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Papa Francisco durante o encontro com os Bispos dos Territórios de Missão
(Vatican Media)
“Não se anuncia o Evangelho estando sentado, mas pondo-se em caminho. O bispo não vive num escritório, como um administrador empresarial, mas no meio do povo, pelas estradas do mundo, como Jesus. Leva o seu Senhor onde não é conhecido, onde é desfigurado e perseguido”, disse o Papa Francisco.
Raimundo de Lima - Cidade do Vaticano
Não sejam carreiristas, nem ambiciosos: apascentem o rebanho de Deus “não como patrões das pessoas a vós confiadas, mas fazendo-se modelos do rebanho”. Foi a exortação do Papa Francisco no discurso este sábado (08/09) na Sala Clementina, no Vaticano, aos bispos dos territórios de missão participantes no Seminário promovido pela Congregação para a Evangelização dos Povos, iniciado na segunda-feira, 3 de setembro, que prosseguirá até ao dia próximo dia 15, no Pontifício Colégio São Paulo, em Roma, do qual participam 74 bispos de 34 nações de quatro continentes: 17 nações da África, 8 da Ásia, 6 da Oceania e 3 da América Latina.
Identidade e missão do bispo
O discurso do Pontífice foi todo ele dedicado à identidade e missão
do bispo. “Interrogemo-nos sobre a nossa identidade de pastores para ter
mais consciência desta, mesmo sabendo que não existe um modelo-padrão
idêntico em todos os lugares”, disse inicialmente o Santo Padre
acrescentando que “graças à efusão do Espírito Santo, o bispo é
configurado em Cristo Pastor e Sacerdote. É chamado a ter os lineamentos
do Bom Pastor e a tomar para si o coração do sacerdócio, ou seja, a
oferta da vida”.
Propenso a dar a vida pelas ovelhas
Portanto, disse, o pastor “não vive para si, mas está voltado para dar a vida pelas ovelhas, em particular, as mais vulneráveis e em perigo.” “Peço-vos que tenham especialmente gestos e palavras de conforto por aqueles que experimentam marginalidade e degradação; mais do que os outros, estes precisam de perceber a predileção do Senhor, de quem vós sois as mãos solícitas”.
Propenso a dar a vida pelas ovelhas
Portanto, disse, o pastor “não vive para si, mas está voltado para dar a vida pelas ovelhas, em particular, as mais vulneráveis e em perigo.” “Peço-vos que tenham especialmente gestos e palavras de conforto por aqueles que experimentam marginalidade e degradação; mais do que os outros, estes precisam de perceber a predileção do Senhor, de quem vós sois as mãos solícitas”.
“Quem é o bispo? Gostaria de expor convosco três traços essenciais: é
homem de oração, homem do anúncio e homem de comunhão”, continuou
Francisco.
“Homem de oração. O bispo é sucessor dos Apóstolos e, como os
Apóstolos, é chamado por Jesus a estar com Ele. Ali encontra a sua força
e a sua confiança. Diante do tabernáculo aprende a entregar-se e a
confiar no Senhor. Assim amadurece n’ele a consciência de que também de
noite, quando dorme, a meio ao cansaço e suor no campo que cultiva, a
semente amadurece.”
“Homem do anúncio. Sucessor dos Apóstolos, o bispo recebe como
próprio o mandato que Jesus lhes deu: ‘Ide e anunciai o Evangelho’.
‘Ide’: o Evangelho não se anuncia estando sentado, mas pondo-se a
caminho. O bispo não vive num escritório, como um administrador
empresarial, mas no meio do povo, pelas estradas do mundo, como Jesus.
Leva o seu Senhor onde não é conhecido, onde é desfigurado e
perseguido.”
O risco de ser mais atores do que testemunhas
Qual é o estilo do anúncio? – perguntou Francisco. “Testemunhar
com humildade o amor de Deus, justamente como fez Jesus, que por amor se
humilhou. O anúncio do Evangelho sofre as tentações do poder, da
satisfação, do retorno de imagem, do mundanismo. Há sempre o risco de
cuidar mais da forma do que da substância, de transformar-se mais em
atores do que em testemunhas, de atenuar a Palavra de salvação propondo
um Evangelho sem Jesus crucificado e ressuscitado.”
Fugir da busca de glórias para si
“Homem de comunhão. O bispo não pode ter todos os dons, o conjunto
dos carismas, mas é chamado a ter o carisma do conjunto, ou seja, a
manter unidos, a cimentar a comunhão. A Igreja precisa de união, não de
solistas fora do coro ou de condutores de batalhas pessoais. O Pastor
reúne: bispo para os seus fiéis, é cristão com os seus fiéis. Não faz notícia
nos jornais, não busca o consenso do mundo, não tem interesse em tutelar
o seu bom nome, mas ama tecer a comunhão envolvendo-se na primeira
pessoa e agindo com mansuetude. Não sofre de falta de protagonismo, mas
vive radicado no território, rejeitando a tentação de ausentar-se
frequentemente da Diocese e foge da busca de glórias para si.
Fugir do clericalismo
Fugir do clericalismo
Por fim, o Papa exortou os bispos a fugirem do clericalismo, “muito comum em numerosas comunidades nas quais se verificaram comportamentos de abuso sexual, de poder e de consciência”, frisou. Pediu que os bispos tomem a peito particularmente algumas realidades: as famílias, os seminários, os jovens e os pobres.
VATICAN NEWS
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