(RV) O Papa Francisco recebeu em audiência nesta
segunda-feira (23/10), no Vaticano, o Patriarca greco-ortodoxo de
Jerusalém, Teófilo III. O patriarca chegou a Roma no último domingo
(22/10) e permanecerá até a próxima quarta-feira-feira, 25.
Depois de dar as boas-vindas a Teófilo III, o Papa agradeceu ao
Patriarca pela recepção calorosa a ele oferecida durante a sua visita a
Jerusalém de 24 a 26 de maio de 2014, em que o Pontífice visitou alguns
lugares Sagrados da Palestina.
Francisco disse que se lembra com emoção o momento de oração diante
do túmulo de Jesus na Basílica do Santo Sepulcro. A esse propósito, o
Papa manifestou a sua alegria pela restauração desse local sagrado: “Não
foi simplesmente protegida a integridade de um monumento do passado,
mas se trabalhou também para que continue ressoando no futuro o
testemunho que brota daquele sepulcro vazio: «Ele ressuscitou! Não está
aqui! Vejam o lugar onde o puseram» (Mc 16, 6).”
“Alegro-me pelo facto de o Patriarcado greco-ortodoxo de Jerusalém, o
Patriarcado arménio de Jerusalém e a Custódia Franciscana da Terra
Santa terem trabalhado juntos em óptima sintonia, também para a Basílica
da Natividade de Belém, e para alcançar esse objectivo. Agradeço de
coração ao Patriarca Teófilo III pelo seu empenho”.
Segundo o Papa, este encontro ofereceu-lhe a oportunidade de
expressar novamente a sua proximidade a todos aqueles que sofrem por
causa dos conflitos que há anos afligem a Terra Santa.
“A incerteza da situação e a incompreensão entre as partes continuam a
causar insegurança, limitação dos direitos fundamentais e o abandono da
própria terra da parte de muitas pessoas. Por este motivo, invoco a
ajuda de Deus e peço a todos os sujeitos envolvidos para multiplicarem
os esforços a fim de que se realizem as condições de uma paz estável,
baseada na justiça e no reconhecimento dos direitos de todos. Para tal
fim, é preciso combater com firmeza o recurso a todo tipo de violência,
todo género de discriminação e todo tipo de manifestação de intolerância
contra pessoas e lugares de cultos judeus, cristãos e muçulmanos. A
Cidade Santa, cujo Status Quo deve ser defendido e preservado, deve ser o
lugar em que todos possam conviver pacificamente; caso contrário
continuará para todos e sem fim a espiral de sofrimento.”
Francisco recordou também os membros das várias comunidades cristãs da Terra Santa.
“Desejo que eles sejam sempre reconhecidos como parte integrante da
sociedade e que, como cidadãos e fiéis, em pleno direito, dêem a sua
contribuição para o bem comum e na construção da paz, trabalhando como
artífices da reconciliação e da concórdia. Essa contribuição será cada
vez mais eficaz na medida em que se realiza uma sintonia cada vez maior
entre as várias Igrejas da região. É particularmente importante a
colaboração cada vez maior a favor das famílias e dos jovens cristãos, a
fim de que não se encontrem nas condições de terem de deixar a própria
terra. Trabalhando juntos neste âmbito delicado, os fiéis de várias
confissões poderão também se conhecer melhor e desenvolver relações cada
vez mais fraternas”, disse ainda o Pontífice.
“Reitero o sincero desejo e o compromisso de progredir no caminho
rumo à unidade plena entre nós”, disse o Papa. “Sei bem que algumas
feridas do passado continuam deixando marcas na memória de muitos. Não é
possível mudar a história, mas, sem nos esquecer as faltas graves de
caridade cometidas durante os séculos, dirijamos juntos o olhar para o
futuro de reconciliação plena e comunhão fraterna, e trabalhemos agora,
como o Senhor deseja. Não fazê-lo seria a culpa mais grave de hoje,
seria não ouvir o convite urgente de Cristo e os sinais dos tempos que o
Espírito semeia no caminho da Igreja.”
“Animados pelo mesmo Espírito, não deixemos que as recordações de
épocas marcadas pelo silêncio recíproco ou por trocas de acusações
recíprocas, as dificuldades do presente e a incerteza do futuro nos
impeçam de caminhar juntos rumo à unidade visível, de rezar e trabalhar
juntos para o anúncio do Evangelho e ao serviço de quem precisa. O
diálogo teológico entre católicos e ortodoxos, que prossegue, ao qual o
Patriarcado greco-ortodoxo de Jerusalém participa de maneira activa e
construtiva, é neste sentido um sinal de esperança, que nos conforta ao
longo do caminho.”
“Reitero a minha proximidade aos irmãos cristãos da Terra Santa e o
meu afecto pelos amigos das outras grandes religiões presentes na
região, esperando e rezando para que chegue logo para todos o dia de uma
paz estável e duradoura”, concluiu o Papa.
Na visita ao Vaticano, Teófilo III foi acompanhado pelo Arcebispo
Aristarchos, Responsável pela Secretaria do Patriarcado, pelo
Arquidiácono Markos, e pelos Senhores Rami Moghrabi e Nader Elias
Moghrabi.
Sucessivamente, o Patriarca encontrou-se com o Secretário de Estado,
Cardeal Pietro Parolin, e com o Secretário das Relações com os Estados,
Dom Paul Richard Gallagher.
O Patriarca e o seu séquito se encontraram também com o Presidente do
Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade Cristãos, Cardeal Kurt
Koch, e com o Presidente do Pontifício Conselho para o Diálogo
Inter-religioso, Cardeal Jean-Louis Tauran.
(BS/MJ)
Sem comentários:
Enviar um comentário