31 julho, 2020

Prepósito Geral dos Jesuítas: uma das vítimas da pandemia pode ser a democracia

 
Jesuítas na Zâmbia na luta contra a Covid-19
 
No dia em que a Igreja recorda Santo Inácio de Loyola, o Prepósito Geral da Companhia de Jesus, o padre Arturo Sosa, fala da missão dos Jesuítas no mundo transformado pela pandemia: a tentação de autoritarismos é um risco real, temos a ocasião de reforçar a fraternidade

Antonella Palermo – Vatican News
 
O mundo "distanciado”, o medo de um vírus que não desaparece e que em muitas partes se espalha, o risco de personalismos políticos  num momento em que a bússola orientada para o bem de todos é fundamental. Também o esforço para proteger os frágeis, os que a Covid não poupa, mas que têm pouca ou nenhuma chance de se protegerem adequadamente, como os migrantes, por exemplo. A mais alta autoridade da Companhia de Jesus, o padre venezuelano Arturo Sosa, faz uma reflexão geral com a Rádio Vaticano - Vatican News no dia em que a Igreja celebra o fundador Santo Inácio. O parecer do Prepósito Geral abrange toda a missão conduzida pela Ordem, sobre as pedras angulares da espiritualidade que continuam a ser um farol, e sobre os acontecimentos atuais mais urgentes, o papel desempenhado pela Companhia na provação do coronavírus:
 
Entrevista:
 
Padre Arturo Sosa: Na missão, experimentamos as mesmas provações vividas pelas populações afetadas. E, sobretudo, experimentamos as consequências sociais desta epidemia. Gostaria de me deter sobre isto porque, sim, a epidemia certamente é um problema de saúde, que talvez seja superado, mas as consequências sociais, económicas e políticas são realmente algo a ser levado muito a sério. Tentamos entender, antes de tudo, como podemos continuar a servir os mais necessitados neste contexto. Há muitas experiências. Por exemplo, a das Províncias da Companhia de Jesus na Índia, no Sul da Ásia. Todas se asseguraram de que os alimentos e medicamentos fossem entregues de forma muito generosa às pessoas que não são capazes de prover por si mesmas. Ali entendemos que não nos podemos curar a nós mesmos sem curar os outros, e vice-versa. Há muitas experiências de acompanhamento, tanto pessoais como sociais  que foram feitas - e, claro, não se trata apenas de celebrar missas nas redes sociais, mas de estar presente na vida das pessoas com todos os meios que temos à nossa disposição neste momento. Foi uma experiência muito complexa e muito interessante, que merece ser avaliada ao longo do tempo. Devo dizer também que a experiência vivida é uma confirmação do discernimento na missão recebida através das preferências apostólicas universais. Escolhemos quatro preferências aprovadas pelo Papa, que nos colocam no centro do que deve ser feito agora, no contexto da pandemia: ver que Deus nos pode mostrar como devemos caminhar, transformar estruturas sociais claramente injustas, cuidar da criação e ouvir os jovens que são a semente da esperança para o futuro.
“Vários países exploraram esta pandemia para mudar a política migratória, o que é um enorme erro se considerarmos que queremos um mundo mais fraterno e justo”
 
Então, a pandemia como uma oportunidade para repensar as escolhas políticas em algumas regiões do mundo?
 
Pe. Sosa: Em todas as regiões do mundo. Tenho dito muitas vezes que uma das vítimas da pandemia pode ser a democracia se não cuidarmos da nossa condição política. Neste momento, por exemplo, tomar o caminho do autoritarismo é a grande tentação de muitos governos, incluindo os chamados governos democráticos. Sabe-se que a Companhia de Jesus está muito empenhada em acompanhar os migrantes. Vários países exploraram esta pandemia para mudar a política migratória no sentido de restringir a passagem de migrantes ou o recebimento de migrantes, o que é um grande erro se considerarmos que queremos tornar o mundo mais fraterno e justo. Neste momento, discriminar novamente os migrantes seria, e é, um grande perigo e seria um sinal de um mundo que não queremos. Também em matéria de trabalho, há muitas empresas que aproveitam esta oportunidade para demitir trabalhadores ou reduzir os salários ou não pagar o que têm a pagar ou reduzir os benefícios de saúde pública... A pandemia é uma oportunidade de dar passos para a frente ou para trás. E devemos estar muito conscientes disso, como Igreja Católica e como pessoas comprometidas com a justiça e a paz, para construir uma sociedade mais acolhedora e mais democrática.
 
Qual é o critério essencial que Santo Inácio de Loyola sugeriria seguir para o bem maior neste momento tão preocupante para todo o mundo?
 
Pe. Sosa: Certamente, a proximidade com os pobres é um critério muito importante. Se não somos capazes de olhar para o mundo de perto, compartilhando o olhar dos pobres, que é o olhar de Jesus na Cruz, então estamos errados na tomada de decisões. Este é um critério muito claro. Se os pobres não podem ser atendidos, não podem ter um emprego, então o mundo não está bem. Ainda, um critério que surgiu neste tempo é o cuidado com a casa comum. Se a terra sofre, não podemos habitá-la.
 
E a América Latina, sua pátria, onde a força contagiosa do vírus ainda é tão mortal…
 
Pe. Sosa: Sinto uma grande dor ao ver o quanto a pandemia atinge os nossos povos. Estou muito preocupado porque não existem estruturas sociais ou políticas que possam realmente lidar com esta emergência. Tenho um profundo desejo de que aproveitem esta oportunidade para ver quais mudanças que precisam de ser feitas nas estruturas para garantir um futuro melhor para todos os latino-americanos.
 
