No dia em que o Papa Francisco nomeou D. José Traquina como Bispo de
Santarém, recorde a entrevista do Bispo de 63 anos ao jornal Voz da
Verdade, em 2014. Após completar um mês de ordenação episcopal, D. José
Traquina falou da sua história vocacional, os anos como pároco e os
sentimentos que teve com a nomeação que recebeu do Papa.
Dezassete de abril de 2014. Na Missa Crismal na Sé de Lisboa, em
Quinta-Feira Santa, D. Manuel Clemente anunciava a toda a diocese:
“Agora, quero dar-vos uma notícia felicíssima! A Santa Sé anunciou que o
nosso caríssimo cónego José Traquina é Bispo Auxiliar de Lisboa!”,
revelava o Patriarca, de sorriso no rosto. De imediato rompe uma longa
salva de palmas em manifestação de alegria pela notícia recebida.
Aplauso a que D. Manuel Clemente se juntou, reagindo com boa disposição:
“Já chegaram ao Céu estas palmas”. Sacerdote do Patriarcado de Lisboa,
D. José Traquina foi nomeado Bispo para a sua diocese. “Na Missa Crismal
foi muito bonito, e eu não esperava, a reação dos meus colegas padres,
que reagiram de uma forma maravilhosa, com a saudação, as palmas… Foi um
momento muito carinhoso da parte dos colegas padres e senti que houve
ali uma interpretação como um sinal dado por Deus. Foi reconfortante à
minha preocupação, porque eu sou desta diocese e fico nesta diocese”,
manifesta.
Passaram-se cerca de três meses desde esse dia e hoje, ao Jornal VOZ DA VERDADE, D. José Traquina assume ter sido “muito difícil” e “complicado” acolher a nomeação do Papa Francisco. E explica porquê: “Quando fui para a Missa Crismal, eu já sabia há dois ou três dias que ia ser nomeado. Foram dias muito difíceis para mim, porque, pela forma como as coisas são feitas, nós não temos conhecimento que estava a decorrer um processo, que já tinha passado por Roma, que já tinha sido estudado e investigado. Claro que se falava do meu nome, mas eu nunca liguei muito a isso, nem nunca tinha colocado essa hipótese. Não era sonho, ou perspetiva, que me assentasse, digamos assim, nem tinha feito nenhum percurso académico que o justificasse. De maneira que, quando fui chamado pelo embaixador da Santa Sé, fiquei um pouco ‘atrapalhado’ com isso”, assume o novo Bispo Auxiliar de Lisboa. “Informei o senhor Núncio e na carta que escrevi ao Papa Francisco manifestei a minha preocupação em relação às minhas limitações. Até pedi ao Papa que rezasse por mim!”, revela.
Catequese e comunidade
Nascido a 21 de janeiro de 1954, na freguesia de Évora de Alcobaça, no concelho de Alcobaça, D. José Traquina recorda as primeiras Missas em que participou, em criança. “A minha família morava, apesar de tudo, longe da igreja paroquial. Tínhamos que andar a pé três quilómetros, sensivelmente, para participar na Missa”. O ambiente em casa da família do novo Bispo Auxiliar de Lisboa era cristão, apesar de o pequeno José ser o único ‘homem’ da casa a ir à Missa. “Nasci numa família humilde, pobre, com a prática cristã da minha mãe e das minhas quatro irmãs. O meu pai não ia todos os Domingos à Missa, ia apenas nos dias de festa, mas também não criava nenhuma dificuldade a que a esposa e os filhos fossem todos os Domingos. Do lado dos meus avós paternos não havia tanta prática cristã, do lado da mãe, sim”, relata. Na sua paróquia natal, D. José Traquina fez a catequese de infância “tal como os outros miúdos da mesma idade”, com “aquela espontaneidade das crianças da escola primária que vão à catequese”. Ao longo da catequese, o pequeno José teve três catequistas – “apenas um ainda é vivo” – que o integraram na comunidade. “A catequese foi uma experiência boa, porque cumpriu aquilo que está previsto acontecer na catequese: integrar a criança no conjunto mais alargado de uma comunidade. Estamos a falar de uma paróquia, no Oeste, com várias comunidades, em que os sacramentos da iniciação cristã acontecem na igreja matriz e aí todos se encontram! Isto dá-nos, logo desde pequenos, a dimensão do que é uma paróquia, o que é a realidade paroquial. A catequese deu-me essa aprendizagem”, garante.
