Papa Francisco celebra na Capela da Casa Santa Marta
(Vatican Media)
Na Festa da
Exaltação da Santa Cruz, o Papa Francisco dedicou a homilia matutina à
contemplação do fracasso, mas também da exaltação de Jesus, que "assumiu
todo o pecado do mundo". Satanás está acorrentado, mas ainda late e se
nos aproximarmos dele, nos destruirá.
Alessandro Di Bussolo – Cidade do Vaticano
A Cruz de Jesus ensina-nos que na vida existe o fracasso e a vitória,
e que não devemos temer os “momentos maus”, que podem ser iluminados
justamente pela cruz, sinal da vitória de Deus sobre o mal. Um mal,
satanás, que está a destruir e a acorrentar, mas “ainda late” e se te
aproximares dele para acariciá-lo, “destruir-te-á”.
Foi o que disse o Papa na homilia da Missa celebrada na manhã desta
sexta-feira, 14, na Capela da Casa Santa Marta, na Festa da Exaltação da
Santa Cruz.
A "derrota" de Jesus ilumina os nossos momentos difíceis
Contemplar a Cruz, sinal do cristão – explica Francisco – é para nós
contemplar um sinal de derrota mas também um sinal de vitória. Na cruz
fracassa “tudo aquilo que Jesus tinha realizado na vida”, e acaba com toda a
esperança das pessoas que seguiam Jesus. "Não tenhamos medo de contemplar a cruz como um momento de derrota, de fracasso".
E comentando a passagem da Carta aos Filipenses da segunda leitura, o
Papa Francisco ressaltou que "Paulo, quando reflete sobre o mistério de
Jesus Cristo, diz-nos coisas fortes, diz-nos que Jesus se esvaziou,
aniquilou-se a si mesmo:
"Assumiu todo o nosso pecado, todo o pecado do mundo: era um
"trapo", um condenado. Paulo não teve medo de mostrar essa derrota e
também isso pode iluminar um pouco os nossos maus momentos, os nossos momentos
de derrota, mas também a cruz é um sinal de vitória para nós cristãos".
Na Sexta-feira Santa, a "grande armadilha" para satanás
O Livro dos Números, na primeira leitura, narra o momento do Êxodo,
no qual o povo judeu que murmurava “foi mordido pelas serpentes”. E isto
evoca a antiga serpente, satanás, o Grande Acusador, recorda Francisco.
Mas a serpente que provocava a morte – diz o Senhor a Moisés – será
elevada e dará a salvação.
E esta - comenta o Papa Francisco - "é uma profecia". De facto, “Jesus
feito pecado venceu o autor do pecado, venceu a serpente”. Satanás
estava feliz na Sexta-feira Santa – enfatiza Francisco – “tão feliz que
não percebeu, a grande armadilha “da história em que cairia”.
Engole Jesus, mas também a sua divindade, e perde!
Como dizem os Padres da Igreja, satanás “viu Jesus tão desfigurado,
esfarrapado e como o peixe faminto que vai à isca presa no anzol, foi lá
e a engoliu”. “Mas naquele momento engoliu também a divindade porque
era a isca presa ao anzol, com o peixe”.
“Naquele momento – comenta o Pontífice – satanás foi destruído para
sempre. Não tem força. A Cruz, naquele momento, torna-se sinal de
vitória”.
A antiga serpente está acorrentada, mas não nos devemos aproximar dela
“A nossa vitória é a cruz de Jesus, vitória diante do nosso inimigo, a
grande antiga serpente, o Grande Acusador”. Na cruz – sublinha o
Pontífice – “fomos salvos, naquele percurso que Jesus quis percorrer até
ao mais baixo, mas com a força da divindade”. Jesus disse: “Quando eu for elevado, atrairei todos a mim”:
"Jesus elevado e satanás destruído. A cruz de Jesus deve ser para
nós a atração: olhar para ela, porque é a força para continuar em
frente. E a antiga serpente destruída ainda late, ainda ameaça, mas,
como diziam os Padres da Igreja, é um cão acorrentado: não te aproximes e
não te morderá; mas se fores acariciá-lo porque o encanto o leva
até lá como se fosse um cachorrinho, prepare-te, ele destruir-te-á”.
Estar diante da cruz, sinal de derrota e de vitória
A nossa vida segue em frente – esclarece o Papa - com Cristo vencedor
e ressuscitado, que nos envia o Espírito Santo, mas também com aquele
cão acorrentado, "de quem não me devo aproximar, porque ele me morderá":
“A cruz ensina-nos isso, que na vida há o fracasso e a vitória.
Devemos ser capazes de tolerar as derrotas, levá-las com paciência, as
derrotas, também dos nossos pecados, porque Ele pagou por nós.
Tolerá-los n’Ele, pedir perdão n’Ele, mas nunca deixa-nois seduzir por
esse cão acorrentado. Hoje seria belo se em casa, tranquilos, ficarmos
5, 10, 15 minutos diante do crucifixo, ou o que temos em casa ou aquele
do rosário: olhar para ele, é o nosso sinal de derrota, que provoca as
perseguições, que nos destrói, é também o nosso sinal de vitória porque
Deus venceu ali.”
VATICAN NEWS
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