De um ponto de vista mais geral, quais as pedras angulares da espiritualidade inaciana são mais urgentes na missão atual da Ordem:
 
Pe. Sosa: O coração da experiência inaciana, e portanto da espiritualidade, é o encontro pessoal e profundo com Jesus Cristo, o Crucificado Ressuscitado, que nos leva a uma tal familiaridade com Deus que somos capazes de encontrá-lo em tudo e em todos os momentos. O encontro com Jesus Cristo torna-se uma experiência libertadora justamente por isso, porque se adquire essa liberdade interior como condição para ser guiado pelo Espírito, ou seja, disponibilidade plena para fazer somente o que Deus quer, sem nos apegar-mos a qualquer pessoa, lugar ou instituição. Portanto, familiaridade com Deus, que significa uma vida verdadeiramente de oração e serviço, e ser livre, ou seja, disposto a fazer o que deve ser feito. Muito importante é o Exame, talvez uma das características menos conhecidas da espiritualidade inaciana, para examinar como forma de agradecer ao Senhor pela sua manifestação na história, conseguindo ser guiado pelo Espírito, completamente atento a esta orientação que é uma exigência da vida baseada no discernimento na missão.
 
Refere-se ao Exame de Consciência…
 
Pe. Sosa: Exatamente, exame que Santo Inácio recomenda fazer pelo menos duas vezes ao dia, mas também em horários especiais durante o dia. Não se deve desligar a conexão entre a vida comum e a vida no espírito. Não se pode separar a vida espiritual do trabalho, tudo deve caminhar junto, caso contrário, não funciona. Ao longo dos anos, tenho lutado para encontrar uma palavra que colocasse vida e missão juntas. Elas não são duas coisas que podem ser separadas.
 
Com relação à colaboração leigos e Jesuítas, quais são os cenários que se apresentam hoje?
 
Pe. Sosa: Recordemos que Inácio escreveu os Exercícios Espirituais quando era leigo e que a experiência dos Exercícios é leiga. Ele não era um padre. Depois disso tornou-se padre, quando viu que era a melhor maneira de prestar um serviço à Igreja, naquela época. Toda a experiência de conversão foi para ele, encontrar um método, um método feito por um leigo, cuja partilha inicial foi com os leigos. Para mim hoje é uma grande alegria ver como a espiritualidade inaciana se expande no povo de Deus e como se multiplicam as pessoas capazes de acompanhar os outros neste caminho. Queremos realmente dar a este aspeto uma importância especial no nosso trabalho como jesuítas. Queremos tentar transmitir esta experiência ao maior número de pessoas possível. Conheço dezenas de leigos verdadeiramente experientes nos Exercícios Espirituais que podem acompanhar os outros e cujas vidas foram transformadas e hoje só agradecem ao Senhor. Os Exercícios Espirituais não encontram barreiras sociais: por exemplo, nas favelas da América Latina, fazer os Exercícios na vida diária é um dom do Senhor.
 
Como estão as vocações para a vida religiosa jesuíta e o processo de formação para entrar na Companhia?
 
Pe. Sosa: O problema não é o número, mas a qualidade das pessoas. Depende de onde estamos. O número diminui em países onde tradicionalmente éramos mais numerosos, como a Europa, a América do Norte. Entretanto, a qualidade é muito alta, posso garantir, mesmo que sejamos menos do que no passado. Temos um grande número de candidatos em África e em algumas áreas da Ásia e fazemos o grande esforço para uma formação que é o que sempre se sonhou para um jesuíta. É uma formação longa, complexa e exigente, que se mantém inalterada.
 
Santo Inácio não pensou num ramo feminino da Companhia?
 
Pe. Sosa: A Ordem é o que ela é, mas a espiritualidade ilumina muitas outras realidades religiosas. Hoje, nas nossas escolas, nos nossos centros de espiritualidade e formação, nos nossos centros sociais, um grande número de mulheres participa a nível gerencial, como inspiradoras de algumas atividades, compartilham a espiritualidade e a nossa missão. Não há mulheres jesuítas, mas trabalhamos juntos na mesma missão.
 
VN

30 julho, 2020

Dia Mundial contra o Tráfico de Pessoas, Czerny: terrível aumento durante o lockdown

 
 
Homens, mulheres e crianças vítimas de trabalho forçado, prostituição, tráfico de órgãos. Crimes que não pararam com a pandemia e que devem ser combatidos a todos os níveis da sociedade. O cardeal subsecretário do Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral reflete sobre o compromisso da Igreja e a urgência de questionar o comportamento social que alimenta a "demanda" de exploração.

Fausta Speranza, Silvonei José – Vatican News

Estima-se que cerca de 40 milhões de pessoas são vítimas no mundo do tráfico de seres humanos. De acordo com o relatório do Escritório das Nações Unidas contra a droga e o crime (UNODC) sobre o tráfico de seres humanos, quase um terço são de menor idade. Além disto, 71% do total são mulheres e meninas. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) denuncia que 21 milhões de pessoas são vítimas de trabalho forçado, muitas vezes também ligado à exploração sexual. Depois há o dramático fenómeno do tráfico de órgãos, que escapa às estimativas, mas que continua a ser um facto inegável. Conversamos com o cardeal Michael Czerny, subsecretário da Seção de migrantes e refugiados do Dicastério para o Serviço de Desenvolvimento Humano Integral, sobre a natureza dramática e a abrangência do fenómeno, que afeta todos os países, de origem, de trânsito ou destino das vítimas:
 
R. - A maior resposta de toda a Igreja encontra-se no compromisso das irmãs da rede Thalita Khum. E assim, para a Seção de refugiados e migrantes do Dicastério, a primeira prioridade é acompanhar a rede, colaborar, apoiar, sugerir, facilitar... Fazemos o que podemos porque em tantos países do mundo as irmãs estão realmente a responder em nome da Igreja e em nome de Cristo. É muito importante reconhecer este trabalho, porque elas não falam, mas agem. Então, nós podemos falar um pouco sobre isto.
 
