29 julho, 2012

GOVV (Cozinha Social) - Almoço de confraternização

Ota, 29 de julho de 2012
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Almoço Confrat. Eqs. Cozinha Social - Ota - 29.07.12

No dia 29 de julho de 2012 realizou-se um almoço de confraternização a nível das equipas de serviço da Cozinha Social "Santa Teresinha", da Paróquia de Ota, cuja responsabilidade tem estado a cargo do GOVV, desde a sua inauguração (01.OUT.11).

O referido almoço precedeu o início do período de férias das várias equipas e tornou-se um excelente convívio que culminou com um fértil diálogo relativamente à continuidade da missão após reabertura que se realizará no dia 16 de setembro de 2012.

A ementa, contrariamente ao habitual coube aos únicos homens existentes no Grupo de Oração 'Verdade e Vida' (do qual faz também parte o nosso Pároco), com a colaboração de dois amigos de Ota, que para a população desta paróquia são perfeitamente identificáveis através da imagem acima.


27 julho, 2012

GOVV - Período de férias


O Grupo de Oração 'Verdade e Vida' entrou em período de férias no dia 25 de Julho de 2012 e reiniciará a oração semanal, no dia 19 de Setembro de 2012.

Desejamos a todos umas férias alegres, sem esqueçer a necessária oração quotidiana.

Fotografia dos Santos - A iconografia no tempo da fotografia

 

A representação das imagens dos Santos acompanhou todas as expressões artísticas ao longo dos séculos. Os artistas idealizaram as figuras dos doze Apóstolos e de muitas outras figuras do Novo e do Antigo Testamento, bem como as imagens dos homens e das mulheres que subiram aos altares muito tempo depois de terem morrido, e sem terem deixado retratos pintados ou esculpidos porque estes eram apenas acessíveis aos nobres e aos muito ricos. 

As representações idealizadas dos Santos foram-se transmitindo como referências de geração em geração, até aos nossos dias.

Como os modelos eram repetidos sem grandes variações para poderem ser reconhecidos, tornava-se necessário distinguir os personagens uns dos outros através de sinais que os identificassem, principalmente quando os Santos e as Santas eram religiosas e vestiam hábitos, o que era a grande maioria. Os sinais identificadores dos Santos eram elementos simbólicos directamente relacionados com a vida ou com a missão de cada um, pelo que passavam a fazer parte da respectiva iconografia. Podemos ver como as imagens dos Apóstolos S. Pedro e S. Paulo que chegaram até nós, e que continuam actuais, apenas diferem uma da outra através da associação de alguns objectos: S. Pedro é representado com as chaves alusivas ao Reino dos Céus, enquanto S. Paulo é representado com uma espada, instrumento do seu martírio. Nas imagens de dois Santos franciscanos, S. Francisco de Assis e Santo António, as diferenças evidenciam-se principalmente nos seus atributos: os estigmas nas mãos e no peito de S. Francisco, que geralmente tem uma pequena barba, e um livro, o Menino Jesus e uma açucena nas mãos de Santo António que é representado de cara rapada e com uma grande tonsura.

A representação dos Santos recentemente canonizados continua a repetir o estilo dos antigos modelos, como temos visto na maioria da beatificações e canonizações transmitidas de Roma, quando se suspendam os telões com os rostos dos novos Santos e Beatos na fachada principal da Basílica de S.Pedro. Porém, em alguns casos mais recentes, a realidade da fotografia acabou por se impor. O retrato captado em circunstâncias reais e concretas da vida dos beatificados deu origem a uma situação completamente nova, e sem paralelo, no campo da iconografia católica. A novidade torna-se mais contrastante nos casos em que os beatificados são fiéis leigos, quando as fotografias os mostram felizes e contentes, e inclusivamente a rir, ou em situações particulares da sua vida quotidiana, ou seja, sem ser na postura tradicional dos Santos, geralmente representados de hábito, de mãos postas e a olhar seraficamente, para o alto.

