(RV) Neste
sábado 28 de Outubro, o Papa Francisco recebeu em audiências sucessivas,
a partir das 10 horas, o Cardeal Marc Ouelet, Prefeito da Congregação
para os Bispos; Mons. Maurizio Bravi, Observador Permanente da Santa Sé
junto da Organização Mundial do Turismo; Monsenhor Guido Marini, Mestre
das Celebrações Litúrgicas Pontifícias e, ao meio dia, na Sala
Clementina, cerca de 250 participantes na III Conferência sobre o Direito Humanitário Internacional. Tema: “A protecção das populações civis nos conflitos: o papel das organizações humanitárias e da sociedade civil”.
O Papa disse-lhes que este tema tem um particular significado no
contexto dos 40 anos da adopção dos Protocolos Adicionais às Convenções
de Genebra relativos à protecção das vítimas dos conflitos armados. A
Santa Sé – continuou Francisco – ratificou estas duas Convenções, na
convicção de que a guerra é negativa, que a aspiração mais digna do
homem é a abolição da guerra, mas também para encorajar a uma
humanização dos efeitos dos conflitos armados.
A Santa Sé apreciou de modo particular as disposições relativas à
protecção das populações civis e dos bens indispensáveis para a sua
sobrevivência, o respeito do pessoal de saúde e religioso, a tutela dos
bens culturais e religiosos, assim como também do ambiente natural,
nossa casa comum. Mas consciente – frisou o Papa – das omissões e
hesitações que caracterizam sobretudo o Segundo Protocolo Adicional
relativo à protecção das vítimas dos conflitos armados não
internacionais, a Santa Sé continua a considerar estes instrumentos como
uma porta aberta para ulteriores desenvolvimentos do Direito
internacional humanitário. É que chegam muitas vezes “testemunhos
de crimes atrozes, verdadeiras violações à pessoa humana e à sua
dignidade. Imagens de pessoas mortas, de corpos mutilados ou
decapitados, de nossos irmãos e irmãs torturados, crucificados,
ofendidos mesmo nos seus restos mortais interpelam – disse o Papa – a
consciência da humanidade”.
O Papa recordou também os tesouros culturais antigos, hospitais,
escolas, alvos de ataques e destruição, privando assim inteiras
gerações do direito à vida, à saúde, à educação. Mais ainda:
“Quantas igrejas e outros lugares de culto são objecto de
agressões miradas, muitas vezes durante celebrações litúrgicas, com
numerosas vítimas entre fiéis e ministros reunidos em oração, violando
assim o direito fundamental à liberdade de religião!”
Essas imagens correm o risco de anestesiar as pessoas em relação à gravidade das situações. É por isso, necessário uma “conversão
dos corações, uma abertura a Deus e ao próximo a fim de ultrapassar a
indiferença e viver a solidariedade como virtude moral e atitude social,
da qual pode derivar um empenho a favor da humanidade sofredora”.
O Papa sublinhou que é todavia encorajador ver que em tempo de guerra
não faltam gestos de solidariedade e caridade. Muitas pessoas da
Igreja, da sociedade civil, de ONG’s enfrentam canseiras e perigos para
curar os feridos, sepultar os mortos, dar de comer e de beber às
pessoas, visitar detidos. Enfim, diversas obras de misericórdia com base
nas quais seremos julgados no fim da nossa vida. Francisco exprimiu
ainda o desejo de que as “organizações humanitárias ajam sempre
em conformidade com os princípios fundamentais da humanidade,
imparcialidade, neutralidade e independência”.
E desejou que tais princípios – coração do Direito Humanitário –
possam ser acolhidos nas consciências dos combatentes e dos operadores
humanitários para serem postos em prática. E que lá onde o Direito
humanitário passa por hesitações e omissões, que a consciência
individual saiba reconhecer o dever moral de respeitar e proteger a
pessoa humana em todas as circunstancias, especialmente nas em que ela
se encontra mais fortemente ameaçada. Para isso, ao lado da formação
técnica e jurídica, o Papa recomendou a oração e o acompanhamento
espiritual dos combatentes e dos operadores humanitários.
E terminou com a frase do Evangelho de São Mateus : “Tudo aquilo que fizestes a um só destes meus irmãos mais pequenos, a mim o fizestes”
(DA)
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