Sindicalizado
Quando acabou a escola primária, com 11 anos, o então adolescente José Traquina deixa a escola e a catequese e vai fazer uma experiência de trabalho. “Aqui há tempos descobri uma coisa muito curiosa: o meu cartão de membro do sindicato dos empregados de comércio do distrito de Leiria. Com cara de menino, de 11 anos de idade, e já era sindicalizado!”, graceja. Três anos mais tarde, pede ao pai para voltar a estudar. “Os 14 anos eram a idade com que se podia estudar de noite, nessa altura. Pedi então ao meu pai se me deixava voltar aos estudos, mas ele não achou graça. Apesar disso, lá autorizou e portanto trabalhava de dia e estudava de noite na escola comercial, no antigo 1º ano, que agora é o chamado 5º ano. Foram seis anos e fiz o curso comercial à noite, até aos meus 20 anos”, observa. “Foi um tempo bonito, nessa passagem da adolescência para a juventude, que me marcou”. Do percurso de trabalho na vila de Alcobaça, o agora Bispo Auxiliar destaca “o acompanhamento de muitas pessoas boas”. “Visto assim à distância, vejo como grandes sinais de Deus na vida de uma pessoa. As pessoas acompanham-nos com olhar de bênção, com olhar de quem gosta de acompanhar, acham graça ao miúdo e ajudam, dão bons conselhos. Colegas de trabalho mais velhos que, hoje, faço a leitura e vejo os bons homens que tive ao meu lado e me ajudaram a fazer caminho com bom senso, com sentido de superação das dificuldades. Foi um tempo muito bom!”. Nos anos em que foi empregado de comércio, José Traquina manteve-se sempre a viver em casa dos pais e conservou também a prática cristã. “É muito curioso que, mesmo tendo deixado a catequese, mantive sempre a presença cristã na Missa dominical, com um aspeto particular da adolescência, que eu recordo sempre quando agora falo destas coisas: a belíssima experiência da confissão! Com 12, 13, 14, 15 anos, tive sempre uma feliz experiência da confissão. Senti-me sempre muito bem junto dos padres a quem eu me confessava! Não sei o que se passava, mas havia um certo encanto, mesmo com a dificuldade normal de aproximação, porque aquele momento correspondia a uma alegria imensa”, testemunha.
Cristão de tradição?
Por volta de 1973, quando o então jovem Traquina tinha cerca de 19 anos, um padre do seminário reúne, em vários encontros, os jovens da terra, para fazer, com eles, uma catequese juvenil a partir da Sagrada Escritura, celebrar a Eucaristia e falar sobre o ser cristão. José é também convidado a participar e hoje não esconde: “Estes encontros em Alcobaça começaram a fazer ‘fogo’! Começaram a mexer comigo e, a certa altura, tenho a sensação que já não podia mais ser um cristão de tradição. Os encontros começam a fazer diferença, começo a sentir-me empenhado como cristão”, frisa. Foi também nesta época que o jovem José Traquina se começa a dar conta de um certo anticlericalismo. “Começo-me a dar conta que existiam movimentações de outros jovens com ideias não cristãs. Essa era uma altura em que havia também crises nos seminários, mas aquele padre, o cónego Joaquim Duarte, que ainda hoje é pároco, em Caldas da Rainha, a certa altura coloca-me diretamente a questão vocacional. Essa hipótese, sinceramente, nunca me tinha passado pela cabeça. Não fazia parte dos meus objetivos”. José, então com 20 anos, recorda a resposta negativa que deu ao sacerdote. “Disse que não, mas fiquei apreensivo…”, assume.
Assunto reservado
As duas décadas de vida são também o momento em que este jovem foi cumprir o serviço militar. Esteve três meses em Leiria e depois foi aluno da Escola Prática de Cavalaria em Santarém, onde foi furriel miliciano entre 1975 e 1976. “A história do convite do padre Joaquim não me largou durante a tropa… eu continuava a rezar, a ir à Missa, aproximei-me dos padres de Santarém e sempre que possível ia à Missa de semana, tinha uma comunidade de irmãs Servas de Nossa Senhora de Fátima com quem rezava”, descreve. E em casa? “Não, não! Nunca falei com ninguém em casa sobre isso. Era assunto absolutamente reservado! Até porque estava num processo para casamento… tinha uma pessoa e esse era um assunto que fazia sofrer. O padre que me fez o convite não sabia de nada e eu não parava de rezar sobre o assunto”, revela, assumindo: “Eu sabia que ia andar toda a vida com uma coisa atravessada na garganta se não tivesse a coragem de me interrogar sobre o chamamento. Porque ninguém sabe e era preciso fazer um discernimento, sério e alongado, para saber se era verdade ou não que Deus chama para um caminho como este. Era preciso coragem para iniciar esse primeiro sim”.