Sem dúvida, a pandemia tem sido um fator de complicação em todo esse esforço…
 
R. - Claro. Complicou o compromisso das irmãs, mas graças a Deus, com a ajuda do Espírito Santo, elas encontraram sempre os meios para continuar a exercer o ministério. Elas não se resignaram a três meses ou seis meses de lockdown. Não: elas mudaram os meios ou métodos e continuaram. A grande tristeza é que nestes meses de pandemia houve um terrível aumento do tráfico e isto deve-nos escandalizar. Enquanto todos nós - "os bons" - estamos trancados em casa, como é que a demanda está a aumentar e não a diminuir? Isto indica que as raízes do problema estão nas casas, nos corações das pessoas, dos cidadãos, dos irmãos e irmãs ao nosso redor. Esta conexão entre o tráfico e a vida aparentemente normal de pessoas aparentemente normais é um grande escândalo que  nos deve fazer refletir, pedir perdão a Deus, para procurar a conversão necessária para reduzir e eliminar a demanda que é o motor do tráfico.

Digamos que as duas frentes são o trabalho forçado e a exploração sexual, portanto, mulheres e crianças em ambos os casos estão na primeira linha, também junto com muitos homens, é claro…

R. - É isto mesmo. Você mencionou a prostituição, que agora inclui, em particular, toda exploração on-line e o trabalho forçado; inclui também o tráfico de órgãos, um crime para o qual não há palavras, e outros aspetos, como o uso de pessoas para transportar drogas ... Tudo isto são compromissos ou "empresas" do tráfico.

Eminência, desde 2013 recordamos o Dia Internacional contra o Tráfico de Seres Humanos desejado pela ONU. Em 2015, houve um compromisso assinado pelos governos do mundo inteiro para combater o que muitas vezes é chamado de fenómeno, mas - lembramos - é um verdadeiro crime. O que tem sido feito nos últimos anos e o que realmente não está a ser enfrentado?

R. - Esta é uma boa pergunta, algo para ser mais aprofundado. Diria que no final, a soma dos esforços pode ser menos importante do que os esforços individuais específicos, porque são pessoas, homens, mulheres e crianças, vítimas do tráfico, que são exploradas e abusadas. Neste sentido, quero dizer que o que é interessante é o aumento da consciencialização, eu diria no mundo inteiro; este é o aspeto mais importante para nós. E nos últimos anos temos visto o desenvolvimento da consciencialização. Vemos também o desenvolvimento de muitos novos ministérios da Igreja para enfrentar este flagelo: da prevenção, ao resgate, à reabilitação, à integração das pessoas. É importante que todos, a todos os níveis, estejam cientes do que nós mesmos dizemos, apoiamos e provocamos com as nossas escolhas. O nosso compromisso não deve ser o de contar os números, mas o de perceber que são as escolhas que faço que apoiam e contribuem de alguma forma para o tráfico. E não estou a dizer, de olhar somente para os outros ou para os bandidos, mas para as escolhas de cada um. Eu, que escolhas faço, por exemplo quando compro um telemóvel? Quando eu faço uma viagem? Quando permito a mim, o prazer? E eu não entro em detalhes.

Eminência, para o cristão é dado por certo ou deve ser dado por certo que o homem é feito à imagem e semelhança de Deus, portanto, o respeito pela pessoa. Numa sociedade que se vangloria da proliferação, da reivindicação de tantos direitos, isto já não é mais um dado adquirido, compartilhável…

R. - Sim, talvez. Eu acho que cada direito tem algo de verdadeiro. Talvez nem todos os direitos tenham o mesmo nível ou valor, mas geralmente eles não são maus como tais. O ponto é a cultura do descarte, uma cultura do prazer instantâneo ou necessário, obrigatório. Precisamos de refletir sobre algumas "necessidades", quando ouvimos "preciso deste prazer, deste produto, preciso deste preço baixo" ... Penso que estas compulsões estão mais no centro do problema do tráfico do que a proliferação de direitos ou os chamados direitos.

A experiência de Thalita Khum em tempos de pandemia
 
À grande resposta da Igreja ao flagelo do tráfico pertence, portanto, a experiência de Talitha Kum, uma rede mundial da vida consagrada comprometida contra o tráfico de pessoas. A Irmã Gabriella Bottani, coordenadora internacional da organização, salienta que as condições de vulnerabilidade estão a aumentar e a afetar mais pessoas, especialmente por causa de situações de extrema pobreza que, por sua vez, facilitam a atividade dos traficantes. Entre os principais grupos afetados estão mulheres, crianças, minorias étnicas, cidadãos estrangeiros, especialmente os indocumentados, e povos indígenas. Além da propagação do vírus, o principal fator que contribui para o aumento da vulnerabilidade é a perda do emprego. O mercado de trabalho é uma área chave para os recrutadores arrastarem pessoas para a rede de exploração. De acordo com dados de Thalita Khum, a violência doméstica contra mulheres e crianças está aumentando. Embora não faça parte do tráfico como tal, pode causá-lo indiretamente, pois a violência doméstica pode forçar as pessoas a aceitar qualquer rota de fuga. Além disso, algumas das medidas sociais e sanitárias implementadas mundialmente para conter a Covid-19 tiveram impacto sobre os migrantes, especialmente aqueles sem documentos e sem autorização de residência. Entre eles estão muitas vítimas do tráfico. A pandemia também afetou o trabalho de Thalitha Kum: missionários e voluntários voltaram-se para os mídias sociais para continuar a missão, mantendo contacto humano com as vítimas do tráfico de forma virtual, e foi necessário um treinamento específico.

