(RV) O Papa
Francisco recebeu em audiência, neste sábado na Sala Clementina, os
participantes no Encontro organizado pelo Pontifício Conselho para a
Promoção da Nova Evangelização, sob o tema “A catequese e as pessoas com
deficiência”.
No seu discurso, Francisco reconheceu antes de tudo o grande
desenvolvimento, nas últimas décadas, em relação à deficiência. O
crescimento na consciência da dignidade de cada pessoa, sobretudo dos
mais fracos – sublinhou o Papa - levou a posições corajosas para a
inclusão das pessoas que vivem com diversas formas de handicap, para que
ninguém se sinta estranho na sua própria casa.
Mesmo assim, a nível cultural, ainda persistem expressões que ofendem
a dignidade destas pessoas pela prevalência de uma falsa concepção da
vida, observou o Papa:
“Uma visão muitas vezes narcisista e utilitária leva, infelizmente,
não poucas pessoas a considerar como marginais as pessoas com
deficiência, sem aproveitar nelas as suas multiformes riquezas humanas e
espirituais. É ainda demasiado forte na mentalidade comum, uma atitude
de recusa desta condição, como se ela impedisse de ser feliz e se
realizar”.
A tendência de suprimir os nascituros que apresentam alguma forma de
imperfeição é uma prova desta atitude, notou o Pontífice, mas existem
tantas pessoas que, embora com as fragilidades, mesmo graves,
encontraram a via para uma vida boa e rica em significado, e também
pessoas aparentemente perfeitas mas desesperadas. A resposta é,
portanto, o amor, reiterou o Papa, não o amor falso, adocicado e
pietístico, mas verdadeiro, concreto e respeitoso:
“Na medida em que somos acolhidos e amados, incluídos na comunidade e
acompanhados a olhar para o futuro com confiança, desenvolvemos o
verdadeiro percurso da vida e fazemos experiência da felicidade
duradoura”.
A Igreja não pode, pois, ser "áfona" ou "destoada" na defesa e
promoção das pessoas com deficiência, mas sim mostrar proximidade às
famílias ajudando-as a superar a solidão em que muitas vezes correm o
risco de se fechar por falta de atenção e apoio. E isto sobretudo pela
responsabilidade que tem de gerar e formar novos filhos à vida cristã.
Daí, a importância da catequese e da liturgia dominical, para que o
encontro com o Senhor Ressuscitado e com a própria comunidade possa ser,
mesmo para as pessoas com deficiência, fonte de esperança e coragem no
caminho não fácil da vida:
“A catequese, em particular, é chamada a descobrir e experimentar
formas consistentes, para que cada pessoa, com os seus dons, as suas
limitações e deficiências, mesmo graves, possa encontrar Jesus no seu
caminho e abandonar-se a Ele com fé”.
Nenhuma limitação física e psíquica pode ser um impedimento para este
encontro, porque o rosto de Cristo brilha no íntimo de cada pessoa,
ressaltou ainda Francisco, convidando todos a superar o desconforto e o
medo que por vezes se podem experimentar para com as pessoas com
deficiência e a formar catequistas capazes de acompanhar estas pessoas
para que cresçam na fé e dêem o seu contributo genuíno e original à vida
da Igreja.
E finalmente, Francisco exprimiu o desejo que, na comunidade, pessoas
com deficiência possam cada vez mais, também elas, ser catequistas,
mesmo com o seu testemunho, para transmitir a fé de maneira mais eficaz.
A Virgem Maria vos acompanhe – concluiu Francisco, dando-lhes a sua
bênção e pedindo-lhes, por favor, para que não se esqueçam de rezar por
ele. (BS)
Sem comentários:
Enviar um comentário