(RV) Um dos
importantes momentos deste segundo dia da visita do Papa ao Bangladesh
foi o seu encontro com os bispos do País na Casa para os Sacerdotes
idosos, em Daca.
Do discurso que Francisco lhes dirigiu emerge uma grande satisfação
do Papa por uma Igreja bem organizada e activa junto do povo. Um dos
traços dessa organização é o Plano Pastoral de 1985 a que se referiu o
Cardeal Patrick do Rosário nas palavras de acolhimento ao Papa.
Francisco apreciou e disse que a sua experiencia pessoal de Aparecida
convenceu-lhe da “fecundidade de tais planos que envolvem o povo de Deus
num processo de discernimento e acção”. A comunhão, coração desse
Plano, continua a animar em termos reais o “ zelo missionário que
caracteriza a Igreja no Bangladesh”. Algo que o Papa enalteceu, assim
como também o espírito de colegialidade e apoio mútuo entre os bispos.
Isto – disse – expressa-se na seriedade e no interesse que demonstram
pelo bem do povo. Francisco pediu-lhes para “perseverarem neste
ministério de presença, o único que pode estreitar laços de comunhão”
entre todos os componentes da vida católica no país. E fez-lhes mais um
pedido:
“Ao mesmo tempo, pedir-vos-ia para mostrardes uma proximidade
ainda maior ao fiéis leigos. É preciso promover a sua real participação
na vida das vossas igrejas particulares, nomeadamente através das
estruturas canónicas que asseguram que as suas vozes sejam ouvidas e as
suas experiencias apreciadas”.
O Papa encorajou, portanto, os bispos a reconhecer e valorizar os
carismas dos leigos, homens e mulheres, nomeadamente os numerosos e
zelosos catequistas de que o Bangladesh dispõe e que Bergoglio definiu
de “verdadeiros missionários e guias de oração, especialmente nas áreas
mais remotas” do país. “Cuidai – recomendou – das suas necessidades
espirituais e da sua constante educação na fé”.
E nas sendas do próximo Sínodo dos Bispos sobre os jovens, em que -
disse o Papa - “todos somos instados a pensar como tornar os nossos
jovens mais participantes da alegria, verdade e beleza da nossa fé”,
Francisco convidou os bispos do Bangladesh a garantir aos candidatos ao
sacerdócio e à vida religiosa - nesse país abençoado pelas vocações –
uma boa preparação para que sejam capazes de comunicar as riquezas da fé
aos outros e a ocupar-se com alegria e entusiasmo do trabalho que
outros começaram e que um dia eles próprios serão chamados a transmitir.
Outra distinção da Igreja no Bangladesh sublinhada pelo Papa é a
“notável actividade social” virada para as famílias e para promoção da
mulher. Francisco enalteceu o amor à família no sentido lato da palavra,
aos doentes e os mais indefesos que caracteriza o povo do Bangladesh e
disse que uma especial gratidão é devida a todos aqueles que trabalham
silenciosamente em apoio das famílias cristãs. Recordou, citando a
“Exortação Ecclesia in Asia “ que a família “é um dos mais eficazes
agentes da evangelização”.
Francisco deteve-se depois sobre a “opção preferencial pelos pobres” ,
aspecto de que a seu ver “a comunidade católica no Bangladesh pode
orgulhar-se”, sobretudo pelo serviço nas áreas mais remotas e nas
comunidades tribais. E fá-lo através do apostolado educacional,
hospitais, clinicas, centros de saúde e várias obras socio-caritativas.
Mas, fez notar o Papa – as necessidades não cessam de aumentar,
sobretudo tendo em conta a “actual crise dos refugiados”. Francisco
indicou aos bispos como inspiração para as obras aos mais necessitados a
caridade pastoral, a cultura da misericórdia.
Não faltou uma palavra do Papa sobre o aspecto multi-religioso e
ecuménico nesse país de uma grande diversidade étnica e de tradições
religiosas. A este respeito Francisco convidou a construir pontes:
“Trabalhai incessantemente por construir pontes e promover o
dialogo, porque estes esforços não só facilitam a comunicação entre
diferentes grupos religiosos, mas despertam também as energias
espirituais necessárias para a obra de construção da nação na unidade
justiça e paz”.
Quando os líderes religiosos, inspirando-se nas raízes das suas
tradições, falam de um só voz contra a violência revestida de
religiosidade e procuram substituir a cultura do conflito pela cultura
do encontro - disse ainda o Papa – “prestam um serviço inestimável ao
futuro dos seus países e ao nosso mundo, ensinando aos jovens o caminho
da justiça”.
O Papa terminou exprimindo satisfação pela sua viagem que lhe permitiu constatar a vitalidade e o ardor missionário
da Igreja no Bangladesh. E incitou os Bispos a pedirem juntos ao
Espirito Santo a concessão da “força para anunciar a novidade do
Evangelho com ousadia (parrésia) em voz alta, em todos os tempos e
lugares, mesmo contracorrente.
(DA)
Sem comentários:
Enviar um comentário