(RV) “Quem ama quer conhecer melhor a pessoa amada, para descobrir a riqueza
que se esconde nela e que dia a dia aparece como uma realidade sempre
nova.” Foi o que disse o Papa Francisco recebendo em audiência na Sala
do Sínodo, no Vaticano, no final da tarde nesta quarta-feira, os
participantes do encontro promovido pelo Pontifício Conselho para a
Promoção da Nova Evangelização, por ocasião da celebração pelos 25 anos
da Constituição apostólica Fidei depositum.
Francisco ressaltou, logo no início, que o vigésimo quinto
aniversário da Constituição apostólica Fidei depositum, com a qual São
João Paulo II promulgava o Catecismo da Igreja Católica – trinta anos
depois da abertura do Concílio Ecuménico Vaticano II – “é uma
significativa ocasião para verificar o caminho percorrido nesse espaço
de tempo”.
Dito isso, destacou que foi instituído, sobretudo, para permitir que a
Igreja chegasse finalmente a apresentar, com uma linguagem renovada, a
beleza da sua fé em Jesus Cristo, que o Papa João XXIII sonhara e
quisera com a realização do Concílio e “não para condenar”.
Francisco recordou aos presentes que já no seu discurso de abertura
do Concilio Vaticano II, o Papa João XXIII, afirmava a necessidade para
que “a Igreja não se aparte do património sagrado das verdades,
recebidas dos seus maiores; mas, ao mesmo tempo, deve também olhar para o
presente, para as novas condições e formas de vida do mundo, que
abriram novos caminhos ao apostolado católico”. Daí que, acrescentou o
Santo Padre, citando sempre o Papa João XXIII, que “o nosso dever é não
só guardar este tesouro precioso, como se nos preocupássemos unicamente
da antiguidade, mas também dedicar-nos com vontade pronta e sem temor
àquele trabalho que o nosso tempo exige, prosseguindo assim o caminho
que a Igreja percorre há vinte séculos”.
“Guardar” e “prosseguir” foram as palavras destacadas por Francisco,
como incumbência que cabe à Igreja pela sua própria natureza, a fim de
que a verdade contida no Evangelho de Jesus possa alcançar a sua
plenitude até ao fim dos séculos.
“Tal, disse, é a graça que foi concedida ao Povo de Deus; mas é
igualmente uma tarefa e uma missão, cuja responsabilidade carregamos:
anunciar de modo novo e mais completo o Evangelho de sempre aos nossos
contemporâneos. Assim, com a alegria que provem da esperança cristã e
munidos do ‘remédio da misericórdia’, vamos ao encontro dos homens e
mulheres do nosso tempo para lhes permitir a descoberta da inexaurível
riqueza encerrada na pessoa de Jesus Cristo”.
Ao apresentar o Catecismo da Igreja Católica, São João Paulo II
sublinhara que ‘deve ter em conta as explicitações da doutrina que, no
decurso dos tempos, o Espírito Santo sugeriu à Igreja. É também
necessário que ajude a iluminar, com a luz da fé, as novas situações e
os problemas que no passado ainda não tinham surgido’, recordou o Papa
Francisco.
Por isso, frisou ainda o Papa, este Catecismo constitui um
instrumento importante não apenas porque apresenta aos crentes os
ensinamentos de sempre para crescerem na compreensão da fé, mas também e
sobretudo porque pretende aproximar os nossos contemporâneos, com as
suas problemáticas novas e diversas, da Igreja, comprometida na
apresentação da fé como resposta significante para a existência humana
neste momento histórico particular.
Por isso, acrescentou, não basta encontrar uma nova linguagem para
exprimir a fé de sempre; “é necessário e urgente também que, perante os
novos desafios e perspectivas que se abrem à humanidade, a Igreja possa
exprimir as novidades do Evangelho de Cristo que, embora contidas na
Palavra de Deus, ainda não vieram à luz”, concluiu dizendo o Pontífice.
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