Curiosamente pertencem a Portugal dois daqueles exemplos: a fotografia inconfundível dos Pastorinhos em traje domingueiro, visivelmente assustados e de sobrolho franzido no meio de um campo, foi uma imagem que se impôs desde o início e quando foi descerrada na fachada da basílica de Fátima. Na sua rude simplicidade, a fotografia de Jacinta e de Francisco colocou-nos perante a verdade nua e crua da grandeza da fé e do sacrifício livre e heroicamente assumido pelas duas crianças na vida e na morte prematura. O segundo exemplo foi a imagem alegre e bem-disposta de Alexandrina de Balasar, fotografada com o cabelo descoberrto e a olhar para a objectiva com um sorriso tão largo que lhe mostrava os dentes, desmentindo o sofrimento que se sabia ter, e com a naturalidade de uma vida mística tão intensa que lhe dispensava a alimentação.

Um caso idêntico e muito recente aconteceu quando da canonização de Gianna Beretta Molla, uma médica pediatra italiana que deu a vida pelo seu último filho. Na fachada de S.Pedro e lado a lado com as imagens sérias e solenes de vários religiosos e religiosas vestidos de escuro, e em atitude orante, apareceu uma fotografia luminosa de uma jovem e lindíssima senhora a abraçar um bebé, ambos radiantes de alegria, de ternura e de amor. Estes retratos fotográficos de pessoas concretas e muito diferenciadas, que foram impressos em gigantescos telões agitados pelos ventos de Fátima e de Roma, introduziram um novo estilo de iconografia e um novo conceito de representação dos Santos; neste casos a fotografia traduz, melhor do que a pintura, um hino à vida, àquela vida em abundância que Jesus prometeu. Através destas representações torna-se mais visível e palpável a realidade do mistério da Encarnação e da acção santificadora que o Espírito Santo realiza no ser humano, sempre de forma surpreendente na diversidade dos seus dons e carismas.

Emília Nadal
Labat nº 41, Junho 2004

23 julho, 2012

‘Debates do Concílio’, na UCP

No enquadramento da celebração dos 50 anos do Concílio Vaticano II, a Faculdade de Teologia, da Universidade Católica Portuguesa (UCP), organiza a iniciativa ‘Debates do Concílio. Memória e actualidade’, que decorre de Setembro a Junho de 2013.

No enquadramento da celebração dos 50 anos do Concílio Vaticano II, a Faculdade de Teologia, da Universidade Católica Portuguesa (UCP), organiza a iniciativa ‘Debates do Concílio. Memória e actualidade’, que decorre de Setembro a Junho de 2013.
Os ‘Debates do Concílio’ têm como objectivo “debater e reflectir sobre os grandes documentos conciliares”, sendo que os oradores irão procurar “colocar em destaque as grandes linhas da teologia de cada um desses textos, bem como a sua recepção na Igreja e incidências na pastoral pós-conciliar”.
Decorrendo mensalmente, à quarta-feira, das 18h15 às 20h, a entrada é livre. “Trata-se de uma iniciativa aberta a todos, de modo a envolver as nossas comunidades e aqueles que se sentem empenhados na vida da Igreja a fazer esta aproximação à teologia conciliar, redescobrindo a riqueza dos textos e o significado do Concílio para o nosso tempo”, salienta a UCP em comunicado.

16 julho, 2012

Homilia do Papa Bento XVI, na Praça de S. Pedro


15 de Julho de 2012
Praça de São Pedro, Frascati

Domingo, 15 de Julho de 2012


Estimados irmãos e irmãs

É-me grato estar hoje no meio de vós para celebrar esta Eucaristia e para compartilhar alegrias e esperanças, dificuldades e compromissos, ideais e aspirações desta Comunidade diocesana. Saúdo o Senhor Cardeal Tarcisio Bertone, meu Secretário de Estado e Titular desta Diocese. Saúdo o vosso Pastor, D. Raffaello Martinelli, e o Presidente da Câmara municipal de Frascati, agradecendo-lhes as amáveis palavras de boas-vindas com que me receberam em nome de todos vós. Estou feliz por saudar o Senhor Ministro, os Presidentes da Região e da Província, o Presidente da Câmara municipal de Roma, os Presidentes dos demais Municípios aqui presentes e todas as distintas Autoridades.

