24 setembro, 2018

Francisco na Letónia: "Chamados a 'tocar' o sofrimento dos outros"

 
Letônia, Santuário internacional Mãe de Deus de Aglona  (Vatican Media)
 
Na sua homilia na missa, o Papa afirmou que "Maria clama para que todos nos comprometamos a acolher-nos sem discriminações e saibamos estar dispostos a privilegiar os mais pobres, a levantar aqueles que caíram e a acolher os outros à medida que chegam e se apresentam diante de nós.
 
Cidade do Vaticano

A viagem do Papa Francisco pelos países bálticos, iniciada no sábado, prossegue nesta segunda-feira (24/09) com uma nova escala na Letónia. Depois de passar a manhã na capital, Riga, o Pontífice foi a Aglona, que dista 190 km e 1 hora e meio de voo. A cidade de pouco menos de 300 mil habitantes, circundada por colinas e lagos, é conhecida pela presença da Basílica da Assunção, a mais importante igreja católica do país, fundada pelos padres dominicanos em 1700.

Ali, no Santuário internacional Mãe de Deus de Aglona, o Papa presidiu uma missa com a celebração eucarística em latim e a litúrgica em letão. 

Evangelho de João e os dois momentos de encontro de Jesus com a Mãe

Na sua homilia, o Papa se inspirou-se no lema da visita, «Mostrai-Vos Mãe!», para chamar a atenção para os dois momentos narrados no Evangelho de João em que a vida de Jesus cruza a de sua Mãe: as bodas de Caná, quando é evidenciada a alegria de um matrimónio, e Maria aos pés da cruz, com o sofrimento da mãe pela morte do filho.

O evangelista ressalta que Maria está firmemente «de pé» junto de seu Filho, junto daqueles que sofrem, daqueles de quem todo o mundo foge, principalmente os que são julgados, condenados por todos, deportados: a Mãe está ali, cravada nesta cruz da incompreensão e do sofrimento.
“ Desta forma, o Papa explicou que “também nós somos chamados a ‘tocar’ o sofrimento dos outros. ”
“Saiamos ao encontro do nosso povo para o consolar e fazer-lhe companhia; não tenhamos medo de experimentar a força da ternura e de nos envolvermos vendo a nossa vida complicada pelos outros. E, como Maria, permaneçamos firmes e de pé: com o coração voltado para Deus e corajosos, levantando os que caíram, erguendo o humilhado, ajudando a pôr fim a toda e qualquer situação de opressão que os faz viver como crucificados”. 

O contexto histórico da Letónia e da região 

“É verdade que, às vezes, a abertura aos outros nos fez muito mal. E também é verdade que, nas nossas realidades políticas, a história do choque entre os povos permanece ainda dolorosamente viva. Mas Maria crê em Jesus e acolhe o discípulo, porque as relações que nos curam e libertam são aquelas que nos abrem ao encontro e à fraternidade com os outros, porque, no outro, descobrem o próprio Deus”.

No outro episódio citado por João, as bodas de Caná, Ela, discípula obediente, deixa-Se acolher, transfere-Se, adapta-Se ao ritmo do mais novo. Quando ouvimos, com fé, a ordem de acolher e ser acolhidos, é possível construir a unidade na diversidade, porque não nos travam nem dividem as diferenças, mas somos capazes de olhar mais além, ver os outros na sua dignidade mais profunda, como filhos de um e mesmo Pai.

Concluindo, Francisco afirmou:
“ Maria clama para que todos nós nos comprometamos a acolher-nos sem discriminações, e todos, na Letónia, saibam que estamos dispostos a privilegiar os mais pobres, a levantar aqueles que caíram e a acolher os outros à medida que chegam e se apresentam diante de nós. ”
Após a missa, o Papa retornou a Vilnius, capital da Lituânia, onde está hospedado na Nunciatura, nestes dias de viagem.

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