11 outubro, 2020

Papa: o Evangelho não é reservado a poucos eleitos, Deus prepara o seu banquete para todos


 
A Igreja é chamada a ir até às encruzilhadas de hoje, isto é, às periferias geográficas e existenciais da humanidade (...). Trata-se de não nos acomodarmos nas formas cómodas e usuais de evangelização e do testemunho da caridade, mas de abrir a todos as portas do nosso coração e das nossas comunidades, porque o Evangelho não é reservado a poucos eleitos". Deus prepara para todos o seu banquete: "justos e pecadores, bons e maus, inteligentes e incultos."

Jackson Erpen – Vatican News

“O Evangelho não é reservado a poucos eleitos. Também aqueles que estão à margem”, os “rejeitados e desprezados pela sociedade, são considerados por Deus dignos do seu amor. Para todos Ele prepara o seu banquete: justos e pecadores, bons e maus, inteligentes e incultos.”

A parábola do banquete nupcial descrita no Evangelho de São Mateus, proposto para este XXVIII Domingo do Tempo Comum, inspirou a reflexão do Papa no Angelus, quando recordou, que “não basta aceitar o convite para seguir o Senhor, é preciso estar disponível para um caminho de conversão, que muda o coração. A veste da misericórdia, que Deus nos oferece incessantemente, é um dom gratuito do seu amor, é graça. E requer ser acolhido com estupor e alegria.”

Dirigindo-se aos presentes na Praça de São Pedro num domingo chuvoso, Francisco começou por explicar que com a parábola, “Jesus traça o projeto que Deus concebeu para a humanidade. O rei que "preparou a festa deocasamento do seu filho" é a imagem do Pai que organizou para toda a família humana uma maravilhosa festa de amor e comunhão ao redor de seu Filho unigénito”.

Ele manda os seus servos chamarem os convidados que, por estarem ocupados com outros afazeres, recusam o convite, "não querem ir à festa", como acontece connosco muitas vezes, ao darmos preferência “aos nossos interesses e coisas materiais, em vez do Senhor que nos chama”.

Ninguém é excluído da casa de Deus

“Mas o rei da parábola não quer que a sala fique vazia, porque deseja doar os tesouros do seu reino” - explica o Papa - e diz aos seus servos para irem às encruzilhadas dos caminhos para convidar aqueles que encontrarem.

“É assim que Deus se comporta: quando ele é recusado, em vez de desistir, repropõe e convida a chamar todos aqueles que estão na encruzilhada dos caminhos, sem excluir ninguém. Ninguém é excluído da casa de Deus”

Evangelho não é reservado a poucos eleitos

É para essa humanidade das encruzilhadas – enfatiza o Pontífice - que o rei da parábola envia os seus servos, “na certeza de encontrar pessoas dispostas a sentarem-se à mesa. Assim, a sala de banquetes enche-se de "excluídos", aqueles que estão "fora", daqueles que nunca pareceram dignos de participar de uma festa, de um banquete de casamento. Antes pelo contrário, o rei diz aos mensageiros" para chamarem todos, "bons e maus, todos. Deus chama também os maus (..). Jesus, Deus não tem medo da nossa alma ferida de tanta maldade, porque ama-mos, convida-nos":

“E a Igreja precisamente é chamada a ir até as encruzilhadas de hoje, isto é, às periferias geográficas e existenciais da humanidade, aqueles lugares à margem, aquelas situações em que se encontram acampados e vivem migalhas de humanidade sem esperança. Trata-se de não nos acomodarmos nas formas cómodas e usuais de evangelização e de testemunho da caridade, mas de abrir a todos as portas do nosso coração e das nossas comunidades, porque o Evangelho não é reservado a poucos eleitos. Também aqueles que estão à margem marginalizados, mesmo aqueles que são rejeitados, aqueles desprezados pela sociedade, são considerados por Deus dignos do seu amor. Para todos Ele prepara o seu banquete: justos e pecadores, bons e maus, inteligentes e incultos.”

Padre Júlio Lancellotti: mensageiro de Deus que vai às encruzilhadas dos caminhos

Saindo do texto, Francisco fala do seu telefonema ao padre Júlio Lancellotti na tarde de sábado, ele que trabalha com o Povo da Rua na Arquidiocese de São Paulo:

“Ontem à noite, consegui telefonar para um padre italiano, idoso, missionário da juventude no Brasil, mas sempre a trabalhar com os excluídos, com os pobres. E vive a velhice em paz: "queimou" a sua vida com os pobres. Esta é a nossa Mãe Igreja, este é o mensageiro de Deus que vai às encruzilhadas dos caminhos.”

A gratuidade da graça e da misericórdia

Todavia – continuou o Papa – o Senhor coloca uma condição: usar o traje de festa, uma “espécie de capa que cada convidado recebia de presente na entrada, pois "as pessoas iam como estavam vestidas, como se podiam vestir, não usavam roupas de gala.” Mas ao entrar na sala repleta e saudar os “convidados de último hora”, o rei observa que um deles está sem as vestes. Como rejeitou o presente gratuito, “auto excluiu-se. Assim, não restou ao rei senão jogá-lo fora. Mas, "por quê?", pergunta Francisco, que de imediato explica:

“Porque não aceitava o dom. Porque o chamamento de Jesus é um dom. É um presente, é uma graça. Este homem aceitou o convite, mas decidiu que não significava nada para ele: era uma pessoa auto-ssuficiente, que não tinha o desejo de mudar ou de se deixar transformar pelo Senhor. O traje de festa - aquele manto que é um dom, um presente - simboliza a misericórdia que Deus nos dá gratuitamente. A graça. O convite de Deus que te leva à festa, é uma graça. Sem a graça, não podes dar um passo na vida cristã. Tudo é graça. Não basta aceitar o convite para seguir o Senhor, é preciso estar disponível para um caminho de conversão, que muda o coração. A veste da misericórdia, que Deus nos oferece incessantemente, é um dom gratuito do seu amor, é precisamente a graça. E requer ser acolhido com estupor e alegria: "Obrigado Senhor por me teres dado este dom".”

Sair das visões estreitas

Que Maria Santíssima – pediu o Francisco ao concluir - nos ajude a imitar os servos da parábola do Evangelho, no sair de nossos esquemas e das nossas visões estreitas, anunciando a todos que o Senhor nos convida para o seu banquete, para nos oferecer a graça que salva, para dar-nos o dom.

VN

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