22 setembro, 2018

Papa: vocação do povo lituano é ser ponte de comunhão e esperança

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 Papa Francisco com a presidente da Lituânia, Dalia Grybauskaite  (AFP or licensors)

“Diante do cenário mundial em que vivemos, onde aumentam as vozes que semeiam a divisão e contraposição – instrumentalizando a insegurança e os conflitos – os lituanos têm algo de original para oferecer: acolher as diferenças", disse o Papa Francisco no seu primeiro discurso. 

Manoel Tavares - Cidade do Vaticano
O Santo Padre partiu do Vaticano, na manhã deste sábado (22/9), para mais uma Viagem internacional. Trata-se da 25ª Viagem Apostólica a três países Bálticos: Lituania, Letónia e Estónia, que se concluirá na próxima terça-feira, 25.
Antes de cada Viagem internacional, o Papa costuma fazer uma visita à Basílica pontifícia de Santa Maria Maior, no centro de Roma, para rezar diante da imagem de Nossa Senhora “Salus Popoli Romani” (“Salvação do Povo Romano), para o bom êxito da sua viagem.
Francisco deixou a Casa Santa Marta, onde reside no Vaticano, às 6h50 horas locais, e dirigiu-se ao aeroporto romano de Fiumicino, onde tomou o avião, às 7h37, que o levou à Lituania, primeira etapa desta sua Viagem internacional.
O lema que a Igreja na Lituania escolheu para esta viagem papal é “Jesus Cristo, nossa Esperança”.
O Papa Francisco é o segundo Pontífice que visita este país báltico, após João Paulo II, há 25 anos.

Veja também: Discurso do Papa às autoridades lituanas
Discujrso Papa - Lituania

Como habitualmente durante as suas viagens internacionais, o Santo Padre enviou telegramas aos Chefes de Estado dos países sobrevoados. Neste  caso, Itália, Croácia, Hungria, Eslováquia e Polónia.
Após três horas de viagem, o Papa chegou a Vilnius, capital lituana, onde foi recebido pelas autoridades civis e religiosas, entre os quais o Núncio Apostólico, Dom López Quintana, e a Embaixadora, junto à Santa Sé, Petras Zapolskas.
Vilnius, capital da República da Lituânia, é a cidade mais populosa do país, com cerca de 600 mil habitantes. O Centro histórico da cidade, do século XVI, foi considerado Património da Humanidade pela UNESCO, em 1994. Até o Holocausto, Vilnius era um dos maiores centros mundiais da cultura e teologia judaicas. A Lituânia conquistou a independência, em 1990. Hoje, o país conta com 830 mil habitantes, dos quais mais de 600 mil católicos.
Após a cerimónia de boas vindas, no aeroporto de Vilnius, na presença da Presidente do país, a senhora Dalia Grybauskaité, o Santo Padre dirigiu-se de automóvel ao Palácio Presidencial, para uma visita de cortesia, onde manteve um encontro particular com a Presidente lituana.
No intercambio de dons, o Papa doou à Presidente cópia de um mosaico de Cristo, do século IX, sobre a Confissão de São Pedro, que se encontra no túmulo do Apóstolo, na cripta da Basílica Vaticana.
A seguir, diante do Palácio Presidencial, o Papa encontrou-se com as Autoridades, a Sociedade civil e o Corpo Diplomático, aos quais pronunciou seu primeiro discurso.
No seu pronunciamento, Francisco expressou a sua alegria e esperança por começar esta sua peregrinação aos países bálticos pela Lituânia, que – como disse São João Paulo II (1993) – “é testemunha silenciosa de um amor apaixonado pela liberdade religiosa. E explicou:
Esta visita realiza-se num momento particularmente importante da vida desta nação, que celebra cem anos da sua independência. Vocês passaram por um século de muitas provações e sofrimentos: prisões, deportações e até martírios. O centenário de independência é motivo de reflexão sobre os acontecimentos, que forjaram a nação, e os desafios para construir o futuro, em clima de diálogo e unidade entre todos os habitantes”.
Não sabemos - disse o Papa - como será o futuro, porém devemos manter a “alma” deste país, que contribuiu para transformar a situação de sofrimento e injustiça e manter viva a sua raiz religiosa, para resistir e construir! Ao longo da sua história, a Lituania soube hospedar, aceitar, receber povos de diferentes etnias: lituanos, tártaros, polacos, russos, bielorrussos, ucranianos, armenios, alemães e suas respectivas religiões: católicos, ortodoxos, protestantes, muçulmanos, judeus. Todos conviviam em paz até à chegada das ideologias totalitárias, que só semearam violência e desconfiança. E o Papa acrescentou:
Diante do cenário mundial em que vivemos, onde aumentam as vozes que semeiam divisão e contraposição – instrumentalizando a insegurança e os conflitos – os lituanos têm algo de original para oferecer: acolher as diferenças! Por meio do diálogo, abertura e compreensão, as culturas podem transformar-se em pontes de união entre o Oriente e o Ocidente Europeu”.
Este pode ser o fruto de uma história madura, - afirmou Francisco - que o povo lituano oferece à comunidade internacional e à União Europeia. Isto significa extrair força do passado para prestar atenção especial aos jovens, afim de que encontrem espaço para crescer, trabalhar e serem protagonistas da construção do tecido social e comunitário. A Lituânia, que eles sonham, - concluiu o Papa – é aquela que busca, constantemente, promover políticas para encorajá-los a uma maior participação na sociedade.
Por fim, o Santo Padre expressou a sua esperança de que o povo lituano possa continuar a sua ação hospitaleira com o estrangeiro, os jovens, os idosos e os pobres, cumprindo a sua vocação de ser “ponte de comunhão e esperança”.
No final do encontro com as Autoridades, a Sociedade civil e o Corpo Diplomático, Francisco deixou o Palácio Presidencial e dirigiu -se de papamóvel para a Nunciatura Apostólica de Vilnius para o almoço.

VATICAN NEWS

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