Rejeições
O ‘sim’ estava dado. “Um dia à noite, meti-me no comboio e apresentei-me no Seminário de Almada. O padre Joaquim Duarte pergunta-me: ‘Então, o que estás aqui a fazer?’. Eu respondi-lhe: ‘Lembra-se da pergunta que me fez há dois anos? Estou aqui para dizer que estou disponível, se mantiver a sua palavra, para fazer um processo de discernimento”. A família só soube mais tarde desta ‘diligência’ que o jovem José Traquina veio cumprir a Lisboa. “A família só soube depois de eu saber que seria admitido no seminário”. Segundo refere o agora Bispo Auxiliar de Lisboa, esta foi uma época “de muitas rejeições”. “Primeiro, foi pôr de parte a ideia de casamento; depois, foi pôr de parte o emprego, porque na casa de comércio onde eu trabalhava em Alcobaça não tinham colocado nenhum funcionário no meu lugar durante o serviço militar porque estavam a contar com o meu regresso”. Estávamos então no verão de 1976 e quando o tempo de serviço militar se começa a aproximar do fim, surge novo convite. “Eu já tinha sido admitido no seminário, mas o meu comandante de esquadrão insistiu comigo para eu ir para a Academia, seguir carreira militar. Eu disse que não, que ia para o seminário, mas ele não acreditou e pensou mesmo que era brincadeira. Foi então falar com o capelão da unidade, que apenas lhe confirmou que eu era católico e que de facto era capaz de ir para o seminário… O comandante volta depois a falar comigo e perante a minha rejeição em ir para a Academia, diz-me: ‘Mas vai ser padre para quê? Vai gastar a sua juventude com essas velhas com xaile, que só se vê a ponta do nariz...?’”. Nove anos depois desta conversa, José Traquina envia um cartão ao seu capitão a informar que ia ser ordenado sacerdote. “Soube agora, há pouco tempo, que ele não foi à minha ordenação porque estava numa missão no estrangeiro. E ele curiosamente soube pela comunicação social que o ‘seu’ furriel ia ser ordenado Bispo!”, revela D. José Traquina.
Responsabilidade
Em outubro de 1976, o jovem José, de Évora de Alcobaça, entra então no Seminário de Almada. “Estive quatro anos em Almada: dois anos para acabar o liceu, mais dois na Faculdade de Teologia. No final desses quatro anos, o seminário decidiu que eu podia passar para o Seminário dos Olivais, que era um passo muito importante para quem está num processo vocacional. Embora não fossem ainda dadas garantias da ordenação, a passagem para os Olivais, para mim, foi muito importante. Eu estava com 26 anos, já não era uma criança, e com essa idade já não podemos brincar com a vida!”, refere, salientando que da sua parte, “do ponto de vista da exigência espiritual”, sentia-se “muito descontraído, em paz”. “Tinha chegado a um ponto em que, porventura, se a Igreja não me confirmasse a vocação para o sacerdócio, eu sentia-me tranquilo. Sentia-me tranquilo porque aquilo que eu tinha descoberto do ponto de vista da vocação cristã à vida, já tinha valido a pena”, garante, hoje, D. José Traquina.
No Seminário dos Olivais, esperavam ao futuro padre mais cinco anos de formação. “Acabaram por ser apenas mais quatro anos, porque quando fui ordenado diácono, os meus quatro colegas ficaram mais um ano nos Olivais a acabar o curso, mas eu fui nomeado prefeito da equipa formadora do Seminário de Almada. Na época, em 1984, o padre Álvaro Bizarro foi para o Seminário de Caparide que tinha acabado de ser inaugurado, e eu fui substituí-lo”, conta. A experiência nos Olivais enquanto seminarista, “com grandes diferenças em relação a Almada”, foi “muito boa”. “Senti-me tratado com muita responsabilidade! Ou seja, também eu era responsável pela minha formação. Era o estilo e a filosofia de D. José Policarpo”, lembra.
Serenidade
Era chegado então o dia da ordenação presbiteral: 30 de junho de 1985, nos Jerónimos, por D. António Ribeiro. “Foi um dia muito feliz, onde fomos ordenados cinco. Após um percurso de 9 anos, acontece uma etapa que corresponde a um chamamento que se confirma”. Recordando esse dia, D. José Traquina, ordenado aos 31 anos, destaca a importância de ter feito, nessa altura, “uma experiência de vida cristã com seriedade”. “A dimensão da consagração do padre – algo que hoje está muito em debate –, foi muito serena. Assumi a vivência em castidade e o celibato na continuidade”, sublinha.
Enquanto seminarista, nos Olivais, a experiência pastoral ao fim-de-semana foi realizada em Alcobaça. “No dia da minha ordenação, nos Jerónimos, estavam presentes centenas de pessoas da minha terra, que vieram em mais de dez autocarros para Lisboa. Naquela altura, não havia padres de Alcobaça e todos queriam ver o novo sacerdote”, destaca, satisfeito, o agora Bispo Auxiliar. “Os primeiros cinco anos de padre, foi uma coisa muito bonita!”, aponta, lembrando os tempos passados como formador no Seminário de Almada onde, além de um ano como diácono, o então padre Traquina passou mais sete fazendo parte da equipa formadora, até 1992.