E estou muito feliz por celebrar hoje esta Missa com o vosso Bispo que, como disse, foi para mim durante mais de vinte anos, um colaborador fidelíssimo e muito competente na Congregação para a Doutrina da Fé. Trabalhando sobretudo nos campos do catecismo e da catequese, com grande silêncio e discrição, contribuiu para o Catecismo da Igreja Católica e para o Compêndio do Catecismo. Nesta grande sinfonia da fé também a sua voz está muito presente.

No Evangelho deste domingo, Jesus toma a iniciativa de enviar os doze Apóstolos em missão (cf. Mc 6, 7-13). Com efeito, o termo «apóstolos» significa precisamente «enviados, mandados». A sua vocação realiza-se plenamente depois da Ressurreição de Cristo, mediante o dom do Espírito Santo no Pentecostes. No entanto, é muito importante que desde o início Jesus queira comprometer os Doze na sua obra: trata-se de uma espécie de «estágio» em vista da grande responsabilidade que os espera. O facto de que Jesus chame alguns discípulos a colaborar directamente para a sua missão manifesta um aspecto do seu amor: ou seja, Ele não desdenha a ajuda que outros homens podem oferecer à sua obra; conhece os seus limites, as suas debilidades, mas não os despreza; aliás, confere-lhes a dignidade de ser seus enviados. Jesus envia-os dois a dois e dá-lhes instruções que o Evangelista resume em poucas frases. A primeira diz respeito ao espírito de desapego: os apóstolos não devem viver apegados ao dinheiro e à comodidade. Depois, Jesus avisa os discípulos que nem sempre receberão um acolhimento favorável: às vezes serão rejeitados; aliás, poderão ser até perseguidos. Mas isto não os deve impressionar: eles devem falar em nome de Jesus e pregar o Reino de Deus, sem se preocupar em alcançar o sucesso. Sucesso! O sucesso deixam-no a Deus.

A primeira Leitura proclamada apresenta-nos a mesma perspectiva, demonstrando-nos que os enviados de Deus muitas vezes não são bem acolhidos. Este é o caso do profeta Amós, enviado por Deus para profetizar no santuário de Betel, um santuário do reino de Israel (cf. Am 7, 12-15). Amós prega com grande energia contra as injustiças, denunciando sobretudo os abusos do rei e dos ilustres, abusos que ofendem o Senhor e tornam vãos os gestos de culto. Por isso Amasias, sacerdote de Betel, ordena que Amós vá embora. Responde que não foi ele quem escolheu essa missão, mas o Senhor quem fez dele um profeta e que o enviou precisamente ali, ao reino de Israel. Portanto, quer seja aceite, quer seja rejeitado, ele continuará a profetizar, pregando aquilo que Deus diz e não o que os homens gostariam de ouvir. E este permanece o mandato da Igreja: não prega aquilo que os poderosos querem ouvir. O seu critério é a verdade e a justiça, mesmo que vá contra os aplausos e contra o poder humano.

