13 outubro, 2020

"Fratelli tutti". Dom Desfarges: um texto que fala de modo especial à Igreja na Argélia

O Papa Francisco e o Grão Imame de Al-Azhar Ahmad Al Tayyeb

A Encíclica é um motivo de esperança, “é um sinal da prossecução de um caminho de fraternidade”. Um caminho que sempre foi parte integrante da vida e da missão da Igreja na Argélia. Para o prelado, o facto de o Papa ter escrito que se inspirou no Beato Charles de Foucauld para o seu documento é importante “porque a relação com o outro, intensa e plena” que o futuro santo “viveu até ao fim é o que dá vida à fraternidade e faz a Igreja viver mais plenamente”

Vatican News

Uma fonte de esperança que “restitui à humanidade a sua consciência” e mais uma etapa no caminho rumo à fraternidade proposta pela Declaração comum sobre a Fraternidade Humana assinada pelo Papa Francisco e o Grão Imame de Al-Azhar Ahmad Al-Tayyeb. Assim, o arcebispo de Argel, capital da Argélia, dom Paul Desfarges, comenta, em entrevista à agência I.Media, a recente Encíclica “Fratelli tutti”.

Um documento que toca de perto o prelado jesuíta francês que trabalha há 50 anos no país do norte da África e que, portanto, vive na cotidianidade a experiência do diálogo inter-religioso neste país muçulmano, onde os católicos são hoje uma comunidade quase completamente de origem estrangeira.

“Este texto fala-nos de uma maneira especial, pois refere-s muito claramente à oportunidade de um diálogo com os muçulmanos”, afirma o arcebispo na entrevista, na qual destaca a plena sintonia entre o Papa Francisco e o Grão Imame sunita para promover a fraternidade universal: “É um compromisso comum que se expressa mais uma vez”.

“Fratelli tutti”, um motivo de esperança

Neste sentido, a Encíclica é um motivo de esperança, “é um sinal da prossecução de um caminho de fraternidade”, diz o arcebispo de Argel. Um caminho, sublinha ele, que sempre foi parte integrante da vida e da missão da Igreja na Argélia:

“Para nós, trata-se de manter a existência de uma Igreja em relação, presente e, se possível, fraterna com os nossos irmãos e irmãs muçulmanos. O que o Papa nos diz é que a Igreja não está ali para si mesma, mas para 'ir ao encontro' (...), que vivemos como crentes num Deus benevolente para com as suas criaturas, que somos irmãos e podemos viver como tal.”

Ademais, para dom Desfarge, o facto de o Papa ter escrito que se inspirou no Beato Charles de Foucauld para o seu documento é importante “porque a relação com o outro, intensa e plena” que o futuro santo “viveu até ao fim é o que dá vida à fraternidade e faz a Igreja viver mais plenamente”.

Muitos muçulmanos querem um Islão convivial e de diálogo

Por fim, questionado sobre os “efeitos” deste esforço de Francisco para construir uma ponte de fraternidade, o arcebispo de Argel observa que, embora seja cedo para avaliar, a assinatura da Declaração comum pela mais alta autoridade sunita é, em si mesma, um “gesto muito forte”:

“Surpreende-me ver uma posição tomada, tão firme, especialmente contra a violência terrorista. Por exemplo, a afirmação ‘Deus defende-se sozinho’ é uma das que devem ser lembradas hoje. Muitos muçulmanos querem isto: um Islão convivial e de diálogo”, conclui o prelado.

Vatican News – LZ/RL

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