Oeste vs. cidade
A primeira experiência como pároco aconteceu no início da década de 90. O padre Traquina é nomeado pároco de Bombarral e Vale Covo, em 1992, vindo a acumular a responsabilidade da paróquia de Roliça, entre 1995 e 1997. “Foi uma experiência maravilhosa, de 15 anos”. Após década e meia no Oeste, em janeiro de 2007, o então sacerdote conversa com o Cardeal-Patriarca de Lisboa da época, D. José Policarpo, frisando que após 15 anos “é difícil ter inovações na paróquia”. Contudo, deixava à consideração do Bispo a eventual mudança de paróquia. O então Cardeal-Patriarca diz ao padre Traquina que, naquela altura inicial do ano, havia ainda somente uma paróquia que iria vagar: Alfeizerão e São Martinho do Porto. “Pensei logo: autoestrada, perto de Alcobaça, um belíssimo pão-de-ló, praia… E quando passava por Alfeizerão, pensava para comigo: ‘Aqui está a minha futura paróquia!’. Até já rezava por isso e tudo!”, conta. Passados uns meses, perto de maio, antes da época de nomeações, D. José Policarpo chama o padre Traquina e anuncia-lhe a paróquia de Nossa Senhora do Amparo de Benfica. “‘Benfica?’, pensei eu, que sabia que essa paróquia da cidade era uma ‘coisa pesada’! Mas lá fui, onde estive 7 anos e foi uma experiência pastoral que correu muito bem”, aponta.
Questionado sobre as diferenças na pastoral rural, a partir da experiência no Bombarral, e a pastoral citadina, experimentada em Benfica, D. José Traquina sublinha o problema da iniciativa e da expectativa. “Na cidade, o prior, a certa altura, tem de gerir as próprias iniciativas das pessoas, que surgem com ideias; na província, o prior tem de ter as iniciativas para ‘puxar’ pelas pessoas. Esta foi uma diferença que senti, mas não é uma diferença muito grande, porque no Oeste também há pessoas com iniciativa, abertas aos desafios pastorais!”. Outra diferença é de “natureza física” e que acaba “por ter muita influência”. “No caso de Benfica, o facto de o centro pastoral estar junto da igreja, onde se celebram os mistérios da fé, faz com que as pessoas se reúnam! No Bombarral, estava tudo muito separado fisicamente. O ter tudo junto, cria comunidade e gera um sentido de pertença muito concretizado!”, garante este antigo pároco. “Fazer a comunhão pastoral entre pessoas que vivem em lugares diferentes é um desafio diferente, que requer do pastor algum cuidado, algum zelo especial para tentar aproximar as pessoas em momentos comuns”, acrescenta.
Sobre a sua presença nas paróquias como pároco, o agora Bispo Auxiliar destaca o testemunho de muitos leigos. “Tive, tanto num lado como noutro, testemunhos enormes! Foram mesmo muito motivantes”.
“Escutar” e “reunir” foram duas atitudes que o então padre Traquina procurou imprimir nas paróquias onde esteve. A caminhada sinodal que as paróquias do Patriarcado de Lisboa vão iniciar no próximo ano pastoral será também um momento de escuta e oração. “A oração é absolutamente necessária para nos darmos conta que o Sínodo Diocesano 2016 é uma iniciativa de Deus, e que é Deus que vai dar força e inspiração para que se realize um acontecimento eclesial com verdadeiro impacto, para ‘chegar a todos’, como nos pede o Papa Francisco”, frisa.
O lema ‘Alegrai-vos sempre no Senhor’
Com a nomeação para Bispo, D. José Traquina escolheu como lema episcopal ‘Alegrai-vos sempre no Senhor’, uma frase retirada da Carta aos Filipenses (4, 4), que faz eco da recente Exortação Apostólica ‘Evangelii Gaudium’ (‘A Alegria do Evangelho’), do Papa Francisco, e que o novo Bispo Auxiliar do Patriarcado toma como diretório para a sua ação pastoral. “É muito curioso, porque eu andava à procura de uma frase para o lema episcopal e estava muito fixado em São João, que tem algumas afirmações que marcaram a minha juventude, em especial os capítulos 13, 14, 15, 16… De repente, pensei no que tem sido o meu percurso, no que Deus me tem dado, e na exortação do Papa e lembrei-me de São Paulo na exortação à alegria”, explica.
Sobre o dia da sua ordenação episcopal, no passado dia 1 de junho, novamente na igreja do Mosteiro dos Jerónimos, D. José Traquina sublinha que a “tranquilidade” que tinha sentido no dia da ordenação sacerdotal “já não foi tão grande” como no dia em que foi ordenado Bispo. “A preocupação não era a celebração em si mesma, mas era a sensação de que Nosso Senhor me estava a chamar para uma grande responsabilidade. Tenho tido uma preocupação: a medida da responsabilidade e a pessoa que assume essa responsabilidade, ou seja, o ministério certo na pessoa certa”, assume, entregando-se, contudo, mas mãos de Deus: “Eu não devo duvidar da iniciativa de Deus, nem devo duvidar da iniciativa da Igreja”.