Analogamente, no Evangelho, Jesus avisa os Doze que poderá acontecer que nalguma localidade eles sejam rejeitados. Em tal caso, deverão ir alhures, depois de ter realizado diante do povo o gesto de sacudir a poeira dos pés, sinal que exprime o desapego em dois sentidos: desapego moral — como dizer: o anúncio foi-vos comunicado, sois vós que o rejeitais — e desapego material — não quisemos e não queremos nada para nós mesmos (cf. Mc 6, 11). A outra indicação muito importante do trecho evangélico é que os Doze não podem contentar-se com pregar a conversão: segundo as instruções e o exemplo de Jesus, a pregação dever ser acompanhada da cura dos doentes. Cura corporal e espiritual dos doentes. Fala das curas concretas das doenças, fala também da expulsão dos demónios, ou seja, da purificação da mente humana, da limpeza, limpeza dos olhos da alma que são obscurecidos pelas ideologias e por isso não podem ver Deus, não conseguem ver a verdade e a justiça. Esta dúplice cura corporal e espiritual é sempre o mandato dos discípulos de Cristo. Por conseguinte, a missão apostólica deve abranger sempre os dois aspectos de pregação da Palavra de Deus e de manifestação da sua bondade mediante gestos de caridade, de serviço e de dedicação.

Prezados irmãos e irmãs, dou graças a Deus que me enviou hoje para vos anunciar de novo esta Palavra de salvação! Uma Palavra que se encontra na base da vida e da acção da Igreja, também desta Igreja que está em Frascati. O vosso Bispo informou-me acerca do compromisso pastoral que lhe está mais a peito, que é em síntese um compromisso formativo, dirigido antes de tudo aos formadores: formar os formadores. É precisamente aquilo que Jesus fez com os seus discípulos: instruiu-os, preparou-os, formou-os inclusive mediante o «estágio» missionário, para que fossem capazes de assumir a responsabilidade apostólica na Igreja. Na comunidade cristã, este é sempre o primeiro serviço que os responsáveis oferecem: a partir dos pais, que na família cumprem a missão educativa em relação aos filhos; pensemos nos párocos, que são responsáveis pela formação na comunidade; em todos os sacerdotes, nos vários campos de trabalho: todos vivem uma dimensão educativa prioritária; e os fiéis leigos, para além do papel já recordado de pais, estão comprometidos no serviço formativo com os jovens ou com os adultos, como responsáveis na Acção Apostólica e noutros Movimentos eclesiais, ou empenhados em ambientes civis e sociais, sempre com uma forte atenção à formação das pessoas.

O Senhor chama todos, distribuindo vários dons para diversas tarefas na Igreja. Chama ao sacerdócio e à vida consagrada, e chama ao matrimónio e ao compromisso como leigos na própria Igreja e na sociedade. É importante que a riqueza dos dons encontre pleno acolhimento, especialmente da parte dos jovens; que se sinta a alegria de responder a Deus com todo o próprio ser, transmitindo-a no caminho do sacerdócio e da vida consagrada, ou no caminho do matrimónio, duas veredas complementares que se iluminam reciprocamente, que se enriquecem de forma mútua e, juntas, enriquecem a comunidade. A virgindade pelo Reino de Deus e o matrimónio são ambas vocações, chamadas de Deus às quais responder com e para a vida inteira. Deus chama: é necessário ouvir, acolher e responder. Como Maria: Eis-me, faça-se em mim segundo a tua palavra (cf. Lc 1, 38).

Também aqui, na comunidade diocesana de Frascati, o Senhor semeia generosamente os seus dons, chama a segui-lo e a prolongar a sua missão no presente. Também aqui há necessidade de uma nova evangelização, e é por isso que vos proponho viver intensamente o Ano da Fé, que terá início em Outubro, a cinquenta anos da abertura do Concílio Vaticano II. Os Documentos do Concílio contêm uma riqueza enorme para a formação das novas gerações cristãs, para a formação da nossa consciência. Portanto lede-o, lede o Catecismo da Igreja Católica, e assim redescobrireis a beleza de ser cristão, de ser Igreja, de viver o grande «nós» que Jesus formou ao seu redor, para evangelizar o mundo: o «nós» da Igreja, jamais fechado, mas sempre aberto e orientado para o anúncio do Evangelho.