Apelo da Cáritas: medidas urgentes e direcionadas
 
O secretário geral da Caritas Internationalis, Aloysius John, afirma que "neste momento da difusão da Covid-19, as pessoas vulneráveis correm maior risco de se tornarem vítimas do tráfico".  A Confederação das 162 Cáritas nacionais e a rede cristã antitráfico enfatizam que a Covid-19 tem concentrado a atenção dos governos no setor da saúde, ao mesmo tempo em que impede que seja dada atenção suficiente aos danos colaterais da pandemia global, especialmente aos migrantes e trabalhadores informais, que agora estão mais expostos ao tráfico e à exploração. A Caritas Internationalis e a Coatnet, portanto, pedem medidas urgentes e direcionadas para apoiar aqueles que trabalham nos setores informais, incluindo trabalhadores domésticos e agrícolas e da construção civil, entre os quais estão os trabalhadores mais vulneráveis, como os migrantes sem documentos.

A denúncia de Save the Children
 
Cerca de 10 milhões das vítimas de tráfico no mundo inteiro, ou seja, 1 em cada 4, têm menos de 18 anos de idade e um entre 20 das vítimas têm menos de 8 anos de idade. A forma mais difundida de exploração continua a ser a exploração sexual (84,5%), sendo as mulheres e meninas as principais vítimas. Do total, 95% têm entre 15 e 17 anos de idade. Entretanto, o fenómeno permanece predominantemente submerso e, com a emergência da Covid-19, viu-se a transformação de alguns modelos típicos de tráfico e exploração de menores. Os grupos criminosos dedicados à exploração sexual em particular, aponta Save the Children, têm sido muito rápidos em todos os lugares a adaptarem o seu modelo operacional através do uso intensivo da comunicação e exploração on-line dentro de casa, e o lockdown forçou as instituições e organizações não-governamentais a enfrentarem maiores dificuldades na prevenção e apoio às vítimas. Além disso, os dados da Save the Children mostram que a pornografia infantil está a florescer na Europa.

ONU: caminho de consciencialização
 
Em 2010, a Assembleia Geral adotou um Plano de Ação Global de combate ao tráfico de seres humanos e exortou os governos de todos os países a tomarem medidas coordenadas e coerentes para derrotar este flagelo. O Plano expressa a necessidade de incluir a luta contra o tráfico nos programas mais amplos da ONU, para que o desenvolvimento e a segurança mundial sejam fortalecidos. Uma das principais disposições do Plano é a criação de um fundo fiduciário voluntário da ONU, particularmente para mulheres e crianças. Em 2013, a Assembleia Geral realizou uma reunião de alto nível para avaliar o Plano de Ação Global. Os Estados-Membros adotaram a Resolução A/RES/68/192, que designa 30 de julho como o Dia Internacional contra o Tráfico de Seres Humanos. A resolução destacou a importância deste dia "na consciencialização da situação das vítimas do tráfico de seres humanos e na promoção e proteção dos seus direitos". E, em setembro de 2015, os governos de todo o mundo aderiram à Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, incluindo os objetivos e metas que afetam o tráfico. Pede-se o fim o mais rápido possível do tráfico e da violência contra crianças, e medidas para eliminar todas as formas de violência e exploração de mulheres e crianças. Outro evento importante foi a Cúpula para Refugiados e Migrantes, que levou à Declaração de Nova Iorque, que contém 19 "promessas", das quais três se destinam a ações concretas contra o tráfico de seres humanos.
 
VN

28 julho, 2020

Papa Francisco: procuremos o contágio do amor, transmitido de coração a coração



O Papa Francisco escreveu o prefácio do livro organizado pelo cardeal Walter Kasper “Comunhão e esperança”. Testemunhar a fé em tempo de coronavírus. Francisco recorda que a pandemia “é um momento de provação e escolha para que possamos dirigir asnossas vidas a Deus de uma maneira renovada
 
Vatican News

O Papa Francisco escreveu o prefácio do livro "Comunhão e esperança". Testemunhar a fé em tempo de coronavírus organizado pelo cardeal  Walter Kasper e o sacerdote polotino, George Augustin.  Publicado pela Libreria Editrice Vaticana – Dicastério para a Comunicação, como indica o subtítulo, o trabalho do Cardeal Presidente Emérito do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos e do sacerdote palotino que fundou e dirige o instituto com o nome do cardeal seu compatriota, recolhe contribuições sobre como "testemunhar a fé em tempo do coronavírus". A seguir o Prefácio escrito pelo Papa Francisco.

"A crise do coronavírus surpreendeu a todos como uma tempestade repentina, mudando de repente e em todos os lugares do mundo a nossa vida familiar, o nosso trabalho e a vida pública. Muitos lamentam a morte de parentes e amigos próximos. Muitas pessoas encontram-se em dificuldades financeiras ou perderam os seus empregos. Em vários países, justamente na Páscoa, a principal solenidade do cristianismo, não foi possível celebrar a Eucaristia de maneira comunitária e pública e receber a força e consolo dos sacramentos.

