(RV) Na sua
breve alocução antes da oração mariana do Angelus, o Papa Francisco
falou do Advento que começamos no domingo passado com o convite a
vigiar. Neste segundo domingo de preparação ao Natal, a liturgia – disse
– nos indica que é um tempo para reconhecer os vazios a colmatar na
nossa vida, para libertar o terreno de todas as agruras do orgulho e
criar espaço para acolher Jesus que vai chegar.
O Papa citou o profeta Isaías que anuncia o fim do exílio na
Babilónia e o regresso a Jerusalém, convida a preparar a via ao Senhor
no deserto e a elevar os vales. Esse vales – frisou Francisco –
representam os vazios do nosso comportamento perante Deus, todos os
nossos pecados de omissão. E um vazio pode ser o facto de não rezarmos
ou de rezarmos pouco.
“Então, o Advento pode ser um momento favorável para rezar
com mais intensidade, para reservar à vida espiritual o lugar importante
que lhe toca.”
Um outro vazio – continuou Francisco – poderia ser a falta de
caridade em relação ao próximo, sobretudo em relação aos mais
necessitados de ajuda não só material, mas também espiritual.
“Somos chamados a estar mais atentos às necessidades dos
outros, mais próximos. Tal como João Baptista, deste modo podemos abrir
caminhos de esperança no deserto dos corações áridos de tantas pessoas”
O profeta Isaías – recordou o Papa – exorta a "abaixar todos os
montes e colinas”. E esses montes e colinas que devem ser abaixados –
explicou o Pontífice – são o orgulho, a soberba, a prepotência.
“Onde há orgulho, onde há prepotência, onde há soberba, o
Senhor não pode entrar, porque aquele coração está cheio de orgulho, de
prepotência, de soberba. Por isso, devemos abaixar este orgulho. Devemos
assumir atitudes de mansidão e de humildade, sem gritar, ouvir, falar
com mansidão e assim preparar a vinda do nosso Salvador, Ele que é manso
e humilde de coração”.
Além disso, é-nos pedido para eliminarmos todos os obstáculos que colocamos à nossa união com o Senhor.
“O terreno acidentado se transforme em planície e o em
ladeira se transforme em vale. Revelar-se-á, então a glória do Senhor e
todos os homens juntos hão-de a ver – diz Isaías”
Estas acções – prosseguiu Francisco – devem
ser realizadas com alegria, porque têm a finalidade de preparar a
chegada de Jesus. Quando esperamos em casa a visita de uma pessoa muito
querida, preparamos tudo com cuidado e felicidade. Queiramos, do mesmo
modo, predispor-nos para a vinda do Senhr: esperá-lo todos os dias com
solicitude, para ser colmatados com a sua graça quando vier”
Francisco concluiu a sua reflexão dizendo que o Salvador que
esperamos, é capaz de transformar a nossa vida com a sua graça, com a
força do Espirito Santo, com a força do amor (…) o amor de Deus, fonte
inexaurível de purificação, de vida nova, de liberdade”
Por último, o Papa invocou Nossa Senhora que se deixou “baptizar”
pelo Espírito Santo e preparou a vida de Cristo com todo o sua
existência, para que nos ajude a seguir o seu exemplo e guie os nossos
passos ao encontro do Senhor que está para vir.
Depois da oração mariana do Angelus, o Papa recordou que hoje é
atribuído o Prémio Nobel da Paz à Campanha Internacional pela Abolição
das Armas Nucleares. Este reconhecimento - disse - acontece em
coincidência com o Dia das Nações Unidas para os Direitos Humanos, e
isto sublinha a forte ligação entre direitos humanos e o desarmamento
nuclear.
“Com efeito, empenhar-se para a tutela da dignidade de todas
as pessoas, de modo particular das mais débeis e desfavorecidas,
significa também trabalhar com determinação para construir um mundo sem
armas nucleares. Deus nos dê a capacidade de colaborar para construir a
nossa casa comum: temos a liberdade, a inteligência e a capacidade de
guiar a tecnologia, de limitar o nosso poder, o serviço da paz e do
verdadeiro progresso”
A seguir o Papa chamou a atenção para a cimeira “O Nosso Planeta”
“Our Planet Sumit” que vai ter lugar depois de amanhã na capital
francesa, a dois anos da adopção do Acordo de Paris sobre o clima. A
cimeira “O Nosso Planeta” pretende renovar o empenho pela actuação desse
Acordo e consolidar – disse Francisco – uma estratégia comum para
contrastar o preocupante fenómeno das mudanças climáticas.
“Desejo ardentemente que esta Cimeira, assim como também as
outras iniciativas que vão na mesma direcção, favoreçam uma clara tomada
de consciência sobre a necessidade de adoptar decisões realmente
eficazes para contrastar a mudança climática e, ao mesmo tempo, combater
a pobreza e promover o desenvolvimento integral.”
E o Papa recordou dois casos concretos relacionados com as mudanças climáticas:
“Neste contexto, gostaria de exprimir a minha proximidade às
populações indianas atingidas pelo ciclone Okhi, especialmente as
famílias dos muitíssimos pescadores desaparecidos; e também as
populações da Albânia, duramente provadas por graves inundações.”
Francisco terminou o seu encontro dominical com os fieis reunidos na
Praça de São Pedro, hoje embelezada pelo Presépio e pelas bolas
coloridas da Árvore de Natal, saudando todos, romanos e peregrinos
vindos de várias partes do mundo, encorajando “todos a ser alegres testemunhos do Evangelho”.
“A todos desejo um bom domingo e uma boa caminhado do
Advento, preparando o caminho ao Senhor que vai chegar. Por favor não
vos esqueçais de rezar por mim. Bom almoço a até nos vermos.”
(DA)
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