Caros irmãos e irmãs de Frascati! Sede unidos entre vós e ao mesmo tempo abertos, missionários. Permanecei firmes na fé, arraigados em Cristo mediante a Palavra e a Eucaristia; sede pessoas que rezam, para permanecer sempre unidos a Cristo, como ramos à videira, e ao mesmo tempo ide, anunciai a sua mensagem a todos, especialmente aos mais pequeninos, aos pobres e a quantos sofrem. Em cada comunidade, amai-vos uns aos outros, não permaneçais divididos mas vivei como irmãos, a fim de que o mundo creia que Jesus está vivo na sua Igreja, e o Reino de Deus está próximo. Os Padroeiros da Diocese de Frascati são dois Apóstolos: Filipe e Tiago, dois dos Doze. À sua intercessão confio o caminho da vossa Comunidade, para que se renove na fé e dê testemunho claro dela mediante as obras da caridade. Amém!

© Copyright 2012 - Libreria Editrice Vaticana

10 julho, 2012

«NÃO É ELE O CARPINTEIRO…?»




Ao ler e ouvir este versículo do Evangelho de Domingo, não pude deixar de estabelecer um paralelo com frases que tantas vezes pronunciamos no nosso dia-a-dia, quando alguém nos chama a atenção para as nossas falhas, os nossos erros, as nossa fraquezas, as nossas atitudes.

“Quem é ele para me dar lições?”
“Era o que mais faltava, não aceito lições de qualquer um!”
“Mas quem é que ele se julga para me dar conselhos?”
“Essa é boa, então o sujeito é um zé-ninguém, e vem para aqui dar conselhos?”
“Coitado, não tem instrução e julga que sabe da vida!”

E podia repetir dezenas de frases idênticas, que eu já pensei ou pronunciei em tantas ocasiões, em que alguém me chamou a atenção para algum erro ou falha minha.

E porquê?
Porque verdadeiramente aqueles a quem dirigi tais frases, em pensamento ou vocalmente, não poderiam fazer-me tais reparos ou dar tais conselhos, ou porque o meu orgulho me impedia de os ouvir e me incomodava seriamente o que me estavam a dizer, por ser real e verdadeiro e exigir de mim uma mudança de atitude?

Seriamente, tenho que reconhecer que na esmagadora maioria das vezes em que tal aconteceu, os outros tinham razão em chamar-me a atenção e dar-me conselhos, para eu questionar as minhas atitudes e formas de proceder.

Mas se eu acredito que Deus está em mim e está no meu próximo, e se acredito que se Ele se serve de mim para dar testemunho, então tenho que acreditar que também se serve dos outros em relação a mim.

Eu acredito, sem dúvidas, que Deus me/nos fala de muitos modos, e que um deles é através dos nossos irmãos, sejam eles sacerdotes, ou leigos como eu.

E acredito também que, não fazendo Deus acepção de pessoas, se serve de todos, desde os mais simples aos mais instruídos, para nos fazer chegar a sua Palavra, a sua mensagem, a sua exortação.

Não eram os primeiros Apóstolos simples pescadores?
Não nos admiramos nós, por exemplo, com a sabedoria de vida dos mais velhos em tantas coisas, (como por exemplo a agricultura), e afinal muitos deles não têm nenhum “curso superior”, ou “instrução elevada”?

Quando não queremos ouvir, nem aceitar o que os outros nos dizem sobre os nossos comportamentos, (que interiormente sabemos estarem errados), não estamos a fazer mais do que estes de que nos fala o Evangelho:

Os numerosos ouvintes enchiam-se de espanto e diziam: «De onde é que isto lhe vem e que sabedoria é esta que lhe foi dada? Como se operam tão grandes milagres por suas mãos? Não é Ele o carpinteiro, o filho de Maria e irmão de Tiago, de José, de Judas e de Simão? E as suas irmãs não estão aqui entre nós?» E isto parecia-lhes escandaloso. Mc 6, 2-3