Esta dramática situação tornou evidente toda a vulnerabilidade, inconsistência e necessidade de redenção de nós homens e colocou em questão muitas certezas nas quais confiamos na nossa vida diária para os nossos planos e projetos. A pandemia levanta questões fundamentais sobre a felicidade nas nossas vidas e o tesouro de nossa fé cristã. 

Deus, nosso apoio e nossa meta

Esta crise é um sinal de alarme para refletir sobre onde se apoiam as raízes mais profundas que nos sustentam na tempestade. Lembra-nos que esquecemos e ignoramos algumas coisas importantes da vida e nos faz refletir sobre o que é realmente importante e necessário e o que é menos importante ou o seja só na aparência. É um momento de provação e escolha para que possamos dirigir as nossas vidas para Deus, que é o nosso apoio e a nossa meta, de uma maneira renovada. Esta crise mostrou-mos que precisamente em situações de emergência dependemos da solidariedade dos outros e convida-nos a colocar as nossas vidas ao serviço dos outros de uma nova maneira. Ela deve fazer-nos agir contra a injustiça global para que possamos despertar e ouvir o grito dos pobres e do nosso planeta, gravemente doente. 

"Contágio" do amor

No meio da crise do coronavírus, celebramos a Páscoa e ouvimos a mensagem da Páscoa da vitória da vida sobre a morte. Esta mensagem sublinha que, como cristãos, não devemos permitir que fiquemis paralisados pela pandemia. A Páscoa dá-nos esperança, confiança e coragem, ela fortalece-nos na solidariedade. Diz-nos para superar as rivalidades do passado e reconhecer-mo-nos como membros de uma grande família que vai para além de todas as fronteiras e na qual cada um carrega o fardo do outro. O perigo de ser infetado por um vírus deve ensinar-nos outro tipo de "contágio", o do amor, que é transmitido de coração para coração. Sou grato pelos muitos sinais de prontidão para ajuda espontânea e pelo compromisso heróico dos profissionais da saúde, médicos e sacerdotes. Nessas semanas sentimos a força que vinha da fé. 

Jejum eucarístico

A primeira fase da crise do coronavírus, na qual as celebrações públicas da Eucaristia não foram possíveis, representou para muitos cristãos um tempo de doloroso jejum eucarístico. Muitos experimentaram que o Senhor está presente em todos os lugares, onde dois ou três estão reunidos em Seu nome. A transmissão das celebrações eucarísticas pela mídia foi uma solução de emergência pela qual muitos ficaram gratos. Mas a transmissão virtual não pode substituir a presença real do Senhor na celebração eucarística. Portanto, alegro-me porque agora podemos voltar à vida litúrgica normal. A presença do Senhor Ressuscitado na sua Palavra e na celebração eucarística nos dará a força necessária para enfrentar os difíceis problemas que nos esperam após a crise.

O meu desejo e a minha esperança é que as reflexões teológicas contidas neste livro inspirem reflexão e despertem em muitas pessoas uma nova esperança e uma nova solidariedade. Como com os dois discípulos a caminho de Emaús, também no futuro o Senhor nos acompanhará pelo caminho com a sua Palavra e, repartindo o Pão eucarístico, nos dirá: 'Não tenhais medo! Eu venci a morte'".

A capa do Livro "Comunhão e Esperança. Testemunhar a fé em tempo de coronavírus",
com prefácio do Papa Francisco

VN

Portugal: “Não se podem descartar os idosos”

 
D. Joaquim Mendes, Bispo Auxiliar de Lisboa
 
Entrevista à VATICAN NEWS de D. Joaquim Mendes, Bispo Auxiliar de Lisboa e Presidente da Comissão Episcopal do Laicado e Família no contexto do Dia dos Avós. 
 
Domingos Pinto - Lisboa

“Os idosos são um tesouro a cuidar, a valorizar, a saber envelhecer, e é preciso ajudá-los a encontrar também um sentido da vida na realidade do mundo de hoje contra a cultura do descarte”.

O desafio é lançado em entrevista à VATICAN NEWS por D. Joaquim Mendes, Bispo auxiliar de Lisboa e Presidente da Comissão Episcopal do Laicado e Família (CELF).

Declarações no contexto da mensagem dos bispos portugueses para o Dia dos Avós que se assinalou com diversas celebrações e iniciativas no passado dia 26 de julho, festa litúrgica de São Joaquim e de Santa Ana, os avós de Jesus.

“Os Avós são um tesouro”, é o título desta mensagem que sublinha que “uma sociedade que não protege, não cuida, não admira os mais velhos, está condenada ao fracasso”.

“São um tesouro porque são testemunhas de doação, de amor, muitas vezes esquecimento de si”, diz D. Joaquim Mendes que acrescenta que “um dos primeiros aspetos importantes é a presença, o afeto, a ternura, este aspeto da escuta”.

“Não descartar, não se podem descartar os idosos, alerta o bispo auxiliar de Lisboa que considera que os idosos “não devem ser vistos como um peso”.

D.Joaquim Mendes realça a “solidariedade que agora tem sido bem visível em tempo de pandemia, a solidariedade entre os jovens e os idosos, e entre os avós e os netos, esta realidade inter-relacional que é um contributo para o projeto de vida das novas gerações”.

“Uma oportunidade de os jovens se tornarem protagonistas na missão da igreja e também na sociedade”, explica o prelado que entende que é “uma oportunidade de os jovens saírem fora do anonimato e fazerem voluntariado, voluntariado de proximidade com os idosos”.

