Segundo o padre Fernando Sampaio, representante da Igreja Católica no
Grupo de Trabalho Inter-religioso – Religiões-Saúde (GTIR), o grupo foi
bem acolhido e pôde manifestar a sua preocupação perante os deputados
pelo risco de se estar a abrir uma “rutura no dique da vida”.
“Considerámos que não nos devíamos manifestar sobre as propostas de lei,
porque os nossos princípios são doutrinais e partimos de pressupostos
diferentes do que eles partem, portanto achámos que não nos devíamos
pronunciar sobre isso”, explica o sacerdote.
O Grupo de Trabalho
Inter-religioso – Religiões-Saúde (GTIR) esteve esta quarta-feira no
Parlamento para ser ouvido pela Comissão Constitucional de Direitos,
Liberdades e Garantias, no contexto do processo de legalização da
eutanásia. O GTIR participou em conjunto com a Associação de Médicos
Católicos, tendo a Associação dos Juristas Católicos recusado o convite
da Comissão, por ter sido feita na sexta-feira e não dar tempo para
preparar a intervenção. “Reafirmámos os nossos princípios e porque
defendemos a nossa posição de que uma lei da eutanásia trará
dificuldades e problemas, porque introduzirá uma rutura no dique da
vida”, disse ainda o diretor da Pastoral da Saúde do Patriarcado de
Lisboa, que esteve acompanhado de representantes da Igreja Evangélica,
da Igreja Adventista do Sétimo Dia, da União Budista e da Comunidade
Hindu.
Não obstante esta oportunidade, em que o GTIR entregou aos
deputados um documento em que explica que toda a vida tem dignidade,
independentemente do sofrimento e das doenças que possam acometer as
pessoas, o padre Fernando Sampaio parece conformado com o facto de que o
processo no Parlamento vai mesmo avançar. “O processo vai para a
frente. Depois, talvez só o Presidente da República possa ter uma
palavra a dizer. Mas isso são já problemas que me ultrapassam. Mas eles
estão a escutar a sociedade civil, naturalmente com a intenção de o
processo ir para a frente”, disse o padre Fernando Sampaio, em
declarações à Renascença.
Noutro comunicado, a Associação dos
Médicos Católicos, que esteve presente na mesma audição, diz que
aproveitou para reiterar “a sua absoluta oposição a todos os projetos
Lei de Despenalização da Eutanásia apresentados”. A associação
profissional defende com convicção que “a eutanásia nunca será um ato
médico”, secundando assim a recente posição da Ordem dos Médicos, que
manifestou a sua indisponibilidade em colaborar com o Parlamento na nova
legislação sobre a Eutanásia.
Com Renascença
Patriarcado de Lisboa
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