10 julho, 2010

Instrumentos Práticos para o Serviço – IV

Ensinar

Por Jim Murphy, Director do Instituto Internacional de Formação de Líderes Carismáticos, 
ICCRS – Secretariado Internacional do Renovamento Carismático Católico

4. Comunicação

Qual é a verdadeira comunicação?
Quando pensamos em comunicação pensamos como “nós falamos e as pessoas escutam recebendo a informação”.

Contudo devem existir sinais que indiquem ambos os caminhos! De outra forma não existe comunicação.
Podemos dizer que estamos a escutar alguém, mas se estivermos sempre a olhar para o relógio então a outra pessoa sabe que nós não estamos realmente a escutá-la.
Se estivermos a olhar à volta à procura de outra pessoa então o outro poderá ver que só estamos a falar com ele enquanto não encontramos outra pessoa.

Estes sinais são poderosos. E estão no subconsciente, não sabemos que os estamos a transmitir e os outros não sabem que os estão a receber.
Para que exista uma comunicação autêntica, é necessário que uma pessoa receba a mensagem e que envie um sinal de volta.

Muitas vezes quando falamos com as pessoas não há pistas verbais daquilo a que estamos atentos.
Por vezes é destas coisas não verbais que precisamos de centrar a nossa atenção, porque as pessoas podem facilmente disfarçar as suas palavras.

Se nos mostrarem um desenho de um triângulo e depois nos pedirem para o descrevermos sem que este esteja à nossa frente, torna-se muitas vezes difícil porque não tomamos atenção a todos os aspectos.
Então se é difícil para nós explicarmos como está um triângulo numa página, não será muito mais complicado partilharmos sobre as nossas frustrações na paróquia?

Uma vez eu estava a lavar as minhas mãos na casa de banho, durante uma conferência, e perguntei a um amigo: “como é que tu pensas que está a correr o dia até agora?” Ele ignorou-me, sacudiu as mãos e saiu. Eu fiquei devastado todo o dia, os ensinamentos não me saíram bem e foi difícil para mim.
No final do dia disse-lhe “Eu não posso mais, porque é que me ignoras-te?”
Ele disse: “Ah, estás a falar comigo? É que eu não ouço desse ouvido!”
Eu disse: “então e porque é que sacudis-te as mãos?” … e ele disse: “não havia papel para as secar!”

Mais aspectos:
Quando alguém tentar falar connosco, devemos avaliar “posso fazê-lo agora?!”
Se for uma conversa longa podemos não ter tempo para a ter da maneira mais apropriada.
Aqui vai uma regra:
Se podemos dispensar tempo às pessoas, então façamo-lo. Se não, digamos que estamos preocupados, mas felizes por falarmos com eles, talvez possamos rezar durante um breve instante e depois marcar um encontro para mais tarde.
È mais atencioso dizer a verdade do que estarmos preocupados com outra coisa e fazermos de conta que queremos falar com outro naquele momento.

Se vamos falar com alguém, devemos procurar colocar sempre o relógio por detrás dele.
E nunca olharmos para o nosso relógio enquanto falamos com um ser humano ... referindo-me a esta situação.

Não somos más pessoas se dissermos a alguém que apenas temos um espaço limitado de tempo. Digamos às pessoas o que podemos ou não fazer e depois honremos aquilo que dissemos.

Escutar as pessoas pode ser uma cura.
Há pessoas que têm uma grande necessidade de falar e isso por vezes não é saudável, torna-se doentio.
Se falarem e falarem, não quer isso dizer que os ajudará, ou até mesmo a nós.
Temos que controlar o tempo.
Temos que discernir se estamos a ajudar ou não e sejamos bons vigilantes do nosso tempo.

Outro aspecto muito importante é o espaço no qual estamos a conversar, se é confidencial tenhamos a certeza de que não existem outras pessoas a escutar, por exemplo um corredor onde passam pessoas pode não ser o melhor local.
Estejamos atentos às situações, podendo ir para um local aonde não possamos ser interrompidos.

No entanto é necessário haver discernimento sobre se devemos ir para um lugar isolado, porque se a pessoa está a ter problemas emocionais ... pode fantasiar algo que nunca aconteceu.
Devemos ter em conta o problema e a situação que é colocada, talvez duas pessoas encontrarem-se com uma.

Devemos sempre proteger a nossa credibilidade.

Qual é o comportamento apropriado no ministério?

Uma noite um amigo disse-me que ia enviar pessoa ao grupo de oração.
Quando ela chegou eu dei-lhe um grande abraço, acolhia-a, fui muito amigável. Ela tornou-se uma pedra de gelo e saiu quase de seguida.
Mais tarde descobri que ela tinha sido violada algumas semanas antes. A minha intenção não era incomoda-la, mas para ela encontrar um homem enorme que a abraçou, foi demais.

É melhor que comecemos gradualmente, assim poderemos ver se as coisas se tornam inapropriadas.
As diferentes culturas têm um diferente sentido de espaço. Algumas culturas não se importam com a cara das pessoas, outras necessitam de um maior espaço entre o que está a acontecer.

Poderemos sempre aumentar a nossa intimidade, mas não podemos voltar para trás uma vez que formos longe de mais, por isso o melhor é começar gradualmente.

Palavra de Conhecimento

Este é para mim o maior dom de Deus e há duas maneiras de o usar:

Uma é quando o Senhor nos revela alguma coisa e dizemos a determinada pessoa “enquanto rezávamos eu senti que o Senhor dizia ...”

Outra forma é não dizer às pessoas o que estamos a sentir, mas usarmos essa informação para perguntarmos algumas questões essenciais.
Não temos que impressionar as pessoas com a nossa santidade – podemos usar uma aproximação subtil.

Por exemplo:
Eu estou num sinal á espera. Uma mulher aproximou-se de mim e o Senhor disse-me que ela tinha feito um aborto. Eu não podia dizer “olá, o Senhor disse-me que tinha tido um aborto”

É preciso discernimento ... Começámos a conversar. Eu disse-lhe porque estava a carregar a cruz (isto foi durante a minha jornada) ... Eu disse “algumas vezes nós fazemos coisas das quais nos arrependemos e o que quero dizer às pessoas é que há sempre um novo começo ...”
… depois falamos sobre outras coisas durante algum tempo ...
… depois mencionei que Jesus perdoa todos os pecados e que era isso que eu estava a tentar mostrar às pessoas ...
... depois falámos sobre tomarmos uma refeição barata ...
…depois falamos sobre Jesus nos dar um novo futuro se nós lhe déssemos o nosso passado ...

Ela disse-me “esta é a conversa mais estranha que eu já tive ... eu nunca disse isto a ninguém antes, mas há uns anos atrás eu tive um aborto e tudo o que está a dizer parece que está a falar para mim.”
Então eu disse “Verdade? Verdade?! Bem vamos rezar agora e depois se quiser ...”

Nós rezamos e depois seguimos caminhos diferentes.

Ela nunca soube que eu tinha tido aquela palavra de conhecimento. Há grandes resultados nesta forma mais doce, mais suave.

As pessoas nem sempre compreendem “o Senhor disse-me ...” mas compreendem, normalmente a interacção humana.

Labat n.º 72 de Maio de 2007

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