 Ao portal da Santa Sé o bispo auxiliar de Lisboa diz ainda que a crise económica que já está a atingir o país, “exige mudança de estilos de vida, de comportamentos, que também exige uma crescente solidariedade”.

VN

27 julho, 2020

FALTA DE INSPIRAÇÃO

 
 
 
 
 
 
 
Como é possível não ter inspiração para escrever sobre Ti?

Debato-me perante a folha vazia de palavras escritas e apenas me surge a frase: Deus é bom!

Penso então em tantas coisas boas da vida e chego sempre à mesma conclusão: São efémeras!
Deixam saudades, (algumas até doem), boas lembranças, sorrisos de recordação, mas no fundo todas, mais tarde ou mais cedo, acabaram.

Deus é bom!

Mesmo quando, sem percebermos porquê, acontecem coisas más, Deus não deixa de ser bom e de trazer bondade às nossas vidas.
Nem que essa bondade seja “apenas” um “estar aqui”!

Não desejamos nós tantas vezes em que estamos mal, ter alguém ao nosso lado, mas sem dizer nada, sem fazer nada, sem aconselhar nada?
Só Alguém faz isso perfeitamente: Deus!

Ele nem diz – estou aqui – “apenas” dá a sentir a Sua presença muitas vezes de uma forma que nem percebemos, mas nos faz sentir que não estamos sós.
Não exige falar connosco, se não falarmos com Ele, não aconselha, se não pedimos conselho, não dá a mão, se nós não lha dermos primeiro, a única coisa que continuamente tem, é o coração aberto para nós!

Ainda bem que não tinha inspiração, porque assim, mais uma vez pude ver como Deus é bom!


Marinha Grande, 27 de Julho de 2020
Joaquim Mexia Alves
 

26 julho, 2020

O Papa exorta a desarmar área de Donbass e permitir a paz na região

 
Conflito dura desde 2014
 
Nas palavras do Papa Francisco após o Angelus, o agradecimento pelo cessar-fogo na área de confim entre Ucrânia e Rússia teatro desde 2014 de um longo conflito: que se alcance um efetivo processo de desarmamento e de remoção das minas

Vatican News
 
Armas em silêncio a partir da meia-noite do dia 27 de julho. Esta é a notícia que alegrou o Papa e o levou a usar palavras após o Angelus deste domingo ((26/07) pela estabilidade de Donbass, área de confim entre Ucrânia e Rússia, onde mais de 13.000 pessoas morreram desde o início (há seis anos), das hostilidades entre Kiev e as milícias das autoproclamadas repúblicas de Donetsk e Luhansk que apoiam a independência de Donbass.
 
Há dois dias, o Grupo de contacto Trilateral de Minsk, do qual participaram representantes da Ucrânia, da Rússia e da Organização para Cooperação e Segurança na Europa (OSCE), anunciou o fim da ação militar.
 
“Soube que um novo cessar-fogo relativo à área de Donbass foi recentemente decidido em Minsk pelos membros do Grupo de contato trilateral”, disse Francisco.
 
Ao tempo em que agradeço por este sinal de boa vontade que visa trazer a tão desejada paz de volta àquela região atormentada, rezo para que o que foi estabelecido em acordo seja finalmente colocado em prática, inclusive através de um processo eficaz de desarmamento e de remoção das minas.
 
“Somente assim - concluiu o Papa - será possível reconstruir a confiança e lançar as bases para uma reconciliação tão necessária e tão esperada pelo povo.”
 
Ao anunciar o acordo num relatório, a presidência ucraniana tinha agradecido a seus parceiros internacionais, em particular à França e à Alemanha. O cessar-fogo deve preparar o caminho para uma nova reunião de negociação para uma solução definitiva da crise.
 
VN

Francisco exorta os jovens a usar fantasia do amor para com os avós


 

Após o Angelus deste domingo (26/07), o Papa Francisco recordou os Santos Joaquim e Ana, os pais da Virgem Maria e avós de Jesus, exortando os jovens de hoje a não esquecerem as suas raízes

Vatican News 

Os jovens, árvores prontas para crescer, mas com raízes sólidas que são os avós. No Angelus, este domingo (26/07) o Papa Francisco definiu assim os jovens de hoje chamados, no dia em que a Igreja recorda dos Santos Joaquim e Ana, a não esquecer os seus entes queridos, sobretudo neste tempo de pandemia. Pediu-lhes um gesto de afeto, sugeriu caminhos a seguir para não fazerem com que os avós se sintam sozinhos:
“Gostaria de convidar os jovens a fazer um gesto de ternura para com os idosos, sobretudo os mais solitários, nos lares e residências, aqueles que não veem seus entes queridos há tantos meses. Queridos jovens, cada um desses idosos é seu avô! Não os deixe sozinhos! Usem a fantasia do amor, façam chamadas telefônicas, vídeo-chamadas, enviem mensagens, os escutem e, sempre que possível, em conformidade com as normas sanitárias, visitem-nos também. Enviem-lhes um abraço.”
Retomando os versos de um poeta argentino, recordou-lhes que para serem sólidos é preciso ter raízes sólidas. Raízes que têm um nome: avós.
“Eles são as vossas raízes. Uma árvore separada das suas raízes não cresce, não dá flores e frutos. É por isso que a união com as suas raízes é importante. O que a árvore floresceu vem daquilo que tem de enterrado, diz um poeta de minha pátria. É por isso que vos convido a dar um grande aplauso aos nossos avós, a todos!”
VN

Angelus. O Papa: Jesus é o tesouro escondido que dá sentido à nossa vida

 
  
“Jesus, que é o tesouro escondido e a pérola de grande valor, só pode suscitar alegria, toda a alegria do mundo: a alegria de descobrir um sentido para a própria vida, a alegria de senti-la comprometida com a aventura da santidade”, disse o Papa Francisco no Angelus, comentando duas parábolas sobre o Reino dos Céus contidas no Evangelho deste XVII Domingo do Tempo Comum

Raimundo de Lima - Vatican News
 
“O Reino dos Céus é o contrário das coisas supérfluas que o mundo oferece, é o contrário de uma vida banal: é um tesouro que renova a vida em cada dia e a expande em direção a horizontes mais amplos.” Foi o que disse o Papa Francisco no Angelus ao meio-dia deste XVII de São Pedro aos fiéis e peregrinos que com o Santo Padre rezaram a oração mariana.
 