Neste mês após a ordenação episcopal, D. Traquina tem verificado que as pessoas “olham a figura do Bispo, e querem ver a figura do Bispo, como um sinal de Deus na vida da Igreja”. Neste sentido, o desejo do novo Bispo Auxiliar de Lisboa é, aparentemente, ‘simples’: “Ser um Bispo que esteja como pai, que esteja como irmão, que esteja como amigo, junto dos padres e dos cristãos, com o olhar de Deus junto das pessoas”. Lembrando os tempos em que era empregado de comércio em Alcobaça, D. José Traquina recorda ao Jornal VOZ DA VERDADE uma frase da sua antiga patroa, quando lhe anunciou que ia para o seminário, e que o tem acompanhado ao longo de todos estes anos: “‘A vida, ou é a sério ou não vale a pena!’. É uma palavra, proferida por uma pessoa que nem era praticante, que eu nunca mais esqueci! Deus também falou através desta mulher”.
in Jornal Voz da Verdade, 13 de julho de 2014
Passaram-se cerca de três meses desde esse dia e hoje, ao Jornal VOZ DA VERDADE, D. José Traquina assume ter sido “muito difícil” e “complicado” acolher a nomeação do Papa Francisco. E explica porquê: “Quando fui para a Missa Crismal, eu já sabia há dois ou três dias que ia ser nomeado. Foram dias muito difíceis para mim, porque, pela forma como as coisas são feitas, nós não temos conhecimento que estava a decorrer um processo, que já tinha passado por Roma, que já tinha sido estudado e investigado. Claro que se falava do meu nome, mas eu nunca liguei muito a isso, nem nunca tinha colocado essa hipótese. Não era sonho, ou perspetiva, que me assentasse, digamos assim, nem tinha feito nenhum percurso académico que o justificasse. De maneira que, quando fui chamado pelo embaixador da Santa Sé, fiquei um pouco ‘atrapalhado’ com isso”, assume o novo Bispo Auxiliar de Lisboa. “Informei o senhor Núncio e na carta que escrevi ao Papa Francisco manifestei a minha preocupação em relação às minhas limitações. Até pedi ao Papa que rezasse por mim!”, revela.
Catequese e comunidade
Nascido a 21 de janeiro de 1954, na freguesia de Évora de Alcobaça, no concelho de Alcobaça, D. José Traquina recorda as primeiras Missas em que participou, em criança. “A minha família morava, apesar de tudo, longe da igreja paroquial. Tínhamos que andar a pé três quilómetros, sensivelmente, para participar na Missa”. O ambiente em casa da família do novo Bispo Auxiliar de Lisboa era cristão, apesar de o pequeno José ser o único ‘homem’ da casa a ir à Missa. “Nasci numa família humilde, pobre, com a prática cristã da minha mãe e das minhas quatro irmãs. O meu pai não ia todos os Domingos à Missa, ia apenas nos dias de festa, mas também não criava nenhuma dificuldade a que a esposa e os filhos fossem todos os Domingos. Do lado dos meus avós paternos não havia tanta prática cristã, do lado da mãe, sim”, relata. Na sua paróquia natal, D. José Traquina fez a catequese de infância “tal como os outros miúdos da mesma idade”, com “aquela espontaneidade das crianças da escola primária que vão à catequese”. Ao longo da catequese, o pequeno José teve três catequistas – “apenas um ainda é vivo” – que o integraram na comunidade. “A catequese foi uma experiência boa, porque cumpriu aquilo que está previsto acontecer na catequese: integrar a criança no conjunto mais alargado de uma comunidade. Estamos a falar de uma paróquia, no Oeste, com várias comunidades, em que os sacramentos da iniciação cristã acontecem na igreja matriz e aí todos se encontram! Isto dá-nos, logo desde pequenos, a dimensão do que é uma paróquia, o que é a realidade paroquial. A catequese deu-me essa aprendizagem”, garante.
Sindicalizado
Quando acabou a escola primária, com 11 anos, o então adolescente José Traquina deixa a escola e a catequese e vai fazer uma experiência de trabalho. “Aqui há tempos descobri uma coisa muito curiosa: o meu cartão de membro do sindicato dos empregados de comércio do distrito de Leiria. Com cara de menino, de 11 anos de idade, e já era sindicalizado!”, graceja. Três anos mais tarde, pede ao pai para voltar a estudar. “Os 14 anos eram a idade com que se podia estudar de noite, nessa altura. Pedi então ao meu pai se me deixava voltar aos estudos, mas ele não achou graça. Apesar disso, lá autorizou e portanto trabalhava de dia e estudava de noite na escola comercial, no antigo 1º ano, que agora é o chamado 5º ano. Foram seis anos e fiz o curso comercial à noite, até aos meus 20 anos”, observa. “Foi um tempo bonito, nessa passagem da adolescência para a juventude, que me marcou”. Do percurso de trabalho na vila de Alcobaça, o agora Bispo Auxiliar destaca “o acompanhamento de muitas pessoas boas”. “Visto assim à distância, vejo como grandes sinais de Deus na vida de uma pessoa. As pessoas acompanham-nos com olhar de bênção, com olhar de quem gosta de acompanhar, acham graça ao miúdo e ajudam, dão bons conselhos. Colegas de trabalho mais velhos que, hoje, faço a leitura e vejo os bons homens que tive ao meu lado e me ajudaram a fazer caminho com bom senso, com sentido de superação das dificuldades. Foi um tempo muito bom!”. Nos anos em que foi empregado de comércio, José Traquina manteve-se sempre a viver em casa dos pais e conservou também a prática cristã. “É muito curioso que, mesmo tendo deixado a catequese, mantive sempre a presença cristã na Missa dominical, com um aspeto particular da adolescência, que eu recordo sempre quando agora falo destas coisas: a belíssima experiência da confissão! Com 12, 13, 14, 15 anos, tive sempre uma feliz experiência da confissão. Senti-me sempre muito bem junto dos padres a quem eu me confessava! Não sei o que se passava, mas havia um certo encanto, mesmo com a dificuldade normal de aproximação, porque aquele momento correspondia a uma alegria imensa”, testemunha.
