04 outubro, 2011

O SACRAMENTO DA PENITÊNCIA (3)


3 – As condições para a celebração do Sacramento da Penitência e os seus efeitos

Pela reflexão atrás feita, percebemos que, para que o Sacramento da Penitência seja recebido em toda a sua plenitude, com toda a graça de Deus que este sacramento derrama nas nossas vidas, é preciso que seja bem celebrado.

A Confissão não pode ser apenas um relatório de pecados, um desfiar de fraquezas, um contar de problemas.
É preciso que assumamos as nossas faltas, (não arranjando desculpas, tais como: “foi por causa dos outros”), que nos confrontemos com as nossas fraquezas, que tenhamos a consciência do arrependimento e o propósito de emenda, ou seja o compromisso de não voltar a cometer esses pecados, mesmo que infelizmente venhamos a cair neles novamente.

A nossa condição de pecadores, não nos pode levar a desistirmos, ou a não lutarmos com todas as nossas forças contra as tentações que nos levam a pecar, como se de um “destino” se tratasse, mas sim, firmados na graça que Deus nos concede neste sacramento, estarmos atentos e vigilantes, para em todos os momentos, lutarmos por uma verdadeira conversão, uma verdadeira mudança de vida.

É preciso assim, abrirmos os nossos corações ao perdão de Deus e percebermos que se Ele nos perdoa, não podemos nós continuar agarrados à lembrança desses mesmos pecados.
Assim, ao recebermos o perdão de Deus, também o nosso coração se abre à reconciliação connosco próprios e com os outros, sendo nós libertos do peso da vergonha, da lembrança que nos magoa, e em paz connosco, ficamos também em paz com os outros e vivemos mais um pouco da abundância da vida e da alegria que Jesus Cristo nos veio trazer.

Também pela celebração do Sacramento da Penitência alcançamos a graça da força necessária para pedirmos perdão àqueles que nós magoámos e perdoarmos aqueles que nos magoaram.

Sabemos que na celebração deste sacramento, verdadeiramente apenas devíamos confessar os pecados mortais, mas a “dimensão” do pecado tem muito mais a ver com a nossa consciência e a noção de onde nos podem levar certas práticas, do que com uma definição de “pecado mortal”, o que não significa que essa definição não exista e não deva ser linha e rumo para cada cristão.

Mas hoje em dia, a noção de pecado está muito esbatida na sociedade em geral, e, sobretudo naqueles que não têm uma vivência diária empenhada da Fé, o pecado não existe, a não ser quando tratamos de algo muito grave como um homicídio, ou um roubo, (e que mesmo assim tem de ter já uma considerável dimensão), para que o consideremos como algo de grave, como pecado.

Mas a verdade é que, para aqueles que têm uma vida espiritual diária, para aqueles que pretendem uma comunhão com Cristo em Igreja, o pecado apresenta-se, ou deve apresentar-se como uma realidade constante, embora não obcecante.

Com efeito, à medida que cada cristão vai vivendo a Fé, vai caminhando ao encontro da vontade de Deus, vai também percebendo que algumas coisas que dantes fazia e às quais não dava “valor” de pecado, passam a constituir também caminho de conversão, caminho de mudança de vida, e como tal “aparecem” sempre no exame de consciência que cada cristão faz da sua vida diária.

Percebendo-o, o cristão sente a necessidade de se purificar desses “pequenos” pecados veniais, recorrendo ao Sacramento da Penitência, pois percebe bem que esses pecados muitas vezes repetidos, são “fonte” de inquietude, de intranquilidade, e como tal, e porque tantas vezes fazem parte de um modo de viver, de um feitio interior, precisam de algo mais do que a capacidade de cada um para lutar, precisam da graça divina, alcançada no Sacramento da Penitência e na oração e vigilância constantes.

Então o cristão precisa de algo palpável, precisa da bênção visível, precisa da palavra conselheira e acolhedora, que o faça perceber e viver a reconciliação total com o Deus que o ama eternamente.

Esse “algo”, é sem dúvida o Sacramento da Penitência.
Joaquim Mexia Alves

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