Papa celebra a missa na Casa Santa Marta
(Vatican Media)
Sem se acusar a si
mesmo, reconhecer-se pecador, não se pode caminhar na vida cristã: Este é
o centro da mensagem do Papa Francisco expressa na homilia na Casa
Santa Marta (06/09).
Debora Donnini – Cidade do Vaticano
Sem se acusar a si mesmo, reconhecer-se pecador, não se pode caminhar na
vida cristã: Este é o centro da mensagem do Papa Francisco expressa na
homilia na Casa Santa Marta (06/09).
A reflexão de Francisco foi inspirada no Evangelho do dia, de Lucas, no
qual Jesus pede a Pedro que entre no seu barco e, depois de pregar,
convida-o a lançar as redes, com o resultado de uma pesca milagrosa. Um
episódio que evoca outra pesca milagrosa, depois da Ressurreição, quando
Jesus pergunta aos discípulos se tinham algo a comer.
Em ambos os casos, observou o Papa, “há uma unção de Pedro”: primeiro
como pescador de homens, depois como pastor. Jesus também muda o seu nome
de Simão para Pedro e, como “bom israelita”, sabia que uma mudança de
nome significava uma mudança de missão.
Afasta-te de mim
Pedro “sentia-se orgulhoso porque realmente amava Jesus” e esta pesca
milagrosa representa um passo em frente na sua vida. Depois de ver que as
redes quase se rompiam com a grande quantidade de peixes, jogou-se aos
pés de Jesus, dizendo-lhe: “Senhor, afasta-te de mim, porque sou um
pecador”.
Este é o primeiro passo decisivo de Pedro no caminho do
discipulado, de discípulo de Jesus, acusar-se a si mesmo: “Sou um pecador”.
O primeiro passo de Pedro é este e é também o primeiro passo de cada um
de nós se quisermos caminhar na vida espiritual, na vida de Jesus,
servir Jesus, segui-Lo. Deve fazer isto: acusar-se a si mesmo. Sem se acusar a
si mesmo, não se pode caminhar na vida cristã.
Porém, há um risco. Todos “sabemos que somos pecadores”, mas “não é
fácil” acusar-se a si mesmo de ser um “pecador concreto”. “Nós estamos
acostumados a dizer: ‘Sou um pecador’”, assim como dizemos: “eu sou
humano” ou “eu sou um cidadão italiano”, disse o Papa.
Sentir-se mísero
Acusar-se a si mesmo, ao invés, é sentir a própria miséria: “sentir-se
miserável”, míseros, diante do Senhor. Trata-se de sentir vergonha. E é
algo que não se faz com palavras, mas com o coração, isto é, uma
experiência concreta, como quando Pedro diz a Jesus para se afastar dele
porque “realmente sentia-se um pecador”. Depois, sentiu-se salvo.
A salvação que “Jesus nos traz” necessita desta confissão sincera,
porque “não é algo cosmético”, que muda um pouco o rosto com “duas
pinceladas”: transforma, mas para que entre, é preciso deixar espaço com
a confissão sincera dos próprios pecados. Assim se experimenta o
estupor de Pedro.
Portanto, o primeiro passo da conversão é acusar-se a si mesmo com
vergonha e sentir o estupor de se sentir salvo. “Devemos converter-nos”,
“devemos fazer penitência”, exortou Francisco, convidando a refletir
sobre a tentação de acusar os outros:
Há quem viva falando mal dos outros, acusando os outros e
nunca pensa em si mesmo e quando me vou confessar, como me confesso,
como os papagaios? “Bla, bla, bla… Fiz isso, isso…”. Mas o que fez
toca o seu coração? Muitas vezes não. Vais lá fazer cosmética, maquilhar-te um pouco para saires bonito. Mas não entrou completamente no teu coração porque não deixaste lugar, porque não foste capaz de
acusares-te a ti mesmo.
A graça de se acusar
O primeiro passo então é uma graça: aprender a acusar-se a si mesmo e não os outros.
Um sinal que uma pessoa não sabe, que um cristão não sabe, acusar-se a
si mesmo é quando está acostumado a acusar os outros, a falar mal dos
outros, a colocar o nariz na vida dos outros. E este não é um bom sinal.
Eu faço isto? É uma bela pergunta para chegar ao coração. Peçamos ao
Senhor hoje a graça de nos encontrar diante Dele com este estupor que a
sua presença nos dá e a graça de nos sentirmos pecadores, mas concretos, e
dizer como Pedro: “Afasta-te de mim, porque sou um pecador”.
VATICAN NEWS
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