Cristão de tradição?
Por volta de 1973, quando o então jovem Traquina tinha cerca de 19 anos, um padre do seminário reúne, em vários encontros, os jovens da terra, para fazer, com eles, uma catequese juvenil a partir da Sagrada Escritura, celebrar a Eucaristia e falar sobre o ser cristão. José é também convidado a participar e hoje não esconde: “Estes encontros em Alcobaça começaram a fazer ‘fogo’! Começaram a mexer comigo e, a certa altura, tenho a sensação que já não podia mais ser um cristão de tradição. Os encontros começam a fazer diferença, começo a sentir-me empenhado como cristão”, frisa. Foi também nesta época que o jovem José Traquina se começa a dar conta de um certo anticlericalismo. “Começo-me a dar conta que existiam movimentações de outros jovens com ideias não cristãs. Essa era uma altura em que havia também crises nos seminários, mas aquele padre, o cónego Joaquim Duarte, que ainda hoje é pároco, em Caldas da Rainha, a certa altura coloca-me diretamente a questão vocacional. Essa hipótese, sinceramente, nunca me tinha passado pela cabeça. Não fazia parte dos meus objetivos”. José, então com 20 anos, recorda a resposta negativa que deu ao sacerdote. “Disse que não, mas fiquei apreensivo…”, assume.
Assunto reservado
As duas décadas de vida são também o momento em que este jovem foi cumprir o serviço militar. Esteve três meses em Leiria e depois foi aluno da Escola Prática de Cavalaria em Santarém, onde foi furriel miliciano entre 1975 e 1976. “A história do convite do padre Joaquim não me largou durante a tropa… eu continuava a rezar, a ir à Missa, aproximei-me dos padres de Santarém e sempre que possível ia à Missa de semana, tinha uma comunidade de irmãs Servas de Nossa Senhora de Fátima com quem rezava”, descreve. E em casa? “Não, não! Nunca falei com ninguém em casa sobre isso. Era assunto absolutamente reservado! Até porque estava num processo para casamento… tinha uma pessoa e esse era um assunto que fazia sofrer. O padre que me fez o convite não sabia de nada e eu não parava de rezar sobre o assunto”, revela, assumindo: “Eu sabia que ia andar toda a vida com uma coisa atravessada na garganta se não tivesse a coragem de me interrogar sobre o chamamento. Porque ninguém sabe e era preciso fazer um discernimento, sério e alongado, para saber se era verdade ou não que Deus chama para um caminho como este. Era preciso coragem para iniciar esse primeiro sim”.
Rejeições
O ‘sim’ estava dado. “Um dia à noite, meti-me no comboio e apresentei-me no Seminário de Almada. O padre Joaquim Duarte pergunta-me: ‘Então, o que estás aqui a fazer?’. Eu respondi-lhe: ‘Lembra-se da pergunta que me fez há dois anos? Estou aqui para dizer que estou disponível, se mantiver a sua palavra, para fazer um processo de discernimento”. A família só soube mais tarde desta ‘diligência’ que o jovem José Traquina veio cumprir a Lisboa. “A família só soube depois de eu saber que seria admitido no seminário”. Segundo refere o agora Bispo Auxiliar de Lisboa, esta foi uma época “de muitas rejeições”. “Primeiro, foi pôr de parte a ideia de casamento; depois, foi pôr de parte o emprego, porque na casa de comércio onde eu trabalhava em Alcobaça não tinham colocado nenhum funcionário no meu lugar durante o serviço militar porque estavam a contar com o meu regresso”. Estávamos então no verão de 1976 e quando o tempo de serviço militar se começa a aproximar do fim, surge novo convite. “Eu já tinha sido admitido no seminário, mas o meu comandante de esquadrão insistiu comigo para eu ir para a Academia, seguir carreira militar. Eu disse que não, que ia para o seminário, mas ele não acreditou e pensou mesmo que era brincadeira. Foi então falar com o capelão da unidade, que apenas lhe confirmou que eu era católico e que de facto era capaz de ir para o seminário… O comandante volta depois a falar comigo e perante a minha rejeição em ir para a Academia, diz-me: ‘Mas vai ser padre para quê? Vai gastar a sua juventude com essas velhas com xaile, que só se vê a ponta do nariz...?’”. Nove anos depois desta conversa, José Traquina envia um cartão ao seu capitão a informar que ia ser ordenado sacerdote. “Soube agora, há pouco tempo, que ele não foi à minha ordenação porque estava numa missão no estrangeiro. E ele curiosamente soube pela comunicação social que o ‘seu’ furriel ia ser ordenado Bispo!”, revela D. José Traquina.
