “é claro, não agride e fala com gratuidade; além de ser humanamente maduro e com muita saúde física e lucidez”.



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