(RV) Como habitualmente, aos domingos, antes da
oração mariana do Ângelus, ao meio dia, na Praça de São Pedro, o Papa
comentou o Evangelho deste domingo que – disse – nos apresenta um novo
face a face entre Jesus e os seus opositores. O tema é o tributo a
César, uma questão “espinhosa” sobre se era lícito ou
não pagar impostos ao Imperador de Roma, César Augusto, sob cuja
autoridade a Palestina se encontrava nos tempos de Jesus. Como o assunto
era controverso, os fariseus submeteram a questão a Jesus, querendo
assim colocar-lhe uma ratoeira, pois que da sua resposta poderiam
acusá-lo de estar pro ou contra Roma.
Mas a esta pergunta maliciosa, Jesus respondeu com calma e aproveitou
para transmitir um importante ensinamento: elevando-se acima de
qualquer polemica e das opostas posições, pediu uma moeda e perguntou:
“De quem é a imagem e a inscrição?” À resposta dos fariseus de que era
de César, Jesus replicou: “Dai, então, a César o que é de César e a Deus
o que é de Deus”. Deste modo “Jesus declara que pagar impostos não é um
acto de idolatria, mas um acto devido à autoridade terrena” e, ao mesmo
tempo – frisou Francisco – chama a atenção para a primazia de Deus,
pedindo para Lhe dar o que Lhe toca “enquanto Senhor da vida do homem e
da História”.
O Papa explicou que a referencia à imagem de César na moeda recorda
que se é cidadão com direitos e deveres, mas simbolicamente faz pensar
na imagem de Deus impressa em cada ser humano.
“Ele é o Senhor de tudo, e nós, que fomos criados “à sua imagem” pertencemos antes de mais a Ele.”
Daí a importante pergunta para cada um de nós “A quem pertencemos?” À
família, à cidade, aos amigos, à escola, ao trabalho, à politica, ao
Estado, sim, mas antes de tudo, recorda Jesus, pertencemos a Deus – essa
é a pertença fundamental - disse o Papa que acrescentou:
“É Ele que te dá tudo aquilo que és e que tens. E, portanto, a
nossa vida, dia por dia, podemos e devemos vivê-la no reconhecimento
desta nossa pertença fundamental e no reconhecimento de coração em
relação ao nosso Pai, que cria cada um de nós singularmente,
irrepetível, mas sempre segundo a imagem do seu Filho amado, Jesus. É um
mistério maravilhoso”
Francisco sublinhou ainda que o cristão é chamado a empenhar-se na
realidade humana e social sem contrapor “Deus a César”, mas iluminando a
realidade terrena com a luz que vem de Deus. E recordou:
“O confiar-se antes de tudo a Deus e a esperança n’Ele não
comporta uma fuga da realidade, antes pelo contrário, é um dar
operosamente a Deus aquilo que Lhe pertence. É por isso que o crente
olha para a realidade futura, a de Deus, para viver a vida terrena com
plenitude, e responder com coragem aos seus desafios”
O Papa concluiu a sua reflexão pedindo à Virgem Maria para que nos
ajude sempre em conformidade com a imagem de Deus que trazemos em nós,
dando também o nosso contributo à construção da cidade terrena.
Depois da oração mariana do Ângelus, o Papa recordou que ontem foram
beatificados em Barcelona, Teófilo Casajús, Fernando Saperas e 106
companheiros mártires, pertencentes à Congregação religiosa dos
Claretianos, mortos devido à sua fé durante a guerra civil espanhola.
“Que o seu heróico exemplo e a sua intercessão sustenha os cristãos que
também nos nossos dias, em diversas partes do mundo, sofrem
discriminações e persecuções.”
Francisco evocou também o Dia Missionário Mundial que se celebra neste domingo 22 de Outubro e que tem por tema “A missão no coração da Igreja”. E exortou todos a viver a alegria da missão dando testemunho do Evangelho em todos os ambientes em que cada um vive e opera.
Bergoglio convidou também a apoiar com afecto, ajudas concretas e
oração os missionários que partiram para anunciar Cristo a quantos ainda
não O conhecem. E aqui fez um importante anuncio:
“Recordo também que é minha intenção promover um Mês
Missionário Extraordinário em Outubro de 2019, a fim de alimentar o
ardor da actividade evangelizadora da Igreja ad gentes”
Francisco não deixou também de recordar que hoje ocorre a memória
litúrgica de São João Paulo II, Papa missionário, e pediu para
confiarmos a ele a missão da Igreja no mundo.
O Papa pediu ainda para nos unirmos à sua oração pela paz no mundo. E
disse que neste dias está a seguir com particular atenção o Quénia,
país que visitou em 2015, e pelo qual reza a fim de que todo o País
saiba enfrentar as actuais dificuldades num clima de diálogo
construtivo, tendo a peito a procura do bem comum.
E terminou o seu breve encontro dominical com os fiéis na Praça de
São Pedro, saudando todos os peregrinos vindos doutras partes da Itália e
do mundo, de modo particular o Movimento Família do Coração Imaculado
de Maria, do Brasil, as Irmãs da Santíssima Madre Addolorata. Deu também
uma bênção especial à comunidade peruana de Roma que se encontrava na
Praça com a Imagem dos “Senhor dos Milagres”
(DA)
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