14 setembro, 2018

Papa: a cruz ensina-nos a não temer as derrotas, pois com ela temos a vitória

 
 Papa Francisco celebra na Capela da Casa Santa Marta  (Vatican Media)
 
Na Festa da Exaltação da Santa Cruz, o Papa Francisco dedicou a homilia matutina à contemplação do fracasso, mas também da exaltação de Jesus, que "assumiu todo o pecado do mundo". Satanás está acorrentado, mas ainda late e se nos aproximarmos dele, nos destruirá. 
 
Alessandro Di Bussolo – Cidade do Vaticano

A Cruz de Jesus ensina-nos que na vida existe o fracasso e a vitória, e que não devemos temer os “momentos maus”, que podem ser iluminados justamente pela cruz, sinal da vitória de Deus sobre o mal. Um mal, satanás, que está a destruir e a acorrentar, mas “ainda late” e se te aproximares dele para acariciá-lo, “destruir-te-á”.

Foi o que disse o Papa na homilia da Missa celebrada na manhã desta sexta-feira, 14, na Capela da Casa Santa Marta, na Festa da Exaltação da Santa Cruz. 

A "derrota" de Jesus ilumina os nossos momentos difíceis

Contemplar a Cruz, sinal do cristão – explica Francisco – é para nós contemplar um sinal de derrota mas também um sinal de vitória. Na cruz fracassa “tudo aquilo que Jesus tinha realizado na vida”, e acaba com toda a esperança das pessoas que seguiam Jesus. "Não tenhamos medo de contemplar a cruz como um momento de derrota, de fracasso".

E comentando a passagem da Carta aos Filipenses da segunda leitura, o Papa Francisco ressaltou que "Paulo, quando reflete sobre o mistério de Jesus Cristo, diz-nos coisas fortes, diz-nos que Jesus se esvaziou, aniquilou-se a si mesmo:

"Assumiu todo o nosso pecado, todo o pecado do mundo: era um "trapo", um condenado. Paulo não teve medo de mostrar essa derrota e também isso pode iluminar um pouco os nossos maus momentos, os nossos momentos de derrota, mas também a cruz é um sinal de vitória para nós cristãos". 

Na Sexta-feira Santa, a "grande armadilha" para satanás

O Livro dos Números, na primeira leitura, narra o momento do Êxodo, no qual o povo judeu que murmurava “foi mordido pelas serpentes”. E isto evoca a antiga serpente, satanás, o Grande Acusador, recorda Francisco. Mas a serpente que provocava a morte – diz o Senhor a Moisés – será elevada e dará a salvação.

E esta - comenta o Papa Francisco - "é uma profecia". De facto, “Jesus feito pecado venceu o autor do pecado, venceu a serpente”. Satanás estava feliz na Sexta-feira Santa – enfatiza Francisco – “tão feliz que não percebeu, a grande armadilha “da história em que cairia”. 

Engole Jesus, mas também a sua divindade, e perde!

Como dizem os Padres da Igreja, satanás “viu Jesus tão desfigurado, esfarrapado e como o peixe faminto que vai à isca presa no anzol, foi lá e a engoliu”. “Mas naquele momento engoliu também a divindade porque era a isca presa ao anzol, com o peixe”.

“Naquele momento – comenta o Pontífice – satanás foi destruído para sempre. Não tem força. A Cruz, naquele momento, torna-se sinal de vitória”. 

A antiga serpente está acorrentada, mas não nos devemos aproximar dela

“A nossa vitória é a cruz de Jesus, vitória diante do nosso inimigo, a grande antiga serpente, o Grande Acusador”. Na cruz – sublinha o Pontífice – “fomos salvos, naquele percurso que Jesus quis percorrer até ao mais baixo, mas com a força da divindade”. Jesus disse: “Quando eu for elevado, atrairei todos a mim”:

"Jesus elevado e satanás destruído. A cruz de Jesus deve ser para nós a atração: olhar para ela, porque é a força para continuar em frente. E a antiga serpente destruída ainda late, ainda ameaça, mas, como diziam os Padres da Igreja, é um cão acorrentado: não te aproximes e não te morderá; mas se fores acariciá-lo porque o encanto o leva  até lá como se fosse um cachorrinho, prepare-te, ele destruir-te-á”. 

Estar diante da cruz, sinal de derrota e de vitória

A nossa vida segue em frente – esclarece o Papa - com Cristo vencedor e ressuscitado, que nos envia o Espírito Santo, mas também com aquele cão acorrentado, "de quem não me devo aproximar, porque ele me morderá":

“A cruz ensina-nos isso, que na vida há o fracasso e a vitória. Devemos ser capazes de tolerar as derrotas, levá-las com paciência, as derrotas, também dos nossos pecados, porque Ele pagou por nós. Tolerá-los n’Ele, pedir perdão n’Ele, mas nunca deixa-nois seduzir por esse cão acorrentado. Hoje seria belo se em casa, tranquilos, ficarmos 5, 10, 15 minutos diante do  crucifixo, ou o que temos em casa ou aquele do rosário: olhar para ele, é o nosso sinal de derrota, que provoca as perseguições, que nos destrói, é também o nosso sinal de vitória porque Deus venceu ali.”

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