01 dezembro, 2017

Proximidade maior aos leigos - Pediu o Papa aos Bispos do Bangladesh


(RV) Um dos importantes momentos deste segundo dia da visita do Papa ao Bangladesh foi o seu encontro com os bispos do País na Casa para os Sacerdotes idosos, em Daca.

Do discurso que Francisco lhes dirigiu emerge uma grande satisfação do Papa por uma Igreja bem organizada e activa junto do povo. Um dos traços dessa organização é o Plano Pastoral de 1985 a que se referiu o Cardeal Patrick do Rosário nas palavras de acolhimento ao Papa. Francisco apreciou e disse que a sua experiencia pessoal de Aparecida convenceu-lhe da “fecundidade de tais planos que envolvem o povo de Deus num processo de discernimento e acção”.  A comunhão, coração desse Plano, continua a animar em termos reais o “ zelo missionário que caracteriza a Igreja no Bangladesh”. Algo que o Papa enalteceu, assim como também o espírito de colegialidade e apoio mútuo entre os bispos. Isto – disse – expressa-se na seriedade e no interesse que demonstram pelo bem do povo. Francisco pediu-lhes para “perseverarem neste ministério de presença, o único que pode estreitar laços de comunhão”  entre todos os componentes da vida católica no país. E fez-lhes mais um pedido:

“Ao mesmo tempo, pedir-vos-ia para mostrardes uma proximidade ainda maior ao fiéis leigos. É preciso promover a sua real participação na vida das vossas igrejas particulares, nomeadamente através das estruturas canónicas que asseguram que as suas vozes sejam ouvidas e as suas experiencias apreciadas”.

O Papa encorajou, portanto, os bispos a reconhecer e valorizar os carismas dos leigos, homens e mulheres, nomeadamente os numerosos e zelosos catequistas de que o Bangladesh dispõe e que Bergoglio definiu de “verdadeiros missionários e guias de oração, especialmente nas áreas mais remotas” do país. “Cuidai – recomendou – das suas necessidades espirituais e da sua constante educação na fé”.

E nas sendas do próximo Sínodo dos Bispos sobre os jovens, em que  - disse o Papa - “todos somos instados a pensar como tornar os nossos jovens mais participantes da alegria, verdade e beleza da nossa fé”, Francisco convidou os bispos do Bangladesh a garantir aos candidatos ao sacerdócio e à vida religiosa - nesse país abençoado pelas vocações – uma boa preparação para que sejam capazes de comunicar as riquezas da fé aos outros e a ocupar-se com alegria e entusiasmo do trabalho que outros começaram e que um dia eles próprios serão chamados a transmitir.

Outra distinção da Igreja no Bangladesh sublinhada pelo Papa é a “notável actividade social” virada para as famílias e para promoção da mulher. Francisco enalteceu o amor à família no sentido lato da palavra, aos doentes e os mais indefesos que caracteriza o povo do Bangladesh e disse que uma especial gratidão é devida a todos aqueles que trabalham silenciosamente em apoio das famílias cristãs. Recordou, citando a “Exortação Ecclesia in Asia “ que a família “é um dos mais eficazes agentes da evangelização”.

Francisco deteve-se depois sobre a “opção preferencial pelos pobres” , aspecto de que a seu ver “a comunidade católica no Bangladesh pode orgulhar-se”, sobretudo pelo serviço nas áreas mais remotas e nas comunidades tribais. E fá-lo através do apostolado educacional, hospitais, clinicas, centros de saúde e várias obras socio-caritativas. Mas, fez notar o Papa – as necessidades não cessam de aumentar, sobretudo tendo em conta a “actual crise dos refugiados”. Francisco indicou aos bispos como inspiração para as obras aos mais necessitados a caridade pastoral, a cultura da misericórdia.

Não faltou uma palavra do Papa sobre o aspecto multi-religioso e ecuménico nesse país de uma grande diversidade étnica e de tradições religiosas. A este respeito Francisco convidou a construir pontes:

Trabalhai incessantemente por construir pontes e promover o dialogo, porque estes esforços não só facilitam a comunicação entre diferentes grupos religiosos, mas despertam também as energias espirituais necessárias para a obra de construção da nação na unidade justiça e paz”.

Quando os líderes religiosos, inspirando-se nas raízes das suas tradições,  falam de um só voz contra a violência revestida de religiosidade  e procuram substituir a cultura do conflito pela cultura do encontro - disse ainda o Papa – “prestam um serviço inestimável ao futuro dos seus países e ao nosso mundo, ensinando aos jovens o caminho da justiça”.

O Papa terminou exprimindo satisfação pela sua viagem que lhe permitiu constatar a vitalidade e o ardor missionário da Igreja no Bangladesh. E incitou os Bispos a pedirem juntos ao Espirito Santo a concessão da “força para anunciar a novidade do Evangelho com ousadia (parrésia)  em voz alta, em todos os tempos e lugares, mesmo contracorrente.

(DA)

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