A reflexão do Pontífice concentrou-se no Evangelho do dia (Mt 13,44-52), que corresponde aos últimos versículos do capítulo que Mateus dedica às parábolas do Reino dos Céus. O trecho compreende três parábolas brevemente acenadas e muito curtas: a do tesouro escondido no campo, a da pérola preciosa e a da rede lançada ao mar.
 
Na alocução que precedeu a oração mariana Francisco deteve-se sobre as duas primeiras nas quais o Reino dos Céus é assimilado a duas diferentes realidades “preciosas”, ou seja, o tesouro no campo e a pérola de grande valor.
 
A construção do Reino exige disponibilidade ativa do homem 
 
“A reação daquele que encontra a pérola ou o tesouro é praticamente igual”, observou: “o homem e o mercante vendem tudo para adquirir aquilo mais têm a peito”.
 
“Com estas duas semelhanças, Jesus propõe-se envolver-nos na construção do Reino dos Céus, apresentando uma característica essencial do mesmo: aderem plenamente ao Reino aqueles que estão dispostos a arriscar tudo”, ressaltou:
“De facto, tanto o homem como o mercante das duas parábolas vendem tudo aquilo que possuem, abandonando assim as suas seguranças materiais. Disto se entende que a construção do Reino exige não somente a graça de Deus, mas também a disponibilidade ativa do homem.”

Abandonar o pesado fardo de nossas seguranças mundanas

Os gestos daquele homem e do mercante que vão em busca, privando-se de seus bens, para comprar realidades mais preciosas, são gestos decididos e radicais. “E, sobretudo – observou –, feitos com alegria, porque ambos encontraram o tesouro.”
 
“Somos chamados a assumir a atitude destes dois personagens evangélicos, tornando-nos também nós saudáveis buscadores irrequietos do Reino dos Céus. Trata-se de abandonar o pesado fardo de nossas seguranças mundanas que nos impedem de procurar e construir o Reino: a ganância pela posse, a sede de lucro e de poder, o pensar somente em nós mesmos.”
 
Nos nossos dias, prosseguiu o Papa, “a vida de alguns pode resultar medíocre e sem brilho porque provavelmente não foram em busca de um verdadeiro tesouro: contentaram-se com coisas atraentes, mas efêmeras, cintilantes, mas ilusórias, porque depois deixam na escuridão.”
 
Amar Deus, os outros e verdadeiramente a nós mesmos
 
 Ressaltando que o Reino dos Céus “é um tesouro que renova a vida em cada dia e a expande em direção a horizontes mais amplos”, o Pontífice acrescentou que “quem encontrou este tesouro tem um coração criativo e em busca, que não repete, mas inventa, traçando e percorrendo novos caminhos, que nos levam a amar Deus, a amar os outros, a amar verdadeiramente a nós mesmos”.
 
“Jesus, que é o tesouro escondido e a pérola de grande valor, só pode suscitar alegria, toda a alegria do mundo: a alegria de descobrir um sentido para a própria vida, a alegria de senti-la comprometida com a aventura da santidade.”
 
“Que a Santíssima Virgem nos ajude a procurar todos os dias o tesouro do Reino dos Céus, a fim de que nas nossas palavras  e nos nossos gestos se manifeste o amor que Deus nos deu através de Jesus”, disse o Santo Padre dirigindo-se a Nossa Senhora antes de recitar a oração do Angelus.
 
VN

25 julho, 2020

O Papa: olhemos para necessidades dos outros, não estamos sós no mundo

 
Papa Francisco
 
Com uma mensagem em vídeo o Papa Francisco dirige-se a cerca de 600 participantes no quarto Curso de Espiritualidade organizado pela diocese argentina de Comodoro de Rivadavia na Patagónia centralizado no tema da "Conversão à diaconia social", do cuidar de quem está ao lado, segundo o exemplo evangélico do Bom Samaritano

Vatican News
 
Colocar-mo-nos a serviço dos outros, levando em consideração as suas necessidades e compreender que não estamos sozinhos no mundo: este é o coração da mensagem em vídeo enviada pelo Papa Francisco na sexta-feira, 24 de julho, ao quarto Curso de Espiritualidade organizado pela Diocese de Comodoro de Rivadavia, na região argentina da Patagónia.
 
O vídeo do Pontífice foi difundido pela Igreja local através do seu canal no YouTube. O curso, realizado de modo virtual, foi centralizado no tema “Conversão à diaconia social”, que se inspira no documento da Comissão Teológica Internacional “A Sinodalidade na vida e na missão da Igreja”.
 
Efetivamente, o quarto capítulo deste texto é dedicado à “Conversão por uma renovada sinodalidade”. “‘Conversão à diaconia social’ é um título sugestivo, ou seja, significa dar-mos conta de que devemos servir os outros, perceber que não sou o único no mundo, que devo olhar para o que o outro precisa, as suas necessidades materiais, para suas necessidades espirituais”, afirma o Papa na sua mensagem em vídeo.
 
