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À frente do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso desde 2007, o purpurado ressalta que os vários encontros inter-religiosos realizados em 2017 demonstram a importância para nós cristãos de permanecermos ancorados com coerência à nossa fé, nas dificuldades de um mundo tão plural, sem ceder ao desânimo, para testemunhar que a convergência é possível.
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À frente do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso desde 2007, o purpurado ressalta que os vários encontros inter-religiosos realizados em 2017 demonstram a importância para nós cristãos de permanecermos ancorados com coerência à nossa fé, nas dificuldades de um mundo tão plural, sem ceder ao desânimo, para testemunhar que a convergência é possível.
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Cidade do Vaticano
O diálogo é sempre um caminho a ser percorrido, por esta razão deve
ser promovido, “apesar de tudo”. Pois o cristão, é chamado a dar um
testemunho coerente também nas dificuldades, sobretudo no mundo em
que mais violências são cometidas em nome de Deus ou da religião.
Disto não tem dúvidas o presidente do Pontifício Conselho para o
Diálogo Inter-religioso, cardeal Jean-Louis Tauran, ao fazer um balanço
das atividades do dicastério que preside, no ano que está a concluir-se.
Justamente nestes dias em que os refletores da mídia, dirigem-se à
“questão Jerusalém”, o purpurado reitera ao L’Osservatore Romano a sua
firme posição contra qualquer tentativa de instrumentalizar a religião
com fins políticos.
As recentes escolhas da administração Trump reacenderam tensões na
Cidade Santa. Ainda existem esperanças de uma paz estável no Médio Oriente ?
“Penso que sim. O diálogo deve prosseguir a todos os níveis.
Basta pensar no que ocorreu por uma significativa coincidência a seis
de dezembro, quando foi anunciada a decisão da Casa Branca. Naquela
mesma manhã, o Papa recebeu antes da Audiência Geral, os participantes de
uma reunião entre o nosso dicastério e a comissão para o diálogo
inter-religioso do Estado da Palestina.
Na delegação de alto nível, guiada pelo Xeique Mahmoud Al-Habbash,
juiz supremo, o Pontífice fez uma exortação à colaboração, que
encontrou resposta na assinatura de um memorandum de intenções para a
criação de um grupo de trabalho permanente. Enfim, tratou-se de um
exemplo de testemunho inter-religioso muito relevante, uma prudente
aproximação no sinal da amizade, na direção oposta ao incendiário
propagar-se do ódio e da ira”.
Portanto, encontrando-se e dialogando tudo é possível?
“Nós acreditamos nisto: no fundo, não obstante as posições que por
vezes possam parecer distantes, é necessário promover espaços de
diálogo sincero. Malgré tout [apesar de tudo], nós estamos muito
convencidos de que se pode viver juntos, como demonstra o Papa que
cotidianamente continua a sublinhar a importância do respeito recíproco
com os fiéis de outras tradições. E não somente com o islã, mas também
por exemplo com os budistas, como fez durante a recente viagem à Ásia”.
Ou como faz nos encontros que às vezes precedem as Audiências Gerais das quartas-feiras?
“Está a tornar-se uma espécie de hábito: Francisco recebe pequenas
delegações que nós acompanhamos. Recordo o encontro de março com as
superintendências iraquianas para xiitas e sunitas e aquela para
cristãos, yazidis, sabeus/mandeus: “Todos somos irmãos, e onde há
fraternidade, há paz”, disse Francisco naquela ocasião, recorrendo à
imagem dos dedos de uma mão: “são cinco, mas todos diferentes”.
Mais recentemente, houve em setembro a audiência ao secretário
geral da Liga muçulmana mundial, Muhammad Al-Issa, e em outubro à World
Conference os religions of Peace, durante a qual o Papa reiterou a
importância “da cooperação inter-religiosa para contrapor-se aos
conflitos e fazer avançar o desenvolvimento”. Que é o que faz o nosso
dicastério por meio da organização de seminários em Roma ou a
participação em conferências internacionais”.
Quais foram os encontros mais importantes deste ano?
