09 setembro, 2018

Papa no Angelus: fugir do egoísmo e do fechamento do coração

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 Papa Francisco no Angelus  (ANSA)

Jesus fez-se homem para que o homem, “tendo-se tornado pelo pecado, surdo e mudo, possa ouvir a voz de Deus, a voz do amor que fala ao seu coração, e assim aprenda a falar, por sua vez, a linguagem do amor, traduzindo-o em gestos de generosidade e de doação de si”, disse Francisco na oração mariana. 

Raimundo Lima - Cidade do Vaticano 

“Abrir-nos às necessidades dos nossos irmãos sofredores e necessitados de ajuda, rejeitando o egoísmo e o fechamento do coração.” Foi a exortação do Papa Francisco na alocução que precedeu a oração do Angelus ao meio-dia deste XXIII Domingo do Tempo Comum, rezado com fiéis e peregrinos na Praça São Pedro.

Atendendo-se à liturgia deste domingo, Francisco ressaltou que o Evangelho do dia traz-nos o episódio da cura milagrosa de um surdo-mudo, feita por Jesus. 

Fazer o bem às pessoas sem tocar a trombeta

“Levaram-lhe um surdo-mudo, pedindo que lhe impusesse a mão. Ele, ao invés, realizou vários gestos: em primeiro lugar levou-o para fora da multidão. Nessa ocasião, como noutras, Jesus age sempre com discrição. Não quer impressionar o povo, Ele não está à procura de popularidade ou do sucesso, mas deseja somente fazer o bem às pessoas. Com essa atitude, Ele ensinana-nos que o bem deve ser feito sem clamores, sem ostentação, sem tocar a trombeta. Deve ser feito em silêncio”, observou.

Descrevendo o episódio narrado pelo evangelista São Marcos, Francisco ressaltou que “estando afastado da multidão, Jesus colocou os dedos nas orelhas do surdo-mudo e com a saliva lhe tocou a língua. Este gesto remete à Encarnação”, acrescentou o Santo Padre. 

Jesus compreende a condição penosa de outro homem

O Filho de Deus, continuou o Papa, “é um homem inserido na realidade humana: fez-se homem, portanto, pode compreender a condição penosa de outro homem e intervém com um gesto no qual é envolvida toda a sua humanidade”.

“Ao mesmo tempo, Jesus quer levar a entender que o milagre se dá devido à sua união com o Pai: por isso, levantou os olhos para o céu. Depois gemeu e pronunciou a palavra resolutiva ‘Effatha’, que significa ‘Abri-te’. E imediatamente o homem ficou curado: abriram-se-lhe os ouvidos e a língua desprendeu-se. A cura foi para ele uma ‘abertura’ aos outros e ao mundo”. 

Cura da doença e do sofrimento físico e cura do medo

Esta narração do Evangelho ressalta a exigência de uma dúplice cura, continuou o Pontífice. “Em primeiro lugar, a cura da doença e do sofrimento físico, para restituir a saúde do corpo; embora esta finalidade não seja completamente alcançável no horizonte terreno, apesar dos muitos esforços da ciência e da medicina”, sublinhou.

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Mas há uma segunda cura, talvez mais difícil, frisou o Papa, é a cura do medo, ou seja, do nosso medo. A cura do medo que nos leva a marginalizar o doente, a marginalizar o sofredor, o portador de deficiência.

“E existem muitos modos de marginalizar, mesmo com uma pseudo piedade ou com a remoção do problema; permanece surdos e mudos diante das dores das pessoas marcadas por doenças, angústias e dificuldades. Muitas vezes o doente e o sofredor tornam-se um problema, enquanto deveriam ser ocasião para manifestar a solicitude e a solidariedade de uma sociedade para com os mais frágeis.” 

Abrir-nos às necessidades dos irmãos sofredores

O Pontífice acrescentou que Jesus revelou-nos o segredo de um milagre que podemos ntambém repetir, “tornando-nos protagonistas do ‘Effatha’, daquela palavra ‘Abre-te’ com a qual Ele restituiu a palavra e a audição do surdo-mudo”.

“Trata-se de nos abrirmos às necessidades dos nossos irmãos sofredores e necessitados de ajuda, rejeitando o egoísmo e o fechamento  do coração. Foi propriamente o coração, ou seja, o núcleo profundo da pessoa, que Jesus veio ‘abrir’, libertar, para tornar-nos capazes de viver plenamente a relação com Deus e com os outros.”

Jesus fez-se homem para que o homem, “tendo-se tornado pelo pecado, surdo e mudo, possa ouvir a voz de Deus, a voz do amor que fala ao seu coração, e assim aprenda a falar, por sua vez, a linguagem do amor, traduzindo-o em gestos de generosidade e de doação de si”. 

Natividade de Maria e Beatificação de Alfonsa Maria Eppinger

Na saudação aos vários grupos de fiéis e peregrinos presentes, o Santo Padre lembrou que no sábado foi celebrado, no Pontifício Santuário da Santa Casa de Loreto – região italiana das Marcas – a Festa da Natividade de Nossa Senhora, e foi feita a proposta de espiritualidade para as famílias: a Casa de Maria, Casa de toda família. “Confiamos à Virgem Santa as iniciativas do Santuário e aqueles, que de vários modos, participarão nelas”, disse o Papa.

Francisco lembrou também a Beatificação,  neste domingo, em Estrasburgo, em França, da fundadora das Irmãs do Santíssimo Salvador, Alfonsa Maria Eppinger. “Demos graças a Deus por esta mulher corajosa e sábia que, sofrendo, calando-se e rezando, testemunhou o amor de Deus sobretudo aos doentes no corpo e no espírito”, exortou.

VATICAN NEWS

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