E acrescenta: “Por egoísmo, estamos acostumados a passar sem ver aqueles que sofrem, olhando para outro lugar”, mas “Jesus pede-nos para sermos servos dos outros como o Bom Samaritano cujo nome não conhecemos: um homem anónimo que cuidou daquele que estava à beira do caminho”.
 
"Coragem, façam bater os vossos corações"
 
“À beira do caminho da vida há homens e mulheres como nós, há idosos e crianças que nos pedem, com um olhar, que lhes demos uma mão”, ressalta o Papa Francisco.
 
Daí, o encorajamento do Pontífice a “um processo de conversão à diaconia, a ser diáconos, servos dos outros”, porque “Jesus diz: ‘Nem mesmo quem tiver dado um copo de água em meu nome ficará sem recompensa’ (Mt 10,42)”.
 
“Coragem! – exorta o Papa. Peço-vos somente que façam bater ao vossos corações, nada mais, e que olhem bem. O mais virá por si mesmo”. A mensagem em vídeo conclui-se com a bênção, a invocação à Virgem Maria e o pedido de orações.
 
Cerca de 600 agentes de pastoral de toda a diocese participaram virtualmente do curso de espiritualidade. O bispo local, dom Joaquin Gimeno Lahoz, recordou que, desde quando era arcebispo de Buenos Aires, o Papa Bergoglio demonstrou interesse pela Patagónia, expressando proximidade e ajuda ao Seminário Patagónico. Esta mensagem em vídeo, portanto, é mais um encorajamento a não esquecer esta região.
 
Vatican News Service - IP/RL

24 julho, 2020

Dia dos Avós – Entrevista aos avós e netos

 
 
“Que tenham sempre Jesus no coração” 

O que têm a dizer os avós aos netos e os netos aos avós? Por ocasião do Dia dos Avós, celebrado este Domingo, 26 de julho, na Memória de São Joaquim e Santa Ana, avós de Jesus, o Jornal VOZ DA VERDADE foi saber como é que a relação avós-netos se manteve durante o período de confinamento e a mensagem que querem deixar aos netos. Nesta página, publicamos a entrevista, realizada por videochamada através do WhatsApp, ao casal Helena e Philippe Morin, da Paróquia da Portela, que, este ano, termina uma colaboração de vários anos com a Pastoral Familiar do Patriarcado de Lisboa.
 
Como foi – e está a ser – a missão de serem avós em tempo de pandemia?

Helena: A missão tem sido à distância, como se impunha. Desde março, só nos voltámos a encontrar, fisicamente, a 30 de maio, no aniversário do nosso neto Marcos. Ficámos todos muito contentes por podermos voltar a estar juntos, apesar de evitarmos os abraços e outro tipo de afetos. Foi muito bom! Depois, foi só no dia 27 de junho que nos encontrámos novamente, para o aniversário de outro neto. Mais recentemente é que nos temos encontrado um bocadinho mais. Durante o confinamento, ao Domingo, almoçávamos todos ao mesmo tempo, cada um na sua casa, mas ligados pelo Skype.

Philippe: Durante estes meses, víamo-nos pelo WhatsApp e, de vez em quando – porque nós moramos num 2.º andar –, eles vinham perto do prédio, para nos verem. E as nossas duas netas (gémeas, com 6 anos) sabiam o nosso número de telefone e passavam o dia a chamarem-nos para contarem as suas vidas. Havia sempre uma que se lembrava de telefonar, para nós e para a outra avó…
 
Durante este tempo, do que sentiram mais falta?Helena: Sentimos falta do contacto físico, dos abraços, dos beijinhos... Mandávamos os beijinhos e os abraços pelo Skype, mas não era a mesma coisa. É muito virtual, sobretudo com as pequeninas. Diziam que estavam sempre com muita saudade.

Philippe: Antes da pandemia, quando as pequeninas não tinham ama, eramos nós que ficávamos com elas. De manhã, às 7h30, íamos lá para tratar delas e, por isso, elas desenvolveram uma certa proximidade connosco.

Helena: Agora, sentiram mais a ausência, mas ficam muito contentes quando nos veem.
 

Na recente ‘Mensagem aos Avós’ da Comissão Episcopal Laicado e Família, é sublinhado que os avós são o “testemunho real de outros tempos, tantas vezes marcados por dificuldades, lutas e carências”. Como é que essa experiência pode ajudar os netos a olhar a situação presente?

Helena: No nosso caso, os netos estão muito ocupados durante a semana e não temos muito tempo para transmitir essa experiência… mas tentamos, sobretudo o Philippe, quando os leva a Nantes [França] – de onde é natural –, de contar o que vivia, o que fazia, em que escola andava e as dificuldades que havia – era o período pós-guerra... E eu também tento, quando estamos no sítio onde cresci e lhes falo da escola onde andei, como ia a pé... Essa experiência pode trazer muitos benefícios, mas os que a viveram já não têm muita oportunidade de falar disso e creio que, para já, os mais novos, não estão muito interessados. Mas esta parte é muito importante e penso fazer isso quando estivemos mais tempo juntos. O mundo não pode voltar ao que estávamos antes. É muito importante esta parte da memória.

Leia as entrevistas completas aqui ou na edição do dia 26 de julho do Jornal 
VOZ DA VERDADE, disponível nas paróquias ou em sua casa.
 
Patriarcado de Lisboa