(RV) O Papa Francisco presidiu a celebração
eucarística, na Basílica de São Pedro, na tarde desta terça-feira
(12/12), festa de Nossa Senhora de Guadalupe.
A homilia do Pontífice baseou-se em dois grandes cânticos: o cântico
de Maria, conhecido como «Magnificat», e o cântico de Zacarias,
«Benedictus», que Francisco gosta de chamar de “o cântico de Isabel ou
da fecundidade”.
“Milhões de cristãos no mundo começam o dia cantado: «Bendito seja o
Senhor» e terminam o dia «proclamando a sua grandeza porque olhou com
bondade para a pequenez do seu povo”, disse o Papa.
Esterelidade
“Deste modo, os fiéis de diferentes povos, procuram, todos os dias,
fazer memória; recordar que de geração em geração, a misericórdia de
Deus se estende sobre todo o povo como havia prometido aos nossos pais.
Nesse contexto de memória agradecida, nasce o canto de Isabel em forma
de pergunta: «Quem sou eu para que a mãe do meu Senhor venha me
visitar?» Encontramos Isabel, mulher marcada pelo sinal da esterilidade,
cantando sob o signo da fecundidade e da admiração.”
A propósito da esterilidade de Isabel, Francisco nos convidou a
imaginar, por um instante, “o olhar de seus familiares, de seus
vizinhos, de si mesma. Esterilidade que se aprofunda e acaba paralisando
toda a vida. Esterilidade que pode ter muitos nomes e formas sempre que
uma pessoa sente na própria pele a vergonha de ser estigmatizada ou se
sente pequena”.
O mesmo podemos imaginar para o índio Juan Diego quando ele diz a
Maria: “Eu realmente não valho nada, sou um «mecapal, cacaxtle, cauda,
asa, necessitado de ser conduzido e carregado nos ombros»”.
Riqueza dos povos da América Latina e Caraíbas
Segundo o Papa, “esse sentimento pode estar presente também nas
nossas comunidades indígenas e afrodescendentes, que muitas vezes não
são tratadas com dignidade e igualdade de condições”, conforme relatos
dos bispos latino-americanos, “ou nas muitas mulheres, que são excluídas
por razão de género, raça ou situação socioeconómica; nos jovens, que
recebem uma educação de baixa qualidade e não têm oportunidades para
progredir nos seus estudos e nem de entrar no mercado de trabalho para
se desenvolver e construir uma família, nos muitos pobres,
desempregados, migrantes, deslocados, agricultores sem terra que
procuram sobreviver na economia informal; nas crianças submetidas à
prostituição infantil, muitas vezes ligada ao turismo sexual”.
O Papa disse ainda que “no meio dessa dialéctica de fecundidade e
esterilidade, devemos olhar a riqueza e a diversidade cultural dos
nossos povos da América Latina e Caraíbas, sinal da grande riqueza que
somos chamados não somente a cultivar, mas também, especialmente no
nosso tempo, defender corajosamente de todas as tentativas de
homogeneização que acabam impondo, sob slogans atraentes, uma maneira
única de pensar, de ser, de sentir, de viver, que acabam por tornar
inválido ou estéril tudo o que foi herdado dos nossos pais; que acabam
por fazer com que os nossos jovens se sentam coisa pequena por
pertencerem a essa ou aquela cultura. A nossa fertilidade exige que
defendamos os nossos povos indígenas, afro-americanos, mestiços,
camponeses ou suburbanos, de uma colonização ideológica que cancela o
que há de mais rico neles”.
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