Responsabilidade
Em outubro de 1976, o jovem José, de Évora de Alcobaça, entra então no Seminário de Almada. “Estive quatro anos em Almada: dois anos para acabar o liceu, mais dois na Faculdade de Teologia. No final desses quatro anos, o seminário decidiu que eu podia passar para o Seminário dos Olivais, que era um passo muito importante para quem está num processo vocacional. Embora não fossem ainda dadas garantias da ordenação, a passagem para os Olivais, para mim, foi muito importante. Eu estava com 26 anos, já não era uma criança, e com essa idade já não podemos brincar com a vida!”, refere, salientando que da sua parte, “do ponto de vista da exigência espiritual”, sentia-se “muito descontraído, em paz”. “Tinha chegado a um ponto em que, porventura, se a Igreja não me confirmasse a vocação para o sacerdócio, eu sentia-me tranquilo. Sentia-me tranquilo porque aquilo que eu tinha descoberto do ponto de vista da vocação cristã à vida, já tinha valido a pena”, garante, hoje, D. José Traquina.
No Seminário dos Olivais, esperavam ao futuro padre mais cinco anos de formação. “Acabaram por ser apenas mais quatro anos, porque quando fui ordenado diácono, os meus quatro colegas ficaram mais um ano nos Olivais a acabar o curso, mas eu fui nomeado prefeito da equipa formadora do Seminário de Almada. Na época, em 1984, o padre Álvaro Bizarro foi para o Seminário de Caparide que tinha acabado de ser inaugurado, e eu fui substituí-lo”, conta. A experiência nos Olivais enquanto seminarista, “com grandes diferenças em relação a Almada”, foi “muito boa”. “Senti-me tratado com muita responsabilidade! Ou seja, também eu era responsável pela minha formação. Era o estilo e a filosofia de D. José Policarpo”, lembra.
Serenidade
Era chegado então o dia da ordenação presbiteral: 30 de junho de 1985, nos Jerónimos, por D. António Ribeiro. “Foi um dia muito feliz, onde fomos ordenados cinco. Após um percurso de 9 anos, acontece uma etapa que corresponde a um chamamento que se confirma”. Recordando esse dia, D. José Traquina, ordenado aos 31 anos, destaca a importância de ter feito, nessa altura, “uma experiência de vida cristã com seriedade”. “A dimensão da consagração do padre – algo que hoje está muito em debate –, foi muito serena. Assumi a vivência em castidade e o celibato na continuidade”, sublinha.
Enquanto seminarista, nos Olivais, a experiência pastoral ao fim-de-semana foi realizada em Alcobaça. “No dia da minha ordenação, nos Jerónimos, estavam presentes centenas de pessoas da minha terra, que vieram em mais de dez autocarros para Lisboa. Naquela altura, não havia padres de Alcobaça e todos queriam ver o novo sacerdote”, destaca, satisfeito, o agora Bispo Auxiliar. “Os primeiros cinco anos de padre, foi uma coisa muito bonita!”, aponta, lembrando os tempos passados como formador no Seminário de Almada onde, além de um ano como diácono, o então padre Traquina passou mais sete fazendo parte da equipa formadora, até 1992.
Oeste vs. cidade
A primeira experiência como pároco aconteceu no início da década de 90. O padre Traquina é nomeado pároco de Bombarral e Vale Covo, em 1992, vindo a acumular a responsabilidade da paróquia de Roliça, entre 1995 e 1997. “Foi uma experiência maravilhosa, de 15 anos”. Após década e meia no Oeste, em janeiro de 2007, o então sacerdote conversa com o Cardeal-Patriarca de Lisboa da época, D. José Policarpo, frisando que após 15 anos “é difícil ter inovações na paróquia”. Contudo, deixava à consideração do Bispo a eventual mudança de paróquia. O então Cardeal-Patriarca diz ao padre Traquina que, naquela altura inicial do ano, havia ainda somente uma paróquia que iria vagar: Alfeizerão e São Martinho do Porto. “Pensei logo: autoestrada, perto de Alcobaça, um belíssimo pão-de-ló, praia… E quando passava por Alfeizerão, pensava para comigo: ‘Aqui está a minha futura paróquia!’. Até já rezava por isso e tudo!”, conta. Passados uns meses, perto de maio, antes da época de nomeações, D. José Policarpo chama o padre Traquina e anuncia-lhe a paróquia de Nossa Senhora do Amparo de Benfica. “‘Benfica?’, pensei eu, que sabia que essa paróquia da cidade era uma ‘coisa pesada’! Mas lá fui, onde estive 7 anos e foi uma experiência pastoral que correu muito bem”, aponta.
