Papa celebra na Capela da Casa Santa Marta
(� Vatican Media)
O Papa Francisco
na homilia da Missa celebrada na Casa Santa Marta, recorda que Jesus,
ícone do Bom Pastor, tinha autoridade pela sua humildade e compaixão,
que se exprimia na ternura e mansidão. "Também nós pastores" devemos ser
próximos das pessoas, não aos poderosos ou ideológicos "que nos
envenenam a alma"
Alessandro Di Bussolo – Cidade do Vaticano
O que dava autoridade a Jesus como pastor era a sua humildade, a
proximidade com das pessoas, a compaixão, que se expressava na brandura e
na ternura. E quando as coisas iam mal, como no Calvário, “ficava
calado e rezava”.
Na homilia da Missa celebrada na Casa Santa Marta na manhã desta
terça-feira, o Papa Francisco repropõe Jesus como ícone e modelo de
pastor, que tem uma autoridade pela graça do Espírito Santo e pela
proximidade das pessoas, “não aos grupinhos dos poderosos, dos
ideológicos”.
A ressurreição do único filho da mãe que era viúva
Francisco comenta a passagem do Evangelho de Lucas proposto pela
liturgia, que narra o milagre da ressureição do filho único da mãe que
era viúva, e sublinha que Jesus tinha autoridade diante do povo, não
pela doutrina que pregava, que era quase a mesma dos outros, mas porque
era “manso e humilde de coração”.
“Ele não gritava, ele não dizia “eu sou o Messias” ou “sou o
Profeta”; não tocava trombetas quando curava alguém e pregava às
pessoas ou realizava um milagre como a multiplicação dos pães. Não. Ele
era humilde. Ele fazia”. E era “próximo das pessoas".
Jesus está próximo às pessoas, os doutores da Lei não
Os doutores da Lei, pelo contrário, “ensinavam da cátedra e se
distanciavam das pessoas”. Não se interessavam por elas, a não ser para
impor mandamentos, que “multiplicavam até mais de 300”. Mas não estavam
próximos dass pessoas:
“No Evangelho, quando Jesus não estava com as pessoas, estava com o
Pai, rezando. E a maior parte do tempo na vida de Jesus, na vida
pública de Jesus, Ele passou na estrada, com as pessoas. Esta
proximidade: a humildade de Jesus, o que Lhe dá autoridade, o leva à
proximidade com das pessoas. Ele tocava as pessoas, abraçava as pessoas,
olhava nos olhos das pessoas, escutava as pessoas. Próximo. E isto dava-lhe autoridade”.
Era capaz de "sofrer com", pensava com o coração
São Lucas, no Evangelho, sublinha que a “grande compaixão” que teve
Jesus ao ver a mãe que era viúva, sozinha e o filho morto. Ele tinha
“esta capacidade para ‘sofrer com’. Não era teórico”. Poder-se-ia dizer que “pensava com o coração, não separava a cabeça do coração”:
“E há duas características desta compaixão que gostaria de
sublinhar: a mansidão e a ternura. Jesus disse: Aprendam de mim que sou
manso e humilde de coração”: manso de coração. Ele era manso, não
gritava. Não punia as pessoas. Era manso. Sempre com mansidão. Jesus irritava-se? Sim! Pensemos quando viu que a irritou-se, pegou no chicote e expulsou todos. Mas porque amava o Pai,
porque era humilde diante do Pai, tinha esta força”.
Compaixão feita de ternura e mansidão
Depois, a ternura. Jesus não disse “Não chore, senhora”, estando
longe. “Não. Aproximou-se, talvez tenha tocado nos seus ombros, talvez lhe tenha feito um carinho. ‘Não chore’. Assim é Jesus. E Jesus faz o mesmo
connosco, porque está próximo, está no meio das pessoas, é pastor”.
Outro gesto de ternura é pegar o rapaz e devolvê-lo à sua mãe. Enfim,
“humilde e manso de coração, próximo das pessoas, com capacidade de
sentir compaixão, com compaixão e com esses dois traços de mansidão e de
ternura. Este é Jesus”. E faz isto com todos nós quando se aproxima,
aquilo que fez com o jovem e a mãe viúva.
Jesus é o ícone do pastor do qual aprende
“Este é o ícone do pastor”, destacou o Pontífice, e disto devemos
aprender nós pastores: “próximos das pessoas, não aos grupinhos dos
poderosos, dos ideológicos … Essas pessoas envenenam a alma, não nos
fazem bem!”. O pastor, portanto, “deve ter o poder e a autoridade que
tinha Jesus, aquela da humildade, da mansidão, da proximidade, da
capacidade de compaixão e de ternura”.
O pastor acusado sofre, oferece a vida e reza
E depois quando as coisas não saem bem para Jesus, o que fez ele?, questionou o Papa:
"Quando as pessoas o insultavam, naquela Sexta-Feira Santa, e
gritavam ‘crucifiquem-no’, ele ficou em silêncio, porque sentia
compaixão por aquelas pessoas enganadas pelos poderosos do dinheiro, do
poder... Ficou calado. Rezava. O pastor, nos momentos difíceis, nos
momentos em que o diabo se faz sentir, onde o pastor é acusado, mas
acusado pelo Grande Acusador através de tantas pessoas, tantos
poderosos, sofre, oferece a vida e reza. E Jesus rezou. A oração levou-o
inclusive à Cruz, com fortaleza; e também ali teve a capacidade de se
aproximar e curar a alma do Ladrão".
O convite final de Francisco é para hoje relermos o capítulo sétimo
de Lucas, para ver “onde está a autoridade de Jesus”. E pedirmos a graça
de que “todos nós pastores tenhamos esta autoridade: uma autoridade que
é uma graça do Espírito Santo”.
VATICAN NEWS
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