Joaquim Mexia Alves

06 julho, 2012

EM NOME DO PAI E DO FILHO E DO ESPÍRITO SANTO



A nossa fé é uma fé trinitária, ou seja, acreditamos que Deus é Trindade, que é Pai, é Filho e é Espírito Santo. Três Pessoas divinas, cada qual com sua missão, embora todas iguais em glória, poder, graça, etc. pois são um só Deus verdadeiro.
O Pai, para ser Pai, precisava de um Filho a quem amar. E o Filho retribui esse amor, amando o Pai. O Espírito Santo, como Pessoa divina, é o amor que une e faz comunhão total entre o Pai e o Filho. Deus, porque amor, não podia ser uma só Pessoa, pois não teria a quem amar. O amor reclama sempre “outro”. Daí que a primeira Pessoa, a Quem chamamos Pai, tem outra Pessoa, a Quem ama com amor infinito, o seu Verbo, o seu Filho. E o Espírito é esse “beijo eterno de amor” entre o Pai e o Filho. Embora na nossa linguagem mais simples digamos que o Pai é Criador, o Filho é Redentor, o Espírito é Santificador, de facto foi sempre todo o amor uno e trino, todo o amor trinitário que realizou e realiza todas as coisas.
A criação foi obra das três Pessoas divinas. O Pai criou, mas o Verbo, unido ao Pai, estava no começo e fez todas as coisas e nada foi feito sem Ele. E o Espírito, que pairava sobre as águas, agia para dar vida a todo o criado. É toda a Família divina que faz toda a maravilha da criação. E o mesmo se diga da redenção. Se é verdade que foi o Filho, o Verbo encarnado, que morrendo operou a redenção humana, também é verdade que a obra da redenção foi dom do amor do Pai que nos concedeu e concede seu Filho, e da Pessoa do Espírito que completa e prolonga a acção redentora, santificando e fazendo que a redenção chegue até nós. Todos os sacramentos são acção do amor das três Pessoas divinas, pois cada uma age segundo a sua dimensão. Tudo é em ”nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”.
 A Trindade como comunhão e como Família é modelo e fonte da nossa unidade, da família que temos de ser como Igreja, como comunidades cristãs, como famílias, igrejas domésticas, como comunidades religiosas. É olhando para a Trindade, como unidade plena e comunhão total, que aprendemos a ser comunhão e a viver em família unida, coesa, na partilha, no amor, na capacidade de dom e de serviço. E se a Eucaristia é dom do amor trinitário, pois o Pai oferece Jesus, o Pão do Céu, O Filho Se dá a nós em alimento e o Espírito consagra, converte pão e vinho, em Corpo e Sangue, é na Eucaristia que celebramos cada dia, que encontramos o ícone mais prefeito e o dom mais pleno da Trindade. É na Eucaristia que nos devemos oferecer à Trindade, já que a Trindade por amor realiza para nós essa maravilha: a Ceia do Senhor. No dia do baptismo, com a unção sagrada do Espírito, ficámos templos da Trindade. Ela nos habita, está em nós, no santuário do nosso ser.
 Precisamos de cultivar a comunhão, a intimidade, a delicadeza interior, a unidade de vida com a Trindade. Precisamos de viver a fé na Trindade e na sua presença em nós e nos outros. Como mudariam as nossas vidas se esta fé aumentasse e vivêssemos mais a sério a comunhão com as Pessoas divinas! Homens e mulheres trinitários, pois a Trindade está em nós dum modo activo e quer fazer em nós as maravilhas da graça.
Precisamos de nos recolher no santuário do nosso ser, do nosso interior, do nosso coração e encontrarmo-nos aí, em diálogo íntimo e em comunhão profunda, com a Trindade Santa. Devíamos estar continuamente, com nosso coração, unidos à Trindade e a rezar: “Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo”. E devíamos ter consciência de tudo fazer, de tudo iniciar: “em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. É assim que começa e termina a Eucaristia cume e fonte de toda a oração.
Dário Pedroso, s.j.
Labat n.º 95 – Junho 2009