28 outubro, 2017

Humanidade e independência - Papa às Organizações humanitárias


(RV) Neste sábado 28 de Outubro, o Papa Francisco recebeu em audiências sucessivas, a partir das 10 horas, o Cardeal Marc Ouelet, Prefeito da Congregação para os Bispos; Mons. Maurizio Bravi, Observador Permanente da Santa Sé junto da Organização Mundial do Turismo; Monsenhor Guido Marini, Mestre das Celebrações Litúrgicas Pontifícias e, ao meio dia, na Sala Clementina, cerca de 250 participantes na III Conferência sobre o Direito Humanitário Internacional. Tema: “A protecção das populações civis nos conflitos: o papel  das organizações humanitárias e da sociedade civil”.

O Papa disse-lhes que este tema tem um particular significado no contexto dos 40 anos da adopção dos Protocolos Adicionais às Convenções de Genebra relativos à protecção das vítimas dos conflitos armados. A Santa Sé – continuou Francisco – ratificou estas duas Convenções, na convicção de que a guerra é negativa, que a aspiração mais digna do homem é a abolição da guerra, mas também para encorajar a uma humanização dos efeitos dos conflitos armados.

A Santa Sé apreciou de modo particular as disposições relativas à protecção das populações civis e dos bens indispensáveis para a sua sobrevivência, o respeito do pessoal de saúde e religioso, a tutela dos bens culturais e religiosos, assim como também do ambiente natural, nossa casa comum. Mas consciente – frisou o Papa – das omissões e hesitações que caracterizam  sobretudo o Segundo Protocolo Adicional relativo à protecção das vítimas dos conflitos armados não internacionais, a Santa Sé continua a considerar estes instrumentos como uma porta aberta para ulteriores desenvolvimentos do Direito internacional humanitário. É que chegam muitas vezes “testemunhos de crimes atrozes, verdadeiras violações à pessoa humana e à sua dignidade. Imagens de pessoas mortas, de corpos mutilados ou decapitados, de nossos irmãos e irmãs torturados, crucificados, ofendidos mesmo nos seus restos mortais  interpelam – disse o Papa – a consciência da humanidade”.

O Papa recordou também os tesouros culturais antigos, hospitais, escolas,  alvos de ataques e destruição, privando assim inteiras gerações do direito à vida, à saúde, à educação. Mais ainda:

“Quantas igrejas e outros lugares de culto são objecto de agressões miradas, muitas vezes durante celebrações litúrgicas, com numerosas vítimas entre fiéis e ministros reunidos em oração, violando assim o direito fundamental à liberdade de religião!”

Essas imagens correm o risco de anestesiar as pessoas em relação à gravidade das situações. É por isso, necessário uma “conversão dos corações, uma abertura a Deus e ao próximo a fim de ultrapassar  a indiferença e viver a solidariedade como virtude moral e atitude social, da qual pode derivar um empenho a favor da humanidade sofredora”.

O Papa sublinhou que é todavia encorajador ver que em tempo de guerra não faltam gestos de solidariedade e caridade. Muitas pessoas da Igreja, da sociedade civil, de ONG’s enfrentam canseiras e perigos para curar os feridos, sepultar os mortos, dar de comer e de beber às pessoas, visitar detidos. Enfim, diversas obras de misericórdia com base nas quais seremos julgados no fim da nossa vida. Francisco exprimiu ainda o desejo de que as “organizações humanitárias ajam sempre em conformidade com os princípios fundamentais da humanidade, imparcialidade, neutralidade e independência”.

E desejou que tais princípios – coração do Direito Humanitário – possam ser acolhidos nas consciências dos combatentes e dos operadores humanitários para serem postos em prática. E que lá onde o Direito humanitário passa por hesitações e omissões, que a consciência individual saiba reconhecer o dever moral de respeitar e proteger a pessoa humana em todas as circunstancias, especialmente nas em que ela se encontra mais fortemente ameaçada. Para isso, ao lado da formação  técnica  e jurídica, o Papa recomendou a oração e o acompanhamento espiritual dos combatentes e dos operadores humanitários.

E terminou com a frase do Evangelho de São Mateus : “Tudo aquilo que fizestes a um só destes meus irmãos mais pequenos, a mim o fizestes

(DA)

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