Questionado sobre as diferenças na pastoral rural, a partir da experiência no Bombarral, e a pastoral citadina, experimentada em Benfica, D. José Traquina sublinha o problema da iniciativa e da expectativa. “Na cidade, o prior, a certa altura, tem de gerir as próprias iniciativas das pessoas, que surgem com ideias; na província, o prior tem de ter as iniciativas para ‘puxar’ pelas pessoas. Esta foi uma diferença que senti, mas não é uma diferença muito grande, porque no Oeste também há pessoas com iniciativa, abertas aos desafios pastorais!”. Outra diferença é de “natureza física” e que acaba “por ter muita influência”. “No caso de Benfica, o facto de o centro pastoral estar junto da igreja, onde se celebram os mistérios da fé, faz com que as pessoas se reúnam! No Bombarral, estava tudo muito separado fisicamente. O ter tudo junto, cria comunidade e gera um sentido de pertença muito concretizado!”, garante este antigo pároco. “Fazer a comunhão pastoral entre pessoas que vivem em lugares diferentes é um desafio diferente, que requer do pastor algum cuidado, algum zelo especial para tentar aproximar as pessoas em momentos comuns”, acrescenta.
Sobre a sua presença nas paróquias como pároco, o agora Bispo Auxiliar destaca o testemunho de muitos leigos. “Tive, tanto num lado como noutro, testemunhos enormes! Foram mesmo muito motivantes”.
“Escutar” e “reunir” foram duas atitudes que o então padre Traquina procurou imprimir nas paróquias onde esteve. A caminhada sinodal que as paróquias do Patriarcado de Lisboa vão iniciar no próximo ano pastoral será também um momento de escuta e oração. “A oração é absolutamente necessária para nos darmos conta que o Sínodo Diocesano 2016 é uma iniciativa de Deus, e que é Deus que vai dar força e inspiração para que se realize um acontecimento eclesial com verdadeiro impacto, para ‘chegar a todos’, como nos pede o Papa Francisco”, frisa.
O lema ‘Alegrai-vos sempre no Senhor’
Com a nomeação para Bispo, D. José Traquina escolheu como lema episcopal ‘Alegrai-vos sempre no Senhor’, uma frase retirada da Carta aos Filipenses (4, 4), que faz eco da recente Exortação Apostólica ‘Evangelii Gaudium’ (‘A Alegria do Evangelho’), do Papa Francisco, e que o novo Bispo Auxiliar do Patriarcado toma como diretório para a sua ação pastoral. “É muito curioso, porque eu andava à procura de uma frase para o lema episcopal e estava muito fixado em São João, que tem algumas afirmações que marcaram a minha juventude, em especial os capítulos 13, 14, 15, 16… De repente, pensei no que tem sido o meu percurso, no que Deus me tem dado, e na exortação do Papa e lembrei-me de São Paulo na exortação à alegria”, explica.
Sobre o dia da sua ordenação episcopal, no passado dia 1 de junho, novamente na igreja do Mosteiro dos Jerónimos, D. José Traquina sublinha que a “tranquilidade” que tinha sentido no dia da ordenação sacerdotal “já não foi tão grande” como no dia em que foi ordenado Bispo. “A preocupação não era a celebração em si mesma, mas era a sensação de que Nosso Senhor me estava a chamar para uma grande responsabilidade. Tenho tido uma preocupação: a medida da responsabilidade e a pessoa que assume essa responsabilidade, ou seja, o ministério certo na pessoa certa”, assume, entregando-se, contudo, mas mãos de Deus: “Eu não devo duvidar da iniciativa de Deus, nem devo duvidar da iniciativa da Igreja”.
Neste mês após a ordenação episcopal, D. Traquina tem verificado que as pessoas “olham a figura do Bispo, e querem ver a figura do Bispo, como um sinal de Deus na vida da Igreja”. Neste sentido, o desejo do novo Bispo Auxiliar de Lisboa é, aparentemente, ‘simples’: “Ser um Bispo que esteja como pai, que esteja como irmão, que esteja como amigo, junto dos padres e dos cristãos, com o olhar de Deus junto das pessoas”. Lembrando os tempos em que era empregado de comércio em Alcobaça, D. José Traquina recorda ao Jornal VOZ DA VERDADE uma frase da sua antiga patroa, quando lhe anunciou que ia para o seminário, e que o tem acompanhado ao longo de todos estes anos: “‘A vida, ou é a sério ou não vale a pena!’. É uma palavra, proferida por uma pessoa que nem era praticante, que eu nunca mais esqueci! Deus também falou através desta mulher”.
in Jornal Voz da Verdade, 13 de julho de 2014
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