“2017 foi aberto com o anual encontro com os membros do
Departamento para o diálogo inter-religioso e a cooperação do Conselho
ecuménico das Igrejas (Wcc, sigla em inglês), realizado na nossa sede
após a semana de oração para a unidade dos cristãos. Em fevereiro fui ao
Cairo para um simpósio organizado pela universidade de al-Azhar sobre o
papel do Grão Imã e do Vaticano para combater os fenomenos do fanatismo
e do extremismo em nome da religião.
E em maio fui a Rabat para um dia de estudos promovido pela
Academia real do Marrocos. Por fim, em novembro, realizou-se em Taiwan o
sexto colóquio budista-cristão sobre o tema da não-violência: nos
trabalhos pronunciou-se o subsecretário Mons. Indunil Kodithuwakku,
enquanto eu proferi a conferência conclusiva.
Por fim, a ser recordada a minha participação - a convite da
comunidade Santo Egídio - na conferência « Caminhos de paz », que em 6
de novembro deu-me a ocasião de compartilhar momentos de fraternidade
com o Grão Imã de al-Azhar.
Viajou muito o bispo secretário Miguel Ángel Ayuso Guixot: em
março ao Catar para a quinta conferência do Research center for islamic
legislation and ethics sobre o tema «Conflito e resistência ética: para
uma compreensão crítica da jihad e da “guerra justa”» e em julho
inicialmente ao Egito, onde na sede da nunciatura apostólica foi
estudado um documento de intenções com al-Azhar para uma futura
colaboração comum, e então à República dos Camarões para a 11ª
assembleia plenária da Associação das conferências episcopais da região
da África Central (Acerac).
Em agosto, o missionário comboniano foi até o Japão para o 30º
encontro de oração pela paz realizado no monte Hiei, em Kyoto, e então
ao Chile para a segunda conferência “América em diálogo. Nossa casa
comum”. Por fim, foi a Berkeley, Califórnia, com Mons. Khaled Akashed,
responsável pelo islã, ao quarto fórum católico-muçulmano, nascido da
famosa Carta dos 138 «Uma Palavra Comum»”.
E na metade no ano, a assembleia plenária do Pontifício Conselho
dedicada ao papel das mulheres na educação à fraternidade universal. Um
tema inovador?
“É uma chave de leitura que se inspira no magistério pontifício.
Francisco sempre pediu para valorizar a presença feminina dando a ela
maior espaço. E recebendo-nos no final dos trabalhos reiterou que “a
mulher, possuindo características peculiares pode oferecer uma
importante contribuição ao diálogo com a sua capacidade de escutar, de
acolher e de abrir-se generosamente aos outros”.
Qual o significado das mensagens enviadas pelas festas de outras religiões?
“Trata-se de gestos de cortesia, nos quais nos unimos aos momentos
de alegria vividos pelos fiéis em várias partes do mundo. Basta pensar
na mensagem que há cinquenta anos dirigimos aos muçulmanos no mês do
Ramadã, focada este ano de 2017 no cuidado pela casa comum. Pelo
Vesakh/Hanamatsuri pedimos aos budistas para percorrer juntos o caminho
da não-violência, enquanto que, para o Diwali exortamos os hinduístas a irem
contra a intolerância. Além disso também escrevi uma carta aos trabalhos
da Christian-Confucian consultation realizada na Coreia”.
Existe uma imagem que poderia simbolizar os trabalhos realizados ao longo deste ano?
“Talvez justamente aquela publicada no L’Osservatore Romano na
primeira página por ocasião da audiência pontifícia de 7 de novembro ao
Grão Imã de al-Azhar, Ahmed Muhammad al-Tayyib. No final Francisco
convidou o Xeique para o almoço em Santa Marta, para onde os dois foram a
pé, conversando durante o percurso. Portanto, os esforços do Papa e
os nossos concretizaram-se nesta frutuosa visita do líder religioso do islã
sunita realizada numa atmosfera de simpática familiaridade.
Tudo isto demonstra a importância para nós cristãos de permanecer
ancorados com coerência à nossa fé, nas dificuldades de um mundo tão
plural, sem ceder ao desânimo: por uma melhor compreensão dos desafios
característicos de uma realidade multicultural e para testemunhar que é
possível conviver, na convicção de que o amor é a única força capaz de
tornar o mundo um lugar melhor”.
(L'Osservatore Romano)
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